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Audiência discutiu o papel da imprensa nos casos policiais

Publicado em 18/09/2009 17h17
A Câmara Legislativa realizou na tarde desta sexta-feira (18) uma audiência pública para debater o papel da imprensa em investigações e na condenação de suspeitos e acusados. O ponto de partida do debate foi uma palestra do jornalista José Cleves, execrado pela imprensa por um crime que não cometeu e que narrou seu caso em livro.

A iniciativa de debater o tema partiu da deputada Erika Kokay (PT), que presidiu a audiência pública. A parlamentar chamou a atenção para a "espetacularização da imprensa", processo pelo qual os veículos de comunicação preferem o sensacionalismo à apuração jornalística.
 Cleves falou sobre o trabalho da imprensa atualmente no Brasil e criticou os inúmeros erros cometidos em vários casos, principalmente nos grandes veículos de comunicação.

Ao contar sua própria história, o jornalista reclamou dos profissionais que não apuram suas histórias e que não dão espaço ao contraditório.

O drama de José Cleves começou em 2000 quando ele e sua esposa foram vítimas de um assalto relâmpago na saída de um shopping e que terminou com o assassinato dela. Neste mesmo período, o jornalista havia feito várias denúncias contra o trabalho de alguns setores da polícia de Belo Horizonte (MG). As denúncias resultaram em três Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs).

Cleves foi acusado pela polícia de ter assassinado sua esposa, numa farsa montada por meio de provas forjadas. A imprensa aceitou a versão da polícia e o condenou sem direito a defesa. Ao relembrar o caso, o jornalista se emocionou. "Ninguém é capaz de imaginar a dor que eu passei, com a morte de minha mulher e todo o sofrimento que vivi", desabafou.

Segundo Cleves, durante todo o período do inquérito policial e do julgamento do caso na Justiça, nenhum jornalista leu o processo.

Somente em outubro de 2008, após oito anos, o processo foi encerrado e o jornalista absolvido.

Também participaram da discussão sobre o tema o presidente do Sindicato dos Jornalistas do DF, Romário Schettino; a procuradora federal da Advocacia Geral da União, Isabella Oliveira; o procurador do Distrito Federal, Eduardo Cavalcanti; o vereador da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Adriano Ventura, e o coordenador da Comissão de Direitos Humanos da OAB/DF, Jomar Alves Moreno.

A história do jornalista é contada no livro de sua autoria, que recebeu o título de "A Justiça dos Lobos – porque a imprensa tomou meu lugar no banco dos réus", que será lançado hoje, a partir das 19 horas, no Café Martinica, que fica na 303 Norte.

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