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Em comissão geral, moradores do Areal cobram remoção do albergue

Publicado em 24/02/2011 18h58
"Estamos cansados de esperar. De quatro em quatro anos a gente ouve promessas do governo de retirada do albergue". O protesto feito pela moradora Cláudia Maria de Oliveira na tarde de hoje (24), na comissão geral da Câmara Legislativa, simboliza o movimento daquela população para que o albergue do Areal seja transferido para outro local, em breve, em virtude dos riscos à segurança.

O debate acalorado sobre a possibilidade de remoção do albergue foi promovido pelos deputados Chico Leite (PT) e Olair Francisco (PTdoB) e contou com a participação da secretária de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda, do GDF, Arlete Sampaio, além de representantes da Polícia Militar e Civil."Já perdemos muitos jovens para o tráfico. Até quando a população do Areal vai sofrer esse desrespeito", lamentou uma mãe de família, que disse ser aquela população "esquecida" pelo governo. "Não temos uma escola de primeiro ou de segundo grau".
 A presidente do movimento pela remoção do albergue, Telma Rufino, ressaltou o caráter daquele movimento: "O que a gente do Areal precisa é viver em paz".

:Ao ressaltar aos moradores que a situação "difícil" do albergue do Areal não está de acordo com a política nacional de assistência social do governo do PT, a secretária Arlete Sampaio anunciou que o novo governo do DF está atento em relação ao problema e ponderou que as pessoas albergadas "são cidadãos e não podem ser etiquetados como marginais. "O que a gente não vai fazer é limpeza étnica", enfatizou.

Arlete pediu a compreensão daquela comunidade, anunciando que o GDF já decidiu pela construção futura de quatro novos albergues, a fim de atender a públicos específicos. Ela explicou, contudo, que até a o conclusão dos albergues não se pode fazer a remoção do atual albergue de Águas Claras. "Mas vamos tomar as medidas necessárias para se melhorar as condições do local", assegurou.

A deputada Eliana Pedrosa (DEM) lembrou sua passagem como secretária de Desenvolvimento Social no governo passado e disse que concorda com a posição defendida pela secretária Arlete Sampaio. "Não podemos esquecer que estamos tratando com seres humanos". O petista Chico Vigilante destacou: "É preciso garantir a dignidade daquelas pessoas. E não podemos colocá-las numa espaçonave". Evandro Garla (PRB) lembrou as dificuldades vividas pelas pessoas sem-teto e pregou a necessidade de o governo "não ceder às pressões da especulação imobiliária".

:Insegurança - O deputado Olair Francisco (PTdoB) manifestou apoio à  reivindicação dos moradores, afirmando que a permanência do albergue no local tem criado muitos problemas para aquela comunidade. Já o deputado Agaciel Maia (PTC) defendeu a proposta de remoção do albergue para alguma "chácara", longe de aglomerados urbanos.

Representantes da Polícia Militar e da Polícia Civil reconheceram que apesar dos esforços preventivos daquelas corporações um dos graves problemas da área é o tráfico de drogas. Mas disseram que uma das causas é a existência de favelamento no local - e não apenas o albergue. Um empresário da cidade lamentou que com o crescimento da  insegurança naquela região os moradores estão vendendo seus imóveis a preços bem abaixo do que os de outras cidades vizinhas.

Ao final do debate, o deputado Chico Leite (PT), que presidiu os debates, sugeriu que seja criada uma comissão mista com representantes dos moradores, da administração regional de Águas Claras e com técnicos daquela Secretaria para que, até a concretização da remoção, sejam discutidas medidas para garantir melhor "convívio social" naquela área. E alertou: "Não podemos achar também que o nosso bem será o mal para os outros. Não podemos apenas transferir o problema".

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