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Covid matou menos no segundo quadrimestre de 2022 enquanto dengue dobrou

Publicado em 14/12/2022 13h29

A Covid causou menos mortes entre maio e agosto (136) do que entre janeiro e abril (460). Na soma, houve 596 óbitos em decorrência do vírus nos oito primeiros meses de 2022. Os dados levam em consideração pessoas que residiam no DF e constam de relatório sobre o segundo quadrimestre divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) durante audiência pública realizada pela Comissão de Fiscalização, Governança, Transparência e Controle (CFGTC) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). A reunião foi presidida pelo deputado José Gomes (PP).

Entre maio e agosto de 2022, o índice (RT) que mostra evolução na taxa de transmissão da Covid, atingiu o maior patamar no dia 11 de junho (1,83) e o nível mais baixo no começo do mês de agosto (0,68). “Essa avaliação demonstra que ações relacionadas à vacinação tem um impacto importante na transmissibilidade do vírus”, afirmou assessora da subsecretaria de Planejamento de Saúde, Viviane de Lima Gusmão.

Ainda em relação à pandemia. Houve aumento de 139,61% na realização de testes rápidos para identificar SARS Covid 2 quando comparados os números do segundo quadrimestre de 2022 (47.269) e do mesmo período em 2021 (6.907).
 

Vacinação
 

No segundo quadrimestre foram aplicadas 911.140 doses de vacina para Covid. Já no primeiro quadrimestre o número chegou a 1,161 milhões de doses. Assim, até o fim de agosto, o DF aplicou 2,072 milhões de doses. Vale destacar que a imunização com a segunda dose de reforço representa uma cobertura vacinal de apenas 37,9% da população.

“A pandemia ainda não passou. Hoje estamos com uma taxa de transmissão de 1,28, indicando um crescimento. Observamos também um aumento da taxa de ocupação dos leitos de UTI Covid e, com isso, ontem decidimos disponibilizar os 40 leitos de UTI do Hospital de Santa Maria para que sejam leitos Covid. Assim, centralizamos o tratamento à Covid em um único hospital para facilitar o processo de trabalho e o cuidado com o paciente. Além disso, temos como retaguarda o Hospital da Cidade do Sol que funciona como enfermaria para pacientes Covid”, informou a secretária de Saúde, Lucilene Queiroz.
 

Dengue


Se a Covid recuou, a dengue explodiu no DF durante o segundo quadrimestre. A comparação dos números mostra que em 2022 foram notificados 25.666 casos enquanto em 2021 eram 8.618 casos notificados, uma variação de 198%. A comparação mostra um crescimento percentual ainda mais significativo dos casos prováveis, atingindo 227%. Em 2022 houve 21.104 casos prováveis ao passo que em 2021 foram 6.446. Felizmente, mesmo com essa explosão de casos, não houve óbito por dengue no DF registrado durante os meses de maio a agosto.

O crescimento da doença também aparece na realização de testes rápidos para identificar dengue IGG e IGM. Foram 22.545 testes em 2022 e 7.718 testes no mesmo período de 2021, um aumento de 192,1%.
 

Varíola dos macacos
 

Durante o segundo quadrimestre, no dia 2 de julho, foi registrado o primeiro caso da varíola dos macacos (Monkeypox) no DF. Até o fim de agosto houve 843 notificações da doença, sendo que 247 casos foram confirmados e 593 descartados.
 

Mortalidade
 

A mortalidade que soma todas as causas caiu 30% no segundo quadrimestre de 2022 quando comparada ao mesmo período de 2021. O principal motivo apontado pela Secretária de Saúde foi a redução das mortes provocadas pela pandemia da Covid-19. Neste período do ano atual foram registrados 9.590 óbitos de residentes no DF.

As principais causas de mortes entre maio e agosto de 2022 foram as doenças do aparelho circulatório (21,8%); neoplasias, que são tumores como câncer (18,1%); doenças infecciosas e parasitárias (11,7%); doenças do aparelho respiratório (10,3%); e causas externas de morbidade e mortalidade (9,1). A principal mudança referente às causas em relação ao mesmo período de 2021 é que as doenças infecciosas e parasitárias apareciam como o principal motivo de mortes, demonstrando o efeito da pandemia.
 

Natalidade
 

Houve redução da taxa de natalidade de 7,52% na comparação entre o mesmo período de 2021 e 2022. A maioria dos partos foi de cesária (55,3%). No entanto, quando considerada apenas a rede pública, a maior parte é de partos naturais (55%).
 

