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Audiência pública debate transtornos de conduta

Publicado em 18/03/2010 12h55

O transtorno de conduta, síndrome que vem se tornando cada vez mais frequente no âmbito escolar, foi debatido hoje, em audiência pública promovida pela deputada Erika Kokay (PT), que assinalou a necessidade de construir-se uma equipe para definir alternativas a fim de enfrentar os desafios e levar as escolas a serem realmente inclusivas.

Se isso não for feito, segundo a deputada, os meninos "continuarão caminhando e desenvolvendo comportamentos antissociais que ultrapassam os muros das escolas". Se o Estado, as famílias e a própria sociedade não lhes der o devido encaminhamento, segundo Erika, o nível de agressão nas escolas continuará crescendo e aumentando a inquietude da própria sociedade.

O transtorno de conduta atinge crianças e adolescentes e consiste em comportamentos repetidos e persistentes de violação dos direitos básicos dos outros e de regras sociais atinentes à idade, como agressão a pessoas e animais, destruição de propriedades alheias, furtos e fuga de casa, entre outros.

Professores, orientadores educacionais, psicólogos e médicos expressaram sua preocupação com a ausência de políticas públicas para buscar soluções para o problema. O representante do Sindicato dos Professores do DF, Francisco Alves, disse que o Sinpro "não vai ficar de braços cruzados e deixar o barco passar", pois entende que a superação dessas dificuldades faz parte dos interesses da categoria.

A orientadora educacional da Escola Classe 316 Norte, Sílvia Helena Costa Galletti, afirmou que tem acompanhado esses problemas de perto e sido testemunha das dificuldades em enfrentá-los. Ela entende que o problema é de alta complexidade e que só se houver  a firme intervenção do Estado será possível criar condições adequadas de atendimento às crianças e adolescentes e suas famílias.

Para a coordenadora da Clínica Comunitária do Instituto de Gestalterapia de Brasília e psicóloga do Centro de Orientação  Médico-Psicopedagógico (COMPP) há vinte anos,  a situação é alarmante e não é problema exclusivo de famílias de baixa renda, fazendo-se presente também na classe média e alta.

O papel do COMPP no âmbito do atendimento à saúde mental foi exposto pela médica Simone Guimarães, que discorreu sobre os serviços colocados à disposição da população e os diferentes projetos direcionados a problemas específicos como obesidade, transtornos de déficit de atenção e dislexia, entre outros. Segundo disse, em 2009 foram feitos mais de 40 mil atendimentos.

A médica esclareceu que o COMPP não mantém um projeto direcionado para os transtornos de conduta, reconhecendo que a demanda reprimida na área de saúde mental é assustadora, e que é preciso lutar para aumentar os recursos humanos da rede pública, especialmente quando se constata que os profissionais de neurologia e psiquiatria vão ficando cada vez mais escassos.

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