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Obras de Galeno fazem festa para o olhar em exposição na CLDF

Publicado em 25/03/2021 01h30

Um dos artistas mais identificados com Brasília, Galeno completa, neste sábado (13), 60 anos de idade, dos quais 42 vividos na Capital. Nascido em Parnaíba (PI), sua obra é repleta de elementos que fazem parte de suas lembranças afetivas. São pipas, carretéis de linha, lamparinas, barquinhos de papel e muitos outros, que remetem à infância mas não tornam "infantil" a sua produção.

Ao contrário, o que se vê no conjunto exibido na coletiva "Poesia, Geometria e Construção", em cartaz até esta quarta-feira (10), no Foyer do Plenário da Câmara Legislativa, é a trajetória consolidada de um artista que sempre soube onde queria chegar. Objeto de análise dos principais nomes da crítica nacional, a obra de Galeno é elogiada por sua coerência, tanto a sua pintura quanto seus tridimensionais.

Em 1989, o crítico Olívio Tavares de Araújo – um dos maiores especialistas em Alfredo Volpi (1896-1988), um dos principais artistas do País, conhecido por suas composições de bandeirinhas – já fazia um paralelo entre este e o artista brasiliense: "Galeno é um daqueles artistas figurativos diante de cuja obra não experimento a menor necessidade de leitura figurativa – coisa que me acontece, igualmente, diante de Volpi".

Igrejinha – Da mesma forma que Rubem Valentim e Athos Bulcão (que têm obras na coletiva da CLDF), Volpi também deixou sua marca em Brasília. É possível apreciar do exterior do Itamaraty, o Dom Bosco pintado por ele numa das paredes do palácio. Mas uma de suas principais criações – os afrescos na Igrejinha de Fátima – foram cobertas de tinta branca no final dos anos 1960 para nunca mais serem vistos, a não ser em parcos registros fotográficos.

Coube a Galeno, cujo nome de batismo é Francisco de Fátima Galeno Carvalho, voltar a cobrir de cor as paredes internas desse monumento brasiliense, a convite do Iphan, em 2008. Nossa Senhora de Fátima é apresentada sobre um fundo azul forte com uma pipa no lugar das mãos; o rosário é composto por carretéis de linha, e a coroa, decorada com flores: um colorido que é uma verdadeira festa para os olhos de quem visita o templo – inaugurado em 1958, a pedido de JK, para pagar uma promessa de dona Sarah Kubistcheck.

Na exposição da Câmara Legislativa – que, em 2001, fez do artista Cidadão Honorário de Brasília –, podem ser vistas pinturas recentes (várias com títulos divertidos, às vezes irônicos) de Galeno, que há muito substituiu as tradicionais telas, como suporte, pela madeira. A cor aparece em profusão exacerbando a geometria característica de sua linguagem pictórica, tida como lírica/onírica pelo crítico Frederico Morais, que também afirma haver "muito de Brasília" na pintura do artista, seja nas formas do Plano Piloto, nas cores do céu e da terra, na "espacialidade generosa da cidade".

"Poesia, Geometria e Construção" – Galeno, Athos Bulcão e Rubem Valentim

Local: Foyer do Plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal
Visitação: até 10 de maio 
Horários: de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h 
Classificação indicativa: livre para todos os públicos 
Entrada franca

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