Morbidade
 

Foram registradas 74.382 internações no período. As cinco principais causas de internações foram as seguintes: gravidez, parto e puerpério (22,4%); doenças do aparelho respiratório (10,3%); lesões, envenenamentos ou outras causas externas (9,3); afecções originadas no período perinatal (9,1%); e doenças do aparelho circulatório (7,9%). O Hospital de Base do DF foi o que recebeu maior número de internações (8.642).
 

Atenção primária
 

No segundo quadrimestre de 2022 foram registrados 1,118 milhão de atendimentos realizados na rede ambulatorial da atenção primária. Os cinco tipos principais foram a puericultura (178.114); pré-natal (66.504); hipertensão arterial (83.452); diabetes (53.018); e saúde mental (42.479). Verificou-se um aumento de 27,72% nestes atendimentos na comparação entre o mesmo período de 2022 e do ano anterior.

“Esse dado leva a crer que a atenção primária tem realizado seu trabalho e, principalmente, que os usuários parecem sentir-se mais seguros para buscar o atendimento neste segmento da rede pública”, disse Viviane Gusmão. Os dados também mostram crescimento significativo de 42,96% entre 2022 e 2021 com relação aos procedimentos feitos na rede ambulatorial.

Por outro lado, o relatório mostra que o DF continua abaixo das metas pactuadas, principalmente, em relação ao atendimento feito por equipes de Saúde da Família. Mesmo com evolução dos índices desde 2020, os resultados (67,42%) ainda estão distantes da meta (78%).
 

Urgência e emergência
 

Foram registrados aumentos nos números e gastos com procedimentos realizados de forma ambulatorial para urgência e emergência. Houve 1,446 milhões de procedimentos que correspondem a um crescimento de 38,3% na comparação ao mesmo período deste ano e de 2021. Por sua vez, o aumento dos gastos com procedimentos foi de 40,2%. Aqui, o único item que registrou queda no número foi o de procedimentos realizados com finalidade diagnóstica (-28,9%), mais uma vez demonstrando o impacto da queda da Covid, que demandou menos exames para pesquisa e diagnóstico da doença.
 

Psicossocial
 

O relatório mostrou crescimento de 81,2% dos atendimentos ambulatoriais feitos nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) no segundo quadrimestre de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado. Ainda assim, o indicador (0,46) em relação a esse tipo de atendimento ficou abaixo da meta pactuada (0,55).
 

Gasto com saúde
 

A aplicação de recursos financeiros em saúde ficou 4,99% acima do investimento obrigatório determinado pela legislação, atingindo R$2,677 bilhões no segundo quadrimestre de 2022. Um exemplo em relação a essa questão foi que o gasto com medicamentos praticamente dobrou (190,4%) na comparação entre o segundo quadrimestre de 2022 (R$4,227 milhões) e de 2021 (R$1,455 milhões).
 

Crítica
 

O representante do Conselho de Saúde do DF, Domingos de Brito Filho, mostrou insatisfação com a situação da saúde. “Há mais de 30 anos não temos um hospital novo. Os números apresentados não representam de uma forma geral o que realmente está acontecendo com a saúde no DF, que deveria estar bem melhor”, afirmou Domingos.

Em resposta, a secretária de Saúde, Lucilene Queiroz, registrou que o último hospital construído foi o Hospital de Santa Maria, finalizado em 2008. Além de hospitais de campanha, que foram temporários, e um deles inclusive, (Hospital de Campanha de Ceilândia) cedeu lugar ao Hospital da Cidade do Sol”, afirmou Lucilene. A unidade permanente, localizada na Região Administrativa do Pôr do Sol, começou a receber pacientes no final de janeiro de 2022. No entanto, segundo relatório da representação do Ministério Público junto ao TCDF (MPjTCDF) “o hospital não possui corpo clínico próprio, nem equipamentos para a realização de exames médicos – como exames de sangue e exames de imagens. Além da falta de médicos para o atendimento a pacientes, haveria enfermeiros em desvio de função. O hospital também não teria áreas adequadas para acolhimento de pacientes, nem para realização de consultas”, afirma o documento.

O deputado José Gomes concordou com o conselheiro Domingos. “Em vários pontos, ainda temos muito para avançar. Acredito que com o trabalho coletivo vamos melhorar”, disse o parlamentar.

“Sabemos que a situação ainda não está boa, mas fica o nosso compromisso de que já no próximo relatório quadrimestral haverá uma melhora, mesmo com as dificuldades que enfrentamos”, finalizou a secretária Lucilene.

Francisco Espínola - Agência CLDF

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