Sessão solene emociona ao celebrar mulheres empreendedoras
Sessão solene emociona ao celebrar mulheres empreendedoras
Foto: Reprodução/TV Câmara Distrital

Sessão solene realizada pela Câmara Legislativa durante a manhã desta sexta-feira (17) prestou reconhecimento às mulheres que inovam no Distrito Federal. A reunião se deu por requerimento da deputada Doutora Jane (Republicanos) e mostrou a força feminina empreendedora de Brasília.
“Estamos aqui para celebrar as empreendedoras do DF, de todos os níveis, todas as origens e todos os sonhos. Desde a empresária que gera empregos e oportunidades até a mulher batalhadora, empreendedora individual que começou com um pequeno negócio no bairro e conquistou respeito e admiração de sua comunidade”, explicou a distrital.
“Reafirmo que sou a deputada das mulheres. Aquela que vê, acolhe e reconhece o esforço e a trajetória de cada uma de vocês. Aquela que entende o peso da jornada dupla ou tripla, mas que acredita na potência de cada mulher em mudar sua história, a de sua família ou cidade, a história de Brasília”, afiançou Doutora Jane. Ela registrou ainda que já conseguiu contribuir com algumas leis aprovadas com foco nas mulheres, por exemplo, citou a lei nº 7.266/2023.
A empresária Adriana da Silva Ribeiro sensibilizou a todos com seu depoimento.
“Falo em especial às pessoas negras, que fazem uma base forte na minha história. Na verdade, o empreendedorismo para pessoas pretas nasce por necessidade. Na maioria das vezes, a gente não tem oportunidade de estudar, temos filhos jovens e precisamos trabalhar para cuidar. As portas de emprego são fechadas para as mulheres que têm filhos. Sofremos preconceito e esse é o tema da minha fala. Eu consegui quando jovem uma bolsa [de estudo] e fui estudar francês no horário da aula de educação física. Um dia meu professor perguntou por que eu não fazia educação física e fazia francês. Eu disse que queria ser aeromoça. Ele olhou bem na minha cara e falou: você nunca vai ser porque você é preta e seu cabelo é ruim. Passados anos, eu ressignifiquei a dor e comecei a trabalhar e transformar as pessoas que passavam na minha frente na melhor [versão] que elas podiam ter. Hoje tenho a Afrochic”, contou, emocionada, a empresária do ramo de beleza.
“Veja a importância [desse depoimento]. Racismo mata! Mata a alma. Racismo mata sonhos. Ficou feliz que você ressignificou. Tudo que disserem, diferente do sentimento que você tem em relação a si mesma, é mentira. Não aceite”, emendou a deputada, que também carrega uma história pessoal de superação.
“Estamos quebrando esta mística de que mulher é inimiga de mulher ou oposição. Somos um batalhão, um exército de muita força. E juntas somos imbatíveis”, declarou no início da solenidade a deputada Doutora Jane, que preside a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher na Câmara Legislativa.
A parlamentar ainda lembrou que no mês atual é realizada a campanha Outubro Rosa, buscando conscientizar e prevenir o câncer de mama. “O poder público precisa olhar para aquela mulher que não tem condições ou recurso [para o acompanhamento], tem o diagnóstico e, muitas vezes, sequer consegue a primeira consulta ou o tratamento”, defendeu Doutora Jane.
O desembargador do Tribunal de Contas do Distrito Federal, André Clemente, ressaltou que as mulheres precisam ocupar mais espaços. “Vejam a diferença do mandato de uma deputada preta, delegada de polícia, que ajudou algumas das regiões mais hostis do DF em termos de violência. A diferença de ter mulheres em lugar de poder é justamente a construção de políticas públicas”, sentenciou André Clemente.
A produtora de eventos, responsável pela Feira da Lua, Ana Cristina Alvarenga, contando a história de vida dela, falou que “tudo começou de uma forma muito simples, com a venda de calcinhas de uma fábrica do Rio de Janeiro”. “Vendia em todos os lugares onde tinha mulheres, porque elas usam calcinhas. Foi um sucesso e ali descobri o prazer da minha vida, de poder ter uma renda própria e transformar ideias em oportunidades”, disse Ana Cristina.
A CEO da Perboni, Daniela Lúcia Vieira, também compartilhou um pouco de sua trajetória. “Eu vim de Minas Gerais com 11 anos com minha mãe e irmã para trabalhar para a família e ser empregado de parente é pior, eu garanto. Mas sempre com muita determinação. Nunca tive medo de nada. Sempre focada no que eu quero e sonhando. O sonho não pode ter limite”, afirmou Daniela.
Formada em administração e marketing, Adriana Simões Mothé atuava com o pai na empresa Mundo dos Filtros antes de fundar a própria marca. “De lá, percebemos a oportunidade de mercado para produtos naturais. Desenvolvemos o plano de negócios da Bio Mundo, que hoje completa 10 anos. Criamos modelo de franquia e estamos em 22 estados, além do Distrito Federal com mais de 160 unidades. Lembro que quando a gente abriu a primeira loja, com 40 minutos de funcionamento uma pessoa perguntou para mim de onde é essa franquia. As pessoas não esperam, às vezes, que nós brasilienses somos capazes de abrir uma marca diferente e boa”, contou Adriana.
Na mesma linha, a CEO da Facility Gestão Condominial, Marília Gabriela de Souza Maciel, disse que “mais do que um reconhecimento pessoal, a homenagem é um tributo à força feminina que tem coragem de transformar os desafios em conquistas”. Ela contou que trabalhou como frentista de posto de gasolina para pagar a faculdade de contabilidade. “A frentista nunca imaginou que poderia estar sentada nesta Casa, olhando para tantas mulheres fortes e poderosas”, confidenciou Marília.
Já a jornalista e empresária Kátia Cubel declarou que “a vida não é feita do que aconteceu, mas do que a gente lembra e, com certeza esse dia vai marcar [a vida de todas nós] e nossa força de poder mudar o mundo”.
Por sua vez, Manuela Gomes, representando as mulheres do partido Republicanos, reafirmou a importância das mulheres em espaços de liderança. “Cada vez que temos uma mulher nos espaços de poder é muito significativa para nós. Quando a gente ocupa espaços de decisão, abrimos espaço para outras mulheres”, falou a dirigente partidária.
A presidente da Lide Mulher e presidente da Pinheiro Ferragens, Janine Soares de Brito, também lembrou de alguns desafios importantes que enfrentou. “Tive que enfrentar preconceito dentro da minha própria casa porque nasci em uma família nordestina em que não se tinha uma expectativa de que os negócios fossem continuados ou houvesse uma sucessão para mulher. Tive que demonstrar minha capacidade em dar continuidade em um negócio de distribuição de aço, sendo filha mais nova. Mulher tem sempre essa dificuldade e a gente tem que se superar para estar à frente. Nós mulheres somos capazes de muita coisa além do que imaginamos”, garantiu Janine.
Francisco Espínola - Agência CLDF
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