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Relatório da SES revela aumento de 484% nos casos de dengue durante 1° quadrimestre de 2022

Publicado em 16/11/2022 14h20

A dengue explodiu no primeiro quadrimestre de 2022 no Distrito Federal. De janeiro a abril do corrente ano foram registrados 45.137 casos da doença, enquanto houve 9.333 no mesmo período de 2021, resultando em um aumento de 484% dos casos notificados.

A informação consta do Relatório de Atividade Quadrimestral apresentado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) durante reunião da Comissão de Fiscalização, Governança, Transparência e Controle (CFGTC) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).

O número de óbitos também aumentou de 9 para 11 entre os períodos comparados, felizmente, não seguindo a mesma proporção de crescimento. As regiões que mais notificaram casos de dengue foram Ceilândia (7.923), Samambaia (4.349), Taguatinga (3.080), Vicente Pires (1.899), Riacho Fundo II (477), Cruzeiro (281) e Park Way (132).

O deputado José Gomes (Progressistas), presidente da CDFGTC, questionou a secretária de Saúde, Lucilene Maria Florêncio de Queiroz, sobre o assunto. “A dengue mostra crescimento bastante significativo, assim como a Chikungunya e a Zika, quais medidas foram implementadas para conter o avanço da dengue?”, perguntou o parlamentar.

A secretária explicou as dificuldades. “Esse relatório traz uma realidade difícil, principalmente devido ao período de pandemia, com mais pessoas em casa e maior produção de lixo que não é descartado corretamente, propiciando locais para eclosão das larvas depois. Além disso, o Ministério da Saúde não adquiriu os insumos para fazermos o fumacê e acabamos comprando com nossos recursos da fonte 100. Também houve impedimento de acesso dos agentes de vigilância ambiental nas residências”, afirmou Lucilene.

Além disso, a secretária falou sobre as ações tomadas. “Renovamos contratos dos agentes de vigilância ambiental e dos agentes comunitários de saúde. Agora estamos com concurso em preparação, estamos esperando apenas autorização do TCDF sobre a banca examinadora e, se não for autorizado a tempo, vamos fazer a renovação dos contratos porque não podemos ficar sem o trabalho desses profissionais. Também foram realizadas quase 3 milhões de visitas domiciliares, inclusive algumas com autorizações judiciais. Enfim, temos intensificado essas ações desde que cheguei, no segundo semestre de 2022”, finalizou.


Covid


Outro destaque apresentado no relatório da SES mostra queda expressiva de casos de Covid. Foi registrado um pico da taxa de transmissibilidade no meio de janeiro (2,58%), seguido de uma queda expressiva, chegando a 0,84% no fim de abril. Os números comprovam a queda. Houve 113 mil casos registrados em janeiro, 57 mil em fevereiro, 5 mil em março e 2 mil em abril, somando um total de 178 mil casos no primeiro quadrimestre. A faixa etária predominante dos atingidos pela Covid foi de 20 a 49 anos.
 


Mesmo com a queda da contaminação, foi registrado um total de 520 óbitos no quadrimestre, sendo 265 apenas em fevereiro, mesmo mês em que foi registrado pico na ocupação de leitos UTI/Covid, chegando a ter 49 pacientes aguardando vaga. Na comparação entre o mesmo período de 2022 com o ano anterior, houve queda de 86,66% nos óbitos registrados. “Podemos atribuir a queda à vacinação”, afirmou Simone Barcelos dos Santos, diretora de Planejamento e Orçamento da Subsecretaria de Planejamento de Saúde, órgão da SES.

Neste sentido, o relatório mostrou a cobertura vacinal no período. Até abril, eram 87% da população com a primeira dose; 82% com a segunda dose, 47% que já haviam tomado o primeiro reforço e apenas 33% o segundo reforço.

A efetividade da vacina surge ainda em outro dado. Houve decréscimo de 51% na mortalidade registrada em comparação ao quadrimestre anterior quando somadas todas as causas. “Diminuição devido à vacinação da Covid”, afirmou Simone.
 

Gasto com medicamentos
 

O relatório expôs um aumento de gasto com medicamentos da ordem de 310,8%, atingindo R$2,94 milhões no primeiro quadrimestre de 2022, enquanto foi de R$716 mil em 2021. Segundo a diretora, o acréscimo deveu-se ao dispêndio com medicamentos de alto custo, mesmo com a distribuição de quantidade semelhantes. A despesa maior ocorreu principalmente nas regionais do Gama, da Asa Sul e da Ceilândia. Em contrapartida, houve queda de 83,24% de testes de Sars/Covid e aumento de 418% de testes para dengue.

Lucilene explicou porque ocorreu o aumento de gastos e o que está sendo feito para mitigar esses efeitos. “Tivemos realmente um custo elevado e temos encontrado dificuldade em adquirir alguns desses medicamentos porque há escassez de matéria prima no mundo e também muitas de nossas licitações acabam resultando desertas, em alguns casos por mais de 15 vezes. Agora já conversamos para agir de outra maneira, especialmente quando tivermos mais de 3 tentativas fracassadas. Além disso, aderimos ao Consórcio Brasil Central em mais de 15 atas para aumentar o nosso abastecimento, facilitando a aquisição que se torna um pouco mais barata”, disse.

“Esse acréscimo nos gastos deve-se principalmente a três medicamentos antineoplásicos. Em casos de judicialização, o valor é ainda muito maior do que o registrado nessa elevação”, argumentou a secretária. Esses medicamentos são quimioterápicos utilizados no tratamento de algumas patologias, dentre elas o câncer.
 

Abaixo das metas
 

Segundo o relatório, não foram cumpridas metas em diversas questões relativas à área de atendimento básico à saúde. Por exemplo, a estratégia de saúde da família permanece abaixo de 35% desde 2020. Não foi diferente no primeiro quadrimestre desse ano, seguindo abaixo da meta estabelecida para 43%.

Na vacinação, as metas também não foram alcançadas. Apenas 76% das crianças de um ano de idade estavam imunizadas para difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, influenza e poliomielite entre outros. O número está acima da média nacional, mas abaixo da meta estipulada para o DF, que seria chegar a 95%. “Faltou adesão da população para as campanhas de vacinação”, explicou Simone Barcelos.

A representante do Conselho de saúde do DF, Lourdes Cabral Piantino, criticou o fato. “Não atingir metas razoáveis é complicado. É muito triste, tenho uma eterna preocupação com isso. Entendo as dificuldades, mas precisamos agir com responsabilidade, fazendo um trabalho que atinja mais as necessidades da população no atendimento básico à saúde”, afirmou.

Para a secretária da SES, o órgão precisa realizar praticamente uma reconstrução dessa área. “Em relação à atenção primária à saúde concordo com a conselheira Lourdes, muito me abala essa questão. Precisamos ter menos barreiras de acesso e vamos trabalhar para fazer isso. Vamos fazer uma escuta qualificada ao usuário e melhorar a situação”, finalizou Lucilene.

Francisco Espínola - Agência CLDF