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DCL n° 227, de 16 de outubro de 2024 - Suplemento
Ata Circunstanciada Sessão Ordinária 87/2024
ATA DE SESSÃO PLENÁRIA
2ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 9ª LEGISLATURA
ATA CIRCUNSTANCIADA DA 87ª
(OCTOGÉSIMA SÉTIMA)
SESSÃO ORDINÁRIA,
TRANSFORMADA EM COMISSÃO GERAL
PARA DEBATER AS POLÍTICAS DE PROTEÇÃO
ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES E O
ATENDIMENTO DOS EGRESSOS DOS SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO,
DE 10 DE OUTUBRO DE 2024.
INÍCIO ÀS 15H04MIN TÉRMINO ÀS 19H17MIN
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Declaro aberta a presente sessão ordinária.
Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
Convido o deputado Pastor Daniel de Castro a secretariar os trabalhos da mesa.
DEPUTADO PASTOR DANIEL DE CASTRO – Boa tarde, presidente, boa tarde a todos que
assistem a nós pela TV Câmara Distrital, nossos assessores.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Dá-se início aos
Comunicados da Mesa.
Sobre a mesa, expediente que será lido pelo senhor secretário.
(Leitura do expediente.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – O expediente lido vai a publicação.
Sobre a mesa, as seguintes atas de sessões anteriores:
– Ata Sucinta da 85ª Sessão Ordinária;
– Ata Sucinta da 36ª Sessão Extraordinária.
Não havendo objeção do Plenário, esta presidência dispensa a leitura e dá por aprovadas sem
observações as atas mencionadas.
Em razão da aprovação do Requerimento nº 1.638/2024, de minha autoria, a sessão ordinária
de hoje será transformada em comissão geral para debater as políticas de proteção às crianças e
adolescentes e o atendimento dos egressos dos serviços de acolhimento.
(A sessão transforma-se em comissão geral.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Está suspensa a presente comissão geral.
(Suspensa às 15h08min, a comissão geral é reaberta às 15h26min.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Declaro reaberta a comissão geral para debater
as políticas de proteção às crianças e adolescentes e o atendimento dos egressos dos serviços de
acolhimento no Distrito Federal.
A ideia desta comissão geral surgiu do diálogo junto à Fiocruz e da conversa com os
adolescentes do projeto Territórios da Construção de Si.
Em primeiro lugar, quero agradecer demais à Fiocruz e aos adolescentes que vieram aqui hoje.
Agradeço também às diversas secretarias do GDF que convidamos e estão presentes. Isso é muito
importante.
Eu queria fazer um combinado um pouco fora do roteiro normal com vocês. Toda vez que há
audiência pública ou comissão geral no plenário, o protocolo estabelece que as autoridades se sentem
à mesa e, depois, abrimos a fala aos participantes. Eu queria inverter a ordem e convidar os
adolescentes para compor a mesa para que eles falem sobre as suas experiências, as suas questões; e
a nossa mesa estendida vai ficar aí embaixo com as representações das secretarias, que falarão depois.
Podemos combinar assim? Agradeço pela compreensão.
Acho que será um dia bonito, importante e com muitas emoções. Mas também esperamos sair
daqui com combinados e encaminhamentos, pensando em como podemos construir juntos esse
processo.
Neste momento, convido para fazer parte da nossa mesa os nossos protagonistas de hoje.
Convido o Aleksandro Leandro de Souza; o David Alcides dos Santos... Eles ainda estão lá fora se
preparando? (Pausa.)
Como eles estão se preparando, eu vou chamar, para também dividir a mesa conosco, a
diretora da Fiocruz, Fabiana Damásio. Obrigado, Fabiana. (Palmas.)
A Fabiana coordenou esse projeto tão legal, o Territórios da Construção de Si, que ficamos
muito felizes de conhecer. Gostaria que a senhora falasse um pouco do projeto e da parceria da
Fiocruz.
Nós tentamos passar um vídeo institucional que conta um pouco desse processo, mas hoje é
um dia de dificuldades tecnológicas. O SEI do GDF está fora do ar hoje e não conseguimos mandar
nenhum ofício para o GDF. Parecia um dia de folga, um dia em que não conseguimos encaminhar
ofícios. Está suspenso o barramento do sistema eletrônico. E a internet da Câmara Legislativa também
está meio instável.
Eu e o deputado Fábio Félix, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos,
Cidadania e Legislação Participativa, até realizamos uma audiência pública pela manhã, Fabiana, sobre
a questão do uso celular nas escolas. Fizemos um debate sobre proibir ou não o uso de celular nas
escolas, sobre como organizar isso, sobre a necessidade das tecnologias. E, no dia em que a internet
não funciona bem, vemos como ficamos tão reféns desse negócio. Não conseguimos viver. Ficamos
agoniados. Não funciona nada.
Os adolescentes chegaram. Então, gostaria de convidar para compor a nossa mesa o
Aleksandro Leandro de Souza; o David Alcides dos Santos; a Tainá Elisângela Nascimento Sousa e o
Estênio Eduardo da Silva Santos. (Palmas.)
Neste momento, gostaria de fazer o registro – agradeço mais uma vez – da presença do Diego
Moreno, subsecretário de políticas públicas para crianças e adolescentes, representante da Secretaria
de Estado de Justiça e Cidadania do Distrito Federal. Muito obrigado, Diego. O Diego tem sido muito
presente nos debates desta casa, ele é sempre muito solicito. A Sejus está presente na presença do
subsecretário. (Palmas.)
Diego, vou pedir para você levantar a mão, para a TV Câmara Distrital conseguir focar em
você, de modo que quem está assistindo a nós saiba quem é você e para que quem está aqui possa
direcionar os questionamentos.
Agradeço a presença da Aline Pereira, da Gerência de Serviço de Acolhimento de Crianças,
Adolescentes e Jovens da Sedes, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social. Aline, muito
obrigado pela sua presença e por representar a nossa Sedes, que tem a tarefa tão importante de
articular e coordenar o nosso Suas. (Palmas.)
Agradeço a presença da Patrícia Souza Melo, diretora de Serviços de Apoio à Aprendizagem,
Direitos Humanos e Diversidade, representando a Secretaria de Estado de Educação do Distrito
Federal. A educação é a minha casa. Tenho muito orgulho de ser servidor da Secretaria de Educação.
(Palmas.)
Convido para compor a mesa o Aleksandro Leandro de Souza e o Estênio Eduardo da Silva
Santos. (Palmas.)
Com todo o respeito aos secretários, às secretárias, hoje a nossa mesa está muito mais bonita,
muito mais legal.
Agradeço a presença da Valdete Andrade, que representa a Companhia de Desenvolvimento
Habitacional do Distrito Federal, a nossa Codhab. (Palmas.) É importante pensarmos juntos sobre
políticas de habitação, inclusive para jovens egressos do sistema, que saem da política pública de
acolhimento. É fundamental que haja uma política habitacional para eles.
Agradeço a presença de uma pessoa muito parceira, que sempre está presente em nossos
debates, Fernanda Falcomer, diretora de Saúde Mental da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito
Federal, nossa Dissam. (Palmas.) Fernanda, hoje, dia 10 de outubro, é o Dia Mundial da Saúde Mental.
Este é um debate muito presente não só nesta pauta, mas no dia de hoje. É preciso reforçar que,
segunda-feira, estivemos juntos para discutir a política de saúde mental no Distrito Federal; como
podemos superar essa lógica, não só no Distrito Federal, mas também no Brasil e no mundo todo, de
uma agenda muito manicomial quando falamos de saúde mental; e como podemos avançar na
consolidação da reforma psiquiátrica.
Agradeço a presença da Carine de Cássia Souza, diretora de Estratégia Saúde da Família, da
Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. (Palmas.)
O Ministério Público também está presente, na pessoa da Luisa de Marillac, nossa promotora
de justiça de Defesa da Infância e da Juventude do Ministério Público do Distrito Federal. Ela tem sido
uma grande aliada das diversas lutas desta cidade. (Palmas.)
Convidamos para participar desta comissão a promotora Rosana Viegas, da promotoria de
Defesa dos Direitos Individuais, Difusos e Coletivos da Infância e da Juventude do Ministério Público.
Ela já está a caminho.
A pedido deles e delas, convidamos a Secretaria de Estado do Trabalho. Até agora não chegou
um representante. Peço para a nossa assessoria avisar, assim que ele chegar, para anunciar a
presença dele e o trazermos para a mesa.
Primeiro, vamos ouvir a mesa, nessa inversão. Vamos começar com a Fabiana, que vai
apresentar um pouco do projeto, do programa. Depois, nós vamos passar a palavra para vocês, que
podem ficar à vontade, podem falar daí ou usar a tribuna. Usar a tribuna é bom, porque vamos nos
preparando para um dia estar aqui também, pois precisamos de mais pessoas como nós nesta casa.
Então, já vamos fazer esse exercício como teste. Fiquem à vontade, se quiserem falar daqui sentados,
ou se quiserem falar da tribuna. Depois da fala dos 5, passaremos para as nossas autoridades que
também, gentilmente, entenderam essa composição – e eu lhes agradeço mais uma vez.
Se alguém quiser fazer uma nova manifestação, procurem a nossa turma no plenário. Eu vou
identificar o Magno e a Bia, que estão ali sentados. Quem quiser fazer uso da palavra, ou também se
identificar para anunciarmos a presença, podem chamá-los que eles vão anotar o nome de vocês e
trarão para a nossa mesa.
Concedo a palavra à Fabiana Damásio, da nossa queridíssima Fiocruz.
FABIANA DAMÁSIO – Boa tarde a todas as pessoas presentes.
Fico muito feliz de estar nesta casa hoje, deputado Gabriel Magno, nosso parceiro. Que bom
que você fez essa inversão, trazendo os nossos meninos para a mesa para participarem desta
audiência tão importante, hoje, no Dia Mundial da Saúde Mental. Para mim, esse é um grande exercício
de cidadania e de reconhecimento dos direitos dos jovens.
Em uma legislação tão recente, digamos assim... Se formos pensar, a Política Nacional de
Juventude é de 2013, portanto, o jovem, como sujeito de direitos, ainda tem uma caminhada para
conseguir realmente sustentar e garantir esses direitos.
Quero saudar todas as autoridades, as representações institucionais presentes e dizer o quanto
é importante vocês estarem nesta casa hoje para a promoção desse diálogo com os jovens.
Faço uma saudação especial a todos os nossos jovens que vêm trabalhando conosco como
pesquisadores e que têm feito um trabalho brilhante no exercício de cidadania, ocupando as
conferências, ocupando vários espaços como este.
Contando um pouco da história, eu não poderia começar sem registrar que as palavras aqui por
mim ditas hoje, deputado, representam o nosso coletivo. Registro a Fernanda Severo, a Lorena Padilha
e o André Guerreiro, que são do Núcleo de Saúde Mental Álcool e Outras Drogas, que vêm fazendo
esse trabalho, por meio da Fiocruz, no território do Distrito Federal, por uma provocação do Ministério
Público do Distrito Federal e Territórios – não é, doutora Luisa? Hoje, vemos o quanto é importante
realizarmos essa atividade intersetorial em parceria com o ministério. Então, eu diria que as palavras
aqui ditas me representam e sinto-me à vontade de dizer isso com a nossa equipe, que representa o
nosso coletivo.
Hoje, dia 10 de outubro, Dia Mundial da Saúde Mental, convergindo também com essa
perspectiva, o Ministério da Saúde está realizando, por esses 2 dias, uma defesa da saúde mental dos
jovens, organizada pela doutora Sônia Barros. E, aí, quero destacar um ponto que foi discutido hoje de
manhã, que é algo sobre o qual precisamos refletir, aproveitando que estamos em uma mesa com
jovens. Todos os anos há um tema e, neste ano, é Saúde Mental e Trabalho.
Então, em uma mesa de jovens, farei 2 comentários. Um é que chega de trabalho infantil! Que
nenhum trabalho infantil seja permitido, porque sabemos o quanto isso é adoecedor. O outro diz
respeito à condição que precisamos dar aos jovens para que eles tenham uma inserção digna no
mundo do trabalho e, a partir daí, possam construir um futuro promissor, um futuro realmente digno,
como eles merecem.
Então, hoje, relativo ao tema Saúde Mental e Trabalho, a primeira questão que eu deixo
registrada é esta: que possamos ter esse olhar atento, para que, realmente, possamos criar condições
possíveis para os nossos jovens se inserirem no mundo do trabalho e poderem ter direito a um futuro.
Vejo que, se nós estamos falando de direito, de exercício de cidadania, que eles tenham o direito de ter
futuro.
Eu vou falar rapidamente aqui, pois acho que o que nos interessa é ouvirmos os jovens. A
pesquisa Territórios da Construção de Si, construída com o Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios, permitiu-nos aprofundar na compreensão das experiências e desafios enfrentados pelos
jovens no DF. Para nós, ela representa um marco importante na saúde mental em situações de
vulnerabilidade social. Com isso, conseguimos ampliar as nossas perspectivas sobre a participação e o
controle social junto com os jovens.
Eles estão aqui com a camisa laranja, estavam todos na 17ª Conferência Nacional de Saúde,
marcando presença, colocando seus direitos e se afirmando como sujeitos de direitos que fazem
escolhas e que precisam estar inseridos em todos os debates que lhes dizem respeito. A pesquisa foi
realizada exatamente para sustentarmos o protagonismo juvenil. Essa é a perspectiva com a qual a
Fiocruz vem trabalhando, por meio da agenda Jovem Fiocruz, em nível nacional. Esse trabalho se soma
a um conjunto de trabalhos realizados em nível nacional, com essa direcionalidade da pesquisa. Eu
gostaria de reforçar esse ponto.
O que observamos, o que construímos com os jovens nos permite dizer que pensamos da
mesma forma como o deputado Gabriel Magno se posicionou, colocando todos os jovens aqui
sentados. Esta foi a nossa perspectiva, como instituição de ciência e tecnologia: como poderíamos
também legitimar o lugar dos jovens como de jovens pesquisadores. Então, foi a partir daí que não só
uma pesquisa foi realizada, mas também uma formação de toda a turma jovem que está aqui como
jovens pesquisadores que conseguem construir perguntas e que são instigados e provocados para
construir estratégias de investigação.
Nós íamos passar um vídeo, mas, como o deputado Gabriel Magno disse, houve um problema.
Eles desenvolveram entrevistas com profissionais de saúde mental, com outros jovens, e, a
partir daí, foram construindo essa agenda, seja na 17ª, seja na 5ª Conferência Nacional de Saúde
Mental, que também foi uma grande conquista para todos nós. Nós reconhecemos que, a partir dos
resultados da pesquisa, estabeleceu-se um cenário de complexidade em torno da experiência de
desinstitucionalização.
Quando há todas essas representações presentes, é fundamental que consigamos expandir os
serviços de apoio para uma transição para a vida adulta, fortalecendo as redes intersetoriais, investindo
em moradia assistida, em oficinas de profissionalização, acesso ao trabalho assistido e tantas outras
modalidades de inserção social nas quais podemos pensar juntos, com acompanhamento social e
psicológico, para que consigamos trabalhar nos jovens a questão da autonomia.
Hoje eles estão participando desse espaço de cidadania, e vou, portanto, finalizar a minha fala
me dirigindo a vocês, jovens. Em nome da Fiocruz, quero dizer que somos nós que aprendemos com
vocês, todos os dias, fazendo esse exercício. Vocês são protagonistas de uma transformação
significativa não só da vida de vocês, mas das nossas. Nós também estamos aprendendo.
Eu vejo que este momento é histórico. Muitos jovens, ou todos – não vou saber dizer –, talvez
nunca tenham tido essa oportunidade de estar nesse espaço, conversando com autoridades e sendo
legitimados na Câmara Legislativa. Vejo que só o fato de estarmos aqui, conversando e construindo
uma agenda, já é um grande passo.
Agradeço a vocês, que depositaram confiança em nós, e seguimos construindo um
conhecimento sobre o território a partir das experiências pessoais. Nós sabemos que conseguimos, a
partir dessa interação com vocês, valorizar também o saber local e que podemos seguir adiante,
encarando de forma coletiva as dificuldades e os desafios presentes, para que vocês possam ser
sujeitos de direitos e exercer plenamente a cidadania.
Eu me lembrei de uma música do Milton Nascimento que diz: “Porque se chamavam homens,
também se chamavam sonhos, e os sonhos não envelhecem”. Que esse espaço seja usado,
principalmente, para reforçar o direito dos jovens de sonhar!
Muito obrigada. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Fabiana.
Concedo a palavra ao Estênio Eduardo da Silva Santos.
ESTÊNIO EDUARDO DA SILVA SANTOS – Boa tarde, pessoal. Boa tarde a todos os que estão
aqui. Boa tarde, adolescentes presentes nesta plenária.
Meu nome é Estênio Eduardo, como o deputado disse. Eu tenho 18 anos. Ainda estou em
acolhimento. Tenho 2 irmãos em situação de acolhimento, o Rian Eduardo e o Kailan Eduardo, que
também estão presentes aqui.
Viemos aqui hoje para mostrar para vocês a realidade, mostrar um pouquinho do que
queremos, do que precisamos e do que temos sede.
É isso. Obrigado. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Estênio.
Concedo a palavra para a Tainá Elisângela.
TAINÁ ELISÂNGELA NASCIMENTO SOUSA – Boa tarde a todos.
Meu nome é Tainá Elisângela. Tenho 17 anos. Não estou mais em serviço de acolhimento, pois
fui adotada. Sou mãe. O meu filho tem 2 anos e 3 dias, está comigo e foi adotado junto comigo.
É isso. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Tainá.
Concedo a palavra ao David.
DAVID ALCIDES DOS SANTOS CUNHA – Boa tarde.
Meu nome é David Alcides dos Santos Cunha. Eu tenho 18 anos. Sou morador do DF mesmo,
venho do Itapoã. Tenho 9 irmãs, mulheres. Sou o décimo filho homem da minha família.
Como o meu companheiro Edu disse, estamos aqui hoje para conversar um pouco sobre as
coisas que queremos. Queremos ser ouvidos para que se tome um rumo na mudança.
É isso. Obrigado. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Concedo a palavra ao Aleksandro Leandro de
Souza.
ALEKSANDRO LEANDRO DE SOUZA – Olá a todos.
Vejo que aqui há poucos jovens, mas já é de grande importância a presença deles, apesar de
eu achar que deveria haver mais presentes.
Como o deputado falou, sou Aleksandro Leandro de Souza. Sou paulista, nasci em Mauá, São
Paulo, mas moro atualmente aqui – sinceramente, moro mais aqui, pois só nasci lá. Eu tenho 18 anos.
Já fui de serviço de acolhimento – já estive em 2 deles, um que se localizava em Goiás, Anápolis, e o
outro que se localiza aqui em Brasília, que é a Casa de Ismael. Eu tenho morado em serviço de
acolhimento quase a minha vida toda, mais de 10 anos.
Viemos aqui e esperamos que não seja a primeira e única vez. Que esta oportunidade ocorra
mais vezes não somente para nós, mas para mais jovens.
Hoje temos a oportunidade de representar pessoas e trazer realidades de quem, muitas vezes,
não tem o direito de fala. Hoje temos esse direito e é isso que queremos. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Aleksandro.
Agora que se apresentaram, devolverei a bola para que vocês comecem a expor as suas
demandas. Vou tentar dividir a abordagem em 2 eixos mais gerais.
O primeiro deles é quanto aos desafios do serviço do acolhimento, enquanto eles estão lá. Há
desafios e dificuldades deste momento do acolhimento, propriamente dito, quanto à relação, à
sociabilização, à saída da casa para a escola, para as dinâmicas, para as oportunidades; quanto à
autonomia, porque estar sob cuidados de uma entidade que presta um serviço complementar, no caso,
do Estado, não significa perder a identidade, perder a autonomia, perder a própria dinâmica de
construção da sua vida e perder o acesso aos serviços públicos a que todos têm direito, seja a
educação, seja o direito à cidade, o direito de ir e vir, de se locomover, seja o direito à alegria, à
felicidade, à cultura, à festa, à sociabilização. Então, o primeiro eixo diz respeito aos desafios, quando
os adolescentes estão sob este cuidado, ao chegar às entidades, enfim, nos serviços que o Estado
oferece, sejam conveniados ou não, mas no serviço de acolhimento.
Talvez, também nesse mesmo eixo, abordar o desafio de como atender toda a demanda. Esse
é um problema e um desafio. Sabemos que é preciso expandir este serviço. Nunca podemos tratar
direito como favor. Quando um jovem, um adolescente, uma criança estão acolhidos numa dessas
casas, a relação não é de favor. Não devemos pensar: “Agora que você está aqui, agradeça por isso”.
Não! Eles têm o direito de estar ali e têm outros direitos a serem garantidos, os quais são
potencializados nesse processo.
O segundo eixo dos nossos desafios é quanto à saída. Alguns aqui já são egressos do sistema.
São os desafios depois que saem do sistema – o Estênio Eduardo estava contando sobre a sua
situação, ele está neste processo de saída. As pessoas continuam existindo, mesmo depois que passam
por algum serviço do Estado, e este tem responsabilidade sobre elas. Sair do serviço de acolhimento é
algo que acontece, geralmente, do dia para a noite. Amanhã, acabou o prazo. Abre-se a porta e vem a
pergunta: “O que eu vou fazer?” A pessoa continua existindo, com suas demandas e necessidades.
Como pensamos isso?
Agradeço a presença de todos e todas vocês aqui, porque vamos precisar pensar uma política
intersetorial neste caso. É preciso conectar uma série de áreas. Como o SUS pode garantir o
acompanhamento deste processo? Muitos vão precisar, Fernanda, de um Caps, de um
acompanhamento mais específico. Como podemos garantir, na política do Suas, no caso sob o âmbito
da Secretaria de Desenvolvimento Social, também um processo de acompanhamento, não só pela
garantia de benefícios continuados mesmo após estarem fora das unidades, como também da
segurança alimentar e nutricional? Como conseguimos garantir que essas pessoas tenham acesso ao
conjunto dos direitos plenos para a manutenção da sua vida?
Como pensamos, juntamente com a Codhab, sobre moradia? Nós estamos falando, inclusive,
sobre isso nesse processo: você tem uma casa e, de repente, não a tem mais. Como esses processos
se relacionam? Há a possibilidade de, por exemplo, se pensar em residências coletivas de jovens. Há
instrumentos e experiências para isso. Podemos pensar e articular um programa habitacional de
moradia específico com esse recorte. Recentemente, nós vimos o Minha Casa Minha Vida, por exemplo,
isentando das prestações quem está no Cadastro Único. Por que nós não podemos pensar em algo
nesse sentido também, aqui no Distrito Federal, para esses jovens acessarem uma unidade
habitacional com essas condições?
Na área de educação, como podemos pensar que o sistema educacional continue
acompanhando e acolhendo, mesmo que na educação básica? Se você terminar o ensino médio, quais
são as condições para continuar os estudos, para entrar, seja no ensino superior, seja numa
preparação técnica ou de qualificação profissional para o mundo do trabalho? Além disso, como
podemos pensar em uma política de geração de emprego e renda? Uma política com esse recorte
específico precisa ser pensada para essa turma. É possível o Estado pensar em uma política voltada às
crianças e adolescentes que saem do sistema de acolhimento e o Estado acolhê-los com um programa
de geração de emprego e renda, com estágios remunerados ou com bolsas remuneradas para também
desenvolverem a sua própria autonomia, pensando-se até em reservas de vagas, se necessário for, no
mercado de trabalho ou de parceiras?
