CLDF

Pelo clima da audiência pública que aconteceu esta manhã na Câmara Legislativa, os permissionários autônomos do sistema de transporte alternativo do DF estão se sentindo traídos pelo GDF.
 O evento, promovido pela Comissão de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Ciência, Tecnologia, Meio Ambiente e Turismo, por iniciativa do deputaddo Paulo Tadeu (PT), debateu o transporte público de Brasília no DF . O presidente da Federação Nacional de Transporte Alternativo e Similar (Fenatral), ex-deputado distrital Expedito Bandeira, ao defender veementemente a permanência dos permissionários autônomos no sistema de transporte público do DF, lembrou que quando o governador impôs às empresas de ônibus a renovação da frota, procurou o secretário de Transporte para propor que as vans fossem substituídas por microônibus. O ex-distrital garantiu ter dito ao secretário, à época, que os permissionários tinham os financiamentos necessários para fazer a troca. Expedito diz que não foi ouvido e que agora o GDF está fazendo exatamente essa substituição.

O presidente da Associação de Ação Social de Planaltina, Carlos Roberto Santos, acusou o governo de estar fazendo "um jogo político muito forte", pois, segundo ele, como usuário do sistema, não encontra outra explicação para o que está acontecendo. Carlos Roberto se mostrou indignado com o fato de o governo ter tomado uma medida que afeta profundamente a vida das pessoas sem sequer ter ouvido a população.

O advogado do Sindicato dos Permissionários do Sistema de Transporte Público Alternativo do DF (Sintrafe), Raul Canal,  questionou o fato do edital da licitação para as novas permissões ter sido publicado apenas 24 horas após a promulgação da lei. Parabenizu o GDF pela "eficiência" e estranhou, também, o fato de o governo ter conseguido a liminar suspendendo a decisão do Tribunal de Contas do DF que sustava a licitação no primeiro dia do recesso do Judiciário, uma sexta-feira, véspera de Natal.

Canal disse ainda que leu com toda a atenção o contrato do GDF com o BID(Banco Interamericano de Desenvolvimento) e não encontrou qualquer recomendação para que o transporte alternativo seja prerrogativa de pessoa jurídica.

Permissionário de São Sebastião, o senhor Célio dos Santos, desafiou o GDF a fazer uma ampla licitação para o sistema de transporte, envolvendo o alternativo e o de ônibus. Garantiu que os atuais donos de vans têm não só condições de ganhar uma licitação desse porte mas de assegurar à população do DF um transporte de qualidade com custos até 70% menores do que os atuais.

A presidente da Associação União de Samambaia, Regina Célia Monteiro, denunciou fiscais da Secretaria de Transportes que agem de maneira grosseira, usando palavras chulas e gestos agressivos com os passageiros de vans. Cobrou da Secretaria a fiscalização dos ônibus que rodam, sem problemas, mesmo sem condições mínimas de segurança, como, por exemplo, com os pneus inteiramente "carecas".

O deputado Berinaldo Pontes (PP), presente à audiência, garantiu a Regina Célia que o caso será encaminhado ao ouvidor da Câmara, deputado Rogério Ulysses (PSB), para que seja apurada a situação e cobrada as providências da Secretaria de Transportes.

O deputado Raad Massouh (DEM) se colocou à disposição para fazer a intermediação entre os permissionários e o GDF.

Falaram, ainda, Diógenes Neres dos Santos, presidente do Sindicato de  Cobradores e Motoristas do Transporte Alternativo, o advogado José Oliveira, do Sintrafe, e o major Charles de Magalhães Araújo Júnior, especialista em segurança de transporte.

Ao final dos trabalhos, o deputado Cabo Patrício (PT) prometeu realizar nova audiência pública, desta vez com a convocação do secretário titular da pasta, Alberto Fraga.