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Distritais criticam Governo Federal e do DF pela gestão da pandemia

Publicado em 24/03/2021 19h33

Foto: Carlos Gandra/CLDF

Pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, realizado ontem em rede nacional, mobilizou os debates em plenário

Pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, realizado ontem em rede nacional, mobilizou os debates em plenário

A deputada distrital Arlete Sampaio (PT), na sessão extraordinária remota da Câmara Legislativa desta quarta-feira (24), criticou o pronunciamento do presidente da República, Jair Bolsonaro. “Parecia um homem civilizado, mas não deixou de mentir”, afirmou. Segundo ela, o país é o quinto em vacinação, como afirmado pelo presidente, mas apenas em termos absolutos, e que se encontra na 73ª posição proporcionalmente à população. Ela também salientou que Bolsonaro esperou um ano de pandemia para anunciar a criação de um comitê de crise.

A distrital também disse estar “indignada” pela “situação dramática” no Distrito Federal que, segundo ela, registrou 1397 novos casos e 62 mortes em 24 horas. Arlete Sampaio afirmou que há falta de três sedativos e relaxante muscular na rede pública de Saúde: “Estão deixando faltar medicamentos básicos para intubação. Vocês não podem imaginar o que é intubar uma pessoa na marra”. Para ela, a situação mostra “total falta de planejamento da Secretaria de Saúde”.

Fábio Félix (Psol) fez coro às críticas ao pronunciamento de Bolsonaro que, segundo ele, apesar de curto, foi “bem recheado de mentiras”. Para ele, a gestão da pandemia representa “um verdadeiro genocídio da população brasileira”, frisando que medidas importantes não foram tomadas e que a gravidade foi subdimensionada. O distrital criticou a mudança na metodologia de contagem das vítimas, que pode diminuir artificialmente a quantidade de mortes: “O ministro já chegou para fazer tudo errado”, reforçou.

De acordo com Leandro Grass (Rede), falta transparência nas ações do Governo do Distrito Federal, o que impede a fiscalização. Ele afirmou que não há clareza nos métodos e dados que fundamentam os decretos de lockdown, e pediu “abertura” dos contratos. “Sem essas informações, como vamos saber se o governo está fazendo a coisa certa?”, questionou. Ele afirmou que há dados contraditório sobre a transmissibilidade, e que é necessário considerar outros parâmetros, como taxas de testagem e ocupação de UTIs. “É preciso a transparência dos dados, a intersetorialidade, fazer um comitê coordenado”, ressaltou.

Júlia Lucy (Novo) defendeu o fortalecimento da Atenção Primária de Saúde e a nomeação de aprovados em concurso da Secretaria de Assistência Social, como cuidadores sociais e técnicos. “O que a gente observa é o desmantelamento das políticas públicas mais básicas”. Para a distrital, o baixo efetivo de agentes comunitários de saúde, além de dificultar ações contra a Covid-19, como a testagem em massa, pode comprometer repasses da União. Ela também defendeu uma CPI para investigar a gestão do GDF na pandemia e criticou a falta de insumos e EPIs para os profissionais de Saúde.

Chico Vigilante (PT) citou a decisão do Papa Francisco de reduzir em 10% dos salários da cúpula do Vaticano para manter o emprego dos que ganham menos, como exemplo do que poderia ser adotado no Brasil durante a pandemia. “Se o Brasil tivesse um governo sério, poderia propor redução dos que ganham acima de 20, 25 mil reais, o que incluiria deputados, presidente da República, generais, e transformaria esse recurso em auxílio emergencial”. Ele frisou que as novas cepas são cada vez mais letais e que o único remédio é a vacina. Ele agradeceu ao governador por ter “aceitado o clamor” para comprar os imunizantes diretamente, referindo-se ao manifesto sugerido por ele e que foi assinado pelos 24 deputados.

Circular 

O deputado Jorge Vianna (Podemos) parabenizou o governador pela revogação da Circular 55/2021 que, entre outros pontos criticados pelo parlamentar, previa suspensão de cirurgias eletivas cardiovasculares, oncológicas e transplantes na rede pública. “Essa ação desesperadora fez com que a coisa pudesse piorar mais ainda. Salvar a vida de quem está com Covid, mas deixar se perder a vida de um paciente que está esperando por uma cirurgia importante como essas. Não podemos cobrir um santo e descobrir outro. Que se faça uma circular exequível e que não coloque em risco a vida de ninguém”.

Para Cláudio Abrantes, a Circular era uma “verdadeira atrocidade”, e que não contribuía no combate à Covid”.

Mário Espinheira 
Foto: Carlos Gandra/CLDF
Núcleo de Jornalismo - Câmara Legislativa