Eu tenho questionado muito nesta casa, meninas e meninos, ao olhar para o orçamento público
do Distrito Federal, o tanto que nós estamos gastando o nosso orçamento – que é nosso, é dinheiro do
conjunto da sociedade – com benefício fiscal, por exemplo, para os empresários da cidade, o chamado
setor produtivo da cidade. Este ano foram 9 bilhões de reais de renúncia fiscal que o Estado colocou no
orçamento para essas empresas. Qual é a contrapartida desses 9 bilhões de reais? Não é a geração de
emprego e renda? Nós não podemos, então, cobrar e ter uma política específica, já que o Estado está
gastando tanto? Nove bilhões de reais são quase o orçamento inteiro da saúde, são quase todo o
orçamento da educação. Talvez seja maior que o orçamento de várias secretarias presentes, hoje. Não
é possível, então, que pensemos numa contrapartida devido a esses 9 bilhões que nós estamos
deixando de arrecadar das empresas, que essas empresas tenham que ser obrigadas a contratar esses
jovens, por exemplo? Podemos pensar em instrumentos como esses, que são, obviamente, possíveis;
diante da realidade do cenário atual, eu acho que são, inclusive, contrapartidas necessárias.
Eu quero abrir a discussão com essas questões, para pensarmos, talvez, em uma maneira de
organizá-las e devolver para vocês. Podemos debater essas questões até de maneira menos
organizada, pode ser na mesma ordem, para abordar essas realidades e esses desafios que vocês
viveram e estão vivendo. Depois, devolveremos a bola para as nossas secretarias.
ESTÊNIO EDUARDO DA SILVA SANTOS – Entendi. Nós nos organizamos para termos um bate-
papo, para conversar com vocês de uma maneira menos formal, e levar para vocês quais são as nossas
demandas.
Nós iremos começar com assuntos importantes, abordados em conferências, reuniões. Em
todos os assuntos que falarmos aqui, não estaremos representando somente a nós aqui da frente, mas
estaremos representando os adolescentes de todas as casas de acolhimento do Distrito Federal. Aqui,
eu não vou representar só o Estênio, minha fala não vai ser só para o Estênio, mas para todos os
adolescentes que estão presentes e todos os adolescentes que não estão presentes.
Agora eu passo a fala para o meu colega Aleksandro, para começarmos um bate-papo.
ALEKSANDRO LEANDRO DE SOUZA – Como o Estênio acabou de falar, trabalhamos muito
nesses tópicos. São assuntos bem importantes. Trabalhamos em reuniões. Na verdade, estamos juntos
aqui nesse grupo há quase 2 anos. São reuniões que podem ter ocorrido neste ano, podem ter ocorrido
no ano passado. Houve também reuniões importantes, principalmente com jovens, em conferências,
em lugares importantes que, muitas vezes, não tínhamos acesso, mas tivemos. Foram assuntos
estudados com cuidado e debatidos. O que trazemos podem ser problemas, mas podem ser soluções
também. Foram assuntos também disponibilizados pela Fiocruz, juntamente com o Ministério Público.
Então é isso. Vamos debater e queremos a solução.
TAINÁ ELISÂNGELA NASCIMENTO SOUSA – Agora eu vou ler o primeiro tópico que
escolhemos.
Condições de vida dos egressos e das unidades de acolhimento, moradia, trabalho e renda.
1. Despreparo para a vida financeira.
Mesmo que não seja com todos os acolhidos, muitos adolescentes não acessam parte do
dinheiro dos seus estágios. Unidades dizem que é para juntar dinheiro e ser gasto na saída do
acolhimento. Porém, adolescentes não conseguem ter independência para comprar itens básicos: tênis,
roupa, ir ao cinema etc. Muitos dizem da autonomia do adolescente, mas não dão meios para ele se
sentir independente.
ESTÊNIO EDUARDO DA SILVA SANTOS – Sobre esse tópico que trouxemos, a maioria de nós
adolescentes que estamos dentro do acolhimento fazemos parte do programa Jovem Aprendiz. Trago,
de novo, que essas falas aqui não são exatamente sobre mim, podem ser sobre outra pessoa que está
aqui, podem ser sobre outro adolescente... Adolescentes trouxeram pontos que vamos discutir.
O adolescente recebe seu dinheiro e não está sendo passado para ele. Ok, eu entendo. Está
sendo guardado. Mas o adolescente, enquanto trabalhador, enquanto jovem aprendiz, vai querer fazer
o quê? Ele vai querer, no final de semana, usar o seu dinheiro para ir ao shopping, para comprar uma
coisa de que ele precisa, como uma roupa, vai querer sair, se divertir. Afinal, querendo ou não, somos
adolescentes. E nós adolescentes gostamos de lazer – nós temos direito ao nosso lazer! É isso o que
quero dizer. Agora vou passar a palavra para o meu colega Aleksandro.
ALEKSANDRO LEANDRO DE SOUZA – Existem, sim, meios nos serviços de acolhimento, mas
acho que não são todos que têm aquela proteção. Muitas vezes, os egressos começam a trabalhar com
14, 15 ou 16 anos, quando têm oportunidade. No entanto, em alguns casos, o acolhimento não nos dá
essa oportunidade. Existem regras: quando o acolhido começa a trabalhar, ele pode, sim, gastar o seu
dinheiro; mas, muitas vezes, ele é estimulado a guardar para ter uma proteção, principalmente quando
sair do acolhimento.
Nós trabalhamos e nossos contratos geralmente vão de 1 a 2 anos com as empresas. Nós
ganhamos o nosso dinheiro ali, o que é bem legal. Mas, quando recebemos o nosso dinheiro do mês,
como funciona? Nós podemos pegar 30%, ou até uma quantia maior, mas, na maioria das vezes,
somos privados de pegar o dinheiro. Existem essas regras do acolhimento, que prioriza que esse
dinheiro seja guardado para que, quando sairmos, tenhamos uma quantia para nos ajudar.
Mas há adolescentes que pensam assim, gente: “Nossa, é a primeira vez que tenho dinheiro,
cara! Eu comecei a trabalhar e recebi o dinheirinho que trabalhei suado para ganhar.” Nós trabalhamos
e ficamos felizes de receber aquele dinheiro. Nós queremos ter um momento de lazer. Então, nós
recebemos o dinheiro e queremos gastá-lo! Quem não gasta dinheiro é porque é besta – ou é muito
rico. Não querem emprestar um pouquinho para nós? (Risos.)
Então, muitas vezes nós não temos acesso a esse dinheiro, o que nos deixa muito triste. Isso
pode causar estresse nos adolescentes, pode causar até um desprezo pelo acolhimento. Nós queremos
gastar o nosso dinheiro! Pode existir a proteção, o desejo de que tenhamos autonomia, mas muitas
vezes não temos acesso a como gastar. Quem vai explicar um pouco melhor isso é meu amigo David.
DAVID ALCIDES DOS SANTOS – Esse tópico, para mim, é importante hoje em dia, porque eu já
saí da guia de acolhimento. Como meus companheiros de equipe disseram, gastar é maravilhoso, todo
mundo gosta. O problema é que nos falta a coisa mais importante, que é o dinheiro. (Risos.)
Quando eu era mais novo, meu técnico da guia de acolhimento ficava no meu pé: “Tem que
guardar para quando você precisar, ao sair”. Só que, como eles disseram, somos fissurados no gosto
de gastar! Nós adoramos a sensação de gastar, de luxar, de ter o celular que desejamos, a roupa que
desejamos, o tênis de que precisamos no momento e tal.
É importante guardar uma porcentagem? É. Só que falar para um adolescente que ele tem de
guardar uma coisa que, na mão dele, some que nem água, em questão de milésimos, é um pouco
complicado. Para aquele jovem que começou a trabalhar com 14 anos, não entra muito fácil na cabeça
algo assim: “Guarde isso, que você vai precisar quando fizer 18”. Não entra! Falar é fácil; difícil é ele
conseguir isso. Alguns conseguem? Sim. Há os que saem da guia de acolhimento com uma renda alta e
conseguem se sustentar por um tempo até arrumar outro emprego e tudo mais. Só que outros não
conseguem, gostam realmente de extrapolar.
Na minha opinião, como eles disseram, seria ótimo, seria maravilhoso se fosse ensinado, nos
acolhimentos, sobre a vida financeira, a como gastar o dinheiro, para que isso seja aprendido lá. Já
que estamos temporariamente naquele lugar, eles deveriam nos ensinar a como gastar, no que gastar,
como guardar uma porcentagem, como investir uma porcentagem, enquanto estivéssemos passando o
tempo lá. Daí, quando saíssemos, nós teríamos uma renda acima do que a aprendizagem nos dá, já
que o jovem aprendiz não recebe muito. Eu recebo menos do que 1 salário-mínimo. Então, as contas
não batem.
Do meu ponto de vista, seria uma ótima oportunidade se, na guia de acolhimento, fosse
ensinado aos jovens condição financeira, a como lidar com o dinheiro. Isso seria muito importante para
nós.
É isso.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Muito bem.
Vou sugerir uma dinâmica. Vamos combinar isso juntos.
Vi que eles estão organizados, com tópicos. Há o tópico 1, o tópico 2... Pelo que entendi, vocês
chamaram o tópico 1 de “Despreparo para a vida financeira”. Sugiro que a apresentação fosse feita
tópico por tópico. Daí, se alguma secretaria quiser, já pode responder, para que não se apresente tudo
de uma vez, para evitar o acúmulo de respostas importantes. Podemos fazer assim? Acho que, dessa
forma, vamos dialogar com a turma ali. Sei que propus isso de última hora, mas...
Com relação a esse tópico da questão financeira, da bolsa que vocês recebem, que uma parte
dela fica, e a outra não fica; com relação a esses desafios, sugiro dialogarmos esse tema. Vamos fazer
um bate-bola. A secretaria que tiver mais capacidade para dar uma resposta poderá falar. Há um
botãozinho aí na frente. É só apertar o botão. Pode ser assim? Podemos combinar assim a dinâmica?
Acho que fica interativo.
Para vocês aqui da mesa, o microfone ficará sempre aberto.
ALINE PEREIRA – Eles estão tentando organizar a dinâmica, mas, assim que puder, posso
começar a responder.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Já pode.
Concedo a palavra à Aline Pereira, da Sedes, só para deixar registrado.
ALINE PEREIRA – Primeiramente, boa tarde a todas as pessoas presentes. Saúdo essa mesa
maravilhosa. Eu sou também especialista em adolescência e juventude, e algo que sempre debatíamos
era a importância do protagonismo.
Esse primeiro tema que trazido é algo que já discutimos dentro do acolhimento. Estamos sendo
provocados pelo MP, inclusive, sobre como conduzir isso. É superimportante provocar e dialogar isso
com os próprios adolescentes e jovens, no caso.
Como é meu primeiro momento também, é importante falar que estou representando a
gerência de acolhimento da Sedes.
Hoje, está havendo um evento muito importante para nós, que é a construção do PIA, que é o
Plano Individual de Atendimento. A ideia é que consigamos, em nível do DF, ter um PIA estruturado.
Todos os órgãos de proteção estão neste momento lá na vara da infância discutindo isso. A minha
chefe, que é a gerente mesmo, a diretora e o próprio subsecretário Coracy estão nesse evento, porque
é um evento que já vinha sendo construído.
Fico grata de poder estar presente, porque estou, de fato, na ponta. Até julho, eu era gerente
de uma unidade de acolhimento. E vou dizer que sofri bastante com esse negócio de cuidar de
dinheiro, até que cheguei um dia, quase que um combinado com a minha psiquiatra, e falei: “Eu vou
dar o dinheiro desses meninos, porque eu não aguento mais”. Isso é muito importante.
A fala da Tainá me provocou muito, porque ela colocou a questão: “Vocês querem falar de
autonomia e independência sem permitir que exerçamos isso ainda”.
Em termo de gestão, o que é importante colocar? Temos hoje mais de 41 unidades de
acolhimento vinculadas à Sedes. Isso de maneira de execução direta e indireta. A maior parte é de
execução indireta, ou seja, OSCs, como a citada por eles: a Casa de Ismael; o Irmão Áureo, que esteve
também presente no projeto especificamente. Hoje só temos uma unidade de execução direta, que é
com os servidores da Sedes. Todas as outras são parceiras.
Cada unidade tem o seu próprio projeto político pedagógico e autonomia para definir como vai
gerenciar, junto com os acolhidos, a questão financeira. Não há uma regra básica de como lidar com
isso. Depende muito da unidade e depende muito do adolescente também, porque, a partir dessa
construção do projeto de atendimento, vão sendo trabalhadas as questões educacionais, vão sendo
trabalhadas as questões de saúde e as questões, também, voltadas à autonomia financeira.
E não há como estabelecermos isso. Há adolescentes, como um dos meninos colocou, que já
vêm de uma trajetória de vários anos de acolhimento. Apesar de o acolhimento ser uma medida
protetiva excepcional, e que tem de ter uma durabilidade máxima de 2 anos, como diz o ECA, há
jovens que passam a vida inteira lá. Ele possui uma dinâmica com o acolhimento de muito
estreitamento. São possíveis diversos acordos. No entanto, há adolescentes que chegam com 14, 15
anos e nunca passaram por isso. Eles já vêm de famílias desestruturadas. Quando têm a opção de
receber o dinheiro, milésimos de segundo podem virar problema para eles e para o acolhimento.
É muito interessante estarmos numa mesa tratando sobre saúde mental. Infelizmente, a
autonomia financeira está estritamente vinculada ao uso abusivo de drogas. Já cansei de combinar com
o acolhido a compra de tênis, e esse tênis nunca chega. O tênis sempre viram alguma coisa. O menino
some por 3 dias e, na segunda-feira, é trazido pelo conselho tutelar. Ele evadiu da medida, usou o
dinheiro para outras coisas etc.
Então, de fato, é um desafio no qual precisamos pensar.
Nós adultos ficamos muito preocupados com a instituição e em como protegê-la da entrada da
droga, que pode ser pela maneira como o menino vai usar o dinheiro. Mas, muitas vezes, eles estão
corretos quando falam que confiamos pouco na autonomia, por conta desse histórico. Acho importante
registrar essas 2 coisas.
É fato: sempre que os meninos saem, ficamos muito preocupados. A partir do momento que
eles são desligados do acolhimento, não somos mais nós da alta complexidade que os acompanhamos.
Quando eles se tornam adultos, passam a ser responsabilidade da média complexidade. Os Creas e os
Cras passam a acompanhá-los. E sabemos a demanda gigantesca dessas instituições e, muitas vezes,
os nossos meninos não têm prioridade. Até o Creas da região onde o menino vai morar conseguir
acompanhá-lo, já houve um lapso. Pensamos em como foram usados aqueles 100 reais.
Um menino quase me bateu, literalmente, porque queria uma corrente. Queria porque queria
uma corrente de prata. Sabemos o que isso representa na dinâmica dos adolescentes. Pensamos:
“Querendo ou não, isso é um botijão de gás de cozinha, quando ele fizer 18 anos, e não estaremos lá
para comprar”. Então, muitas vezes, esse cuidado é proteção. São dinâmicas pelas quais, imagino, as
famílias passam. É a mesma coisa entre mim, meus sobrinhos e minha irmã. Falamos: “Você tem que
poupar e não gastar agora”. É uma dinâmica pela qual as famílias brasileiras passam.
Vou encerrar para não monopolizar muito o tempo.
O deputado Gabriel Magno também faz parte de uma iniciativa que acompanha o
superendividamento de servidores do GDF. Vocês não se preocupem, porque servidor adulto também
gosta muito de gastar e gasta mais do que tem. Esse é um desafio para todo mundo. Estamos todos
endividados, porque também adoramos gastar, mas chega um momento em que temos que fazer
opções de proteção. Muitas vezes, tomamos atitudes pensando na proteção mesmo.
Vou levar para a nossa diretoria o desafio de inserir educação financeira no PPP para que,
assim que os meninos entrarem, sejam iniciados nisso.
É importante um detalhe: não temos nenhuma bolsa específica para jovens de acolhimento. As
bolsas são somente para aqueles que estão inseridos em estágio ou alguma coisa. Geralmente, são
meninos que já estão estudando. É cobrado que eles estudem e isso é utilizado. Se o menino não está
querendo estudar, está querendo faltar, nós dizemos: “Olha, se você faltar, você vai receber menos na
sua mesada do mês”. Existe todo um jogo educativo e pedagógico para que ele faça o
acompanhamento no Caps, para que ele faça o acompanhamento escolar, para que ele conduza a vida
dele no acolhimento de forma que seja realmente produtiva, para que ele possa superar essa situação
de vulnerabilidade.
Obrigada.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Aline.
Eu vou deixar aberto o microfone. Eu só pedi ao Aleksandro para fazer um comentário.
A Rosana, a nossa promotora do Ministério Público, já chegou. Obrigado pela presença,
Rosana.
Vou deixar o microfone aberto para vocês 2. Tanto a Rosana quanto a Luisa também podem
participar.
Nós transformamos uma comissão geral em uma roda de conversa, em um bate-papo.
Portanto, o microfone ficará aberto também para responderem e dar sugestões.
Vou passar a palavra para o Aleksandro. Depois, para a Fernanda.
Agora vamos fazer as inscrições.
ROSANA VIEGAS E CARVALHO – Eu gostaria de falar sobre esse ponto bem rapidamente.
Boa tarde a todas as pessoas presentes, a esses meninos lindos e meninas lindas.
Eu achei interessante nesta discussão que nós estamos falando sobre autonomia, sobre os
jovens aprenderem a lidar com o próprio dinheiro e o papel do serviço nesse apoio e no trabalho de
autonomia.
Porém, neste momento, na Vara da Infância, está acontecendo um evento grande para a
construção daquele PIA, Plano Individual de Atendimento, que se constrói logo depois da guia. Vocês o
conhecem. Vocês são ouvidos no PIA. Pelo menos, era para serem ouvidos, porque as orientações
técnicas ainda de 2009 já dizem que o PIA deve ser construído em conjunto com os adolescentes e em
conjunto com as famílias.
Neste momento, está havendo um evento na Vara da Infância, e eu não tenho notícia de que
haja adolescentes e jovens lá para serem ouvidos sobre a construção do PIA.
Eu sugiro que vocês, que estão dando um show de autonomia, de capacidade de se expressar,
de levar as necessidades de vocês, já façam algo a respeito disso e peçam para encaminhar isto para o
juiz: que vocês gostariam de estar presentes na construção do PIA.
Era essa a ponderação que eu queria fazer.
Vamos continuar.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado.
ALEKSANDRO LEANDRO DE SOUZA – Eu peço desculpa, mas você falou que nós conhecemos
esse PIA? Gente, eu não sei nem o que é isso. Não sei do que se trata. Estão vendo, gente, o que é
desinformação? Às vezes, existem direitos que nós nem sabemos que poderíamos ter e só ficamos
sabendo agora, graças à Fiocruz que está nos dando a oportunidade de saber. Cara, ela falou sobre
isso e eu pensei: “Que coisa é essa? Como é que funciona isso que eu não estava sabendo?” Estão
vendo? Muitas vezes, o jovem não sabe nem onde ele pode falar. Eu acho isso um absurdo.
Com relação ao que a Aline estava falando, muitas vezes, é isso o que nós estávamos
querendo dizer. Sim, existem acolhidos que, se receberem dinheiro, não têm um pingo de capacidade
de lidar com ele e acolhidos que usam drogas e entorpecentes. Isso não é desculpa. Por exemplo, eu
cheguei ao acolhimento com 6 anos, e não aprendi nada. Onde eu morava, em Anápolis, Goiás, eles
não me ensinaram quase nada sobre como eu deveria usar o meu dinheiro. Não importa a idade que o
adolescente chega ao acolhimento. Desde a hora em que ele entra no acolhimento, isso tem que ser
trabalhado. No começo vai ser sempre chato. O adolescente vai dizer: “Eu quero gastar meu dinheiro”.
Porém, você precisa explicar para ele por que ele deve guardar o dinheiro. Se ele falar que vai comprar
entorpecente ou drogas, você tem que explicar para ele por que ele não pode fazer isso. Às vezes, não
é bom falar “não” ou “sim”, mas, primeiramente, explicar para ele. É preciso explicar desde quando o
acolhido chega, mesmo que seja com 1 ano de idade, desde que ele possa aprender – com 1 ano de
idade não dá para aprender. Ele pode começar a trabalhar aos 14 anos. Quando começamos a
trabalhar, falamos: “Vou trabalhar e conseguir comprar meu celular” ou “Vou conseguir comprar minha
droga”. Ele quer gastar o dinheiro dele, não importa com o quê, mas você precisa explicar isso para
ele. Queremos sempre ensiná-lo, criando projetos em escolas, ou até mesmo no serviço de
acolhimento. Técnicos profissionais podem ensiná-lo quando ele começar a trabalhar: “Você pode
guardar dinheiro, pode criar um plano para conseguir ter seu lazer e ainda proteger o seu futuro”.
Sinceramente, eu não colocaria 1 real na mão de alguns acolhidos, porque eles iriam fazer merda. Eles
não têm conhecimento nem cabeça para isso. Se dermos dinheiro para eles, eles vão fazer merda.
Temos de ensinar isso a eles. Isso não é desculpa.
Podemos criar projetos e colocar na cabeça do acolhido que ele tem capacidade de usar o
dinheiro de forma certa, mesmo que ele não tenha cabeça para nada. Somos jovens, aprendemos as
coisas. Isso pode ser difícil. Há pessoas que odeiam matemática, mas, em algum momento, elas vão
aprender. Em algum momento também vamos aprender a usar nosso dinheiro. Esse processo leva
tempo. Quero que isso seja trabalhado.
DAVID ALCIDES DOS SANTOS – Só quero complementar o que o Aleksandro e a Aline
acabaram de falar. Há casos e casos, há acolhidos e acolhidos, há casas e casas. Se eu colocar o
dinheiro na mão de um acolhido x, ele vai usar o dinheiro para alguma coisa boa ou ruim,
independentemente de como ele vai gastar o dinheiro.
Ela citou um acolhido que quase a agrediu por causa de uma corrente. Na guia de acolhimento
onde eu estava, o meu técnico queria me dar 150 reais para eu comprar 1 tênis, 1 calça e 1 blusa. Eu
não sei em qual mundo ele vivia, em que 150 reais dariam para comprar isso tudo. Na minha opinião,
com 150 reais, hoje em dia, no Itapoã, não é possível comprar um tênis dos mais vagabundos.
Sinto muito por falar assim, mas a realidade é essa. Eu falei assim: “não há como eu fazer a
compra. Eu preciso pelo menos de uma quantia mais alta para comprar o tênis” – e ele não queria me
dá-la.
Então, eu tive a brilhante ideia de sequestrar o meu próprio cartão de dinheiro, e gastei o meu
dinheiro todinho em roupa, em sapato, em coisas de que eu estava precisando. Eu estava precisando
de roupa íntima, e não tinha condições de comprá-la. Ele não queria liberar o próprio dinheiro para eu
comprar coisas pessoais, coisas íntimas.
Então, há casos e casos. É claro que uma parte do dinheiro foi gasta em besteira. Mas a
maioria do dinheiro foi gasta em coisas de que, realmente, eu estava precisando, coisas que realmente
estavam fazendo falta, que eram necessidade de qualquer ser humano.
