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Representantes da Serrinha defendem o fim do espelhamento imobiliário na região

Publicado em 04/08/2023 13h34

Foto: Eurico Eduardo/Agência CLDF

Fábio Felix diz que os interesses mobiliários tem mobilizado diferentes atores econômicos, que que buscam novos territórios independente de qualquer perspectiva técnica

Em evento de Lançamento da Frente Parlamentar em defesa da Serrinha nessa sexta-feira, representantes, defensores da região, e o deputado Fábio Félix (Psol) destacaram que o evento é um pontapé na organização na mobilização do tema no âmbito do Poder Legislativo. 

“A Serrinha é a fotografia, mas tem um plano de fundo em relação a isso que é a luta por um comprometimento maior do governo do Distrito Federal em defesa das águas, nascentes e meio ambiente de forma geral com uma política que seja minimamente comprometida com essa agenda política”, apontou. 

Fábio explica que o ‘plano de fundo’ é um objetivo maior de proteção ambiental e a mudança na forma como o governo pensa a questão fundiária a especulação imobiliária. O deputado diz que os interesses mobiliários tem mobilizado diferentes atores econômicos e tem buscado novos territórios independente de qualquer perspectiva técnica. 

“Esse segundo semestre vai ser desafiador na questão da regularização fundiária e temos a perspectiva de uma série de projetos importantes relacionados a isso. Essa mobilização de hoje é importante em defesa da Serrinha, mas para um debate qualificado sobre regularização fundiária sem permitir um atropelamento dos diferentes territórios, histórias e vocações aqui no DF.

Para abrir os discursos de convidados, o Doutor em geociências em meio ambiente pela Universidade Estadual Paulista e professor adjunto da UNB, José Vicente, explica em seu estudo que a área é formada de quartzito, ardósia e junto às falhas nas rochas e relevos planos tornam essas áreas eficientes em infiltração e boa permeabilidade criando nascentes, córregos e rios.

 

 

“Eu fiz uma contribuição dos afluentes para ver quanto que a Serrinha contribui e isso vai dar em torno de 37 a 40% de contribuição de água pura, cristalina e com pouco sólido para o Lago Paranoá. Isso mantém a água ecológica e se colocar todo o volume total, a contribuição da Serrinha passa de 40% e pode chegar a até 60”, explica. 

O professor traz dados da CAESB que de 2003 até 2023 as vazões diminuíram graças às ocupações de interflúvio no Taquari 1, incêndios e ocupações de terra. Segundo ele, esses fatores proporcionam menos infiltração e água nas nascentes e em microbacias interligadas à Serrinha. 

“Nosso estudo sugere que esta área seja destinada como interesse público, pelos serviços prestados à saúde ambiental e humana sendo designada a conservação e preservação dos recursos naturais, para as gerações futuras e manutenção do bem-estar ambiental e humano”.

Para Lúcia Mendes, ativista em defesa da Serrinha e Nascentes de água, o compromisso é de fazer um enfrentamento à área rural que está sendo mudada para zona de expansão urbana com risco de gerar problemas. 
 

 

“A bacia do Paranoá que hoje abastece 600 mil pessoas tem a qualidade da água da Serrinha. Então porque ocupar essa região? Já houveram projetos de empreendimentos imobiliários para a região desde a década de 80 e 90.” 

Lúcia afirma que no DF, há quase 150 mil domicílios desocupados do Distrito Federal, segundo dados do censo de 2022, logo não haveria explicação para a construção de novos empreendimentos. 

“A gente tem que colocar para os empresários de imobiliárias que qualquer área de expansão é problema na bacia hidrográfica, é problema na água. Não tem que fazer mais esse tipo de expansão tão inconsequente e que não atende a população de baixa renda. Se fizer qualquer empreendimento tem que pensar no cuidado e no ecossistema”, disse. 

Para a engenheira agrônoma, Maria Silvia Rossi, todos são feitos da água e que devido aos padrões urbanos a áreas rurais tem sido impermeabilizada, o que afeta a natureza e a filtragem de água usada. 

“O que a natureza faz que é por água para dentro de nascentes e filtrar água que sai suja da cidade e limpa no aquífero . Não tem tecnologia humana que faça isso nessa escala, de forma pública, gratuita e 24 horas por dia 7 dias por semana. É necessário que o ser humano consiga  outro padrão de desenvolvimento de ocupação e de convivência com territórios”, concluiu. 

 

 

Por fim, a presidente do Comitê de Bacias Hidrográficas dos afluentes do rio Parnaíba-DF, Alba Evangelista, defende que o comitê trabalha com o gerenciamento de recursos hídricos e é considerado um ‘parlamento das águas’ pois é onde a sociedade pode se manifestar. Alba também utilizou o momento de fala para interrogar porque o Lago Paranoá não tem uma área de proteção de manancial. 

“8 das 12 regiões hidrográficas brasileiras recebem águas do cerrado. Isso traz uma responsabilidade muito grande com relação à qualidade e a quantidade de água que a gente tá entregando para outras regiões hidrográficas. A área [de proteção ambiental] precisa ser criada urgentemente pois é a água que a gente bebe, é diluída, afluente e que não pode ser assoreada pelos projetos urbanísticos lá da Serrinha. 

Ao final do evento foram distribuídas moções de louvor para homenageados. O evento foi transmitido pela TV Câmara Distrital (canal 9.3) e YouTube.

Joás Benjamin (Estagiário) - Agência CLDF

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