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É a partir do lixo que Marcelino Cruz constrói sua poética. Daquilo que seria descartado – papéis, plástico, lona e tecido, entre outros materiais – o artista faz arte, chamando a atenção para a quantidade de bens manufaturados que, em vez de serem reaproveitados, acabam indo parar em aterros sanitários ou nos famigerados lixões. Mesclando técnicas diversas em trabalhos de impacto visual, ele traz uma amostra de sua trajetória a uma exposição que será aberta nesta quarta-feira (21), às 19 horas, na Galeria Espelho D’Água da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Marcelino Cruz não tem medo de se aventurar na experimentação e faz uso de técnicas conhecidas de maneira particular tendo a sustentabilidade como norte de sua produção. Muitas vezes, uma mesma “tela” contém elementos da pintura, desenho, colagem, além de objetos, numa linha que o aproxima do estadunidense Robert Rauschenberg (1925-2008), autor das combines paintings, na qual combinava pintura e escultura.
 

Entre as matérias-primas das obras, é possível identificar, por exemplo, faixas que anunciantes de vários produtos costumam fincar nos gramados de todo o DF, bem como peças do vestuário e utensílios variados. Em conjunto, os trabalhos formam uma grande instalação e a opção da curadoria, sob responsabilidade de Romildo Gastão, para a montagem da mostra intitulada “Sobras – Pano, Lixo, que inundam os quatro cantos do mundo” reforça esse modo expositivo da contemporaneidade.

Piauiense, nascido em 1962, Marcelino Cruz graduou-se em Artes Visuais pela Universidade de Brasília. É professor de Arte da Secretaria de Estado de Educação e gestor público da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal. Participou de diversas exposições coletivas no Brasil e no exterior. Tem no currículo individuais em importantes espaços institucionais da arte nacional, como o Centro Cultural dos Correios de São Paulo, onde esteve em cartaz com “Inscrições Urbanas – Estação SP”, entre agosto e outubro do ano passado. Também em 2022, participou do projeto Arte Cidadã, no Centro Cultural da Câmara dos Deputados.
 

Aqui, também expôs em locais como o Museu dos Correios, Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul), Museu do STJ, Museu Nacional da República, e em espaços alternativos como o Café Savana. Na exposição que inaugura na Câmara Legislativa, Brasília está presente de várias maneiras, como em trabalhos que remetem as famosas “tesourinhas”, que substituíram os cruzamentos ao longo de avenidas da cidade.

Sobras – Pano, Lixo, que inundam os quatro cantos do mundo

Exposição de Marcelino Cruz

Galeria Espelho D’Água
Câmara Legislativa do Distrito Federal
Abertura: Quarta-feira (21/6), às 19h
Visitação: 22 de junho a 18 de agosto
Horário: 8 às 19h, segunda a sexta-feira
Classificação indicativa: livre para todos os públicos.
Entrada Franca