Então, é isso. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Gente, estão inscritas para usar da palavra a
Fernanda e a Luisa. Então, quero combinar de tentarmos fechar os tópicos. Na verdade, daria para
fazer uma audiência para cada tópico. Há muito assunto só com 1 tópico, mas há os outros tópicos
também. Então, vamos avançar e, depois, podemos voltar no final dos encaminhamentos.
Então, passarei a palavra para a Fernanda e, logo após a sua fala, usará da palavra a Luisa,
para já fecharmos esse primeiro tópico e irmos para o segundo. Mas eu queria fazer uma proposta
para os encaminhamos no final.
Há uma demanda que foi apresentada aqui, e já houve, Luisa, uma lei no Distrito Federal, que
instituiu o programa DF Sem Miséria. Agora, a lei foi revogada e apresentado o novo programa. Nesse
caso das bolsas para os jovens na situação de acolhimento, havia uma divisão delas. Iam 200 reais
diretamente para o jovem na hora e 100 reais iam para a poupança. Houve alteração da lei, do
programa e do projeto, que colocou os 200 reais para a poupança e não mais para serem repassados
diretamente ao jovem.
Então, nessa construção, que é uma reivindicação que foi apresentada, eu queria já sugerir
como encaminhamento para repensarmos o limite, uma atualização da lei a partir de uma experiência
de correção disso – como já ocorreu –, mas com a possibilidade, novamente, de haver essa divisão do
valor. Uma parte iria para a conta direta desses adolescentes, para o bolso, para fazerem aquilo que
têm que fazer, e uma parte seria guardada.
Óbvio, depois, haveria outras dinâmicas de capacitação, de organização. Mas acho que já dá
para pularmos os tópicos, mas tentarei amarrá-los um pouco com alguns encaminhamentos e ideias.
Neste momento, concedo a palavra à Fernanda. Logo após a sua fala, usará da palavra a Luisa.
FERNANDA FALCOMER – Boa tarde a todas as pessoas. Eu gostaria de agradecer a
oportunidade e o convite de estar aqui ouvindo vocês. Eu achei uma lindeza a fala dos 2, o meu
coração ficou até tranquilo.
A minha contribuição é bem rapidinha. Na verdade, eu queria propor para nós da mesa, que
estamos do lado de cá, que pudéssemos atender o pedido dos meninos, que é trazer soluções.
Sabemos que os problemas existem, mas eu acho que, se formos justificar os problemas, iremos
perder bastante tempo, deputado.
Eu acho que poderíamos tentar falar assim: vamos escutar o problema e já pensar nele. Então,
a solução para o problema é essa.
Eu estou até com 2 folhas aqui. Em uma eu anoto o problema e, na outra, eu estou com a
solução, para tentar ajudá-los e para sairmos daqui com muitas tarefas.
O entendimento que há da nossa parte sobre o pedido de vocês é que nós precisamos de
educação financeira para trabalharmos a autonomia econômica. Precisamos de recursos e de saber
como gerir os gastos. Isso pode estar no PIA e no PTS, para quem frequenta o Caps nessas condições.
Talvez possa haver algo estruturado como política pública. Se falta norma, vamos criar uma para todos
os lugares onde haja adolescente, que incluamos isso nos programas, nas escolas, em tudo. Eu sei que
nas escolas há alguns programas de educação financeira, mas precisamos sair da educação financeira
e trabalhar na perspectiva da autonomia econômica, que envolve a gestão da renda que se recebe.
Essa era e a minha contribuição.
Eu sou da área de saúde mental, mas seria uma boa solução realizarmos essa construção
coletiva.
Do que eu mais gostei da fala de vocês foi a garantia do direito à autonomia e de poder
escolher com o que gastar o dinheiro. Esperamos desenvolver com vocês autonomia e protagonismo
nas políticas. Isso está anotado aqui. Vou passar para os Caps, onde há adolescentes, incluindo os PTS,
a tarefa sobre a geração e a autonomia econômica.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Fernanda.
A ministra Nísia – quando falamos disso também estamos em um debate –, anunciou nesta
semana que os Caps ficarão à disposição para os problemas com as apostas, com as bets, que também
viraram outro grande problema no Brasil. É obvio que haverá demandas, como a Carine lembrou aqui:
há necessidade de pessoal, de estrutura, de articular essas políticas.
Concedo a palavra à Luisa.
LUISA DE MARILLAC XAVIER DOS PASSOS – Em primeiro lugar, eu quero falar da felicidade e
da alegria de estar nesta comissão geral, com esta mesa lindíssima, com as meninas e com os meninos
participando, tendo voz, fala e reivindicações, exercendo, de fato, a sua cidadania. Esse primeiro ponto
trazido por eles é extremamente importante.
Deputado Gabriel Magno, quero agradecer-lhe pela disponibilidade e pela oportunidade de abrir
esta casa, mais uma vez, para que essas meninas e esses meninos possam estar, entrar nela e, de
fato, construírem a sua história como sujeitos.
A questão da educação financeira trazida passa pelo consumismo, não é só uma educação
financeira, mas uma ampla educação que questione a sociedade consumista, a demanda consumista. É
preciso que tudo isso seja trabalhado com os adolescentes. Na verdade, temos dado soluções muito
simplistas para isso. Qual é a solução simplista? O serviço de acolhimento restringe uma parte do
dinheiro – isso causa conflitos homéricos. O deputado trouxe a ideia de o salário ter uma parte
destinada para a poupança e outra para o adolescente. Isso tira a intermediação do serviço de
acolhimento, já resolve e alivia um monte de problema para o serviço, que se sente na obrigação de
fazer o controle e a gestão econômica desses valores.
Eu queria trazer uma sugestão também concreta para adicionar aqui: que o próprio programa
Jovem Aprendiz tenha, dentro do seu programa, essa responsabilidade de construir com os
adolescentes essa educação financeira com base nesses pressupostos mesmo, de um consumo
consciente, ajudando os meninos a fazerem essa gestão com o consumo consciente, e que possamos,
a partir do programa resolver isso. O que acontece no Distrito Federal? Grande parte dos meninos
acolhidos ingressam no mercado, fazem a profissionalização por meio desse programa Jovem Aprendiz,
que tem sido o programa que tem o maior número de vagas atendido com esses adolescentes.
Eu acho que o próprio programa deveria ter, na sua matriz de execução, essa educação
financeira, esse auxílio para a gestão. Se pensarmos, há uma lei, que era a antiga Conexão Cidadã, que
depois foi modificada, mas me parece que ainda não foi implementado o dispositivo que destina uma
bolsa para todos os adolescentes acolhidos. Isso não é uma bolsa de profissionalização, é uma bolsa
devida à vulnerabilidade, uma contribuição por essa situação de vulnerabilidade. Essa lei existe, mas
ainda não está implementada. Ela precisa ser implementada com relação a isso. Então, deixo aqui
esses 2 pontos pragmaticamente.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Luisa.
Vou passar a palavra novamente para o Estênio Eduardo.
ESTÊNIO EDUARDO DA SILVA SANTOS – Estou amando isso, vamos continuar.
Então, vamos ao segundo tópico, sobre a precarização do trabalho. Adolescentes, quando saem
do abrigo, ainda estão vinculados ou não vinculados a programas como o Jovem Aprendiz. Vocês
acham que dá para viver com um valor desses? Pagar todas as contas? Para sobreviver, nós aceitamos
o emprego que aparece. São empregos ruins, de certa forma, onde não conseguimos continuar com os
estudos por conta da sobrecarga do horário de trabalho. Largamos os estudos para poder pagar as
contas.
Como eu falei, eu ainda não saí do acolhimento, estou trabalhando isso ainda e tenho colegas
aqui que já saíram. Foram esses colegas que me passaram um pouco de como está sendo tudo isso.
Esses colegas me trouxeram esse dado, que a destituição está sendo muito difícil. Realmente é muito
difícil sair do abrigo. Permanecer no Jovem Aprendiz não dá, porque o salário não dá para fazer uma
compra do mês!
Vou passar a palavra para os meus colegas que já saíram do acolhimento.
ALEKSANDRO LEANDRO DE SOUZA – É uma situação precária, não é, gente? O tópico que
acabou de sair, trabalhamos com ele. O acolhimento trabalha com o objetivo de guardar o nosso
dinheiro e dar aquela juntada! Mas é como o que falei: há empresas que dão o contrato de até 2 anos.
Nunca vi uma empresa que dê o contrato de 3 anos, quando começamos a trabalhar como menor
aprendiz. Às vezes, começamos com 14 anos. O Banco do Brasil dá a oportunidade com 15 anos, só
que precisam estar em um grau mais alto na escola. Acho que eu já havia comentado: para trabalhar
de menor aprendiz, a própria empresa cobra que o adolescente esteja estudando. Mas isso não vem ao
caso.
Vou falar sobre mim. Eu saí do acolhimento no dia 18 de julho e consegui juntar uma quantia
muito boa. Eu tive que comprar os móveis de casa e procurar um local onde morar. Sobradinho é o
local onde estou morando sozinho. Vocês não vão achar, mesmo que seja uma quitinete, acessível!
Posso achar um barraco em um lugar onde não há nenhuma proteção, mas eu não vou querer morar lá
e ninguém vai querer morar lá! Se temos a oportunidade e o direito à moradia, não vamos querer uma
moradia dessa. Não é necessário que a moradia seja um luxo. Queremos um lugar onde haja proteção.
Eu o achei em Sobradinho, mas quero dizer que não vai dar, porque o único menor aprendiz que ganha
1 salário mínimo é o que trabalha no Banco do Brasil. Os outros ganham 500 reais, 600 e poucos, 700
reais e vai só descendo. Esse é o Menor Aprendiz. Há também a carga horária de 4 horas, que é a
menor. Por isso, não deveria receber um valor a mais, porque está com tudo aquilo vinculado.
Mas é isso, gente. Eu consegui juntar uma quantia boa, mas tive que comprar móveis da casa
e fazer compras, mesmo morando sozinho, e dizem: “Não, você vai morar sozinho e não precisa juntar
esse dinheiro”. Eu vou falar o valor que eu juntei: consegui juntar 15 mil reais. Eu tive que sair e
comprar tudo: móveis de casa... Vocês já sabem, porque dá para fazer a conta de cabeça! Mesmo
sendo usados, são caros: geladeira, fogão, cama e talheres. O meu dinheiro foi embora como água. Eu
ainda tenho dinheiro, mas achei impressionante como o dinheiro voou. Estou morando lá há 3 meses e
ainda tenho que pagar o aluguel. Graças a Deus, eu consegui, pelo Creas, o benefício de receber
auxílio-aluguel. Isso me ajudou demais. Não é o valor que eu pago, mas está me ajudando. Eu, por
exemplo, consegui, mas há casos que eu conheço em que não tiveram a oportunidade de receber esse
auxílio. É uma situação muito difícil. Eu estou com problemas de saúde mental e tenho de ter paciência
para conseguir o meu emprego. São casos e casos. Pode haver casos piores que o meu, em que o
acolhido não conseguiu juntar nada, nem 5 mil reais. O que ele vai fazer? Eu saí com uma quantia um
pouco melhor, mas o dinheiro já está acabando. Não tenho mais o que falar. É uma situação crítica.
DAVID ALCIDES DOS SANTOS – No meu caso, depois que eu fiz a maluquice de gastar todo o
meu dinheiro dentro do abrigo, eu ainda consegui juntar uma certa quantia antes de sair de lá, mas
não foi 15 mil reais.
Antes de sairmos da guia de acolhimento, nós temos, literalmente, outra visão, porque nós
passamos a nossa infância e a adolescência naquele mundinho, naquele quadrado. Quando saímos, é
totalmente um novo campo de visão, parece que renascemos. É uma experiência totalmente nova.
Porém, depois nos deparamos realmente com a realidade que, infelizmente, estamos vivendo. Depois
de um certo tempo – experiência própria –, refletimos no sofá da sua sala, à noite, e dizemos: “Não vai
dar. Não há como”. Há momentos em que o calo aperta, e choramos. No meu caso, eu recebo 614
reais da Renapsi, onde eu sou jovem aprendiz, mas meu contrato já está quase acabando. O aluguel
da minha casa custa 800 reais. Eu recebo 614 reais, e dá para ver que as contas não batem, e falta
ainda um monte de coisa. Eu moro com a minha irmã, e dá para dividirmos as contas. Mas às vezes
aperta de um jeito que só nós e Deus sabemos o momento por que estamos passando.
Eu já saí do abrigo e, na minha opinião, quando o jovem sai do abrigo, ele não quer morar
numa casa chique de 2 andares e receber um salário de 40 mil reais. Ele não quer isso. Nós queremos
um canto onde possamos encostar a nossa cabeça à noite e saber que não precisamos nos preocupar
que os problemas de fora entrem na nossa casa. Não vou generalizar. Nós queremos um lugar bacana,
um espaço para podermos convidar alguém, e a pessoa não ter de sentar na sua sala olhando para o
banheiro, ou que não tenha um espaço entre a cozinha e o banheiro, ou um espaço entre a pia de
cozinha, onde se faz comida, e a área de lavar roupa. Nós só queremos um espaço adequado. Acho
que todo ser humano necessita de um espaço bom. Precisamos de um salário, ou pelo menos uma
renda, que sustente as despesas do mês. Às vezes, quando chega metade do mês, a sua geladeira está
mais vazia do que estava do início do mês. O mês já está virando, mas nós jovens – porque eu só
tenho 18 anos e vou fazer 19 agora – vamos viver nessa situação de olhar a geladeira na metade do
mês e pensar: “Não vou comer hoje, porque eu já jantei. Mesmo com fome, eu já jantei. Então, eu vou
deixar para o café da manhã. Se eu como agora, mais tarde não haverá algo para eu comer”.
Entendem? Até quando os jovens, adolescentes que saíram ou que ainda estão dentro do abrigo vão
ficar se preocupando com isso? Isso já está chato e muito inconveniente.
Saúde mental já está difícil mesmo para aqueles que estão numa vida mais ou menos boa,
imagina para aqueles que precisam matar a cada dia 5 leões. Eu não estou falando que ninguém tem
problema. Todos têm os seus problemas, as suas dificuldades e sabem onde o calo aperta. Mas eu vejo
muita gente brigando, falando dos jovens. Porém, eu não vejo muitas pessoas escutando os jovens ou
tomando atitudes por eles. Eu acho que já deu a hora de começar a tomarem uma reação e uma
atitude por nós. Isso seria bacana.
É isso, gente. (Palmas.)
ESTÊNIO EDUARDO DA SILVA SANTOS – Então, antes de completarmos 18 anos, é como se
estivéssemos dormindo e alguém nos acordasse e falasse: “Vai lá. Faz isso” – e não sabermos fazer.
Para mim, é essa mesma vibe, porque passamos esse período no acolhimento e, nisso, estamos lá.
Porém, quando completamos os 18 anos – falo isso com relação à lei, porque diante da lei, quando
completamos 18 anos, devemos sair do abrigo, porque não podemos mais ficar mais institucionalizados
– é como se nós tivéssemos, do dia para a noite, essa capacidade de se virar, ir lá, fazer tal coisa.
Graças a Deus que existem adolescentes que já saíram para fazer estágio, porque há
adolescente que sai que nem trabalhando está. Assim, ele vai fazer o quê? Ele vai para o mundo das
drogas, vai fazer coisa errada, vai roubar. Depois, quando ele faz coisa errada e vai roubar, as pessoas
o criticam e não sabem o porquê de tudo. Então, o que temos de começar a fazer? Temos de começar
a pensar sobre isso, porque é muito desesperador para nós não termos para onde ir, sem uma renda
para, ao final do mês, pagarmos aluguel, comprarmos um sofá, comprarmos as coisas da casa. É muito
desesperador. E, para nós que estamos saindo do acolhimento, é desesperador. Falo sinceramente
isso.
O meu colega estava falando ali, e eu estava me emocionando aqui, porque nós queremos,
realmente, um lugar para ficarmos, um lugar em que possamos morar com dignidade e um emprego
bom para trabalharmos.
Nós somente queremos o nosso lugarzinho e sermos felizes.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Eu só vou pedir um favor para todos ajudarem
a taquigrafia, mesmo que seja repetitivamente. Quando for falar, pode falar o nome, porque ajuda
muito a taquigrafia. Como nós viramos essa audiência de cabeça para baixo – e é legal que seja assim
mesmo –, por exemplo, quando o Aleksandro falar agora, ele fala: “Aleksandro” e começa seu discurso.
A Aline fala: “Aline” e começa seu discurso. Assim, peço que, antes da sua fala, diga o nome, porque
acho que ajuda aí embaixo, não ajuda?
A mesa estendida, se quiser dialogar, eu vou só apertar o botão.
Concedo a palavra ao Aleksandro Leandro de Souza.
ALEKSANDRO LEANDRO DE SOUZA – Aleksandro.
Eu quero trazer um exemplo de um acolhido que eu conheço que teve uma situação bem ruim.
Mas eu quero trazer a questão até vocês, eu acho que até para o adulto tem este fato de naquele dia
se sentar no sofá e falar: “O que eu vou fazer? Eu tenho conta para pagar.” Vocês que trabalham, mas
há adulto que não trabalha. É feio, mas há gente que trabalha e recebe um salário mínimo: “Olha, ele
recebe um salário mínimo.” Eu acho que o salário mínimo hoje em dia é de R$1.400,00 e alguma coisa.
Ainda há os julhos do Cris, que tem 2 trabalhos, ajuda também, mas até vocês e até eles, há dia que:
“Nossa, eu tenho uma dívida. Eu tenho que pagar neste mês.” – e ainda fica devendo. “Nossa, eu
tenho esta quantia. Eu tenho que pagar o meu aluguel.” Eu acho que há muita gente que mora de
aluguel, há muita gente que não teve aquela oportunidade ainda de ter sua casa própria, eu acho que
é o sonho de todo mundo até hoje em dia. Ter a própria casa já ajudaria demais.
Como eu falei, uma quitinete não se vai achar por menos de 500 reais. Uma quitinete é um
quarto com banheiro, talvez uma sala de serviço e cozinha americana, que falam quando a cozinha é
junto com a sala. Ainda é uma quitinete boa, de luxo. (Risos.) A sala junto com a cozinha, e, às vezes,
é um cômodo que eu acho que é menor que este espaço aqui. Eu acho que é menos que a metade
daqui, para vocês terem uma ideia.
Assim, o adulto que às vezes vai ter uma família, ter uma esposa, tem que ter uma casa um
pouco maior. Gente, eu tenho contato com alguns familiares que têm uma casa, e não é aquela casa
toda, e o aluguel é de 2 mil reais. Ao juntar com água e luz... É como eu falo: há o valor da quitinete e
há água e luz. Mesmo morando sozinho, eu fico aliviado que isso é mais barato, mas imaginem vocês,
trazendo o exemplo de vocês também, para vocês pegarem um pouquinho da nossa ideia. Vocês
recebem uma quantia boa e mesmo assim ficam: “Nossa, o que eu vou fazer?” É isso.
Eu vou trazer o exemplo de um jovem – eu acho que há muitos ainda – que sai, tem que
comprar os móveis e... acabou o dinheiro. O jovem não está trabalhando ainda, ele não saiu. Eu saí,
estava trabalhando no Banco do Brasil, e não tenho trabalho. Como ele falou, ele ainda trabalha,
mesmo assim a quantia é pouca. Ele saiu, não tinha nem uma capacidade, no caso ele usava drogas,
há uns que saem e usam drogas, e têm muito problema com isso. Isso atrapalha muito, porque, às
vezes, pode sair, e sair com uma quantia como eu, e se ele não tem cabeça, ele vai gastar tudo,
mesmo tendo um acompanhamento. “Ah, comprei esses móveis.”, “Ah, ele achou tudinho.”, às vezes
nem acha. O acolhimento nem dá a oportunidade de o acolhido achar o lugar e comprar seus móveis.
Às vezes, ele dá os móveis de mão beijada e pronto. São casos e casos.
O acolhido saiu e comprou os móveis, tudo certinho. Naquele momento, ele estava
estabilizado. Chegou um momento, gente, que ele teve que vender os móveis dele, ele teve que sair.
Hoje em dia ele mora na rua. Ele teve que vender todos os móveis dele, gente – todos os móveis. Eu
não vou dizer o que ele teve que vender ou quanto dinheiro ele tinha. Para vocês verem, ele teve que
morar na rua.
Eu acho que existem muitos casos assim. Eu estou citando 1. Eu estou citando 1, gente. Se
vocês pesquisarem, vão achar. O que há de jovens que, às vezes, nem tiveram a oportunidade de
entrar num abrigo e estão morando na rua... É uma situação de arrepiar, de chorar, porque é uma
situação que...
Nós sabemos que eles têm direito, mas é isso. Cadê o direito? O direito é só uma fala: “Você
tem direito.” E aí? Qual é o meu direito? Eu posso estar ali, buscando... E posso chegar à Câmara
Legislativa, sei lá, a um local e falar: “Eu quero isso” ou “Eu vou ter aquilo”. É o direito que falam que
nós temos, não é? Mas, e aí? Temos mesmo?
Existem casos e casos, gente. Isso é só um dos que eu tenho para falar, só para vocês
pensarem.
É isso.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Aleksandro.
ESTÊNIO EDUARDO DA SILVA SANTOS – Posso?
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Pode.
A Aline está inscrita para, depois, responder.
ESTÊNIO EDUARDO DA SILVA SANTOS – Com tudo isso, automaticamente nós passamos para
o outro tópico do qual vamos falar: dificuldades, logística e moradia, de que estávamos falando.
Voltando à precarização do trabalho, pode haver programas governamentais e leis que
estimulem as empresas a contratarem os que estão saindo dessa instituição. Eu acho que seria uma
boa ideia para resolvermos isso.
Falando sobre dificuldades, logística e moradia, nós já discutimos isso junto com outro tópico,
mas temos que falar sobre as repúblicas.
Primeiro, não há república suficiente. Segundo, já passamos anos dentro do acolhimento, anos
depois do acolhimento, anos dentro do acolhimento, e nós não queremos isso. O que nós queremos?
Queremos o nosso lugar, queremos viver fora de tudo isso por que passamos por anos. Queremos ter
nossa independência, e eu acho que a república não é o caso para nós. Eu acho que um aluguel social
seria legal. Um aluguel social seria uma boa ideia para resolver tal fato.
Agora, nós vamos passar para o outro tópico.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Deixem a Aline responder. Pode ser? Apenas
para sistematizar. O David também quer fazer um comentário.
Só para organizarmos os encaminhamentos, eu vou juntar esses 2, trabalho e moradia.
Acho que poderíamos pensar, com o Poder Executivo, com o Ministério Público, com outras
entidades do poder público, em programas, em projetos de lei nesta casa, que reservem, por exemplo,
vagas de contratação nesses órgãos para egressos do sistema. Sabemos que, quando o poder público
também atua nessa contratação, muitas vezes, o valor é melhor e há benefício que é acumulado. Às
vezes o salário, como é estágio, não é tão alto, mas há outro benefício, um auxílio que é acumulado. O
poder público tem capacidade para fazer isso.
Falamos inicialmente sobre a possibilidade de usar instrumentos como os benefícios fiscais para
essas empresas que recebem os egressos. Aqui está o Athayde, representando a Fecomércio. Esse
setor dialoga com o setor produtivo e empresarial da cidade. Talvez essas empresas, Athayde, que
recebem benefícios fiscais do governo – justos muitas vezes para a geração de emprego e renda –,
possam, como contrapartida, contratar um percentual específico dos jovens egressos dos sistemas.
Acho que podemos articular esse processo.
