À frente das execuções penais, juíza Leila Cury é a nova cidadã honorária de Brasília
À frente das execuções penais, juíza Leila Cury é a nova cidadã honorária de Brasília
Foto: Carlos Gandra/Agência CLDF

Primeira mulher a comandar vara responsável pelo sistema penitenciário, Leila foi homenageada em sessão realizada pelo distrital Wellington Luiz
Além de conquistar a unanimidade entre todos os votos de parlamentares que apreciaram o título de cidadã honorária de Brasília, uma qualidade da juíza Leila Cury também foi consenso entre os convidados da solenidade de entrega da honraria: a coragem. O presidente da Câmara Legislativa, deputado Wellington Luiz (MDB), propôs o reconhecimento conferido hoje, a partir do decreto legislativo 140/2024, no Plenário da casa legislativa. Titular da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), Cury também coordena o Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo.

“Quando estamos em situação de risco, geralmente a pessoa se encolhe diante do perigo e da ameaça à sua integridade física e de sua família. E nós passamos por uma situação lamentável no DF, uns dias atrás. Para minha surpresa, quando ligamos para a doutora Leila Cury, em vez de encontrar uma pessoa amedrontada encontramos exatamente o contrário. Ali vi a grandeza da mulher que aqui se encontra: corajosa e determinada, jamais teme os riscos em nome de sua profissão e em nome da justiça brasileira”, enalteceu o presidente da CLDF.
Desembargadora do TJDFT, Sandra de Santis resgatou alguns marcos da trajetória da colega. Lembrou que quando Leila se candidatou para a Vara de Execução Penais, por exemplo, foi aconselhada por um colega a recusar a designação, pois “não era lugar para mulher”. Contrariando o “machismo reinante”, nas palavras de Santis, Leila assumiu o posto e se destacou.
Também desembargadora do TJDFT, Nilsoni de Freitas Custódio destacou feitos da homenageada, como a implantação da política antimanicomial nos presídios; o incentivo à educação dos detentos; o apoio a atividades laborais “que resgatam a esperança”; e a determinação de um dia para visitas de crianças e jovens, filhos e filhas dos internos.

Nascida no interior de Goiás, Cury chegou em Brasília em 1976. Formou-se em direito em 1987, pela Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal (UDF). Em seu discurso, Leila lembrou que não pensava em fazer o curso, pois queria cursar Comunicação Social, mas que quando escolheu as leis "soube que era o seu lugar". Leila também creditou a sua trajetória de sucesso à própria cidade. “Brasília é uma terra de oportunidades, uma casa que recebeu a mim e à minha família; que nos propiciou trabalhar, estudar e crescer”, declarou.

Em discurso emocionado, o desembargador do TJDFT Diaulas Costa Ribeiro resgatou décadas de amizades e teceu reflexões sobre o sistema prisional e o papel da juíza nesta conjuntura: “O Brasil é referência do modelo de execução de penas coordenadas por um juiz. Brasília tem, pela primeira vez, uma mulher presidindo a Vara de Execuções Penais. E para todos nós que achamos que a solução dos problemas sociais está na prisão — e não está — não passa pela nossa cabeça que para que tudo isso funcione é preciso ter uma pessoa à frente de todo o sistema, um juiz responsável por mais de 15 mil pessoas”. Diaulas acrescentou que Leila cumpre tal tarefa com carinho e respeito e que, quando dizem que o trabalho precisa ser de vingança, ela o realiza com justiça.

Como a agraciada não é natural no DF recebe o título de cidadã honorária. Os nascidos no Distrito Federal, por sua vez, podem fazer jus a título de cidadão benemérito de Brasília, também concedido pela Câmara Legislativa. As homenagens são reconhecimentos públicos a indivíduos que ofereceram contribuição relevante para a sociedade do Distrito Federal.
Assista à cerimônia no YouTube da CLDF:
Daniela Reis - Agência CLDF
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