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Mudança na distribuição de correspondências em Samambaia gera debate na CLDF

Publicado em 24/05/2018 14h30

A implantação da Distribuição Domiciliar Alternada (DDA), uma mudança no formato de distribuição de correspondências, em Samambaia foi debatida na tarde desta quinta-feira (24), durante Comissão Geral na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Representantes dos trabalhadores e dirigentes da Empresa de Correios e Telégrafos apresentaram seus pontos de vistas sobre a mudança.

O debate foi sugerido e conduzido pelo deputado Chico Vigilante (PT), a partir de uma demanda apresentada pelo sindicato dos trabalhadores do setor. Na abertura do debate, Vigilante ressaltou obstáculos que os trabalhadores dos Correios têm enfrentado como a defasagem salarial ao longo dos anos, a precarização da atividade com aumento da carga de trabalho e as demissões voluntárias.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do DF, Amanda Gomes Corcine, informou que a implantação da DDA faz parte de um conjunto de medidas tomadas pela empresa a partir de 2013, que inclui ainda planos de demissão voluntária e fechamento de agências. Ela destacou a falta de pessoal na empresa e lembrou que o último concurso foi realizado em 2011. Corcine explicou que a mudança na distribuição foi adotada em Cristalina e Luziânia e não apresentou resultados positivos. Segundo ela, a mudança aumenta a carga de trabalho dos carteiros, o adoecimento dos trabalhadores e o número de faltas ao trabalho.

Ainda de acordo com a sindicalista, a DDA implica no aumento em 50% na carga diária de trabalho dos carteiros e provoca o acúmulo de correspondências nos centros de distribuição, além de excesso de peso nas mochilas dos trabalhadores. Ela rebateu a justificativa de que o número de correspondências tem caído. Para ela, esta redução não tem peso significativo, pois houve um crescimento muito grande no número de encomendas por causa do comércio virtual.

O secretário geral da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares, José Rivaldo da Silva, a DDA é um ataque aos Correios e acaba prejudicando a população. Segundo ele, a empresa já tentou adotar esta prática há 20 anos e não deu certo. Para ele, a agilidade é fundamental para a credibilidade dos Correios e a mudança prejudica esta característica.

Na opinião de José Rivaldo da Silva, o governo está promovendo um desmonte dos Correios com o objetivo de uma futura privatização da empresa pública. Segundo ele, o déficit atual na empresa é de 40 mil trabalhadores.

Ganhos – Os dirigentes dos Correios alegaram que a mudança tem gerado ganhos. O vice-presidente de Operações dos Correios, Miguel Martinho dos Santos Júnior, fez uma apresentação técnica da DDA e afirmou que a mudança gera ganhos, como o aumento da demanda de entrega, redução do tempo de entrega e adequação do efetivo da empresa.

Segundo ele, a implantação da mudança em Samambaia começou em abril e já apresenta resultados positivos. Entre os aspectos positivos, estão a redução do tempo de distribuição das correspondências e a redução do número de distritos de distribuição de 45 para 38. O dirigente afirmou que os Correios estão obedecendo os limites de peso transportado pelos carteiros e a jornada de trabalho.

O superintendente estadual de operações em Brasília dos Correios, Rogério Curado Gondim de Aquino, afirmou que a implantação da DDA é uma portaria ministerial e não pode ser descumprida. Aquino disse que a empresa conta no DF com 1.127 carteiros e 300 operadores de triagem para atender um público de 3,2 milhões.

O superintendente que atualmente cerca de 300 mil pessoas não contam com a distribuição domiciliar, pois estão em áreas irregulares. Ele defendeu a implantação da mudança em Samambaia como um teste para verificar a eficácia da nova modalidade de distribuição.

O deputado Wasny de Roure (PT) destacou a importância dos Correios para a sociedade brasileira. Segundo ele, apesar das tentativas, a sociedade brasileira não vai aceitar a privatização dos Correios. O distrital disse ainda que percebe em suas andanças por Brasília, como é importante para o cidadão receber sua correspondência em casa. "Trata-se de uma questão de identidade para as pessoas", assinalou.

A deputada federal Érika Kokay (PT-DF) também participou do debate e ressaltou que o atual governo é dominado por privatistas e por pessoas "que querem entregar o patrimônio do povo brasileiro". Para ela, a mudança afetará a população, com atrasos na entrega das correspondências. "Faz parte da lógica de deteriorar a empresa e depois entregá-la à iniciativa privada", completou.

Luís Cláudio Alves
Fotos: Carlos Gandra/CLDF
Comunicação Social – Câmara Legislativa

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