Sobre o aluguel, é o que o Estênio acabou de falar. Pode-se pensar com a Sedes se fazemos
programa de aluguel social para os egressos, se conseguimos conectar o atendimento do Cras e do
Creas direto nas unidades de acolhimento. Aqui foi dito várias vezes que a pessoa sai da casa e às
vezes tem dificuldade na fila. Sabemos que a fila dos Suas é enorme. Não se trata de passar na frente,
não é nada disso. Mas, para esse recorte, existe a capacidade de já identificar o público e otimizar esse
processo de relação com o assistente social para fazer essa transição. Acho que essas são ideias em
que podemos pensar.
Eu sou um entusiasta. Eu acho que o debate da educação financeira para jovens e
adolescentes é correto, mas eu tenho a tese de que a melhor educação financeira que existe é salário
digno. Não há educação financeira que sustente o que foi dito aqui: uma bolsa de 600 reais para pagar
um aluguel de 800. Não existe educação financeira que dê conta dessa matemática. A conta não fecha.
(Palmas.) Não adianta eu saber poupar se as minhas despesas básicas são maiores do que aquilo que
eu recebo. Eu não acho que haja dicotomia entre as 2 coisas. Foi dito aqui várias vezes que a educação
financeira é importante. Nós estamos vendo essa questão das bets, das apostas, do descontrole, do
superendividamento, mas, para mim, a melhor resposta para isso é pagarmos salários decentes para as
pessoas poderem ter acesso a todos os bens, direitos e serviços. Acho que podemos pensar um pouco
nesses encaminhamentos.
Concedo a palavra à Aline.
ALINE PEREIRA – Vou tentar sistematizar aqui.
Vou começar dando a boa notícia a respeito do Conexão Cidadã. Consultando a chefia, fui
informada de que ele foi alterado para Incentiva DF. O que foi dito é que ele já está todo pronto para
ser implementado, só falta a metodologia. Ele está no planejamento para o ano que vem. Então,
respondendo a promotora Luisa e o deputado, a perspectiva é que o Incentiva DF seja implementado
no ano que vem, no âmbito do acolhimento. Essa bolsa é para todos os acolhidos. Uma colega
perguntou sobre isso. Muito do que os meninos estão relatando são experiências em que eles
trabalham, têm recursos próprios, mas esses recursos são geridos pelas instituições de acolhimento.
Nesse caso, quem não trabalha não tem, como muitos deles disseram. Porém, nem todos conseguem
ser inseridos no mercado de trabalho, porque não há vaga para todo mundo, porque há exigência de
determinados perfis etc.
Recentemente, nós nos deparamos com uma política da Renapsi. Nós encaminhamos alguns
jovens para lá, mas eles não aceitam jovens que já cumpriram medida socioeducativa. Boa parte dos
meninos de acolhimento já cumpriram medida socioeducativa. Nós achamos isso um absurdo. Deixo
aqui uma provocação: como podemos discutir essa questão, especialmente no que diz respeito aos
programas de jovem aprendiz que criam esses mecanismos? Isso vai além da política de assistência, já
que nosso papel é apenas encaminhar o adolescente. Essa decisão da Renapsi nos causou muito
espanto, porque exclui muitos dos nossos jovens.
Quando os meninos falaram de empregabilidade e moradia, eu fiquei aguardando, porque isso
também está além da nossa atuação. Fiquei imaginando se haveria alguém da Secretaria do Trabalho
ou da Codhab nesta audiência, porque acho que eles seriam os melhores para responder isso. Nós, da
assistência, muitas vezes nos debruçamos sobre essa questão para entender qual é o limite da
assistência e qual é o papel da Codhab – não só para crianças e adolescentes, mas para o público em
geral. Nós discutimos muito isso com relação à população de rua. A população de rua tem acessado
muito o benefício comumente chamado de Auxílio Aluguel, mas que originalmente não tinha essa
perspectiva. O que se debate é que temos que garantir moradia digna. Esse benefício dura no máximo
6 meses e tem um limite de 600 reais. Então, ele não vai resolver o problema de moradia. Em alguns
casos, como o do jovem que falou anteriormente, principalmente para quem é egresso de acolhimento,
ele acaba sendo um suporte, mas não é suficiente. Nós entendemos que a assistência social não tem
que garantir moradia, porque isso concerne à política habitacional.
Com relação à república, é importante registrar que existe, hoje, uma república dentro da
execução direta, mas ela é somente para meninas. Existe uma demanda muito grande de república
para meninos, mas nos falta estrutura. Então, deixo registrada essa provocação. Não estou querendo
me justificar, como foi dito, mas entendo que estamos em uma roda de conversa, uma audiência
pública para a construção de políticas. Então, como o Poder Legislativo e o Poder Judiciário podem
atuar conosco para a construção disso? Uma vez que se faz essa provocação e que a construção de
repúblicas masculinas foi demandada em audiência pública, isso se torna prioridade dentro da gestão.
Nós temos total interesse em executar o serviço, mas isso tem que ser prioridade da gestão. Para
tanto, é preciso haver recursos. É neste momento que devem atuar o Judiciário e o Legislativo.
Outro aspecto é a alimentação. Existe o restaurante comunitário, o programa Cartão Prato
Cheio e outros programas voltados à segurança alimentar, os quais esses jovens podem acessar.
Então, é importante deixar isso registrado nesta audiência pública, porque isso está sendo transmitido,
que esses jovens egressos podem solicitar o programa Prato Cheio no Saica. Geralmente, quando o
menino é desligado, já fazemos essa solicitação, justamente para que ele não dependa de outros
equipamentos. Então, ele já sai com a solicitação de inclusão no Prato Cheio. São 9 parcelas de 230
reais que eles podem utilizar em ambientes de alimentação. Além disso, em último caso, eles podem
acessar gratuitamente os restaurantes comunitários. É só procurar um equipamento da assistência que
isso é articulado.
Há algo que registrei e acho que podemos trabalhar em conjunto nisto: o aluguel social para
egressos. Isso entraria como uma política afirmativa, uma política específica. Acho que podemos
trabalhar na construção disso. Fico com o dever de casa de levar para a Diretoria de Acolhimento e
para a Subsecretaria de Assistência essa tarefa. Vamos construir isso juntamente com o Legislativo,
que é de onde saem os recursos. Acho que isso seria fundamental, porque deixaríamos de depender de
outros equipamentos. A própria alta poderia solicitar isso, a partir do momento em que o menino
estiver saindo dela e enquanto ele estiver sendo inserido na média complexidade.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Aline. Isso é importante. Vamos só
deixar isso bem registrado: o Incentiva DF deixa esse compromisso para ser construído; o pagamento
para toda a rede vai começar no ano que vem; a articulação com o atendimento específico e com o
Prato Cheio. Depois, vamos constituindo o grupo de trabalho para acompanhar esse processo.
Concedo a palavra para o Diego Moreno, da Sejus.
Depois, vou passar a palavra para a promotora Rosana. Em seguida, voltamos para cá, para o
tópico da escola.
DIEGO MORENO – Boa tarde, deputado.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Diego, desculpe-me.
DIEGO MORENO – Claro. Fique à vontade.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Quero só registrar que a deputada federal Erika
Kokay chegou. Deputada, fique completamente à vontade. Sei que vossa excelência gosta de ficar no
plenário, mas se quiser compor a mesa, fique à vontade. (Palmas.)
A nossa audiência está um pouco diferente. Estamos fazendo um bate-bola.
Obrigado, Diego.
DIEGO MORENO – Sem problemas, deputado. Quero saudar o senhor. Quero saudar também a
deputada federal Erika Kokay – nós estivemos juntos em outra audiência na semana passada. Quero
saudar os presentes na mesa.
Vou me apresentar. Sou Diego Moreno. Estou subsecretário de políticas para crianças e
adolescentes do DF. É um nome grande, não é? Vou tentar não só ser objetivo, mas também não
represar a minha fala nas siglas.
A secretaria a que estamos ligados é a Sejus, Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania do
Distrito Federal. Considerando a última fala, eu gostaria de trazer como encaminhamento essa questão
da empregabilidade. Quero deixar, deputado, até para que os nossos colegas possam nos auxiliar neste
debate, 2 propostas bem interessantes que fizemos, no âmbito na Secretaria de Justiça.
No primeiro momento, apresento o Decreto nº 40.910/2020. Tivemos a oportunidade de fazer
o desenho desse decreto e levá-lo à outra gestão para a aprovação e, posteriormente, publicação. O
decreto reserva vagas de estágios para jovens negros e negras. Nessa construção, conseguimos
colocar também aquele público chamado de PcD, que é um público que sabemos que tem a
necessidade de buscar ações afirmativas para se encaixar no ambiente de trabalho. Nesse caso
específico do decreto, o nosso desejo é trazer esses estágios para dentro da administração pública. A
ideia é que os interessados e as interessadas ingressem dentro das secretarias do DF como um todo,
para que entendam que, futuramente, poderão ocupar aquele espaço.
Talvez, nesse primeiro momento, o nosso compromisso seria tentar revisitar esse decreto e
ampliar a faixa de atuação, não só para negros, negras e adolescentes que são PcDs, mas também
trazer esse grau de vulnerabilidade como um dos fatores a serem apresentados. Que as secretarias e a
administração pública distrital direta, indireta e autarquias pudessem entrar nessa caminhada e
contribuir, assim como os outros entes do DF.
Num outro momento, já pensando após os 18 anos – nesta ocasião, temos a oportunidade de
ouvir vocês e também entender o grande desafio que é não só se pensar que, completada a
maioridade civil, ou seja, feitos os 18 anos, a situação está resolvida, mas pelo contrário –, poderíamos
tentar uma reserva legal de vagas.
Trago uma iniciativa nossa, que é o Decreto nº 43.182/2022, que reserva vagas das empresas
que participam de contratos e licitações no Distrito Federal, para que reservem um percentual de vagas
para a população em situação de rua.
Fica a minha observação, justamente para que possamos internamente entender um pouco
melhor essa situação e como conseguimos amadurecer essa proposta, permitindo que esses jovens,
que uma vez que saiam desses equipamentos, possam também ingressar nessas vagas de empregos
formais, com carteira assinada, com a garantia dos direitos trabalhistas e com outros benefícios que
essas empresas possam ofertar. Gosto de algumas iniciativas que, como Executivo, temos.
Por fim, quero deixar aberto o próprio conselho, que é o famoso CDCA-DF, que é o Conselho
dos Direitos da Criança e do Adolescente do Distrito Federal. Hoje, estamos com o edital em curso para
que 15 outras instituições possam ser escolhidas a fim de que tenham assento nesse conselho.
Também deixo à disposição de vocês as comissões que há dentro do conselho, para que possam
participar delas, possam ter voz, não somente nas conferências, mas também em todas as reuniões,
embates; que possam, dentro dessa perspectiva, inclusive financeira, entender um pouco como
funciona o conselho e como podem ser aplicados esses recursos para parte do que está sendo pensado
e discutido hoje.
Basicamente são esses encaminhamentos. Eu tentei ser muito breve para não ficar me
apegando ao juridiquês e a essa fala mais institucional. Trago para vocês 2 iniciativas: uma, de fato,
para se revisitar o decreto de estágios para jovens, incluindo-se essa questão da vulnerabilidade social;
e a outra também para essa questão dos que já estão com a maioridade atingida possam entrar nessa
reserva de vagas para as empresas que fazem contratação direta com o GDF.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Excelente. Obrigado, Diego.
Também quero mandar a nossa saudação para a secretária Marcela. Muito bom. Saímos daqui
com a disposição de ajudar na composição na construção desse processo.
Registro a presença de Athayde, representante da Fecomércio – agradeço a presença; o
Athayde já colocou a Fecomércio à disposição para podermos pensar junto com o conjunto do setor
produtivo processos para fortalecer e ampliar esses direitos –; Maria da Penha, coordenadora da
entidade Aconchego; Elizete, diretora do Instituto Epuranios; Ana Paula, presidenta do Instituto
Epuranios; Jéssica Alves, articuladora institucional do Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente
Ameaçados de Morte, do Ministério de Direitos Humanos; Mônica Geovanini, coordenadora de
assessoria parlamentar da Fiocruz; Fernanda Severo, pesquisadora e coordenadora do projeto
Territórios da Construção de Si; Márcia Caldas, assessora da Promotoria de Infância e Juventude do
Ministério Público – obrigado, Márcia, pela presença –; Carine, do Conselho Regional de Serviço Social
e do Movimento de Saúde Mental; Cleidson, do Movimento Nacional da População em Situação de Rua,
e Rosângela Camapun, da Fiocruz.
A Rosângela era minha assessora neste mandato. Nós a perdemos para a Fiocruz. Faço este
protesto. (Risos.)
A Rosângela é grande parceira e está contribuindo muito na Fiocruz.
Rosângela, é sempre um prazer tê-la aqui. Obrigado. Não a perdemos, nós a ganhamos.
Concedo a palavra à Rosana Viegas.
ROSANA VIEGAS E CARVALHO – Ainda sobre a autonomia desses meninos, infelizmente, temos
que reconhecer a incapacidade do Estado brasileiro em garantir direitos. Muitas vezes, o próprio Estado
é o perpetuador das violências e injustiças.
Essa bolsa foi criada pelo Programa Conexão Cidadã, em 2011, mas mudou de nome, virou
outra coisa e, até hoje, não foi implementada. O mesmo ocorre com as creches, que não temos até
hoje. Temos uma ação civil pública desde 1993 – estou me lembrando desse fato, porque estávamos
tratando disso no edifício sede do Ministério Público. Então, está em curso uma ação civil pública desde
a década de 1990, para implantar uma política pública de saúde mental para adolescentes, e os nossos
governantes não fazem nada. Temos muitas dificuldades, mesmo.
A riqueza da pesquisa A Sentença de Saúde Mental é de 2006 e, até hoje, estamos na luta para
implementar uma política mínima de saúde mental para crianças e adolescentes.
Com as creches, é a mesma coisa.
O benefício existe desde 2011 e, até hoje, não foi implementado.
Por outro lado, estamos tendo uma grande oportunidade, que é essa pesquisa, com uma
grande parceria que temos com a Fiocruz, que está dando voz a esses meninos, porque eles são
pesquisadores sociais.
Houve um período em que eles ganharam uma bolsa da própria pesquisa, do próprio projeto.
No momento, o projeto está sem condições de dar essa bolsa.
Eu gostaria, então, de fazer um apelo aqui para as urgências, porque nós estamos falando de
política pública e eu fiz essa digressão para mostrar a dificuldade que é a implantação de uma política
pública a longo prazo. Mas os meninos estão aqui trabalhando.
Eu queria, neste momento, sensibilizar o deputado Gabriel Magno. Quem sabe se o deputado
agora, com o protagonismo que o Poder Legislativo tem tido com as emendas, não pode destinar
algum recurso ao projeto, para que os jovens continuem sua pesquisa e possam ser pesquisadores.
Eles têm uma importância muito grande. Nós os estamos ouvindo aqui. Eles é que sabem dos
problemas deles. Nós não sabemos. Nós ficamos aqui falando sobre eles.
Queremos parabenizar o deputado por esta grande iniciativa de colocá-los no protagonismo
aqui, para que nós possamos ouvi-los. Mas, para que possam estar aqui, eles precisam comer, pagar o
aluguel.
Era esse o apelo que eu gostaria de fazer neste momento. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Rosana.
Já fica aqui um compromisso. Nós anotaremos todos os encaminhamentos.
Nós não temos a competência de encaminhar o recurso diretamente à Fiocruz, via emenda
parlamentar, por causa do pacto federativo brasileiro, da distribuição e separação dos poderes,
também, das unidades federativas.
Nós nos organizamos com as emendas parlamentares no orçamento do DF, mas há
mecanismos para pensarmos em parcerias ou em algumas das secretarias que podem se conveniar a
esses processos, ou com a própria FAP, que é o Fundo de Apoio à Pesquisa no Distrito Federal.
Enfim, saímos daqui com esse compromisso de tentar constituir esses mecanismos, para que
possamos também utilizar da nossa cota – vou chamar assim – das emendas parlamentares individuais
a que todos os deputados têm direito.
Fazemos esse compromisso, no nosso mandato, de continuar o projeto e pensar depois no
formato mais adequado para executá-lo.
Esse é mais um encaminhamento importante, Rosana.
Está atendido o pedido, que é fundamental.
Quero parabenizar também o Ministério Público pela brilhante atuação.
Concedo a palavra à promotora Liz-Elainne.
LIZ-ELAINNE MENDES – Boa tarde a todas e todos.
Agradeço ao deputado Gabriel Magno a oportunidade de um diálogo tão profícuo e franco com
os jovens, que são as pessoas mais importantes do nosso trabalho lá na promotoria de justiça, na área
cível.
Nós observamos que há a reprodução de um discurso um pouco ambivalente na nossa
sociedade porque os jovens, muitas vezes, são olhados sob a perspectiva de que são muito
autônomos, podem responder pelos atos infracionais, podem receber medidas socioeducativas muito
duras que têm pouca reeducação e mais disciplina e, ao mesmo tempo, eles não são vistos como
capazes de exercer um poder de agência, de escolher como vão gastar o seu dinheiro ou como vão
guardá-lo. Então, precisamos refletir como pessoas adultas, gestoras, em todos os nossos espaços de
trabalho, a respeito dessa ambivalência porque, com 18 anos, eles estão sujeitos aos benefícios e às
agruras da maioridade. É nosso compromisso prepará-los para a vida adulta.
Pelo que foi falado aqui, há uma dificuldade muito grande com a fragmentação das políticas e a
falta de diálogo. Acho que seria um bom encaminhamento dialogar de forma mais próxima com as
secretarias de governo.
Foi falado muito do projeto Jovem Aprendiz, que está em outra secretaria de Estado, a da
Família e Juventude. Esse já é um complicador porque a política de acolhimento é executada pela
Sedes e, ao mesmo tempo, a Subsecretaria de Políticas para Crianças e Adolescentes está na Sejus.
Precisamos azeitar esse diálogo, senão não vai haver audiência pública suficiente para soluções breves
e eficazes.
Eu queria chamar a atenção para o Renova DF, que, como foi falado pelo doutor Diego
Moreno, tem privilegiado vários públicos vulneráveis. Acredito que poderíamos também lançar mão
desse programa para os jovens acolhidos como prioridade porque criança e adolescente é prioridade
absoluta. Isso está previsto na Constituição federal, não somos nós que estamos dizendo.
Além de educação em finanças, também precisamos falar de educação em direitos. A Aline
trouxe vários benefícios sociais e o deputado Gabriel Magno não fazia ideia de que poderia pleitear o...
(Falha na gravação.) Precisamos prepará-los para os direitos, não só para a educação financeira. Que o
Cras vá aos acolhimentos, que os profissionais dialoguem com esses jovens, que eles tenham a
oportunidade de entender de qual carta de benefício eles podem usufruir na saída do acolhimento.
Nosso encaminhamento para o Ministério Público e para a Sedes é que há uma reclamação
muito grande das unidades de acolhimento sobre a falta de incentivo financeiro para que eles possam
fazer o acompanhamento dos egressos, como está estabelecido no art. 94 do ECA. Depois que o jovem
sai do acolhimento, a instituição não recebe mais por ele. Como ela vai saber como que ele está se
alimentando, onde ele está morando, como ele está se vestindo, onde ele estuda, se ele trabalha ou
não? Como esse é o trabalho do acompanhamento de egressos, se ele fez 18 anos, não basta chamar
o conselho tutelar, porque ele já tem 18 anos e o conselho tutelar não vai atuar nesse caso. A
instituição deveria acompanhá-lo por um prazo razoável, pelo menos de 6 meses a 1 ano, para saber
como ele está se desenvolvendo como um jovem adulto que o Estado retirou da família de origem, por
estar sofrendo violência, e depois, com 18 anos, o jogou de novo na sociedade sem qualquer
acompanhamento.
Então, eu acho que esse é um trabalho nosso, do Ministério Público também, em diálogo com a
Sedes, para que haja um maior incentivo para as unidades de acolhimento, para elas fazerem um
trabalho de acompanhamento dos egressos realmente mais efetivo.
Era só isso que eu gostaria de pontuar.
Obrigada. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Liz.
Eu vou devolver a palavra à nossa mesa. Já são 17 horas e 30 minutos. Acho que podemos
debater até 18 horas e 30 minutos. Pode ser? Podemos tentar? Seria mais 1 hora de debate. Sei que
há muito assunto, mas podemos tentar fazer o debate nesse tempo.
Vamos falar agora de escola e preconceito. Já vou dar um spoiler. Falaremos sobre
adolescentes grávidas, regras nas unidades, lazer, sistema de justiça, saúde integral e cidadania.
Vamos tentar organizar isso nesta última hora, para haver o máximo de encaminhamentos
possível. Obviamente, já há o encaminhamento de que a discussão não termina hoje. Saímos daqui
com muita tarefa para continuarmos nesse processo.
Então, neste momento, concedo a palavra ao Estênio. Logo após, usará da palavra a Tainá.
Eles estão organizando a nossa pauta.
ESTÊNIO EDUARDO DA SILVA SANTOS – Vamos para o próximo tópico, que é escola e
preconceito.
Nós sabemos que existe muito preconceito conosco por sermos de instituições e isso tem
aumentado – bullying, transtorno de imagem, entre outros. Podemos perceber que a maioria dos
meninos da escola que fazem esse tipo de bullying com as crianças e adolescentes de instituição não
conhecem o que é uma instituição de acolhimento. Vemos e afirmamos isso. Esses dias, na instituição
de acolhimento onde estou, houve a visita de alunos de uma escola para conhecerem como é o
acolhimento. Viram onde dormimos, onde moramos, como é o nosso quarto, como é nossa casa e
saíram de lá com uma visão totalmente diferente daquela com que entraram.
Então, eu acho que está faltando isto: as pessoas conhecerem o que é o acolhimento. Está na
hora de as pessoas conhecerem o que é isso. Dentro da escola, tem como ser evitado o preconceito.
Podemos perceber que dentro da escola não há muito acolhimento para essas pessoas que sofrem
esse tipo de preconceito tampouco para aquelas que agem com esse tipo de preconceito – porque
acho que tem que se tratar um lado e o outro.
Nós sofremos preconceito não só nas escolas, mas também onde moramos. Houve até abaixo-
assinado para a instituição de acolhimento sair de onde ela está. Os vizinhos fizeram um abaixo-
assinado para a instituição sair de onde ela está. Vejam o problema e a amplitude disso tudo.
As pessoas não conhecem o que realmente é uma instituição de acolhimento.
Automaticamente, há um preconceito por trás disso, há o preconceito de procurar, de ir atrás, de doar.
Enquanto essas pessoas perdem tempo fazendo críticas, tacando coisas no acolhimento, se eles
usassem esse tempo para nos ajudar, o mundo seria bem melhor e estaria bem mais à frente.
Precisamos trazer essas questões para as escolas, precisamos, sim, falar sobre acolhimento nas
escolas, precisamos mostrar para eles que o acolhimento existe. Estamos nele não porque queremos,
não porque fizemos algo errado, estamos lá para sermos acolhidos. Nós precisamos de acolhimento,
precisamos ser acolhidos.
Muito obrigado. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Passo a palavra à Tainá.
TAINÁ ELISÂNGELA NASCIMENTO SOUSA – Eu vou falar do tópico adolescentes grávidas.
