Personalidades femininas compartilham histórias de luta e superação na Semana Legislativa da Mulher
Personalidades femininas compartilham histórias de luta e superação na Semana Legislativa da Mulher
Foto: Ângelo Pignaton/ Agência CLDF

Seguindo a programação da 6ª Semana Legislativa da Mulher, a Câmara Legislativa do Distrito Federal realizou a mesa de conversa “Mulheres que inspiram” na tarde de quarta-feira (28). Mediado por Jane Marrocos, diretora da Escola do Legislativo, o evento contou com a participação da artista plástica Ana Paula Bernardes, da ativista Ilda Perles, da ex-deputada distrital Maria de Lourdes Abadia e da educadora Marla Angélica Costa. No encontro, as convidadas compartilharam suas trajetórias e experiências de vida.
Abrindo o evento, Marlla Angélica Costa, orientadora educacional, com formação em serviço social, pedagogia, teologia e história, compartilhou sua história pessoal, marcada por abuso, dependência química e situação de rua. Entre 2020 e 2024, atuou como conselheira tutelar em Arniqueira, destacando-se na proteção de crianças e adolescentes, o que lhe rendeu moções de louvor da Polícia Militar e da CLDF. Em seu discurso, Marlla Costa destacou a importância do apoio familiar e da fé para superar o vício em crack.
“Eu decidi, no dia 17 de outubro de 2011, a não fazer mais o uso do crack. Foi muito difícil o primeiro mês, me doía todo o corpo. Eu tive o apoio da minha família, tive pessoas ao meu lado, mas, acima de qualquer coisa, eu tive que entender que era tudo ou nada. Eu entendi que era um momento de mudar a minha vida, de mudar minha história”, relatou Marlla Costa.

A ex-deputada distrital Maria de Lourdes Abadia relembrou suas origens humildes, mencionando a mãe costureira e o pai jardineiro, que trabalhou na construção de Brasília. Nascida em Goiás, veio para a capital federal em 1960. Formada em serviço social pela Universidade de Brasília, foi a primeira mulher a administrar Ceilândia, cargo que ocupou por 14 anos. Em sua carreira política, foi deputada federal, deputada distrital e vice-governadora do Distrito Federal. Ela enfatizou o orgulho e o compromisso de representar a força, a luta e a importância da mulher na história e no desenvolvimento de Brasília.
“Quando eu subi a rampa do Palácio do Buriti para assinar a posse para governar Brasília, eu pensei em minha mão em costureira e lembrei do meu pai”, disse Maria Abadia. “Eu sinto que eu represento a força da mulher. Temos esse orgulho, esse compromisso de representar a luta e a importância da mulher na vida dessa cidade.”
Desafios
Ana Paula Bernardes, artista plástica e professora da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEE-DF), contou sua experiência na promoção do acesso à leitura e à informação em todo o Brasil. Em 2006, ela criou e passou a coordenar o projeto Roedores de Livros, iniciativa nacionalmente reconhecida, que, em 2011, foi premiado no 16º Concurso “Os Melhores Programas de Incentivo à Leitura Junto a Crianças e Jovens de Todo o Brasil”, promovido pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Em sua fala, destacou a importância e os desafios de manter o projeto ativo.
“Ser professora, mulher e mãe solo é um desafio. Manter o Roedores de Livros por 19 anos aberto na Ceilândia é um grande desafio. Nos últimos anos, eu tenho pensado muito sobre isso e qual futuro vamos seguir, para onde vamos”, disse Ana Bernardes. “Agora estou beirando a aposentadoria, como manter esse projeto tão lindo, essa biblioteca aberta mais tempo, no momento que a gente vai cansando e pensando também em descansar.”

Em seu discurso, a ativista Ilda Peliz relatou como os desafios pessoais, como a viuvez aos 25 anos sendo mãe de duas crianças e, posteriormente, a perda de uma filha para o câncer, fortaleceram sua trajetória de serviço público e filantropia. Ela presidiu a Abrace por 22 anos. Nesse período, Ilda idealizou e ajudou a construir o Bloco 1 do Hospital da Criança de Brasília (HCB), inaugurado em 2011. Ela também ocupou cargos importantes no Governo do Distrito Federal como secretária e foi secretária Nacional de Educação Especial no Ministério da Educação.
“Quem perde cônjuge é viúva, quem perde os pais é órfão, quem perde um filho nem tem nome, porque não é natural, não é previsível. Eu sempre estava armada para as lágrimas não descerem. Em vários momentos, tive vontade de parar, mas continuei pelas crianças que estiveram comigo hospedadas na casa de apoio. Tudo era muito dolorido, mas foram momentos de luta, aprendizado e crescimento pessoal”, relatou Ilda Peliz.
A mesa de conversa “Mulheres que inspiram” foi transmitida na TV Câmara Distrital, nos canais 9.3 (aberto), 11 da NET/Claro e 09 da Vivo, e pode ser reassistida no canal da CLDF no YouTube.
Agência CLDF