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CPI dos Cemitérios vê cumplicidade entre acusados de irregularidades

Publicado em 14/08/2008 14h44
Jurandi Alves Feitoza, o dono da marcenaria onde foram encontrados caixões para serem reciclados, e Overlando Fagundes, responsável pelo transporte das urnas retiradas de uma funerária no Guará, foram ouvidos hoje pelos membros da CPI dos Cemitérios. É a segunda vez que Jurandi foi sabatinado, mas Overlando só compareceu hoje depois de uma tentativa de fuga e de ser abordado por servidores da comissão.

Jurandi reiterou os termos da primeira oitiva, reafirmando não ter conhecimento de que urna e caixão são a mesma coisa e que, se soubesse, não teria aceitado o serviço. Tanto assim que, quando constatou as condições dos caixões, sem alça, sem revestimento ou com o forro sujo de sangue, "bem baqueados", desistiu de realizar o serviço.

Já Overlando Fagundes, mesmo admitindo ter tentado escapar, se disse arrependido de haver aceitado prestar um favor a um conhecido, Isnair Moraes Simões Rosa, suposto proprietário da Funerária Alvorada. Mas  não ofereceu nenhuma contribuição que elucidasse os fatos, prestando, segundo os deputados, um requerimento confuso e contraditório.

Para Rogério Ulysses (PSB), presidente da comissão, ficou clara a cumplicidade de Overlando com Isnair Moraes Simões Rosa.
 A CPI aprovou requerimento solicitando à Polícia Civil que localize Isnair e seu suposto sócio, Clébio dos Santos, e os conduzam à Comissão para esclarecer os fatos que lhes são atribuídos. Caso não sejam encontrados, vão ter seu indiciamento pedido no relatório final dos trabalhos. Ulysses se disse surpreso com a naturalidade com que o "mercado da morte", representado por pessoas como Overlando e Isnair, trata situações absurdas, como a reciclagem de caixões usados e outros procedimentos que constituem crimes.

O depoimento de Overlando foi classificado pela deputada Erika Kokay (PT) como um "universo de contradições" e que é clara a relação comercial e de amizade entre ele e Isnair. As explicações de Overlando, segundo a deputada, não condizem com seu histórico de vida, primeiro como coveiro, e posteriormente como empresário do ramo da marmoraria, para justificar o desconhecimento dos fatos de que participou.

O deputado Reguffe (PDT) se disse orgulhoso de ter proposto uma CPI que enfrentou tantas resistências, mas que revelou à sociedade fatos tão graves, como a reciclagem de caixões, a máfia do DPVAT e a remoção clandestina de ossos. Considera, no entanto, que é preciso avançar para verificar se a reutilização de caixões é uma prática rotineira ou uma eventualidade.

Intervenção - Os membros da CPI aprovaram também o requerimento 74/2008 que recomenda ao governador José Roberto Arruda a imediata intervenção em todos os cemitérios do DF e a constituição de uma força tarefa para apurar as irregularidades, ilegalidades e possíveis atos criminosos.

 Segundo os parlamentares, a intervenção se justifica porque as denúncias recebidas pela CPI não estão sendo solucionadas e, em alguns casos, há reincidência.

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