Sendo bem sincera, esse é um tópico muito sensível para algumas adolescentes que são mães. A
primeira coisa em que pensamos quando descobrimos que estamos grávidas é como cuidaremos dessa
criança. Não dá para julgar essa pessoa por ela ter engravidado, por não ter se cuidado.
Muitas adolescentes que são mães têm depressão pós-parto, algumas não têm condições de
cuidar da criança e a deixa jogada. Nem todas as adolescentes têm um lugar onde possam ser
escutadas, ouvidas e receber ajuda. Isso é muito forte. Muitos adultos não acreditam no potencial de
uma mãe adolescente. Se não confiarem nela, ela nunca terá como cuidar do filho e mostrar que
realmente pode fazer isso. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Tainá.
Passarei a palavra à Patrícia, representante da Secretaria de Educação.
Patrícia, sugiro que a secretaria pense num programa de educação sexual, de proteção de
crianças e adolescentes contra a violência, inclusive para cumprir uma decisão do Supremo Tribunal
Federal, que determina que a educação sexual nas escolas não só deve acontecer, mas é uma
obrigação. Não só pode, como deve acontecer. É preciso pensar nesse processo que dialoga não só
com quem está nas unidades, mas com uma política institucional mais geral.
Fernanda, eu sei que a sua área é saúde mental. Convido também a Secretaria de Saúde a
atuar nesse processo de direitos sexuais e reprodutivos dessas jovens mulheres.
PATRÍCIA SOUZA MELO – Boa tarde a todos e a todas.
Primeiramente, eu vou me apresentar. Eu me chamo Patrícia Melo. Estou à frente da Diretoria
de Serviços de Apoio à Aprendizagem, Direitos Humanos e Diversidade, que fica na Subsecretaria de
Educação Inclusiva Integral, na Secretaria de Estado de Educação.
Já conheço alguns dos meninos da mesa, por meio do CDCA, da conferência nacional. Nós
estivemos juntos.
Antes de iniciar a minha fala e responder as perguntas que os meninos fizeram, eu queria
parabenizá-lo, de coração, deputado. Às vezes, temos a oportunidade de estar em alguns espaços que
nos modificam como pessoas. Por trás de cada servidor aqui, representando as suas subsecretarias, há
pessoas muito envolvidas – conheço algumas delas aqui – com essa causa. Tenho certeza disso.
Da parte da Secretaria de Educação, por trás desta servidora, há uma mãe de uma menina de
15 anos de idade. Na fala de vocês, muitas vezes eu me emocionei bastante, porque vocês têm
sonhos, têm direitos – toda criança e todo adolescente têm por garantia –, mas, infelizmente e
diariamente, o Estado viola os direitos de muitas dessas crianças e adolescentes.
Com relação à Secretaria de Estado de Educação, eu vou começar pela questão que o Estênio
levantou: sobre o bullying e sobre saúde mental. Essa tem sido uma discussão muito forte na
Secretaria de Estado de Educação. A Diretoria de Direitos Humanos fez uma publicação, no final do ano
passado, de um guia de valorização da vida que traz orientações sobre prevenção ao bullying, à
automutilação e ao suicídio. Trabalhamos ao longo de todo este ano em cima da divulgação desse guia
e da formação continuada dos nossos profissionais.
Esse guia de valorização da vida aborda as várias causas do adoecimento mental dentro das
unidades escolares, não só dos estudantes, mas também dos profissionais. Esse guia é um diálogo, é
uma conversa com os profissionais de educação, que perpassam essas questões voltadas às
desigualdades sociais, ao enfrentamento de violências, às questões de gênero, de raça, de cor.
Portanto, é um guia que foi amplamente trabalhado com as unidades escolares. Muitas questões que
os meninos trouxeram aqui foram debatidas com os profissionais; também temos feito a formação
continuada, bem como levado essa discussão para dentro das escolas.
Na Diretoria de Direitos Humanos, nós trabalhamos com vários eixos e vimos todas essas
interseccionalidades que estão representadas na mesa. Nós temos que trabalhar para que os nossos
profissionais estejam cada vez mais atentos e sensibilizados a essas questões.
Fizemos este ano o mapeamento dos projetos pedagógicos dentro da rede, e eu acho
importante ressaltar a quantidade de projetos na área de direitos humanos. Quando nós falamos de
educação, nós precisamos realmente falar desses eixos de educação em/para os direitos humanos,
educação para a cidadania. Muitas das questões que os meninos trouxeram e tivemos a oportunidade
de ouvir perpassam esses 2 eixos.
A Secretaria de Educação, no ano passado, fez um levantamento: nas 850 escolas, contando
com as instituições educacionais parceiras, há apenas 290 projetos voltados para os direitos humanos.
Esse dado nos chocou. Trabalhamos na Diretoria de Direitos Humanos por todo este ano, para
melhorar, incentivar, fomentar isso, para que todas as escolas tenham, no seu PPP, pelo menos 1
projeto voltado a um dos eixos dos direitos humanos e diversidade. Esse dado aumentou
consideravelmente e, hoje, nós temos mais de 890 projetos de direitos humanos. Em 1 ano,
aumentamos...
Finalizando, eu me comprometo com 2 encaminhamentos que podemos fazer na educação. Um
deles diz respeito a vários cadernos pedagógicos, na nossa diretoria, voltados ao enfrentamento à
violência contra meninas e mulheres. Há também um caderno que foi produzido no agosto lilás. Nós
temos também para a população indígena e para a população migrante. Mas, de fato, não tínhamos...
Um de vocês – não sei se foi o Aleksandro ou se foi o Davi – falou que precisamos falar de acolhimento
institucional dentro das unidades escolares, exatamente para evitar questões de preconceito e
de bullying. Essa é uma realidade que muitos estudantes não conhecem. Por isso, é muito importante
levarmos esse conhecimento aos profissionais e aos estudantes.
Então, a minha diretoria se compromete a produzir um caderno voltado a essa orientação. Há
na secretaria uma legislação sobre isso e há também a Portaria nº 46, que fala de toda a instituição do
acolhimento a vocês. Nós iremos levar um caderno com os dados de quantos estudantes estão nessa
situação e onde eles estão por regional de ensino, com dados que falem sobre esse acolhimento,
levando essa informação a todos. Com isso nós nos comprometemos e também com a formação dos
nossos profissionais.
Nós fazemos parte de várias redes de proteção da criança e do adolescente, ao PPCAM e ao
CDCA. Nós estamos sempre em parceria com a Sejus e com o Ministério Público.
Estamos à disposição para auxiliá-los. Podem contar conosco!
Obrigada, deputado.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Patrícia. Agradeço demais o
encaminhamento desse caderno dentro de 1 mês. Sairemos com esse compromisso e ficaremos à
disposição para pensarmos juntos. Depois teremos que trocar alguns contatos.
A Aline se inscreveu, mas antes de passar a palavra a ela, concedo a palavra ao Aleksandro,
que também quer fazer um comentário sobre o bullying. Depois devolveremos a palavra para a Sedes.
Posso combinar com vocês sobre as regras também das casas, porque já é direcionado muito à Sedes.
Deputada Erika Kokay, quando quiser fazer o uso da palavra, fique à vontade.
Concedo a palavra ao Aleksandro.
ALEKSANDRO LEANDRO DE SOUZA – Eu gostaria de fazer um complemento. Como o Estênio
falou, conheço gente que não sabe nem o que é um serviço de acolhimento. Às vezes, digo que preciso
de alguma coisa e que moro em um serviço de acolhimento. As pessoas perguntam: “O que é isso?”
Tenho que explicar tudo.
A Aline comentou sobre o fato de a Enap ter aquele assunto de não contratar egressos do
centro de acolhimento. Então, não há somente escolas, mas há empresas que não contratam quem
está em serviço de acolhimento. Não sei se é por preconceito, não sei se é porque eles ouvem que os
acolhidos têm um grau de estresse maior e, por isso, é mais difícil de lidar com eles e não querem
contratá-los.
Quero ressaltar que não são só as escolas. Às vezes é difícil conseguirmos um emprego
justamente porque estamos num abrigo.
É só isso.
DAVID ALCIDES DOS SANTOS – Muito bullying e preconceito acontecem com os jovens dentro
do ambiente de trabalho. Eu já vi jovem sendo vaiado e humilhado por ele vir de guia de acolhimento.
Muitos não aguentam e pedem demissão.
ALEXSANDRO LEANDRO DE SOUZA – Outra coisa que irrita é quando falam que os acolhidos
são coitadinhos. Acho irritante quando falam: “É um coitadinho, ele não tem família, ele não tem pai e
mãe, a mãe o excluiu e o jogou lá”, como se fôssemos objeto ou um lixo que está no abrigo. Nem sei o
que falar porque é um assunto estressante.
Às vezes comparam o abrigo com o programa das Chiquititas. Não tem nada a ver. Quem dera
se o abrigo fosse igual às Chiquititas. Quem dera. Não tem nada a ver. É um assunto engraçado, mas
estressante, principalmente para mim, que já fui um acolhido. Eu tive que escutar isso ao pensarem
que era um lugar de diversão ou onde só há jovens com problemas psicológicos. Nós temos problemas,
mas não é assim que se fala. É preciso estar lá dentro para saber. É só isso.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Vou fazer um combinado desses tópicos para
pensarmos juntos sobre a questão da gravidez na adolescência, porque há uma questão que é de
nossa responsabilidade como poder público – como o parlamento ajuda e como o Poder Executivo e o
Ministério Público atuam.
Ao se falar em gravidez na adolescência, há um recorte importante nisso, porque, muitas
vezes, isso acontece com meninas de 14 anos, o que configura em crime, em estupro de vulnerável, de
acordo com a legislação penal brasileira. Tem que haver responsabilidades, inclusive pactuadas: como
o Estado cobra das unidades de acolhimento e das instituições. É preciso construir um pacto desse
processo porque não podemos naturalizar isso. Eu gostaria de pontuar isso, chamando à
responsabilidade coletiva o poder público para evitar que esse tipo de coisa aconteça.
Então, há uma dimensão anterior que acho fundamental e não podemos deixar de comentar
sobre isso.
Deputada Federal Erika Kokay, mais uma vez, obrigado pela presença em todas as lutas da
cidade.
Concedo a palavra à deputada federal Erika Kokay.
ERIKA KOKAY – Há um poeta que diz que o correr da vida às vezes embrulha tudo, e a vida
exige de nós coragem. E essa vida que, às vezes, embrulha tudo – vemos muitas coisas que não
queríamos ter visto e vivemos muitas coisas que não queríamos ter vivido – possibilitou a mim
conhecer vocês num seminário sobre orfandade, aqui na Câmara Legislativa. Eu acho que o seminário
foi de iniciativa do deputado Fábio Félix, se não me falha a memória.
A partir dali, alertou a mim que nós precisamos falar da situação das pessoas, dos jovens, das
crianças e dos adolescentes que estão em situação de abrigamento institucional, mas,
fundamentalmente, escutá-los. Precisamos escutar o que vocês trazem das suas vivências, porque,
quando se escuta, estabelecemos espaços de escuta, construímos as soluções a partir de vocês
mesmos, porque vocês têm e carregam a vivência de um abrigamento institucional.
Será lançado agora o Plano Nacional de Promoção e Defesa do Direito de Crianças e
Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária. É fundamental que nós possamos trazer a
discussão sobre os egressos do abrigamento institucional no plano.
E, para além disso, devemos trabalhar, sempre, na intersetorialidade, porque as políticas são
fragmentadas. São muito fragmentadas. As políticas, muitas vezes, não dialogam umas com as outras.
Não há diálogo da saúde com a educação. Não há diálogo com a assistência e vamos fragmentando as
políticas e elas perdem o seu próprio potencial.
Eu penso que nós temos direitos. Direitos são enganchados uns nos outros. Não podemos
separar os direitos. O direito de falar, o direito de alimentação, de educação são enganchados. E se os
direitos são enganchados, as políticas públicas que asseguram os direitos também precisam ser
enganchadas. Se não forem enganchadas ou se não forem articuladas, elas perdem a sua
potencialidade de transformação, de consecução, de assegurar o direito e de reparar o direito violado.
Portanto, nós precisamos de uma multissetorialidade para executarmos políticas que deixem de
lado a fragmentação. Às vezes, nós temos fragmentação de políticas dentro da própria escola. Dentro
da própria escola há várias atividades que também são fragmentadas. Então, uma única política pública
e um único espaço carregam uma fragmentação muito grande na implementação dessas políticas.
Então, penso ser importante fazermos a implementação dessas políticas a partir das
necessidades que vocês estão trazendo. Vocês estão trazendo a necessidade de moradia, de educação,
de educação sem bullying, porque a escola não pode ser um local de sofrimento. E, muitas vezes, a
escola é um local de sofrimento. Vocês estão trazendo necessidade de moradia, de trabalho, de justiça
e cidadania.
Vocês estão pontuando, também, a discussão da gravidez na adolescência. O Brasil tem muita
gravidez na adolescência e isso precisa ser enfrentado de várias formas a se assegurar, inclusive, o
direito das adolescentes a terem filhos se assim o quiserem. E é óbvio que nós estamos aqui falando
do recorte que foi dado pelo deputado Gabriel Magno.
Uma das coisas que mais me provocou indignação foi Cavalcante. Cavalcante registrou várias
denúncias de violência sexual contra meninas quilombolas. Meninas calungas saíam do seu canto, iam
trabalhar em casas de família e eram vítimas de violência sexual. Eu fico me perguntando, doutora
Luisa de Marillac, como é que há meninas grávidas de 12 anos, de 13 anos, e nada é feito? Porque ali a
violência é presumida, ou seja, é estupro de vulnerável e deveria haver uma ação do próprio poder
público, do Ministério Público, dos poderes constituídos para que fosse rompido esse processo de
violência sexual.
É necessário assegurar às meninas que são mães adolescentes o direito à escola. É importante
elas terem espaços para deixar o seu próprio menino, a sua menina, para que a sua vida não seja
modificada a partir da gravidez. Portanto, são diversos os temas que vocês trazem. Isso nós temos que
transformar em uma política pública.
Eu penso, deputado Gabriel Magno, que tínhamos que fazer na Câmara Legislativa e na
Câmara dos Deputados uma política para assegurar os direitos da juventude que está em situação de
abrigamento. Aí nós vamos falar de trabalho, mas não o trabalho precarizado ou o trabalho em que se
busca fazer arremedos.
Eu sei que há políticas para toda a sociedade. Aqui já foi falado do Prato Cheio e de outras
políticas, mas precisa haver recorte a partir do lugar em que vocês estão, do espaço de fala e de
escuta. Não é só dizer: “Ah, nós temos políticas que estão postas”. Políticas que muitas vezes não
atendem como deveriam atender o conjunto da população, e nós as ofertamos como se fosse um
cardápio. Não! Nós temos que pensar políticas a partir da fala, da vivência, políticas que possam ser
enganchadas umas nas outras.
Nós temos que falar de educação, nós temos que falar de saúde, moradia. Aqui há a situação
dos egressos que queremos colocar na discussão da política nacional de convivência familiar e
comunitária. Temos que falar dos egressos, porque parece que aos 18 anos... Há experiências de
Portugal, Fernanda contava, em que se ampliou a idade para 25 anos, porque há fases de transição
para se construir a autonomia, para que a pessoa possa trabalhar com repúblicas e de outras formas
em fases de transição, para que ela possa, enfim, fazer a construção da verdadeira autonomia.
Por isso penso que deveríamos apresentar esta proposição e discuti-la com vocês, mas a partir
do que vocês trouxeram hoje.
Acho muito legal este formato que o deputado Gabriel Magno está dando a esta comissão
geral. Falamos aqui, vocês falam daí, vocês fazem a discussão e temos as respostas. Isso é
protagonismo. Se trabalharmos a partir desses elementos e dos vários tópicos que vocês trouxeram,
trabalharemos uma proposição legislativa para levar para a Câmara dos Deputados e para a Câmara
Legislativa.
Este projeto da Fiocruz, que é uma emenda de nossa autoria... Eu costumo dizer que a Fiocruz
é fio de luz. Eu também tenho mania de querer fazer rap, essas coisas, de vez em quando. Não sou
muito boa nisso, não, mas enfim. O Brasil tem um fio de luz que é a Fiocruz, cujo projeto está
interrompido agora porque estão questionando as emendas em conjunto, as emendas impositivas.
Esse projeto vai desenrolar. Significa fazer uma pesquisa que não é a pesquisa que os
acadêmicos ou a instituição faz com os dados que vocês têm, porque não há dados no país. O Brasil
viveu um apagão de dados. É preciso recompor os dados. É necessário, eu diria, uma pesquisa-ação,
não é nem uma pesquisa, mas uma pesquisa-ação, porque é uma pesquisa em ação, construindo os
caminhos para o protagonismo, para a condição de sujeito.
A nossa legislação, o ECA, diz: são sujeitos e sujeitos de direitos. Não são objetos. São sujeitos
de direitos, com um número imenso de direitos que precisam ser assegurados.
A emenda vai deslanchar. Eu acho que é importante essa pesquisa-ação, porque nós
precisamos de dados. Para fazer políticas públicas de qualidade, temos que saber dos dados.
Ao mesmo tempo, nós vamos renovar, no próximo ano, a emenda da Fiocruz, para que
possamos ampliar o número de bolsas, usando essa pesquisa-ação. Vocês estão fazendo uma pesquisa
que diz respeito ao que vocês acham e a como vocês estão. A partir daí vocês constroem os
instrumentos para superar o que é doído e para reafirmar o que é alegria, o que é riso.
Eu costumo repetir uma fala que eu escutei de um jovem numa conferência livre da saúde,
preparando a Conferência Distrital de Saúde. Ele dizia o seguinte: “A gente não quer mais falar pelas
nossas cicatrizes”. Como eu sou um pouco ousada e gosto, também, de poetar, eu disse que nós
queremos falar pelos nossos risos; nós queremos falar pelo que colocamos, na nossa pele, de adorno;
nós queremos falar com a pele preta como traje de gala, com a tinta do urucum e do jenipapo, que
ornamenta o corpo das mulheres e dos homens indígenas que lutam por seus direitos. É assim que nós
queremos falar.
Encerro dizendo que nós vamos renovar a emenda no próximo ano e, ao mesmo tempo, vamos
tentar ampliá-la para conseguirmos mais bolsas. Vamos apresentar essa proposição.
Na audiência que faremos na Câmara dos Deputados para discutir o plano nacional, nós
queremos a presença de vocês. Eu já falei com a Fernanda para que vocês estejam à mesa para
fazermos a discussão do plano a partir do que vocês vivenciam. É convivência comunitária e familiar, e
nada substitui os laços e as tranças que nós fazemos. Vocês estão cheios de tranças, tranças uns com
os outros, para construírem um mundo diferente.
Por isso, sigamos adiante nas nossas tranças, nas nossas alegrias, nos nossos fios de luz, na
nossa construção de uma sociedade em que caibam todos, todas as pessoas da forma como nós
somos. Nós somos diversos e temos histórias diferenciadas. O que aconteceu nas nossas vidas nós não
mudamos, mas mudamos a forma como vemos o que aconteceu conosco.
Já dizia Sartre, um grande filósofo, que o que resta não é apenas constatarmos o que
aconteceu nas nossas vidas, na vida de todas as pessoas que aqui estão, mas o que nós vamos fazer
com o que fizeram conosco.
Nós vamos fazer muito porque nós somos fios de luz. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Muito bem, Erika. Obrigado.
Há mais alguns encaminhamentos. Fica a tarefa de desenharmos essa política, de pensarmos
numa proposição legislativa que contemple as várias dimensões.
Vocês vão ao Congresso Nacional, ao plenário do Congresso Nacional, vamos ganhando
espaço.
Quero dar uma resposta para a Rosana, que fez esse pedido de emenda para ajudá-los. A
deputada federal Erika Kokay reforçou esse ponto, ano que vem vai haver e nos comprometemos a
pensar em como ajudar com mais recursos.
Faltam esses 4 últimos eixos. Eu queria que apresentássemos todos em bloco. Eu acho que é
possível em 10 ou 15 minutos apresentá-los, e haverá uns 10 ou 15 minutos para as respostas. Pode
ser esse encaminhamento? Então, serão: regras nas unidades, lazer, sistema de justiça e saúde.
Passo a palavra para a nossa turma, para a Tainá, para o Estênio e para o Aleksandro.
ESTÊNIO EDUARDO DA SILVA SANTOS – Agora o nosso tópico é regras nas unidades de
acolhimento. Então, vamos começar a falar sobre isso.
Há uma regra na unidade. Como eu falei, nós estudamos e pesquisamos, fizemos conferências,
reuniões com outros acolhidos que participam também da nossa pesquisa com a Fiocruz. Esses dados
de que vamos falar agora são de pessoas, acolhidos que passam por essa situação.
Se não chegarmos em casa no horário do jantar, ficamos sem comida. Se não chegar no
horário, fica sem comida, fica sem comer, fica com fome. É uma coisa muito triste de se falar: se não
chegarmos no horário, ficamos sem comida. É uma situação que foi passada para nós e estamos aqui
para discutir sobre ela. Não pode existir isto: se não chegar no horário, fica sem comida. Não pode
existir.
Há outra: se não chegarmos em casa no horário estipulado, corremos o risco de dormir na rua,
se não procurarmos o conselho tutelar. Na minha opinião, o conselho tutelar acha que nós, em
acolhimento, já não precisamos mais dele, mas precisamos, sim, precisamos de todo o apoio possível.
Como assim: se não chegar no horário, fica na rua? Esse ambiente é a casa dele, é a casa onde ele
tem que ser acolhido. Não é um local a que ele tem que chegar até um certo horário senão vai dormir
na rua.
Você quer falar sobre esse ponto ou eu posso continuar? Se, meninos, quiserem falar sobre
isso, eu passo a fala para vocês, está bem? Podem ficar à vontade.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Vamos combinar de apresentarem todos em
conjunto. Mas podem ir comentando. Ele comenta, depois volta e vai passando.
ESTÊNIO EDUARDO DA SILVA SANTOS – Entendi.
Para terminar o terceiro, quando um descumpre a regra, acaba sobrando para todos. Eu acho
que eles estavam querendo que isso fosse falado aqui. Se alguém chegar atrasado até um certo
momento, no dia seguinte, outro não pode sair por conta daquele que chegou atrasado. Temos que
mediar isso, de maneira que funcione para as 2 partes, sem ferir direitos, como foi falado.
Uma ideia que apresentamos é que em cada unidade haja um grupo de adolescentes
representantes. Esses adolescentes terão acesso, periodicamente, à direção do acolhimento para
conversar sobre as diversas situações e para tentar mediar fatos, conflitos e outras coisas que venham
a acontecer mais à frente.
Agora vamos ao próximo tópico. Nós já falamos sobre regras nas unidades de acolhimento. Há
várias outras. Nós trouxemos algumas que ferem nossos direitos e que ferem aquilo que deve ser feito
para apresentar para vocês.
Vou passar a palavra para a minha colega Tainá.
TAINÁ ELISÂNGELA NASCIMENTO SOUSA – Agora vamos falar sobre lazer. Muitos acolhidos
têm dificuldade de acessar momentos de lazer quando estão no acolhimento por questões financeiras,
como a retenção da renda dos estágios. Quando saímos do acolhimento, o lazer é inexistente, só há
tempo para trabalhar e tentar pagar as contas. Quase não se estuda e pior ainda é o lazer.
