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Audiência pública cobra atenção para pessoas com esclerose múltipla

Publicado em 30/08/2021 18h47

Foto: Reprodução/TV Web CLDF

“Além de conscientizar sobre a esclerose múltipla, precisamos de encaminhamentos urgentes”, resumiu a autora da audiência, deputada Júlia Lucy

“Além de conscientizar sobre a esclerose múltipla, precisamos de encaminhamentos urgentes”, resumiu a autora da audiência, deputada Júlia Lucy

No Dia Nacional de Conscientização Sobre a Esclerose Múltipla, doença autoimune que atinge o cérebro, os nervos ópticos e a medula espinhal com diversas repercussões sobre a qualidade de vida dos pacientes, a Câmara Legislativa do Distrito Federal realizou, nesta segunda-feira (30), audiência pública para tratar do tema. Por iniciativa da deputada Júlia Lucy (Novo), a discussão reuniu representantes de entidades e especialistas que sugeriram iniciativas ao poder público para reduzir os problemas, de saúde e sociais, apontados durante o evento.

Por se tratar de uma doença que atinge vários órgãos devido a um processo chamado desmielinização – segundo o qual o sistema imunológico ataca a mielina camada protetora que envolve os neurônios e atrapalha o envio de comandos do cérebro para o restante do corpo –, a esclerose múltipla requer o acompanhamento por equipe multidisciplinar, além da prescrição de medicamentos, cujo valor pode chegar a até R$ 240 mil.

As questões expostas na audiência pública fizeram a deputada sugerir a formulação de um documento que será levado ao conhecimento do novo secretário de Saúde do DF com o objetivo de “agilizar” a busca de soluções para as reivindicações apresentadas. “Além de conscientizar sobre a esclerose múltipla, precisamos de encaminhamentos urgentes”, resumiu Júlia Lucy, observando que, no DF, há cerca de 800 pessoas diagnosticadas com a doença, que atinge geralmente adultos jovens, com idades entre 25 e 40 anos.

Uma das maiores dificuldades, segundo Ana Paula Morais, presidente da Associação de Pessoas com Esclerose Múltipla (Apemigos), além da falta de conhecimento, é a ausência de previsão legal em relação aos pacientes, como ela própria. “Não estamos listados entre as deficiências e, se revelamos que temos a patologia, acabamos excluídos do mercado de trabalho”, lamentou. Ela discorreu ainda sobre a dificuldade de atendimento no Hospital de Base, que é tido como um centro de referência, “mas cuja estrutura não é correspondente”.

Para a neurologista Fernanda Ferraz, especialista em esclerose múltipla, um dos aspectos importantes a serem levados em conta é o diagnóstico precoce. Para isso, propôs uma formação introdutória para os profissionais de saúde que atendem nas unidades básicas. Já a médica Priscilla Proveti, do Hospital Universitário de Brasília, que chefia o Ambulatório de Doenças Desmielinizantes, acrescentou que não percebe da parte da Secretaria de Saúde do DF, um maior interesse pela questão.

A discussão contou ainda com a participação da diretora jurídica da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), Sumaya Afif, que, entre outros assuntos, falou da necessidade de atenção à neuroreabilitação, para a readaptação à sociedade dos adultos jovens com esclerose múltipla. Também defendeu a importância de esclarecimentos quanto à empregabilidade dos pacientes.

O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), responsável pelo Hospital de Base, foi representado pelo superintendente da unidade, Paulo Cortez, que fez um balanço dos atendimentos e das áreas que têm sido demandadas pelos pacientes com esclerose múltipla. Em resposta a algumas das reivindicações, afirmou que há condição de voltar aos atendimentos semanais e informou que profissionais de saúde estão sendo remanejados para este setor.

Ao final da audiência pública, a deputada Júlia Lucy propôs o prazo de uma semana para que seja elaborado o documento que será entregue às autoridades de saúde do DF. “A ideia é apresentar contribuições que possam diminuir o tempo de espera dos diagnósticos, bem como fazer do Hospital de Base um verdadeiro centro de referência sobre esclerose múltipla”, concluiu.

Marco Túlio Alencar - Agência CLDF