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O depoimento de Mário Hissashi Ikeziri, secretário de Agricultura de agosto a dezembro de 2006, convenceu os deputados da CPI da Gautama a promover, na próxima segunda-feira (14), uma acareação entre ele e Adão Birajara Amador Farias, ex-chefe de gabinete da Secretaria; Heberth Gualberto de Souza, executor do contrato da Gautama; e Júlio Cavalcante, chefe da Consultoria Jurídica da secretaria, que já depuseram na comissão.

Para o presidente da CPI, deputado Bispo Renato (PR), a oitiva foi muito positiva, porque contribuiu para que o secretário reconhecesse ter havido irregularidades no encaminhamento do processo. Ikeziri não apontou quem o induziu a erro, mesmo diante de reiteradas indagações dos deputados presentes, mas essa é, segundo o deputado, uma informação passível de ser extraída do confronto dos fatos e depoimentos.

O deputado Rogério Ulysses (PSB) chegou a indagar se o depoente foi "laranja" no processo que culminou com irregularidades como a assinatura de ordem de serviço em branco e o pagamento de verba de R$ 350 mil à empreiteira, no apagar das luzes de 2006, sem terem as obras sido atestadas, ao lado de outras irregularidades. Mas foi o deputado Cabo Patrício (PT) quem mais pressionou o ex-secretário, que ficou apenas quatro meses no cargo e hoje é o liquidante da Sociedade de Abastecimento de Brasília - SAB.
 O deputado arrancou do depoente a constatação de ter "sido induzido a erro", ao assinar, sem conhecimento do conteúdo, como admitiu, documentos daquela que talvez "fosse a maior obra da secretaria".

Mário IKeziri admitiu ter contribuído com R$ 5 mil para a campanha do ex-deputado Pedro Passos, embora negasse que fosse amigo dele e que sua indicação para ocupar o cargo de titular da Secretaria de Agricultura tivesse sido por indicação dele. A informação, segundo o deputado Bispo Renato, contraria afirmações da ex-governadora Maria de Lourdes Abadia que, em entrevista a um jornal, disse que nomeou Mário Ikeziri a pedido de Passos.

A aparente desinformação do depoente, que em algumas ocasiões pediu para ler os documentos a respeito dos quais estava sendo questionado, chegou a irritar os membros da CPI. Cabo Patrício indagou como, sendo ele um contador, portanto conhecedor de números e rotinas, assinara documentos sem saber o que fazia, e o presidente Bispo Renato a ameaçá-lo com a prisão caso mentisse novamente à CPI.

A acareação do ex-secretário de Agricultura com seus principais assessores vai ser na próxima segunda-feira, a partir das 9h30, e servirá, segundo o deputado Bispo Renato, para deixar bem claro quem induziu Mário Ikeziri a erro e a tomar as decisões que tomou à frente da pasta.