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Reinvindicação antiga da comunidade, o Parque Burle Marx, na Asa Norte, foi criado por decreto do governo em 1990, mas até hoje não saiu do papel. Na tentativa de tornar sua implantação efetiva, a Comissão de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Ciência, Tecnologia, Meio Ambiente e Turismo (CDESCTMAT) da Câmara Legislativa promoveu hoje pela manhã, por iniciativa do deputado Paulo Tadeu (PT), audiência pública no auditório da Paróquia Nossa Senhora da Consolata, na 913 Norte.

O administrador de Brasília, Ricardo Pires, garantiu aos presentes que a Administração está cuidando do espaço designado para o Parque, e tem procurado tirar os invasores e garantir a segurança do local. Ao mesmo tempo, a Administração quer ampliar o espaço reservado ao Parque. Já o presidente da Associação dos Amigos do Parque Ecológico Norte - Parque Burle Marx -, Benício de Lima, acusou o governo do Distrito Fesderal - as diversas gestões - de não fazer nada de efetivo pela implantação do parque. Benício reclamou muito da falta de atenção do GDF para com a população e do desrespeito: "as decisões são tomadas na calada da noite e a comunidade não é ouvida", disse.

:A representante do Ibama, Emília Goulart de Oliveira, lembrou aos presentes que a gestão dos parques existentes no Distrito Federal é responsabilidade do GDF. No entanto, sugeriu que todos fossem vinculados ao sistema nacional para que o Ibama possa fazer a fiscalização e a proteção da biodiversidade. Emília ressaltou que o Ibama já deu a licença prévia para a criação do Setor Noroeste, desde que o Parque Burle Marx seja implantado e sugeriu que a comunidade fiscalize rigorosamente a situação até lá.

Gustavo Souto Maior, presidente do Instituto Brasília Ambiental, disse que o DF tem mais que o dobro de espaço verde que São Paulo, mas reclamou que os parques do DF não saem do papel. Só em Planaltina existem nove deles, segundo ele, e em Sobradinho quatro. Gustavo Souto Maior acredita que a dificuldade na implatação dos parques se deve ao processo de decisão de sua implantação "de cima para baixo". O professor disse que, para a implantação de parques, é "fundamental a participação da sociedade". Ele acredita que a gestão dos espaços verdes urbanos têm que ser descentralizada e exercida de forma compartilhada entre governo e comunidade.

O professor Ênio Dutra, gerente de planejamento estratégico do Parque Burle Marx na Secretaria de Planejamento e Gestão do GDF, apresentou o projeto desenvolvido pelo escritório do arquiteto Jaime Lerner, ex-governador do Paraná, para o parque. Sua exposição foi apenas oral.

Histórico - A comunidade, a partir da idéia de que a Asa Norte deve ser o espelho da Asa Sul, vem reinvindicando a instalação do Parque há anos. Em 1985, o urbanista Lúcio Costa passa a fazer coro com a população. Em 1990, o Decreto 12.

249, cria o Parque Burle Marx, até então chamado de Parque Econlógico Norte. Nesses 17 anos, os 312 hectares reservados para o Parque ficaram abandonados, sendo utilizado por indigentes e bandidos para se esconderem depois de furtos nos arredores, e como depósito de entulho e lixo.