Publicador de Conteúdos e Mídias

Escola Meninos e Meninas do Parque recebe homenagem por 30 anos de atividade

Publicado em 13/08/2025 13h22

Foto: Ângelo Pignaton/Agência CLDF

Alunos e profissionais da escola, que atende população em situação de vulnerabilidade social, foram homenageados durante a solenidade proposta pelo deputado Gabriel Magno

Em sessão solene realizada durante a manhã desta quarta-feira (13), a Câmara Legislativa prestou homenagens para a Escola Meninos e Meninas do Parque (EMMP) por seus 30 anos. A reunião ocorreu por iniciativa do deputado Gabriel Magno (PT), reunindo a comunidade escolar com professores, diretores e alunos, além de representantes de órgãos públicos. A escola é considerada referência nacional na educação de crianças e adolescentes em situação de extrema vulnerabilidade social. Além de atender crianças e adolescentes em situação de extrema vulnerabilidade, a escola recebe jovens, adultos e idosos, na Modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA).

O deputado Gabriel Magno lembrou, logo no início da cerimônia, que a unidade foi a única da rede pública a ter seu nome escolhido pelos estudantes em um processo de participação popular como alusão ao movimento organizado dos Meninos e Meninas em situação de rua. “Tem um processo de muito pertencimento, acolhimento [em toda a história da escola]. Por isso, nosso objetivo é parabenizar professores e servidores, mas fundamentalmente estudantes dessa escola que a fazem acontecer no dia a dia”, afirmou o deputado.

“Há escolas na rede que têm suas peculiaridades. Elas precisam ser respeitadas e devem caber dentro da burocracia, que precisa ser um instrumento para permitir que a educação chegue para todo mundo que precise dela”, disse Gabriel.

 

Amelinha Arararipe, diretora da Escola Meninos e Meninas do Parque (Ângelo Pignaton/Agência CLDF)


A diretora da EMMP, Amelinha Arararipe, ressaltou a relação de troca entre professores e alunos, necessária para o processo educacional. “Nós educadores aprendemos todos os dias com a história que cada um e cada uma traz. A construção de conhecimento não se dá só nos livros, se dá no cotidiano, no fazer diário. Estamos em eterno processo de aprendizagem. Aprendemos com cada estudante. E nossos estudantes não têm tempo a perder, já perderam muito tempo por vários motivos. A vida é latente e nós estamos lá para acompanhar os sonhos. Por isso precisamos garantir a permanência da EMMP no Parque da Cidade”, declarou a diretora, que também ressaltou o trabalho da primeira diretora da unidade, Palmira Eugênia.

Já a deputada federal Érika Kokay (PT) disse que “a EMMP é uma escola que tem o sentido do que representa a educação, inclusive já tive a oportunidade de participar de formaturas lá. É sonho, esforço e esperança transformados em diploma”, falou a deputada.

A promotora de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Território Luisa de Marilac disse que celebrar essa data é um presente para o DF. “Esse aniversário de 30 anos da Escola Meninos e Meninas do Parque é um presente para todos nós que somos do Distrito Federal. É um momento no qual podemos dizer que a garantia de Direitos Humanos pode acontecer com longevidade, continuidade e permanência. A escola nos mostra isso. Quando a gente vê que a política pública tem a capacidade de revelar o brilho da pedra preciosa que todos somos, isso dá sentido às nossas lutas e ao nosso cotidiano profissional”, declarou a promotora.

 

Encaminhamentos

Ela ainda reivindicou que a Secretaria de Educação perceba a perenidade do trabalho. “Não é possível que a gente ainda precise retornar a cada ano para a Secretaria de Educação para dizer: olha tem que manter e fortalecer a escola. Não é possível que a gente não reconheça, depois de 30 anos, esse lugar de referência da EMMP. A educação é o que de fato pode transformar a vida de cada um. Se a educação não estiver na matriz das políticas para as pessoas em situação de rua, a gente trabalhará sem a perspectiva de superação da condição de situação de rua”, asseverou Luiza.
 

