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Ampliação do conhecimento sobre a Psoríase foi tema de audiência nesta segunda (6)

Publicado em 07/11/2023 15h03

Foto: Rinaldo Morelli/Agência CLDF

A Câmara Lesgislativa realizou, nesta segunda-feira (06), um debate sobre melhorias no tratamento da psoríase no Distrito Federal. O evento foi realizado no plenário da CLDF e transmitido pela TV Câmara Distrital (Canal 9.3) e YouTube. O requerente da audiência, deputado Fábio Félix (Psol), destacou que o tema é importante para ele, já que é um portador da doença. 

“Descobri com 19 anos e busquei o HuB. No desespero buscamos profissionais que infelizmente não tem noção sobre o tema, porém isso mudou muito nos últimos anos. Fora a dificuldade de acessar os serviços por causa da grande demanda da população porque naquele contexto, eu lembro de me indicarem o laboratório do HuB, porém era muito acessado.”

Fábio Félix explicou que, por causa das doenças e lesões, há um enfrentamento ao preconceito social, a falta de diagnóstico adequado, além da frustração nas primeiras medicações e os efeitos rebotes. 

“Também é importante falar da falta de conhecimento dos quadros mais graves, se não tiver tratamento ou conscientização. Na minha trajetória, já fui diagnosticado com fungo e sífilis na fase II. Tudo isso, foi um processo doloroso. Precisamos demandar a secretária de saúde do DF mais conhecimento sobre o tema, por isso a importância da discussão.”

A coordenadora do ambulatório de psoríase do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), Leticia Oba, acompanhada pelo médico dermatologista, Fábio Alves Sobrinho, explicam que a doença é classificada como inflamatória crônica na pele, não transmissível, com possibilidade de início a partir da adolescência e chances de avanço durante toda a vida. 
 
“É uma doença que surge por genética, ambiente, clima, traumas, IST 's, alterações hormonais e corporais. Ela tem tratamento, mas impacta em vários âmbitos, como o social, físico e mental. Atualmente, afeta mais de 125 milhões de pessoas pelo mundo, em ambos os sexos, e além da pele, também podem ser gerados problemas articulares. 

Fábio alertou também que a doença, por vezes, não está sozinha e pode associar-se com outras comorbidades como depressão e ansiedade, doenças cardiovasculares e diabetes. 

Para Letícia, a doença é uma luta de muitos anos e impacta diretamente a qualidade de vida dos pacientes. 

“Vemos muitos pacientes com ansiedade e depressão. O índice de suicídio, por causa dessa doença, é mais elevada comparada a outras. Tratar essas lesões é uma forma de devolver a qualidade de vida, por isso a importância do tratamento, pois 90% dos pacientes se sentem estigmatizados, 91% apresentam baixa confiança, 52% têm sintomas psiquiátricos.”

Ao ser indagada pelo presidente da audiência, Fábio Félix, sobre o tratamento fototerapêutico, Letícia explicou que o tratamento existe no HRAN e no SUS, porém não há pessoal para operar a máquina. 

Para a diretora técnica da Associação Brasiliense de Portadores de Psoríase, Gladys Aires Martins, a doença é milenar, porém foi ignorada há anos pelas classes médicas. 

“A cerca de 30 anos atrás, com novas pesquisas e medicamentos, começou um novo olhar para a doença. Não é só uma manchinha na pele, mas uma doença que impacta o físico, emocional, econômico, social. Os pacientes do tratamento podem estar, por exemplo, em desvantagem no mercado de trabalho.”

Para ela, existe um preconceito em função da ignorância. Sendo assim, os movimentos de divulgação podem tornar a doença mais palpável e visível. 

Elias Magalhães, membro da Associação Brasiliense de Portadores de Psoríase, citou que em 2014 a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a doença como incapacitante, desfigurante e deformante.  “Segundo a OMS, de 3 a 5% da população tem psoríase. Em Brasília, esse número resultaria em 120 mil pessoas, mas em tratamento temos somente 2.500 pessoas. Não há espaço para tratamento das 117 mil pessoas que faltam. É um trabalho de formiguinha para atingirmos essa parcela."

Elias também cita que no Rio de Janeiro, há oito anos, já há distribuição, via receita médica, de medicamentos e no DF não há desconto nos medicamentos vendidos em farmácia. Além disso, ressaltou que para tratamento da doença não é só necessário um tipo de especialidade médica.

“Não precisamos somente de dermatologistas, precisamos de vários tipos de médicos para ajudar em exercício físico de reabilitação pois há casos de pessoas que não precisam acessar medicamentos mais fortes pois a reabilitação já ajudou.”

De acordo com o representante da Secretaria de Saúde do DF, Matheus Magalhães, o caminho para o tratamento existe: o paciente deve ir a uma Unidade Básica de Saúde para ter o atendimento primário, secundário, e assim ser encaminhado às subespecializações.

“Se o caminho for seguido, isso barateia o SUS e facilita o atendimento. A partir do primeiro atendimento, o paciente será encaminhado à atenção secundária e atendido por um dermatologista geral, e em casos mais graves, terá encaminhamento para subespecialidades.”

Matheus explica que a psoríase é classificada como "panorama três", em que os serviços de tratamento só estão disponíveis em um ou dois serviços na Secretaria por elevado grau de especialidade ou escassez de profissionais. “A fila é única para o DF. Porém, há planejamento de melhorias desses sistemas no HRAN e HUB para atender os pacientes, que mensalmente chegam a três ou quatro na fila de espera.”

A doutora Fernanda Duran destacou que os números da fila de espera não condizem com a necessidade real de pessoas que precisam de tratamento. Segundo ela, a diferença se dá pela falta de divulgação da existência de um tratamento para a doença pelo sistema público de saúde. “Deveria existir maior divulgação para sinais de alerta dessa doença para a população, talvez com fontes maiores de mídias televisivas, rádios e reuniões comunitárias.”

Em resposta, Fábio Félix afirmou que será encaminhado à secretaria de comunicação do DF um pedido para que sejam realizadas campanhas de conscientização sobre a doença, além de cartilhas destinadas às UBS para reforçar o conhecimento e formas de garantir acesso a medicamentos mais especializados.

Joás Benjamin (Estagiário) - Agência CLDF

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