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‘Se Plano Distrital de Educação fosse cumprido, não teria greve’ sinalizam especialistas

Planos distrital e nacional para a área pautaram comissão geral realizada na CLDF
Publicado em 12/06/2025 18h59

Foto: Carolina Curi/Agência CLDF

Estudantes também participaram da comissão geral no plenário da CLDF e cobraram mais professores efetivos

Enquanto servidores da rede pública de escolas do Distrito Federal mobilizam-se na segunda semana de greve, a Câmara Legislativa voltou-se, nesta quinta-feira (12), para a pauta da educação, com foco nas políticas nacional e distrital da área. Em um plenário tomado por profissionais do sistema educacional, verificou-se que não foi cumprida uma série de metas estabelecidas no primeiro Plano Distrital de Educação (PDE), sancionado em 2015. Declarando apoio irrestrito à greve, o distrital Gabriel Magno (PT) — que propôs a comissão geral realizada hoje — explicou que a Secretaria de Educação do DF foi convidada para o encontro, mas não enviou representante.  

Ele também enfatizou que uma das principais reivindicações das categorias paralisadas consiste na reestruturação das carreiras. “A meta 17 do PDE diz que deveríamos receber, no mínimo, a remuneração de ensino superior e recebemos cerca de R$ 5.600 abaixo da média do piso. No teto da carreira, estamos abaixo em R$ 4.900”, situou Magno. Nesse sentido, o representante do Fórum Distrital de Educação, Júlio Cézar Barros de Faria, avaliou que a greve se relaciona com a distância entre o que está previsto no PDE e a realidade de Brasília. 
 

Júlio Cézar Barros, do Fórum Distrital de Educação (Foto: Carolina Curi/CLDF)

 

“Nós que por várias décadas já tivemos o melhor salário do país, estamos figurando em quinto ou sexto lugar, ainda que os 7 anos de congelamento tenham sido os anos em que o Fundo Constitucional mais cresceu”, esclareceu Cláudio Antunes, que representou a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação e o Sindicato dos Professores no Distrito Federal. 

Além da remuneração, a mesa trouxe à tona outras insuficiências. Para a representante da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação, Catarina Almeida, o “retrocesso” também se evidencia pela quantidade de professores temporários na rede, que, como lembrou, já foi "exemplo" para o Brasil.  

Na outra ponta da sala de aula, a estudante Ana Giulia Leal — que participa do Grêmio Estudantil do Centro de Ensino Elefante Branco — relatou como esse aspecto é percebido pelo corpo discente. “Precisamos, sim, de professores efetivos. Em um ano, temos 2, 3 professores de uma mesma matéria, o que atrapalha a aprendizagem, porque cada um tem seu método de ensino. Puxando para a Meta 7, que trata da qualidade da educação, como conseguiremos atender sem infraestrutura nas escolas, sem profissionais e sem laboratórios?”, questionou.  

Há 16 anos ministrando na Secretaria de Educação do DF, a professora Patrícia Gomes subiu à tribuna para desabafar sobre condições de trabalho. “Eu quero saber até quando a gente vai ter que aguentar tudo que o governo faz com a gente. O quanto teremos que ouvir que ‘se não está satisfeito, mude de profissão’. Nós estudamos, nos dedicamos, temos capacitação para sermos professores”, argumentou.  
 

Investimentos do GDF na educação 
 

Deputado Gabriel Magno (Foto: Carolina Curi/CLDF)

 

Ao longo do evento, manifestações abordaram o tamanho da educação no orçamento distrital. Magno detalhou que, em 2015, a meta do DF era investir 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação — com orçamento próprio e  recursos do Fundo Constitucional. Isso correspondia, então, a R$ 8,1 bilhões, segundo o parlamentar. Na época, porém, destinou-se R$ 9 bilhões, valor acima da meta. O deputado contrastou esse cenário com o panorama de 2024, cuja meta de 6,12% do PIB distrital afasta-se do número efetivamente alcançado: 3,77% do PIB.  

“Nós regredimos: deveríamos ter investido R$ 20 bilhões em educação e foram aplicados R$ 13 bilhões. E quando a gente compara com o orçamento do DF, vê que era possível. Se em 2019, no começo do governo Ibaneis, o orçamento era de R$ 36 bilhões, neste ano chegou-se a R$ 73 bilhões. O orçamento da cidade dobrou, então era justo e viável manter o investimento em educação”, completou. 
 

Diversidade na política educacional 

 

Lucas Fernandes, representante do Ministério da Educação (Foto: Carolina Curi/CLDF)


Chefe de gabinete da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos e Inclusão do Ministério da Educação, Lucas Fernandes traçou diferenças entre o Plano Nacional de Educação vigente e o próximo, que tramita no Congresso Nacioanl e prevê metas até 2034. “A marca registrada do próximo plano é como conseguir, de fato, ser um plano da equidade, da inclusão e de redução da desigualdade no país. E isso me puxa para o DF, pois é inaceitável um lugar com os recursos que tem aqui apresentar um grau de desigualdade tão grande como o que encontramos”, ponderou. 

A pauta pela inclusão repercutiu na tribuna e atravessou a fala de diversos participantes que compareceram ao encontro. Além da construção coletiva de metas, cidadãos clamaram pela implementação, em esfera nacional e distrital, de políticas voltadas a populações “historicamente escanteadas” pelo sistema educacional, como povos indígenas e quilombolas. 

Assista à íntegra da comissão geral:
 

 

Daniela Reis (Agência CLDF)

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