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CPI confirma denúncia de trato inadequado de despojos

Publicado em 24/04/2008 13h52
Vísceras humanas embaladas em sacos de lixo de uso doméstico sob o balcão da sala de embalsamamento da funerária Portal do Sol, em Sobradinho, foram encontradas pelos deputados da CPI dos Cemitérios em uma das visitas-surpresa que fizeram hoje pela manhã. Rogério Ulysses (PSB), Reguffe (PDT) e Erika Kokay (PT) ficaram impressionados com o descaso com que são tratados os resíduos dos processos de formolização e de embalsamamento, que deveriam ter o mesmo tratamento do lixo hospitalar.

O proprietário da funerária visitada, também presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Funerários do DF, Felismino Alves Ferreira Neto, ficou numa situação complicada com a descoberta, pois havia acabado de dizer aos distritais que as vísceras eram recolocadas no corpo para serem enterradas junto. Segundo Felismino, as vísceras são tratadas com formol, acondicionadas em sacos plásticos e, após o embalsamamento, recolocadas no corpo.

Flagrado em contradição, o dono da funerária explicou aos parlamentares que de fato as vísceras são enterradas nos cemitérios pela própria empresa sem o conhecimento da administração. O presidente da CPI, Rogério Ulysses, pediu para ir ao cemitério de Sobradinho ver o local. Felismino recusou-se a acompanhá-lo alegando que "não seria ético". Os deputados chamaram a polícia para fazer a ocorrência e registrar oficialmente a descoberta. Várias outras irregularidades foram comprovadas pelos parlamentares durante a visita, desde as de caráter administrativo até as de gerência do negócio. A principal dificuldade é a falta de regulamentação e fiscalização do setor. Segundo Erika Kokay "está fora do marco civilizatório". A deputada acredita que "ou o Estado está sendo cúmplice ou, no mínimo, não está cumprindo seu dever".

Para Reguffe, "o que vimos aqui desrespeita o sentimento e a dor das famílias. É injustificável do ponto de vista legal e inaceitável do ponto de vista moral".
 Rogério Ulysses mostrou-se preocupado: "A CPI tem acertado nesse trabalho in loco. Hoje constatamos que os resíduos funerários não têm qualquer regulamentação nem tratamento adequado do ponto de vista ambiental ou humano".

 Hoje à tarde técnicos da CPI vão a Goiânia buscar cópia do inquérito que investiga o assassinato do senhor Aloísio Bittar de Rezende, autor de ação popular contra a licitação dos cemitérios. Amanhã, na reunião ordinária da Comissão, serão ouvidos o senhor Felismino e o presidente da Organização Social dos Jardineiros dos Cemitérios do DF, Cícero de Jesus Melo.

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