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Jogo político foi zerado no DF e será recomposto a partir de 2011, diz pesquisador da UnB

Publicado em 07/12/2010 09h46
"Os laços da população do Distrito Federal com a Câmara Legislativa foram rompidos, e esta Casa tem agora o grande desafio de recompô-los", disse hoje o cientista político e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), Leonardo Barreto, na primeira palestra do segundo dia do seminário que a Câmara promove para os parlamentares eleitos em 3 de outubro.

Segundo Barreto, o DF ainda não se reorganizou após a crise política desencadeada pela operação Caixa de Pandora, e a própria fragmentação partidária é um sinal disso. Como lembrou o deputado eleito Olair Francisco (PTdoB), estarão representados na próxima legislatura 17 partidos diferentes.

Para o cientista político, o jogo político foi "zerado" e as forças políticas têm na Câmara o oportunidade de se recompor e se reorganizar. Leonardo Barreto citou dificuldades intrínsicas do Distrito Federal a serem transpostas, como as grandes desigualdades sociais. É aqui que está o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil - o Lago Sul -, e também alguns dos menores, destacou.

Orçamento - O professor apontou outros entraves ao caminho da Casa em direção ao resgate de seu papel. Um deles é a liberdade do Executivo com relação ao Orçamento. De acordo com ele, o fato de o governo não ser obrigado a executar o que foi aprovado pelos deputados torna-os reféns do outro Poder, para ver atendidas as demandas da sociedade de que foi portador.

Barreto condenou também a possibilidade dos parlamentares assumirem cargos no Executivo, o que, considera, afeta a capacidade fiscalizatória do Legislativo.
 Ele citou ainda o desconhecimento que a população tem do papel de cada um desses poderes e o grande número de cargos de livre provimento, o que leva à ocupação de cargos públicos sem capacidade técnica.

Deputados - O cientista político recomendou que os distritais eleitos se armem de conhecimentos para enfrentar os desafios que têm pela frente. A deputada eleita Celina Leão (PMN) mencionou o arsenal de que o Executivo se arma para "patrolar" a oposição. Joe Valle (PSB) criticou a multiplicação do número de secretarias de governo.

Wasny de Roure (PT) lembrou o papel da reforma política e Evandro Garla (PRB) considerou que deveria haver mais parlamentares em cada partido, ao invés de muitos partidos com poucos deputados. Washington Mesquita (PSDB) defendeu o voto distrital e facultativo.

Planejamento estratégico - O seminário prossegue até às 16h. À palestra de Leonardo Barreto seguiu-se uma exposição da consultora da Câmara, Tânia Nunes, sobre o Regimento Interno e o processo legislativo. Às 11h30, Jair Cardoso, também servidor da Casa, falará sobre o Comitê de Planejamento Institucional (COPEI), que está elaborando proposta de planejamento estratégico da Câmara para o período 2011-2020.

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