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Moradores de Vicente Pires que tiveram suas casas derrubadas buscam apoio da CLDF

Publicado em 11/08/2015 15h34

Vários moradores que tiveram suas casas derrubadas numa ação da Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) na quadra 200 de Vicente Pires, na semana passada, estiveram hoje (11) na Câmara Legislativa para denunciar o que classificam como "abusos e ilegalidades" do órgão na ocasião. Com um carro de som em frente à sede do Legislativo local, eles pediram o fim da Agefis e a transferência da função fiscalizatória para as administrações regionais. Os moradores se reuniram com deputados distritais e saíram com a promessa de uma reunião do governador com os parlamentares para discutir a situação.

Clayton Cirilo, morador de uma chácara no local, esclareceu a proposta. "Pedir o fim da Agefis é pedir o fim da centralização. Uma agência que controla tudo sozinha em todo o território do DF é muito mais suscetível à corrupção. Além disso a Agefis não tem conhecimento das peculiaridades de cada região, ao contrário das administrações regionais. Essa ação da Agefis foi arbitrária, atropelou processos administrativos e jurídicos", reclamou.

Sumaya Torres Guimarães fez um relato emocionado aos parlamentares da derrubada de sua casa, onde residia com marido e filha. "Não fomos notificados nem avisados. Simplesmente acordamos com a Agefis e a polícia na porta. Armaram uma verdadeira estratégia de guerra para derrubar as casas. Até consegui uma liminar em segunda instância, mas foi tarde demais, pois eles vieram com muita pressa e truculência. Meu sonho virou pesadelo", disse.

Dizendo-se surpreendida com acusações de que teria indicado a presidente da Agefis, Bruna Pinheiro, para o cargo, a deputada Sandra Faraj (SD) fez um discurso em defesa dos moradores despejados. "Quero deixar bem claro que não fiz essa indicação e não estou por trás de nenhuma derrubada da Agefis. A propósito, na minha campanha eleitoral eu propus a extinção da Agefis e a transferência da fiscalização para as administrações regionais. Sou contra a grilagem de terras, mas estou ao lado daqueles que muitas vezes foram ludibriados, investindo todas suas economias para adquirir a casa própria", afirmou.

Chico Vigilante (PT) também fez críticas ao órgão. "Na época em que o governador Arruda criou a Agefis eu disse que ele estava criando um monstro. E, temos que ser francos, foi esta Câmara que deu esses poderes à Agefis. Por outro lado, o Estado nunca impediu as construções irregulares. Há um prédio irregular em frente à casa do governador, para se ter uma ideia. No caso de Vicente Pires, sabemos que os terrenos são da União. A rigor, nenhum morador de lá comprou lote pela Terracap. A situação lá é de fato irregular, mas a solução tem que ser discutida com a população. Se houvesse notificação, aposto que ninguém resistiria para sair. Mas chegar assim, sem avisar, e derrubar tudo é um absurdo", observou.

Wasny de Roure (PT) ressaltou a importância do diálogo com o Executivo, mas se posicionou contra a possível extinção da Agefis. "O problema em Vicente Pires é que existe a necessidade de definição dos locais que vão abrigar equipamentos públicos para garantir os financiamentos. Mas não será numa luta contra a Agefis que vamos resolver essa questão. O que devemos priorizar é o diálogo do governo com a comunidade, garantindo a preservação das casas em que há moradores", defendeu.

Já Wellington Luiz (PMDB) fez duras críticas à atuação da Agefis. "Eles não têm critérios para suas ações. A presidente da Agefis inventa datas e linhas imaginárias nos mapas para fazer as derrubadas. Não duvido que façam outra derrubada amanhã, pois eles atuam assim, de ímpeto. É preciso lembrar que o governo não pode derrubar casas em Vicente Pires, pois a área não é comprovadamente do GDF. Pode ser que daqui a alguns anos se prove que os terrenos são particulares. E aí, como ficam aqueles que tiveram prejuízo?", questionou.

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