CPI dos Cemitérios vê cumplicidade entre acusados de irregularidades
CPI dos Cemitérios vê cumplicidade entre acusados de irregularidades

Jurandi reiterou os termos da primeira oitiva, reafirmando não ter conhecimento de que urna e caixão são a mesma coisa e que, se soubesse, não teria aceitado o serviço. Tanto assim que, quando constatou as condições dos caixões, sem alça, sem revestimento ou com o forro sujo de sangue, "bem baqueados", desistiu de realizar o serviço.
Já Overlando Fagundes, mesmo admitindo ter tentado escapar, se disse arrependido de haver aceitado prestar um favor a um conhecido, Isnair Moraes Simões Rosa, suposto proprietário da Funerária Alvorada. Mas não ofereceu nenhuma contribuição que elucidasse os fatos, prestando, segundo os deputados, um requerimento confuso e contraditório.
Para Rogério Ulysses (PSB), presidente da comissão, ficou clara a cumplicidade de Overlando com Isnair Moraes Simões Rosa.
A CPI aprovou requerimento solicitando à Polícia Civil que localize Isnair e seu suposto sócio, Clébio dos Santos, e os conduzam à Comissão para esclarecer os fatos que lhes são atribuídos. Caso não sejam encontrados, vão ter seu indiciamento pedido no relatório final dos trabalhos. Ulysses se disse surpreso com a naturalidade com que o "mercado da morte", representado por pessoas como Overlando e Isnair, trata situações absurdas, como a reciclagem de caixões usados e outros procedimentos que constituem crimes.
O depoimento de Overlando foi classificado pela deputada Erika Kokay (PT) como um "universo de contradições" e que é clara a relação comercial e de amizade entre ele e Isnair. As explicações de Overlando, segundo a deputada, não condizem com seu histórico de vida, primeiro como coveiro, e posteriormente como empresário do ramo da marmoraria, para justificar o desconhecimento dos fatos de que participou.
O deputado Reguffe (PDT) se disse orgulhoso de ter proposto uma CPI que enfrentou tantas resistências, mas que revelou à sociedade fatos tão graves, como a reciclagem de caixões, a máfia do DPVAT e a remoção clandestina de ossos. Considera, no entanto, que é preciso avançar para verificar se a reutilização de caixões é uma prática rotineira ou uma eventualidade.
Intervenção - Os membros da CPI aprovaram também o requerimento 74/2008 que recomenda ao governador José Roberto Arruda a imediata intervenção em todos os cemitérios do DF e a constituição de uma força tarefa para apurar as irregularidades, ilegalidades e possíveis atos criminosos.
Segundo os parlamentares, a intervenção se justifica porque as denúncias recebidas pela CPI não estão sendo solucionadas e, em alguns casos, há reincidência.