ESTÊNIO EDUARDO DA SILVA SANTOS – O próximo tópico que queremos tratar é o sistema de
justiça e cidadania. Nós não conhecemos o juiz, o promotor nem o defensor dos nossos processos. Nós
só fomos conhecer algumas dessas pessoas por causa da pesquisa. Existem instituições de acolhimento
em que os acolhidos simplesmente não conhecem as pessoas que estão por trás de seus processos,
como o juiz e os servidores da vara da infância. Pode ser que a instituição já tenha visitado a vara da
infância, como é o meu caso. Eu já visitei a vara da infância, mas só fui conhecer melhor os
promotores quando comecei a participar dos projetos da Fiocruz. Foi só então que os conheci melhor,
que falei melhor com eles. Falta isso. Eu não conheço o juiz que ficou responsável pelo meu caso, não
sei quem é, não sei nem o nome. Assim fica difícil!
Os acolhimentos fazem eventos com as autoridades, mas nós nunca conseguimos falar com
elas. Trazemos nessa pesquisa, nessa informação que adquirimos com o tempo, que os acolhidos não
conseguem falar com as autoridades quando elas visitam a casa de acolhimento. Fica uma coisa muito
complicada, não é? Por que o acolhido não pode conversar com o juiz, não pode conhecer o juiz, não
pode conhecer um pouco do juiz? Trouxemos isso baseados na fala de uma pessoa: passamos a vida
acolhidos, e não conhecemos quem cuida dos nossos processos.
Então, a ideia que queremos deixar aqui é a seguinte: quando houver visitas nas unidades de
acolhimento, seja de juiz, seja de promotor, que elas sejam acompanhadas por um grupo de
adolescentes – aquele grupo que mencionamos lá atrás. Na escola, existe um grupo responsável por
representar os alunos. Por que não um grupo responsável por representar os acolhidos? Esse grupo
pode levar ao juiz, ao promotor a demanda de um acolhido. Esse grupo pode existir. Esse grupo tem
que existir. Essa é uma forma de o juiz estar mais perto, é uma forma de o promotor estar mais perto.
Querendo ou não, nós reconhecemos que existem muitos acolhimentos que o juiz e o promotor têm
que acompanhar. Há várias demandas. Acho que esse grupo traria representatividade para o
acolhimento. Acho que, se esse grupo chegasse mais perto dos promotores e dos juízes, essa seria
uma maneira de fazermos acontecer, de fazermos brilhar. (Palmas.)
TAINÁ ELISÂNGELA NASCIMENTO SOUSA – Vamos ao último tópico: saúde integral e
cidadania.
Unidades de acolhimento precisam receber prioridade de atendimentos nos locais de saúde.
Precisamos entender mais sobre os medicamentos que estamos tomando. Alguns deles não nos fazem
bem.
Sobre o programa de acompanhamento para egressos, quem estiver prestes a sair do
acolhimento precisa ter acompanhamento diferente. Quando completamos 15 anos, começamos a ficar
ansiosos, porque, aos 18 anos, precisamos sair do acolhimento. E o que vamos fazer da vida?
(Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Tainá e Estênio.
Eu vou passar a palavra para o David e para o Aleksandro, a fim de que eles possam comentar
esse tópico – esse é o nosso objetivo. Depois, passaremos a palavra para vocês dos equipamentos
públicos para fecharmos os nossos encaminhamentos.
ALEKSANDRO LEANDRO DE SOUZA – Eu quase chorei quando ela estava falando.
Isso, para nós, é uma grande realização. Nós estamos nesse processo, tentando buscar os
direitos que sabemos que temos. Estamos ocupando os espaços de pouquinho em pouquinho, mas os
estamos ocupando.
Quando falamos de jovens, pensam que é só diversão e tal. Nós estamos tendo essa
oportunidade e vemos que está valendo a pena. Estamos vendo que está igual ao que falei, pois acho
que em muitas reuniões em que eu estive, com muita gente importante, eu falo e repito: “Queremos
ação, gente!” Estamos falando aqui, vocês estão falando, mas vejo que vocês falaram e trouxeram a
solução. Muitas vezes temos só a fala: “Ah, eu vou resolver”. Igual ao que a promotora de justiça
falou, que há assuntos, que há coisas... Sobre a data que ela falou, eu não era nem nascido, gente.
(Risos.)
Coisas que falaram que iam resolver. Ela falava: “Mil novecentos e bolinha”, porque isso não
importa, o que quero falar é que só falaram. E estamos vendo essa realização que está tendo.
Podemos estar falando, mas está havendo ação, entendeu? Estão tomando providências, estão
trazendo ideias, estão falando de ideias. Mesmo falando de ideias, acho que mesmo assim não tem
ação, não é? Porque falam: “Ah, vou fazer uma ideia”. Não é uma ação, não é? Não tomaram
providências, não os vimos fazendo o que queríamos que fizessem.
E agora vou comentar do sistema de justiça. Eu acho que ele comentou também: gente, há
gente que mora em abrigo, aí falam assim: “É, às vezes, alguns juízes vão lá para visitar a casa”. Eu
fico impressionado, porque é como se fossem reis, não é? Só faltam jogar o tapete vermelho para eles.
Às vezes, não os conhecemos. Até tomamos algumas broncas pelo fato de ele ir lá e o nosso quarto
estar bagunçado. É o que acontece, não é? Somos jovens e, às vezes, somos molambentos,
desorganizados. Faz parte, gente, pois, às vezes, temos preguiça, mas isso não vem ao caso.
Só queria falar que, às vezes, não os conhecemos. Eu estou tendo a oportunidade de conhecer
bastante gente que achava que nunca ia conhecer. Às vezes, não conhecemos o juiz. Quando vamos
mudar de abrigo – às vezes, pedimos para mudar de abrigo; já ocorreu comigo de eu querer mudar –,
eles falam: “Tem que passar por um certo juiz para autorizar você a ir” ou: “Tem que falar com o dono
do acolhimento que tem a coordenação”. Só que nunca nem vimos o cara. A nossa vida está sendo
decidida por uma pessoa que nunca vimos.
São coisas sem noção. Não que temos a obrigação de conhecer. Não sei, mas acho que deveria
haver a obrigação de conhecer, porque, querendo ou não, são demandas que estão sendo tomadas por
ele e que não temos nenhuma opção de falar não ou sim.
Sobre o lazer, eu só queria comentar... É só uma ideia, pois no acolhimento onde eu estava,
havia algumas coisas que faziam para tentar agradar os acolhidos. Eu não sei o que aconteceu, mas
depois de um tempo foi desligado. Eu acho que eles recebiam uma renda para tentar dar uma alegria
aos adolescentes. Não aconteceu. Este é só um comentário.
Sobre as regras de acolhimento. Como o Estênio falou, acho que, antes de criarem qualquer
regra de acolhimento, deveriam passá-la para a supervisão de um adolescente, ou de um grupo.
Algumas regras são tomadas sem ao menos o técnico ou mãe social saberem. Fazem as regras, e elas
não passam pelo acolhido. Isso nos chateia muito. Aí, queremos bagunçar mesmo. Criam uma regra
sem o nosso consentimento e sem um debate. Deveriam ter uma conversa conosco, antes de criarem a
regra. Isso é muito bagunçado. Peço que trabalhem nisso também.
Era só isso. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Concedo a palavra ao David.
DAVID ALCIDES DOS SANTOS – Eu queria só falar um pouquinho sobre as regras no
acolhimento.
Eles nos retiram de um lugar. Na visão deles, a nossa situação, integridade, saúde mental e o
nosso cuidado estão num lugar precário. Se tiraram a criança ou o adolescente da sua família de
sangue, é porque o ambiente não estava agradável para eles.
Vamos supor que o adolescente atrase uns 10 minutinhos para chegar à sua guia de
acolhimento. O funcionário tem a capacidade de falar: “Hoje, você não entra porque chegou atrasado”.
Se fosse para eu ficar na rua, eu ficaria com a minha família. Se fosse para eu ficar sem alimentação
porque eu cheguei atrasado à guia de acolhimento, eu continuaria com a minha família. Assim, não
existe por que eu ir para um lugar que, para eles, é bom.
Eles nos tiraram de um lugar ruim que, na opinião de alguns, é bom. Só o jovem ou a criança
sabe o que acontece em casa. Quem está sentado numa cadeirinha de couro, na sua casa, faz um
evento e dá um presente, uma vez na vida, outra na morte, não vê realmente o que está acontecendo
física e mentalmente com o jovem. As pessoas não sabem o que passamos psicológica e
emocionalmente.
São coisas simples e fáceis de se resolver. Tenho certeza de que cada um aqui, com o poder
que tem, pode melhorar muito, muito, muito a guia de acolhimento e a vida daqueles que saírem dela.
Sobre o lazer, eu gostaria de reforçar uma coisa. Se todos estes jovens estivessem pedindo
coisas impossíveis para vocês, eu até entenderia e falaria: “vocês estão querendo demais, é palhaçada,
é patifaria!”, mas nós não queremos nada demais. Nós só queremos um lugar digno para morar. Nós
só queremos uma renda fixa e sustentável para vivermos e um lugar em que estejamos bem, sem
precisarmos nos preocupar com o dia de amanhã ou com coisas tão simples como tomar o café da
manhã, almoçar ou ter pelo menos uma sandália para usar.
Era isso, gente.
Obrigado. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, David.
Eu vou pedir um pouquinho de paciência a vocês.
Agradeço muito vocês terem topado estar aqui até agora, escutando e tentando responder aos
questionamentos.
Pergunto se alguma das meninas ainda quer falar. Se não quiserem, não há problema; mas, se
alguém quiser, por favor, sinalize, porque o espaço hoje é de vocês. Estamos aqui para ouvi-las.
Se alguém quiser falar, é só apertar o botão aí na frente.
Peço 5 minutos a mais de paciência dos presentes para ouvi-las.
Por favor, diga o seu nome antes de começar.
REGIANE – Meu nome é Regiane. Sou da instituição Casa de Ismael. Mais uma vez, eu queria
falar sobre a nossa realidade lá.
Como eles falaram, há várias ocasiões em que ficamos para o lado de fora de casa. O que
adianta nos tirarem das nossas famílias e nos colocarem em um lugar onde vamos ficar fora de casa,
num lugar onde ficamos sem comida se chegamos depois do horário? O que adianta nos tirarem das
nossas famílias, dizendo que vão trazer algo melhor para nós e termos de passar por tudo isso?
Aliás, sem poder conversar com ninguém, porque ninguém nos dá ouvido. Tentamos conversar
com uma pessoa, ela fala, promete que vai nos ajudar e nunca ajuda.
Se tentamos por outros meios buscar ajuda de outras pessoas, simplesmente podemos ser
transferidos de local, podem colocar coisas que não são verdades sobre nós em nossos relatórios sem
que tenhamos acesso a eles.
Quem já passou pelo serviço de acolhimento sabe que o que estou falando é verdade. Eu moro
lá faz 1 ano e sempre passei por isso.
Eles querem porque querem nos obrigar a fazer coisas que não queremos. Eu moro lá por
escolha minha. Eles querem me obrigar a morar com o meu pai, mas eu não quero. Eu nunca tive um
pingo de convivência com ele. Não há motivo para eu morar com uma pessoa com quem só converso
por telefone. Seria a mesma coisa de eu morar em um vizinho.
Eles têm pouca empatia por nós. Eles fazem pouco caso de nós. Eles só estão lá pelo dinheiro e
pelo trabalho. Não por nós. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Regiane.
Eu vou devolver a palavra para as nossas secretarias e para o Ministério Público.
Peço para apertarem o botão para que eu identifique quem vai falar.
Vamos sistematizar alguns combinados.
Pensarmos, junto com a Sedes, que tem uma relação direta com as entidades, essa questão de
haver uma representação dos adolescentes em cada unidade para mediar essa relação na definição das
regras e dos conflitos. Aqui surgiram apenas alguns, mas sabemos que há outros, e é preciso combinar
essa mediação.
No debate do lazer e do direito à cidade, podemos pensar como poder público, governo e
Legislativo na expansão do passe-livre. Acessar os equipamentos da cidade é muito importante.
Podemos pensar nas entradas em eventos e em agendas culturais. Hoje há meia-entrada na educação,
mas podemos pensar em mecanismos de incentivo e acesso a esses espaços. Podemos oficiar a
Secretaria de Cultura sobre editais de fomento à cultura, do FAC, porque eles querem acessar e
também porque há pessoas que produzem cultura. Como garantir esse acesso a eles? Isso pode ser,
inclusive, fonte de renda, trabalho e emprego por meio do setor cultural.
Quanto à questão do sistema de justiça, o Ministério Público pode ajudar muito nesse processo
e nessa mediação. Hoje vocês reclamaram que não conhecem os promotores e os juízes; as
promotoras vocês conheceram hoje. Vamos ajudá-los nesses processos. Se há uma visita institucional
do sistema de justiça, do Ministério Público, dos órgãos de controle, vamos escutá-los, visitá-los, ouvir
a demanda de quem está ali. Esse é um bom e possível encaminhamento.
Do ponto de vista da saúde integral, Fernanda, trago esse desafio porque há muita coisa com
relação à saúde mental e aos medicamentos: como isso é tratado, como isso é ofertado, quais as
condições. Isso é fundamental porque sabemos que essa lógica insiste e perdura. Vamos mediar esses
problemas e fazer esse acompanhamento na entrada e na saída. Sabemos da dinâmica do SUS, das
regulações e dos desafios existentes. Como podemos pensar em linhas de cuidado e protocolos
específicos para esses processos?
Eu queria minimamente combinar alguns encaminhamentos desses eixos ouvindo vocês.
Agradeço demais a presença de todos.
Vou passar a palavra à Luisa e, em seguida, à Rosana.
LUISA DE MARILLAC XAVIER DOS PASSOS – Primeiro eu queria falar com o Estênio e com a
Regiane que o Ministério Público vem, há muito tempo, tentando um canal de escuta com as crianças e
os adolescentes, sempre mediados pelos próprios serviços. Percebemos que não adianta só fazer a
visita, estar lá, ser mediado pelos próprios serviços, para construir uma confiança que permita a vocês
realmente se expressarem e trazerem os problemas reais que vivem no cotidiano.
Então, não é só a existência de um canal para que vocês possam reivindicar os seus direitos,
mas também de uma metodologia, porque, quando falamos de adolescentes, especialmente de
adolescentes afastados de suas famílias, que estão acolhidos dentro de instituições, o canal não basta.
Precisamos ter a metodologia.
Eu queria agradecer muito a essa equipe de pesquisa da Fiocruz, que tem possibilitado essa
construção de uma fala autônoma, independente e com essa confiança que permite que questões tão
graves sejam trazidas por vocês. As questões que vocês estão trazendo não são questões, não são
meras limitações, são violações. São violações gravíssimas de direitos.
Eu acho que o Ministério Público – queria aqui falar por mim, pela Rosana, pela Liz, mas
também por Leslie, também por Brenda, também por Renato – estamos comprometidos com vocês a
apurar essas responsabilidades. Nós precisamos apurar essas responsabilidades. E precisamos estar
comprometidos com vocês. E vem uma delicadeza... E eu peço muita confiança da Sedes, da Secretaria
de Justiça e dos outros serviços, porque precisamos trabalhar com isso, protegendo os adolescentes
que estão no serviço.
Em relação a Estênio, o Estênio trouxe uma vocalização de fatos que ele ouviu de vários
acolhidos do projeto. A Regiane trouxe uma situação que ela está vivendo. E me preocupa que ela
possa ser retaliada por isso.
Então, eu acho que todos nós precisamos estar comprometidos em protegê-la, em proteger
esses meninos que estão trazendo essas situações tão graves para nós, como autoridades. E nós
precisamos nos comprometer em protegê-los. Nós precisamos nos comprometer para que nunca mais
esses meninos passem por violação de direitos, porque não chegar no horário pode gerar uma punição
disciplinar dentro de um serviço de acolhimento, mas essa punição disciplinar nunca pode ser a
privação de um direito fundamental, nunca pode ser a privação de um direito fundamental. Nunca pode
haver privação de alimento, privação de casa, privação de lugar para dormir, privação do seu direito
fundamental. Isso não pode!
Nós precisamos estar aqui juntos e comprometidos para que isso se modifique. Só para ser
mais pontual, eu queria que pudéssemos nos comprometer, nessa construção, porque as orientações
técnicas para o serviço de acolhimento já falam das assembleias de acolhidos desde 2009. A nossa
fiscalização do Ministério Público cobra essas assembleias de acolhidos. No entanto, as nossas
fiscalizações não são suficientes, por quê? Claro, quando o promotor chega no serviço de acolhimento,
ele está o tempo todo mediado pelos próprios profissionais de serviço. Então, os meninos não têm um
canal de conversa direta e, mesmo que tivessem, que essa conversa fosse pontual, não adiantaria,
realmente essa metodologia de construção de confiança teria de existir para que essas coisas
pudessem vir à tona.
Agradeço à Fiocruz. Nessa política junto aos acolhidos, nós precisamos pensar em ouvidorias e
em instâncias mediadoras. Que eles não passem só pelos serviços que executam o programa. Essa é a
execução de uma política muito delicada, ela precisa de um controle diferenciado. Nós precisamos
encontrar uma sistemática eficaz para isso.
Vocês nos trouxeram fatos graves, como a questão da medicalização, sem saber o porquê, sem
saber que remédios são esses que tomamos. Aqui há uma dinâmica de controle de comportamento, de
controle de subjetividades, que é intolerável numa democracia.
Era o que eu tinha a dizer.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, doutora promotora Luisa de Marillac.
Contamos com o Ministério Público. Sairemos daqui com alguns pactos feitos para melhor
desenharmos esse processo. Mais uma vez parabenizo o papel do Ministério Público.
Passo a palavra Rosana Viegas, promotora dos direitos da criança e adolescente.
ROSANA VIEGAS E CARVALHO – Em sua fala, a Luisa já nos representou. Nós temos que nos
comprometer em criar essa metodologia, essa forma de atuação.
Eu gostaria de dizer que nós fiscalizamos os abrigos devido a uma resolução do CNMP. Essa
resolução passou por uma transformação e trouxe agora a obrigação da escuta dos adolescentes e das
crianças. Nós estamos pensando na criação de uma metodologia de escuta onde eles possam se
manifestar livremente.
Eu quero trazer uma outra questão, a qual eu acredito que conseguiremos resolver. Se não for
possível resolvê-la, pelo menos olhar para ela: a questão do direito à saúde. Em razão das dificuldades
do SUS, há filas de regulação, assim como há fila para creche. Do início do ano para cá nós fizemos um
belíssimo trabalho. Colocamos pontuações de vulnerabilidades no manual de ingresso às creches para
que houvesse equidade nessa fila. Eu acho que nós precisamos construir esse mesmo processo junto à
Secretaria de Saúde, para garantir não só a fila já existente, mas a sua equidade. Os jovens e as
crianças do acolhimento encontram-se numa enorme situação de desigualdade. Nós precisamos trazer
instrumentos para nivelar e trazer equidade a ela.
Neste momento eu me comprometo... Não sei em que hora, mas precisamos arranjar um
tempo para trabalharmos nessas filas de regulação. Não é possível que um menino que precisa entrar
no Adolescentro entre numa fila comum e fique sem atendimento, acabando por ser atendido por um
profissional voluntário, que lhe receita um monte de medicamento, sem ninguém saber que
medicamento é esse, deixando os meninos desatendidos. Então, também precisamos nos comprometer
a criar essa pontuação na regulação e dar o atendimento prioritário para quem mais precisa. É isso.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Rosana.
Concedo a palavra à Aline, da Sedes.
ALINE PEREIRA – Oi, gente, eu teria muitas coisas para falar, mas já passamos do tempo.
Então, quero encaminhar uma sugestão para o pessoal da Fiocruz. Eu posso falar de algo que
talvez a minha chefia já saiba, já faça, mas eu não tenho conhecimento de nenhuma agenda da Sedes,
principalmente da Diretoria de Acolhimento, com a Fiocruz. Seria interessante realizarmos um encontro,
mesmo que apenas uma oficina, para ouvirmos com calma isso que os meninos estão trazendo. Aqui
há diversas políticas, há coisas que nós podemos responder, mas há coisas para as quais precisamos
encontrar soluções mesmo e eu acho que num outro espaço conseguiríamos fazer isso melhor. Deixo
aqui a proposta para que tenhamos um momento específico de diálogo com os meninos.
Aproveito também para responder algo que foi trazido mais cedo sobre a construção do PIA. O
que me foi passado é que os cronogramas estão sendo pensados. O que está acontecendo agora é
uma discussão teórica, então, não caberia o que foi pedido. Amanhã ainda haverá uma atividade e
todos estão convidados – apesar de a inscrição já ter passado – a participar de uma parte do evento.
Caso haja interesse de alguma instituição específica em participar, podemos reabrir as inscrições para
participar da construção do PIA. Na própria construção do Plano de Acompanhamento Individual, virão
muitas das soluções que os meninos trouxeram.
Sobre propostas quanto à questão da empregabilidade, acho que nenhum colega do trabalho
se manifestou, mas na Sedes há reserva de vagas do Renova. Acho que a promotora falou sobre o
Renova. Nós encaminhamos pessoas em situação de rua, por meio da cota do Renova, para
qualificação profissional. Eu acho que podemos fazer a provocação para que haja reserva de vagas
para os egressos, porque isso já existe para a população de rua. Então, nessa cota incluiríamos
oficialmente os meninos. Não poderiam ser tantos meninos assim, mas acho que é algo que poderia
ser ajustado na política. Nós não podemos interferir em outra política pública, mas podemos sair daqui
com uma recomendação para o Renova. Isso nos ajudaria muito, porque para nós também é um
desafio inserir esses meninos no mercado de trabalho após os 18 anos. Lembro que o Renova só
atende pessoas após elas completarem 18 anos.
Por fim, eu queria abrir um diálogo com a Secretaria de Educação. Os meninos trouxeram a
questão do bullying, mas há muita dificuldade em conseguir fazer os meninos assumirem a vaga na
escola. A vaga é estabelecida, mas às vezes, quando vem o processo sobre menino de acolhimento,
uma vaga que conseguiríamos em uma semana, demora 1 mês para ser garantida. Depois,
conseguimos a vaga na escola, só que vamos para a permanência. E eu vou dizer: estamos com muita
dificuldade, muita dificuldade, principalmente com os adolescentes da execução direta. Isso acontece
porque eles acabam fazendo a indicação de reserva e não priorizam o local mais próximo, priorizam a
faixa etária. Então, começamos a enfrentar o problema do transporte para os meninos. Nem todos os
acolhimentos têm meios para garantir o transporte e, até conseguirmos o passe livre, os meninos já
perderam 3 meses de aula.
Os meninos trouxeram um assunto sobre o qual devemos fazer um debate depois. Eu até
gostaria de saber a visão das promotoras sobre isso. O fato de o menino estar no acolhimento,
teoricamente, não pode ser publicizado. Então, estranhei o que falaram sobre os alunos terem visitado
a unidade de acolhimento. Isso, até onde eu sei, é algo que não pode acontecer. Isso estigmatiza o
acolhido. Nós trabalhamos para que ele seja tratado como qualquer outro educando na escola e, não,
como menino do acolhimento. Há vários relatos de estudantes que vão para a escola regular e voltam
dizendo que já ouviram de professores que meninos como eles não eram para estar naquela escola,
que a escola não era do nível deles, que meninos de abrigo são Chiquititas. Muitas vezes fazem
confusão e os chamam de infratores, confundem o Suas com o Sinase. Então, percebemos que a
educação não compreende mesmo o papel da assistência e acaba confundindo os meninos com
aqueles que estão cumprindo medidas socioeducativas. São 2 públicos diferentes. Os meninos sofrem
muito preconceito na escola.