Deputado Gabriel Magno (Ângelo Pignaton/Agência CLDF)


A reivindicação foi acolhida pelo deputado Gabriel Magno, se tornando um dos encaminhamentos da reunião. “Vamos encaminhar para a Secretaria de Educação, para a Secretaria de Desenvolvimento Social, para a Casa Civil e para a Secretaria de Governo em nome da Comissão de Educação, assinando em conjunto com o Ministério Público”, garantiu o parlamentar. Outro encaminhamento será enviar para a Secretaria de Mobilidade as dificuldades enfrentadas pela população em situação de rua para usar o transporte coletivo, fazendo com que alunos precisem ir caminhando para a escola.

A diretora de Direitos Humanos da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, Patrícia Melo, ressaltou o valor da EMMP. “Sou professora há quase o tempo que essa escola existe. Faz tudo valer a pena quando vemos as pessoas que mais precisam da transformação da educação na vida delas. A educação é o único veículo de transformação da sociedade. Vale a pena ser educador e enfrentar todas as dificuldades. Estamos aqui homenageando esta escola, que é referência da política de escolarização das pessoas em situação de rua. Felizmente existe esta escola modelo. Amelinha e Jorjão são inspiração para a rede inteira”, falou a representante da Secretaria de Educação.
 

A estudante Rafaela usou a palavra para registrar um ensinamento que recebeu da diretora. “A Amelinha sempre fala para a gente que podem tomar tudo que for da gente. Podem tomar um boné, um celular, um calçado, a namorada ou um amigo. Menos nossa sabedoria, menos nosso estudo. Por isso, queria agradecer a nossa família da EMMP”, destacou Rafaela.

Por sua vez, o vice-diretor, Jorge Luiz lembrou que está na escola há 30 anos. “Vi essa escola nascer e crescer. Plantamos uma sementinha de amor e eis aqui o exemplo da Joana [ex-aluna], com suas palavras maravilhosas. Aquele espaço [no Parque] era um acampamento de escoteiros e estava abandonado. Pegamos lá bem ruim e conseguimos transformar na escola que vocês têm hoje. No meu recesso, dou um pouco de mim para vocês, trabalhando [voluntariamente] com pintura e fazendo serviço de pedreiro para dar um pouco do que vocês não têm com conforto e, o mais importante, o amor”, declarou o vice-diretor.

 

Representando o Sindicato do Professores do Distrito Federal (Sinpro/DF), Solange Buosi contou que atuar na escola vai além do compromisso com o sindicato. “Tratar dessa escola ao longo dos 30 anos de vida, existência e resistência é algo que ultrapassa o compromisso que tenho de representar meu sindicato. Esta escola traz a certeza de que escolhi a profissão certa”, certificou a professora Solange.
 

Ângelo Pignaton/Agência CLDF

 

A representante do Movimento Nacional da População em Situação de Rua, Joana Bazílio, ex-estudante da EMMP, disse que “falar da escola é dizer de um espaço aberto de inclusão verdadeira”. “O educar, para nós, pessoas com trajetória em situação de rua, vem de uma forma diferente. Vem com afeto e cuidado. A Escola Meninos e Meninas do Parque faz a diferença para a população em situação de rua do DF porque é um espaço que acolhe as demandas das pessoas, sendo inclusivo de verdade. É preciso que este espaço seja valorizado, aumentado e que fique no Parque da Cidade para a vida inteira”, declarou Joana.

Já o aluno Ênio relatou a evolução dele. “Estou há três meses na Escola e meu dia a dia tem melhorado muito por isso. Gostaria de destacar os professores que nos ensinam a olhar mais para nós mesmos, mostrando o potencial que a gente pode desenvolver”, disse Ênio.

Ao fim da solenidade foram entregues moções de louvor pelos relevantes serviços prestados à educação por ocasião da sessão solene em homenagem aos 30 anos da EMMP.

Francisco Espínola - Agência CLDF