Crescimento da violência contra a mulher preocupa autoridades e entidades
Crescimento da violência contra a mulher preocupa autoridades e entidades

Os números da violência contra a mulher no Brasil e no Distrito Federal preocupam autoridades e entidades da sociedade civil: 42.700 mulheres assassinadas nos últimos 10 anos no Brasil, 667 mil processos judiciais de casos de violência contra a mulher em todo o País, sendo 57 mil ações somente no DF, a segunda unidade da federação em número de casos proporcionalmente.
Os dados alarmantes foram apresentados durante audiência pública realizada nesta sexta-feira (22) na Câmara Legislativa, com a participação de representantes de órgãos governamentais e de entidades da sociedade civil. O debate foi sugerido pelo deputado Chico Vigilante (PT) e contou também com a presença de dezenas de convidados.
Vigilante mostrou-se preocupado com a escalada da violência contra a mulher. Para ele, a violência antes estava escondida, "mas agora a situação está escancarada". O parlamentar também condenou a desculpa usada por muitos agressores de que agiram por amor. "Dizer que matou por amor é uma grande falácia", disse Vigilante.
O deputado também afirmou que a mobilização e o enfrentamento da sociedade contra este tipo de violência devem ser feitos por todos, especialmente pelos homens. Ele ressaltou ainda que as denúncias encorajam outras mulheres a fazer o mesmo e ajudam a conscientizar a sociedade para o problema.
A assistente técnica do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA), Leila Rebouças, lamentou a falta de representantes do movimento de mulheres negras no debate, "as principais vítimas da violência". Ela classificou a realidade atual como "feminicídio" e reclamou de falhas e carências em vários órgãos e na destinação de recursos para enfrentamento da questão. "É até vergonhoso dizer que o DF inteiro só tem uma creche pública, principalmente diante de tantas obras faraônicas", condenou Rebouças, que pediu ainda que as ações em favor das mulheres não aconteçam apenas no mês de março, mas durante todo o ano.
Já a delegada chefe adjunta da Delegacia Especial de Atendimento a Mulher (DEAM), Ângela Maria dos Santos, apresentou um balanço da atuação da DEAM em 2012 e defendeu a efetiva implementação de políticas públicas em defesa das mulheres, com recursos humanos e financeiros.
Para o coordenador do Núcleo de Gênero do Ministério Público Federal e Territórios, Thiago Ávila, março, "infelizmente", foi marcado pelo sangue em Brasília, com a ocorrência de três crimes bárbaros. Na opinião dele, a única explicação possível deste quadro é a existência de uma cultura patriarcal, machista e sexista. O representante do MP ressaltou que é necessária a realização de um trabalho com as famílias vítimas de violência e também com os agressores para sua conscientização e mudança de cultura.
Impunidade - A deputada federal Érika Kokay (PT/DF) destacou que a naturalização da violência contra mulher é um dos alimentos da impunidade. "Quando se diz que a violência é cultura significa que é uma construção e pode ser desconstruída", observou a distrital.
O vice-presidente da Casa, deputado Agaciel Maia (PTC), enfatizou que o combate à violência passa por injeção de recursos em políticas públicas de conscientização e de inserção da mulher no mercado de trabalho. "Os orçamentos governamentais são tímidos no que se refere à questão de gênero. Preferem gastar milhões em obras a combater o problema crônico da agressão contra as mulheres", afirmou Agaciel. O deputado Olair Francisco (PTdoB) também manifestou em plenário seu apoio à luta contra à violência contra as mulheres.
* Com a colaboração de Bruno Sodré, da Coordenadoria de Comunicação Social
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