Precisamos reforçar o que a promotora trouxe agora no final. Não conseguimos fazer
acompanhamento nos Caps com os meninos de acolhimento, porque é muito difícil! Todos eles vêm
com algum processo de transtorno, de ansiedade, de TDAH e de outras coisas da própria família.
Fazemos o acolhimento de porta aberta e o menino só conseguirá vaga para 6 meses ou 7 meses
depois. Muitas vezes esse menino se evadiu do acolhimento e não conseguimos garantir o acesso à
saúde. Então, nós do acolhimento temos muita dificuldade com a inserção dos meninos na política de
saúde. Eu acho importante essa proposta da promotora de que haja na regulação um sistema
prioritário para que consigamos fazer o acompanhamento desses jovens do acolhimento. Afeta muito a
saúde mental deles dentro do acolhimento o fato de não conseguirmos vaga no COMPP, no
Adolescentro e no Capsi.
Fico à disposição para que possamos, em outro momento, responder às dúvidas e abordar
outras questões, como as que a Rejane trouxe. Eu acho que são temas sensíveis de que podemos
tratar em outro espaço, mas já está registrado.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Aline.
Iremos ouvir quem quiser fazer a sua manifestação. Depois voltaremos à mesa para as últimas
considerações e para encerrar esta sessão.
Concedo a palavra à Patrícia.
PATRÍCIA SOUZA MELO – Imagina, nós que agradecemos a oportunidade de estar aqui.
Sobre o acesso à escolarização, além das leis que já assistem a esses estudantes, como a Lei
nº 12.010/2009, além do ECA, além da Constituição federal e além de toda a legislação que já os
assiste, como eu falei na minha primeira intervenção, há uma portaria específica dentro da Secretaria
de Educação, que é a Portaria nº 46, de 7 de março de 2013. Essa portaria institui, no âmbito da
Secretaria de Educação, a política de inclusão educacional e o acompanhamento de escolarização de
crianças e adolescentes em acompanhamento institucional, com igualdade de condições e
oportunidades para o acesso e a permanência nas unidades escolares.
Essa portaria regula todo o atendimento dentro da secretaria e aborda nos artigos todos os
direitos do estudante, com igualdade de condições a acesso e permanência na unidade escolar. Se
houver algum fato que esteja fugindo dessa portaria, se houver um descumprimento da lei, das
normativas legais federais e da própria instituição, isso precisa ser levado à Diretoria de Direitos
Humanos. Podem entrar em contato conosco para apurarmos a situação.
Como eu disse também na minha primeira fala, nós nos comprometemos a dar maior
visibilidade a esse caderno pedagógico para que os profissionais estejam reiteradamente discutindo e
trazendo acolhimento a esses estudantes de forma mais clara. Esse papel pedagógico é nossa função,
nossa obrigação, e nos comprometemos a reforçar essa portaria que já existe, mas entendemos que os
profissionais da educação precisam ter conhecimento dela e fazer cumprir o que está na portaria.
Aproveito este momento para encerrar a minha fala e agradecer mais uma vez a oportunidade
de estar nesta casa. Para mim, foi uma aula de educação e de cidadania. Meninos, eu dirijo a minha
fala final a cada um de vocês. Aleksandro, David, Estênio, Tainá e Regiane, que falou por último, vocês
são brilhantes. Eu já havia tido a oportunidade de escutar o Aleksandro e o Estênio na conferência.
Quanto potencial vocês têm! Como vocês são inteligentes, como vocês têm futuro pela frente!
Nós estamos aqui, como poder público, para garantir os direitos de vocês. Eu tenho certeza de
que todo mundo sairá daqui com a cabecinha fervendo de ideias e de possibilidades para que
trabalhemos ainda mais, inclusive, intersetorialmente. Eu estava comentando com a promotora que nós
já trabalhamos intersetorialmente e somos muito próximos da Sejus; do MPDFT, na pessoa da doutora
Liz Elainne; da Secretaria da Mulher e de outras secretarias com as quais estamos sempre nos falando
e articulando, numa proximidade maior.
Que possamos sair daqui, realmente, com essas tarefas de casa e esses encaminhamentos que
foram apontados. Você colocou muito bem, Aleksandro: que não fique apenas nas ideias, mas que
realmente aconteça algo. Acreditem no potencial de vocês e não deixem que ninguém diga que vocês
não têm o talento e a possibilidade que mostraram para nós. O que vocês viveram até hoje já foi
superado. Isso é realmente uma lição de vida para cada um de nós.
Eu encerro a minha fala dizendo que aprendi muito no CDCA, no Comitê Consultivo de
Adolescentes. Há uma frase deles que diz que eles não precisam que nós, adultos, demos voz a eles,
porque eles já a têm; eles precisam ser ouvidos por nós. Essa iniciativa hoje do deputado, de colocar
vocês à frente dessa questão, reforça esse protagonismo de vocês.
Parabéns pela audiência.
Esse momento foi importante para que voltemos para as nossas secretarias com mais afinco e
determinação para cuidar de vocês da melhor forma possível.
Obrigada. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Patrícia.
SIMONE RODRIGUES TORRES – Eu só quero agradecer. Esta audiência foi, realmente, como a
Patrícia falou, uma aprendizagem. Eu sou a professora Simone. Estou fazendo parte da equipe de
socioeducação na Diretoria de Modalidades Especiais.
Eu ouvi todos e estou um tanto quanto chocada, porque estive à frente da seção de direitos
humanos e diversidade. Trabalhei durante 12 anos com todo o público infanto-juvenil. Eu sei que
existem essas ilegalidades, vamos chamar assim, mas o que eu ouvi hoje de vocês é tortura. Como
comentamos, é um crime sério.
Eu agradeço a oportunidade de ter ouvido isso. O que estiver ao nosso alcance, como
secretaria, podem ter certeza de que será feito.
Dentro da socioeducação, já era algo que vinha sendo pensado, porque nós estamos
atualizando as diretrizes. Há um caderno orientador também, que vai fortalecer esse trabalho.
Ser acolhido, por qualquer que seja o problema, não desmerece a figura de ser um cidadão, de
ter direitos e ser respeitado. O que está acontecendo? Um ser não pode ser privado, como bem
disseram as nossas colegas, de direitos básicos. Isso é crime, gente! Eu não estou nem raciocinando
direito, mas parabenizo todos vocês, adolescentes e jovens que aqui estão.
Tenho certeza de que tudo o que foi colocado vai ter realmente uma solução e bem rápida.
Agradeço a oportunidade de estar pela primeira vez nesta casa, participando com vocês. É um
aprendizado. Levo cada colocação dentro do coração e vou tentar articular algo com a Patrícia para
resolvermos da melhor forma possível.
Em resposta a você, Aline, na Secretaria de Educação temos projetos dentro das escolas que
dizem respeito à sexualidade. Isso é lei. Nós esbarramos numas situações que fogem à compreensão.
Devem ser trabalhados tanto sexualidade, como doenças DSTs, como bullying, como preconceito. Há
uma gama enorme de direitos humanos previstos em lei, e eles têm que ser cumpridos. Inclusive, isso
consta dentro de alguns projetos políticos pedagógicos. Se não são desenvolvidos, então é preto no
branco.
Quanto ao trabalho desenvolvido, é um trabalho em rede, porque, sozinha, a educação não dá
conta; não temos pernas para isso.
Eu agradeço esta oportunidade, que, para mim, está sendo fantástica.
Obrigada, deputado Gabriel Magno. Agradeço a nossa secretária o fato de, por ela não ter
podido comparecer, nós termos vindo no lugar dela. E, aos meninos, obrigada por conhecê-los.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Simone.
Concedo a palavra à Fernanda Falcomer, da Dissam, Diretoria de Saúde Mental, Secretaria de
Saúde.
Obrigado, Fernanda, pela presença.
FERNANDA FALCOMER – Obrigada.
Eu vou ser breve. Repito a fala das colegas sobre a importância desta oportunidade de ouvir
cada um de vocês, que são porta-vozes de tantos outros.
Quero agradecer a coragem. Ao vê-la falar ao meu lado, eu pensei: “Que menina corajosa de
falar de forma tão firme em relação a isso!” É ouvindo que podemos ajudar a proteger e a rever,
mesmo, os nossos processos, porque, de fato, temos processos que precisam ser melhorados.
Então, agradeço-lhes muito a coragem, parabenizo-os por isso e coloco-me à disposição.
Eu fiz uma anotação – eu prometi –, são 3 folhas de anotações. Vou levá-la para a equipe, a
fim de entendermos onde está havendo barreiras de acesso. Temos nos aproximado muito da Sedes no
processo de desinstitucionalização que a política de saúde mental está fazendo aqui no Distrito Federal,
em um primeiro momento com adultos que saem de hospitais psiquiátricos, e temos discutido a
questão com as equipes de acolhimento de adultos. Eu levo isso para a comissão de desinche, a fim de
aprimorarmos os processos e de estarmos mais junto dessas unidades de acolhimento e, assim,
verificarmos qual é a barreira.
Relativamente à ideia do índice de vulnerabilidade, a secretaria aprovou e publicou
recentemente uma nota técnica da atenção primária, para trabalhar com tal índice. A Carine, que
estava aqui, é uma das responsáveis, e eu acabei de falar com ela para incluirmos um índice que possa
garantir prioridade. Nós trabalhamos, no âmbito da gestão das filas, com um processo de sofrimento
psíquico. Estamos lançando agora a nova nota técnica e fazendo uma gestão na ação civil do COMPP,
do Adolescentro, para tentar diminuir isso e garantir o atendimento. Mas, desta informação dos
voluntários, realmente nós não tínhamos conhecimento. Eu vou verificar e acionar os conselhos de
classe para, junto com a Sedes, Aline, termos acesso à lista desses profissionais de saúde e fazermos
um trabalho integrado e protetivo.
A nossa posição é contra a institucionalização, contra a medicalização excessiva. Então,
precisamos atuar juntos para garantirmos o acesso.
Sobre os direitos sexuais e reprodutivos, isso é um direito no âmbito do SUS. Há uma atuação
ativa para proteção e ação em relação à violação de direitos sexuais. Essas notificações das gravidezes
são um indicador. Sobre a gravidez na adolescência, também anotei aqui, para levar para as meninas e
trabalhar isso do ponto de vista do gênero – também trabalhar com os meninos. Os meninos também
têm responsabilidade neste processo de compreender um pouco mais sobre os direitos sexuais e
reprodutivos. Muitas vezes isso fica só em cima das meninas. As meninas é que têm que se proteger e
não engravidar. Tentaremos ampliar isso um pouco mais e fazer esse debate.
Unidades de saúde. Meninos e adolescentes, todas as unidades de saúde da SES, diante de
uma situação de violação de direito, de violência, mesmo violência institucional, devem notificar os
órgãos competentes. Nos atendimentos, não existe sigilo para violação de direito no âmbito do SUS.
Então, sintam-se à vontade nas consultas que vocês conseguirem, nos Caps ou onde vocês estiverem.
Se for no âmbito do SUS, qualquer tipo de violação, nós também somos porta aberta para acionar a
rede de proteção e para viabilizar a proteção integral. Nós nos colocamos à disposição.
Acho que hoje é só um momento mesmo. Nós estamos com vocês, com um plano para
desenvolver essa política tão importante.
Muito obrigada.
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Muito obrigado, Fernanda. (Palmas.)
Você tem sido muito parceira. Nós sairemos daqui com um monte de tarefas.
O Edson pediu para usar a palavra.
Edson, eu vou pedir que o faça por 2 minutinhos, porque nós já estamos muito atrasados. Eu
vou liberar, mas peço para ficarmos nos 2 minutos, para encerrarmos a nossa comissão geral.
EDSON FERREIRA CAMPOS – Eu sou Edson Ferreira Campos. Sou diretor das obras sociais do
Centro Espírita Irmão Áureo. Nós mantemos 2 unidades de acolhimento, uma em Brazlândia e a outra
em Taguatinga.
Primeiro, quero agradecer a esses adolescentes que vieram tocar nesses pontos. Às vezes, nós
temos dificuldade de enxergar tudo isso, mas eles vêm e abrem os nossos olhos.
Outra coisa – bem rapidinho – é com relação aos egressos. O maior sofrimento da direção de
uma casa de acolhimento é não poder acompanhá-los após os 18 anos.
Nós já tomamos algumas iniciativas para melhorar isso lá na nossa casa. Só queremos
acrescentar uma sugestão, para que fique anotada: que se faça algum projeto para que o jovem da
casa de acolhimento, a partir dos 17 anos, seja recebido, em um estágio, por uma empresa que possa,
depois desse estágio, dar-lhe um emprego quando ele sair do acolhimento, casando essas coisas.
Eu queria me manifestar com relação à gravidez na adolescência e fazer um alerta quanto a 2
posições que são muito importantes: que haja a prevenção, que se possa discutir, botar as cartas na
mesa, para que não aconteça. É uma obrigação nossa garantir esses direitos.
Depois que a adolescente está grávida, a visão tem que ser outra. Tem que haver carinho,
orientação e acolhimento, para que não ocorra mais um trauma. Aí, é viver a maternidade, é construir
o seu futuro.
Nós agradecemos a todos que estão aqui a oportunidade...
(Soa a campainha.)
EDSON FERREIRA CAMPOS – ... lembrando que, toda vez que falarmos de acolhimento, vamos
lembrar, também, que a instituição de acolhimento é uma garantidora dos direitos da criança. Aqui,
todos estamos do mesmo lado.
Muito obrigado. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Edson.
Eu devolvo a palavra para os meninos, para a Tainá, para, se quiserem, fazerem as últimas
considerações antes de encerrarmos esta reunião.
ESTÊNIO EDUARDO DA SILVA SANTOS – Vamos lá.
Foi muito bom estarmos aqui, foi muito bom discutir com vocês sobre essas demandas e foi
muito bom trazer demandas dos nossos colegas que não puderam estar aqui.
Estamos representando vários colegas nossos, mas quero pontuar uma questão: quando
acontecer esse tipo de reunião envolvendo adolescentes de instituição, acho que todos os adolescentes
da instituição têm que estar presentes.
Eu vejo, se eu não me engano, 2 instituições presentes: Casa de Ismael e Lar de Eurípedes.
Está faltando mais adolescente aqui. Está faltando mais ocupação neste ambiente. Tem que haver
divulgação e apoio, porque é muito importante mostrar para os adolescentes os seus direitos, mostrar
que eles podem vir aqui, à frente, falar daquilo que está ferindo seus direitos.
Primeiramente, a próxima comissão que houver, tem que estar cheia. Os adolescentes têm que
estar presentes e as instituições têm que estar presentes, têm que trazer os seus acolhidos. É muito
triste ver que só há 2 instituições presentes neste ambiente.
Eu quero falar sobre a questão de as escolas não poderem visitar o acolhimento. Se queremos
combater o bullying, como podemos fazer isso? Mostrando o que realmente é. Por que queremos
esconder isso? Acho errado, sim, não poder haver visitação. Se queremos combater o preconceito, não
podemos nos esconder.
Muito obrigado, gente. Muito obrigado por terem nos ouvido e vindo até esta plenária. Muito
obrigado por tudo.
Antes de passar a palavra aos meus amigos, quero falar um pouco sobre saúde mental, porque
hoje é o Dia Internacional da Saúde Mental. A saúde mental, infelizmente, está precária em todos os
locais: no ambiente escolar, dentro do lar, em todos os ambientes que envolvem a adolescência.
Nós adolescentes estamos aqui também para lutar pela saúde mental, pois tudo que discutimos
hoje envolve saúde mental. Se nada aqui acontecer, isso vai ferir nossa saúde mental. Sair do abrigo e
faltar emprego, por exemplo, querendo ou não, vai afetar a nossa saúde mental.
O pensamento que quero trazer hoje é: como está a saúde mental dos adolescentes em
situação de acolhimento? Como está sendo o cuidado da saúde mental desses adolescentes e como
eles estão sendo acompanhados?
Muito obrigado, gente. Tenham uma boa noite. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Estênio.
Eu queria só observar uma coisa: vocês viram como eles terminaram suas falas? Começaram
todos tímidos, e estão terminando encaminhando tudo. Nem preciso mais ficar aqui, porque eles
resolvem os encaminhamentos. É um negócio impressionante. Parabéns!
Concedo a palavra à Tainá.
TAINÁ ELISÂNGELA NASCIMENTO SOUSA – Quero agradecer a oportunidade que vocês estão
nos dando para sermos ouvidos e podermos realmente melhorar o futuro próximo.
O que estamos tentando fazer é não deixar aqueles que estão vindo passar pelo que nós
passamos.
Muito obrigada. Agradeço muito a vocês. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Tainá.
Concedo a palavra ao David.
DAVID ALCIDES DOS SANTOS – Boa noite. Eu queria agradecer este momento tão digno e tão
importante. É gratificante a presença de todos vocês. É uma honra estar na Câmara Legislativa. Nem
todos imaginam estar sentados em um lugar tão importante, ao lado de pessoas tão importantes, com
pessoas tão importantes os ouvindo. Agora temos – não vou falar um pingo – um pouco de expectativa
de mudança.
Um tempo atrás, quando começou o projeto com a Fiocruz, eu não imaginava que hoje, depois
de completar 18 anos, eu estaria aqui. Muito tempo atrás, eu pensava que nunca pisaria aqui. A
Fiocruz nos ajudou a chegar a lugares importantes, a ter outros campos de visão, a ter uma
mentalidade diferente. Ela não nos ajuda somente a desenvolver diálogos, mas também a desenvolver
nosso autoconhecimento e pensamento crítico.
A Fiocruz nos ajudou muito. Para todos os jovens que estão no projeto – não só os que estão
vestindo a camisa laranja hoje, mas todos aqueles que já participaram e que estão participando do
projeto –, a Fiocruz é muito importante, porque nos ajudou bastante em todos os pontos, até na saúde
mental. Às vezes ela nos ajuda a conversar assuntos que não conversamos com amigos nem mesmo
com psicólogos. Lá, nós nos sentimos livres para falar, sentimos liberdade para chegar às pessoas e
conversar assuntos que não conversamos com qualquer um. Quero agradecer este momento e,
principalmente, agradecer à Fiocruz. Obrigado, gente! (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, David.
Concedo a palavra ao Aleksandro.
ALEKSANDRO LEANDRO DE SOUZA – Boa noite. Quero fazer um comentário sobre saúde
mental. Acho este um assunto bem importante, até porque essa é uma das coisas com as quais tenho
mais problema.
Eu acho que a base de tudo é a mente. Tudo depende da nossa mente, gente! Isso é uma
coisa tão profunda, não é? Como o David falou, há coisas que não falamos para ninguém, que ficam se
debatendo em nossa cabeça. Até com vocês pode ter acontecido isso – com certeza aconteceu. E
aconteceu ainda mais conosco, que passamos por muita coisa. Agora que estamos saindo do
acolhimento, a saúde mental é superimportante para nós.
Agradeço por estar aqui e espero estar novamente, com mais jovens. Fiquei um pouco
decepcionado, porque estávamos sob grande pressão lá fora, imaginando que este lugar estaria lotado,
pensando o que falaríamos. Sério, eu pensei que aqui estaria cheio de gente, pensei até que o plenário
era maior. Umas pessoas me falaram que aqui era grande, mas eu achei meio pequeno. Não
apareceram tantos jovens, como eu esperava. Eu pensava que haveria até pessoas de escolas. É que
são assuntos que nos dizem respeito. A presença dos jovens é importante.
É importante também a presença de vocês que estão nos ouvindo, mas, como falei, não é só a
fala que eu quero; não é só a fala que nós queremos. Estávamos comentando que parece que, do
pouquinho do que falamos, algumas coisas vão acontecer. É isso o que queremos.
Ficamos felizes. Nós agradecemos. É isso. Agradeço demais a oportunidade; demais, demais
mesmo.
Gente, se vocês me conhecessem há 5 anos, vocês nunca imaginariam que eu me
transformaria na pessoa que sou hoje. Sou totalmente diferente!
Eu queria agradecer a uma pessoa específica: a Lorena. (Palmas.)
Agradeço não só a ela. É que ela é a cabeça do nosso grupo. Agradeço a essas 2 aqui também.
Elas merecem uma salva de palmas também. (Palmas.)
Agradeço ao Janjão. Ele é o nosso fiel escudeiro nas gravações. Se vocês virem qualquer
gravação do nosso grupo, é aquele cara lá que faz. Aquele cara é foda! Ele é foda demais! (Palmas.)
Agradeço a vocês também. Uma salva de palmas para vocês. Esperamos que vocês tragam
soluções de verdade para nós.
É isso. Agradeço. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Obrigado, Aleksandro.
Concedo a palavra à Fabiana Damásio.
FABIANA DAMÁSIO – Estamos aqui às 19 horas e 10 minutos. Continuamos aqui porque
sabemos o tamanho da responsabilidade que temos com todos esses jovens, com o futuro dos jovens
que estão aqui, com o futuro dos jovens, como eles falaram.
Para mim, o maior aprendizado é saber que eles podem falar aqui por eles e falar pelo coletivo.
Eu também, aqui, hoje, sou só agradecimento. Agradeço ao deputado Gabriel Magno, que,
desde o primeiro momento em que conversamos com ele, foi não só sensível, mas também
comprometido e dedicado. O deputado assumiu toda a agenda.
Como Fiocruz, sempre falamos de ciência cidadã. O que, hoje, vivemos aqui no plenário é um
exemplo de ciência cidadã, de ciência construída com vocês, de ciência construída para que realmente
uma realidade seja modificada.
Hoje, eu saio daqui emocionada. Saio daqui com muita esperança.
Eu também sou mãe de adolescente. Essa escuta ativa que foi feita hoje aqui, para mim, é o
que precisamos fazer todos os dias. Todo o tempo é pouco para conseguirmos mudar uma realidade.
Então, que sigamos fazendo, cada vez mais, uma escuta ativa! Ver vocês aqui e ver essa possibilidade
de poder trabalhar em conjunto é gratificante.
Contem com a Fiocruz, porque o nosso compromisso é fazer com que a ciência, a tecnologia e
a educação estejam a serviço da comunidade e possam estar ao lado dela.
Muito obrigada. Que bom termos feito isso no Dia da Saúde Mental, porque é um dia de luta,
um dia de afirmação. E é um dia em que, cada vez mais, precisamos fazer com que esses jovens
tenham o direito de existir.
Então, é isso. Gente, muito obrigada! Muito obrigada, deputado Gabriel Magno, pela parceria,
por tudo. (Palmas.)
PRESIDENTE (DEPUTADO GABRIEL MAGNO) – Para encerrarmos, eu queria só reforçar alguns
pontos. Obviamente, nós saímos daqui muito emocionados, acho que nós esperávamos isso. Todas as
vezes que conversamos, nós escutávamos.
Aqui, nós já aprovamos leis; já concedemos títulos de cidadãos honorários de Brasília para
presidentes de tribunais superiores; já fizemos eventos nesta casa em que compareceram 1.500
pessoas.
Se alguém me perguntasse hoje, na minha trajetória parlamentar, qual foi a atividade que mais
me marcou como parlamentar, eu, sem dúvida nenhuma, diria que foi esta comissão geral do dia de
hoje. Mas eu quero também registrar, Fabiana, meninos, meninas e todo mundo que aqui compareceu,
que nós temos muitos compromissos que foram firmados aqui e muita responsabilidade. Houve não só
denúncias, que nós vamos precisar encaminhar. Precisamos conversar, apurar, tomar ações
importantes e precisamos também tirar do papel muitas das coisas com as quais nos comprometemos
e que nos foram pedidas.
Os meninos falaram isso, a Tainá falou isso, a Regiane falou isso. Às vezes, cansa, se alguém
fala conosco e cria uma esperança, mas não vemos as coisas acontecerem. Então, acho que nós
saímos daqui com o compromisso de tentar devolver o mais rápido possível o conjunto dos
encaminhamentos que – eu não vou relê-los – nós fomos firmando ao longo da audiência.
Nós nos comprometemos a encaminhar para cada secretaria, para o próprio Ministério Público,
não só o documento que eles produziram – produziu-se isso com esse roteirozinho, porque fomos
combinando, mudando, passando tudo no improviso –, como também o conjunto das propostas, o
conjunto do que nós falamos aqui. Precisamos fazer isso para podermos acompanhar cada item
pactuado aqui.
E precisamos de um calendário. Acho que um calendário, daqui para a frente, sobre novas
questões que forem aparecendo, sobre o que não conseguimos dizer aqui hoje por diversas razões –
devido ao tempo... Enfim, há coisas que também vão precisar que possamos acompanhar muito de
perto.
Eu quero agradecer demais a presença de todos vocês, de todas vocês. Quero agradecer aos
servidores desta casa: a Maria, do cerimonial, que ficou nos ajudando; a Mayara; o Felipe e o Matheus,
da Copol, a polícia legislativa; a Sarah e a Rose, da copa, que nos serviram; o Marinho e o Eduardo, do
Serviço de Apoio ao Plenário; o Carlos Roberto, o Murilo, o Wanderson, o Sancler, o Valdir, o José Vítor
e o Aricelio, da TV Câmara Distrital, que permitiram a transmissão desta audiência hoje.
Esta audiência ficará gravada e está no YouTube. Então, depois, quem quiser procurar,
revisitar, ela estará lá.
Agradeço a toda a turma da Taquigrafia, que se revezou e está trabalhando no plenário e lá em
cima, para deixar registrado também nas notas taquigráficas tudo o que foi dito. Agradeço ao nosso
mandato; a toda a equipe da Fiocruz e das secretarias. Agradeço demais a presença de vocês.
Declaro encerrada a sessão ordinária que originou esta comissão geral às 19 horas e 17
minutos.
(Levanta-se a sessão às 19h17min.)
Observação: Nas notas taquigráficas, os nomes próprios ausentes de sites governamentais oficiais são reproduzidos de acordo
com a lista disponibilizada pelo Cerimonial desta casa ou pelo gabinete do deputado autor do requerimento de realização de
cada evento; os nomes não disponibilizados são grafados conforme padrão ortográfico do português brasileiro.
Siglas com ocorrência neste evento:
Caps – Centro de Atenção Psicossocial
Capsi – Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil
CDCA – Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente
CDCA-DF – Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do Distrito Federal
CNMP – Conselho Nacional do Ministério Público
Codhab – Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal
Codhab-DF – Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal
COMPP – Centro de Orientação Médico-Psicopedagógica
Copol – Coordenadoria de Polícia Legislativa
Cras – Centro de Referência de Assistência Social
Creas – Centro de Referência Especializado de Assistência Social
Dissam – Diretoria de Serviços de Saúde Mental
DST – Doenças Sexualmente Transmissíveis
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
Enap – Escola Nacional de Administração Pública
FAC – Fundo de Apoio à Cultura
FAP-DF – Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal
Fecomércio-DF – Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal
Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz
GDF – Governo do Distrito Federal
MPDFT – Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
OSC – Organização da Sociedade Civil
PcD – Pessoa com Deficiência
PIA – Plano Individual de Atendimento
PPCAM – Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte
PPP – Projeto Político-Pedagógico
PTS – Projeto Terapêutico Singular
Renapsi – Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração
Saica – Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes
Sedes – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social
Sedes-DF – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social do Distrito Federal
SEI – Sistema Eletrônico de Informações
Sejus – Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania
Sejus-DF – Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania do Distrito Federal
SES – Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal
Sinase – Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
Suas – Sistema Único de Assistência Social
SUS – Sistema Único de Saúde
TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade
As proposições constantes da presente ata circunstanciada podem ser consultadas no portal da CLDF.
Documento assinado eletronicamente por MIRIAM DE JESUS LOPES AMARAL - Matr. 13516, Chefe do
Setor de Registro e Redação Legislativa, em 14/10/2024, às 14:40, conforme Art. 22, do Ato do Vice-
Presidente n° 08, de 2019, publicado no Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 214, de 14 de
outubro de 2019.
A autenticidade do documento pode ser conferida no site:
http://sei.cl.df.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0
Código Verificador: 1861503 Código CRC: B9634EBF.
DCL n° 227, de 16 de outubro de 2024
Portarias 226/2024
Secretário-Geral
PORTARIA DO SECRETÁRIO-GERAL Nº 226, DE 11 DE OUTUBRO DE 2024
O SECRETÁRIO-GERAL DO GABINETE DA MESA DIRETORA DA CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO
FEDERAL, no uso da atribuição que lhe foi delegada por meio do disposto no inciso XII, do art. 1º, do
Ato do Presidente nº 255, de 2023, publicado no DCL nº 87, de 25/04/2023, RESOLVE:
Art. 1º DESIGNAR os Fiscais da Contratação Direta por Inexigibilidade de Licitação nº 26/2024, por
meio das Notas de Empenho 2024NE00700, e 2024NE00701, firmada entre a Câmara Legislativa do
Distrito Federal e a empresa ELITE SOLUCOES EMPRESARIAIS LTDA., CNPJ 37.262.133/0001-46, cujo
objeto Aquisição de suprimentos para impressão de crachás para garantir a manutenção corrente dos
serviços de cadastramento e impressão dos cartões eletromagnéticos de identificação funcional dos
servidores da CLDF. Processo nº 00001-00025659/2024-26.
Art. 2º Os Fiscais indicados por esta Portaria são os seguintes servidores, aos quais cabe exercer as
atribuições previstas na Lei nº 14.133/2021:
NOME FUNÇÃO LOTAÇÃO MATRÍCULA
MARCOS VINICIUS GUEDES DOS REIS Fiscal SPCS 24.545
JONIE CARLO DE OLIVEIRA MAZO Fiscal Substituta SPCS 24.539
Art. 3º Este Ato entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º Revogam-se as disposições em contrário.
JOÃO MONTEIRO NETO
Secretário-Geral/Presidência
Documento assinado eletronicamente por JOAO MONTEIRO NETO - Matr. 24064, Secretário(a)-Geral da
Mesa Diretora, em 14/10/2024, às 09:42, conforme Art. 22, do Ato do Vice-Presidente n° 08, de 2019,
publicado no Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 214, de 14 de outubro de 2019.
A autenticidade do documento pode ser conferida no site:
http://sei.cl.df.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0
Código Verificador: 1863056 Código CRC: 1BED47D2.
DCL n° 227, de 16 de outubro de 2024 - Suplemento
Ata Sucinta Sessão Extraordinária 36/2024
ATA DE SESSÃO PLENÁRIA
2ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 9ª LEGISLATURA
ATA SUCINTA DA 36ª (TRIGÉSIMA SEXTA)
SESSÃO EXTRAORDINÁRIA,
EM 8 DE OUTUBRO DE 2024
SÚMULA
PRESIDÊNCIA: Deputados Ricardo Vale e Wellington Luiz
SECRETARIA: Deputados Robério Negreiros e Ricardo Vale
LOCAL: Plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal
INÍCIO: 17 horas e 58 minutos
TÉRMINO: 18 horas e 38 minutos
Observação: A versão integral desta sessão encontra-se na ata circunstanciada.
1 ABERTURA
Presidente (Deputado Ricardo Vale)
– Declara aberta a sessão.
2 ORDEM DO DIA
Observação: As ementas das proposições foram reproduzidas de acordo com a Ordem do Dia
disponibilizada pela Secretaria Legislativa/CLDF.
(1º) ITEM 1: Discussão e votação, em 2º turno, do Projeto de Lei nº 1.347, de 2024, de autoria do
Poder Executivo, que “dispõe sobre a reestruturação da carreira Técnica em Enfermagem do Distrito
Federal e dá outras providências”.
– Votação da proposição em 2º turno. APROVADA por votação em processo simbólico (23 deputados
presentes).
– Apreciação da redação final. APROVADA.
(2º) ITEM 139: Discussão e votação, em 2º turno, do Projeto de Lei nº 1.239, de 2024, de autoria
do Poder Executivo, que “altera a Lei nº 6.744, de 07 de dezembro de 2020, que dispõe sobre a
aplicação do Estudo de Impacto de Vizinhança – EIV no Distrito Federal e dá outras providências”.
– Votação da proposição em 2º turno. APROVADA por votação em processo simbólico (23 deputados
presentes). Houve 6 votos contrários.
– Apreciação da redação final. APROVADA.
3 ENCERRAMENTO
Presidente (Deputado Wellington Luiz)
– Declara encerrada a sessão.
Observação: O relatório de presença e o relatório de presença por recomposição de quórum,
encaminhados pelo Setor de Apoio ao Plenário e pela Secretaria Legislativa, estão anexos a esta ata.
Eu, Primeiro-Secretário, nos termos do art. 128 do Regimento Interno, lavro a presente ata.
DEPUTADO PASTOR DANIEL DE CASTRO
Primeiro-Secretário
Documento assinado eletronicamente por DANIEL DE CASTRO SOUSA - Matr. 00160, Primeiro(a)-
Secretário(a), em 09/10/2024, às 15:51, conforme Art. 22, do Ato do Vice-Presidente n° 08, de 2019,
publicado no Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 214, de 14 de outubro de 2019.
A autenticidade do documento pode ser conferida no site:
http://sei.cl.df.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0
Código Verificador: 1856512 Código CRC: 30CDFE8F.
DCL n° 227, de 16 de outubro de 2024
Extratos - CLDF - Saúde 2/2024
EXTRATO DE RATIFICAÇÃO INEXIGIBILIDADE LICITAÇÃO
Brasília, 15 de outubro de 2024.
Fundamento Legal: Inciso IV, do art. 74, da Lei 14.133 de 1º de abril de 2021 e alterações. Justificativa:
Objetos que devam ou possam ser contratados por meio de credenciamento. Autorização da despesa:
pelo Ordenador de Despesa, Geovane de Freitas Oliveira. Ratificação: pelo Diretor do FASCAL, conforme
competência delegada pelo Presidente da CLDF, por meio do Ato do Presidente nº 255/2024, publicado no
Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 102, em 15 de maio de 2024.
Processo SEI n.º 00001-00042113/2024-30 Contratada: OTOCENTRO - CLÍNICA DE
OTORRINOLARINGOLOGIA LTDA, CNPJ: 12.306.840/0001-66 Objeto: prestação de serviços
de Otorrinolaringologia e Fonoaudiologia conforme Laudo Técnico de Vistoria para Credenciamento nº
SEI 1861957 e despacho da perícia médica do FASCAL nº SEI 1865988
Ratifico, nos termos do artigo 74 da Lei 14.133, de 1º de abril de 2021, a inexigibilidade de licitação de que
trata o referido processo, tendo em vista as justificativas constantes dos respectivos autos processuais.
Publique-se para as providências complementares.
GEOVANE DE FREITAS OLIVEIRA
Diretor do FASCAL
Documento assinado eletronicamente por GEOVANE DE FREITAS OLIVEIRA - Matr. 24088, Diretor(a)
do Fascal, em 15/10/2024, às 15:57, conforme Art. 22, do Ato do Vice-Presidente n° 08, de 2019, publicado
no Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 214, de 14 de outubro de 2019.
A autenticidade do documento pode ser conferida no site:
http://sei.cl.df.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0
Código Verificador: 1866250 Código CRC: 9D8FB32C.
DCL n° 227, de 16 de outubro de 2024
Portarias 228/2024
Secretário-Geral
PORTARIA DO SECRETÁRIO-GERAL Nº 228, DE 15 DE OUTUBRO DE 2024
O SECRETÁRIO-GERAL DO GABINETE DA MESA DIRETORA DA CÂMARA LEGISLATIVA DO
DISTRITO FEDERAL, no uso da atribuição que lhe foi delegada por meio do disposto no inciso XIX, do art.
1º, do Ato do Presidente nº 255, de 2023, publicado no DCL nº 87, de 25/04/2023, RESOLVE:
Art. 1º Alterar a Portaria do Secretário-Geral nº 207, de 10 de setembro de 2024, publicada no
DCL nº 200 de 11 de setembro de 2024, que constituiu Grupo de Trabalho para elaboração de estudo e
proposta de preservação do acervo fotográfico da CLDF.
Art. 2º O Grupo de Trabalho composto por esta Portaria será integrado pelos seguintes
servidores:
NOME FUNÇÃO MATRÍCULA
Claudinei Pirelli Pimentel Mota Coordenador 23229
Bruno Sodré de Moraes Membro 16804
Carlos André Gomes Gandra Membro 11982
Cristiane Mary Otaviano de Almeida dos Santos Membro 23380
Diogo Sampaio Lima Membro 16721
José Alves Martins Neto Membro 16731
Luís Cláudio da Silva Alves Membro 11953
Luiz Tadayuki Ono Membro 24465
Raquel Damasceno Gomes Sigaud Caetano Membro 23397
Rinaldo Façanha Morelli Membro 13261
Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
JOÃO MONTEIRO NETO
Secretário-Geral/Presidência
Documento assinado eletronicamente por JOAO MONTEIRO NETO - Matr. 24064, Secretário(a)-Geral da
Mesa Diretora, em 15/10/2024, às 17:28, conforme Art. 22, do Ato do Vice-Presidente n° 08, de 2019,
publicado no Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 214, de 14 de outubro de 2019.
A autenticidade do documento pode ser conferida no site:
http://sei.cl.df.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0
Código Verificador: 1866350 Código CRC: F043A7C4.
DCL n° 227, de 16 de outubro de 2024 - Suplemento
Ata Sucinta Sessão Extraordinária 36c/2024
LIDO
ATA SUCINTA DA 36ª (TRIGÉSIMA SEXTA) SESSÃO EXTRAORDINÁRIA
Ata considerada lida e aprovada na 87ª (OCTOGÉSIMA SÉTIMA) Sessão Ordinária, em 10 de OUTUBRO
de 2024.
Documento assinado eletronicamente por LUCAS DEMETRIUS KONTOYANIS - Matr. 22405, Assessor(a)
Especial, em 10/10/2024, às 15:09, conforme Art. 22, do Ato do Vice-Presidente n° 08, de 2019, publicado no
Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 214, de 14 de outubro de 2019.
A autenticidade do documento pode ser conferida no site:
http://sei.cl.df.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0
Código Verificador: 1859742 Código CRC: B0328F98.
DCL n° 227, de 16 de outubro de 2024
Atas - Comissões 9/2024
CEOF
ATA DE REUNIÃO
ATA DA 9ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA COMISSÃO DE ECONOMIA, ORÇAMENTO E FINANÇAS,
DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA, DA 9ª LEGISLATURA DA CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO
FEDERAL, REALIZADA EM 08/10/2024.
Aos oito dias do mês de outubro de dois mil e vinte e quatro, às catorze horas e trinta minutos, na Sala
de Reunião das Comissões, foi aberta pelo Senhor Presidente da Comissão de Economia, Orçamento e
Finanças, Deputado Eduardo Pedrosa, a nona reunião ordinária da Comissão de Economia, Orçamento e
Finanças, com a presença do Deputado Joaquim Roriz Neto e da Deputada Jaqueline Silva. Item I -
Dos Comunicados - Não havendo comunicados, passa-se ao Item II - Matérias para discussão e
votação: 01) Leitura e aprovação das Atas: - Ata da 8ª Reunião Ordinária, de 06/08/2024
(1769295); - Ata da Reunião Pública de Avaliação do PPA 2020-2023 (Ano Base 2023), de 12/08/2024
(1779023). Resultado: Aprovadas com três votos favoráveis e duas ausências. Para a votação de itens
de sua relatoria, o Deputado Eduardo Pedrosa passa a presidência ao Deputado Joaquim Roriz
Neto. 02) - Parecer do PLC Nº 51/2024 Ementa: Altera a Lei Complementar nº 833, de 27 de maio
de 2011, que dispõe sobre o parcelamento dos créditos de natureza tributária e não tributária de
titularidade do Distrito Federal. Autoria: Poder Executivo Relatoria: Deputado Eduardo
Pedrosa Parecer: Pela admissibilidade e aprovação, com acatamento de emenda aditiva apresentada
por este relator. Resultado: Aprovado com três votos favoráveis e duas ausências. 03) - Parecer do
PL Nº 1111/2024 Ementa: Dispõe sobre a transformação das parcelas remuneratórias decorrentes
do Plano Bresser (26,06%), Plano Verão/URP-89 (26,05%) e Planos Bresser/Verão (58,90%) em
Vantagem Pessoal Nominalmente Identificável. Autoria: Poder Executivo Relatoria: Deputado Eduardo
Pedrosa Parecer: Pela aprovação e admissibilidade Resultado: Aprovado com três votos favoráveis e
duas ausências. 04) - Parecer do PROC Nº 19/2024 Ementa: Homologa os Convênios ICMS nº
132/21, nº 101/2023 e nº 146/2023. Autoria: Poder Executivo Relatoria: Deputado Eduardo
Pedrosa Parecer: Pela admissibilidade. Resultado: Aprovado com três votos favoráveis e duas
ausências. Reassume a presidência o Deputado Eduardo Pedrosa. 05) - Parecer do PL Nº
666/2023 Ementa: Reconhece o Esporte de Surdos (Surdodesporto) como de relevante interesse
desportivo e social, no âmbito Distrito Federal. Autoria: Deputado Rogério Morro da
Cruz Relatoria: Deputada Jaqueline Silva Parecer: Pela admissibilidade. Resultado: Aprovado com
três votos favoráveis e duas ausências. 06) - Parecer do PL Nº 340/2023 Ementa: Altera o Capítulo
IV da Lei nº 5.106, de 3 de maio de 2013, que “Dispõe sobre a carreira Assistência à Educação do
Distrito Federal e dá outras providências”, para incluir o artigo 7º-B, que trata da lotação, exercício e
remanejamento dos servidores da Carreira. Autoria: Deputado João Cardoso Professor
Auditor Relatoria: Deputado Jorge Vianna Parecer: Pela admissibilidade. Resultado: Não foi votado
devido à ausência do Relator. 07) - Parecer do PLC Nº 3/2023 Ementa: Altera o art. 61 da Lei
Complementar nº 840, de 23 de dezembro de 2011, que “Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores
públicos civis do Distrito Federal, das autarquias e das fundações públicas distritais”. Autoria: Deputada
Jaqueline Silva Relatoria: Deputado Jorge Vianna Parecer: Pela
admissibilidade. Resultado: Aprovado com três votos favoráveis e duas ausências. 08) - Parecer do
PL Nº 2540/2022 Ementa: Institui o Política Distrital de Educação Preventiva contra a Hanseníase e
de Combate ao Preconceito no Distrito Federal. Autoria: Deputado Robério
Negreiros Relatoria: Deputado Jorge Vianna Parecer: Pela admissibilidade. Resultado: Não foi
votado devido à ausência do Relator. 09) - Parecer do PL Nº 33/2023 Ementa: Dispõe sobre a
determinação do uso de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) neonatais e pediátricas da rede
privada de saúde pela rede pública de saúde do Distrito Federal e dá outras
providências. Autoria: Deputado Pastor Daniel de Castro Relatoria: Deputado Jorge
Vianna Parecer: Pela admissibilidade, com a aprovação das emendas nº 1 e nº 2. Resultado: Não foi
votado devido à ausência do Relator. 10) - Parecer do PL Nº 968/2020 Ementa: Dispõe sobre o
plantio de semente de árvores em virtude dos nascimentos ocorridos nas Unidades de Saúde das redes
pública e privada no Distrito Federal. Autoria: Deputado Jorge Vianna Relatoria: Deputado Joaquim
Roriz Neto Parecer: Pela admissibilidade. Resultado: Aprovado com três votos favoráveis e duas
ausências. 11) - Parecer do PL Nº 1460/2020 Ementa: Institui o Programa de Operação e Registro
de Instrumentos Representativos dos Ativos de Natureza Intangível, denominado Tesouro Verde, no
âmbito do Distrito Federal e dá outras providências. Autoria: Ex-Deputado
Delmasso Relatoria: Deputada Paula Belmonte Parecer: Pela admissibilidade. Resultado: Não foi
votado devido à ausência da Relatora. 12) - Parecer do PL Nº 449/2023 Ementa: Estabelece as
diretrizes para a implantação do sistema de jardins filtrantes no Distrito Federal. Autoria: Deputado
Joaquim Roriz Neto Relatoria: Deputada Paula Belmonte Parecer: Pela
admissibilidade. Resultado: Aprovado com três votos favoráveis e duas ausências. 13) - Parecer do
PL Nº 1317/2020 Ementa: Dispõe sobre a divulgação de dados de contribuintes na dívida ativa do
Distrito Federal, e dá outras providências. Autoria: Deputado Chico Vigilante Relatoria: Deputada
Paula Belmonte Parecer: Pela admissibilidade e aprovação. Resultado: Não foi votado devido à
ausência da Relatora. 14) - Parecer do PL Nº 44/2023 Ementa: Altera a Lei nº 4.462, de 13 de
janeiro de 2010, que dispõe sobre o Passe Livre Estudantil nas modalidades de transporte público
coletivo. Autoria: Deputado Ricardo Vale Relatoria: Deputada Paula Belmonte Parecer: Pela
admissibilidade. Resultado: Não foi votado devido à ausência da Relatora. Tendo cumprido a pauta e
nada mais havendo a tratar, o Presidente agradece a presença, a participação e o empenho dos
deputados e, às catorze horas e quarenta e cinco minutos declara encerrada a nona reunião ordinária da
Comissão de Economia, Orçamento e Finanças. Eu, Paulo Eloi Nappo, Secretário desta Comissão, lavro a
presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e demais parlamentares
participantes e enviada à publicação.
Documento assinado eletronicamente por PAULO ELOI NAPPO - Matr. 12118, Secretário(a) de
Comissão, em 08/10/2024, às 15:02, conforme Art. 22, do Ato do Vice-Presidente n° 08, de 2019, publicado
no Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 214, de 14 de outubro de 2019.
Documento assinado eletronicamente por JOAQUIM DOMINGOS RORIZ NETO - Matr.
00167, Deputado(a) Distrital, em 08/10/2024, às 15:15, conforme Art. 22, do Ato do Vice-Presidente n°
08, de 2019, publicado no Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 214, de 14 de outubro de 2019.
Documento assinado eletronicamente por JAQUELINE ANGELA DA SILVA - Matr. 00158, Deputado(a)
Distrital, em 08/10/2024, às 15:59, conforme Art. 22, do Ato do Vice-Presidente n° 08, de 2019, publicado no
Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 214, de 14 de outubro de 2019.
Documento assinado eletronicamente por EDUARDO WEYNE PEDROSA - Matr. 00145, Deputado(a)
Distrital, em 09/10/2024, às 08:55, conforme Art. 22, do Ato do Vice-Presidente n° 08, de 2019, publicado no
Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 214, de 14 de outubro de 2019.
A autenticidade do documento pode ser conferida no site:
http://sei.cl.df.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0
Código Verificador: 1852004 Código CRC: E8A236F1.