CLDF

O secretário de Transportes do DF, José Walter Vazquez, esteve nesta terça-feira (18) na Câmara Legislativa, a convite da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), para discutir a licitação que promete renovar o sistema de transporte público da capital do Brasil. Reverberando as manifestações que tomaram conta das principais cidades do País nos últimos dias, o secretário destacou a importância de se discutir políticas de transporte com a sociedade. "Enquanto essa cidade encarar o transporte público como coisa de pobre, não teremos uma solução satisfatória. Temos que priorizar o coletivo em relação ao individual e precisamos criar condições para que o cidadão rico prefira andar de ônibus", afirmou.

O deputado Evandro Garla (PRB) quis saber se o governo pretende manter a promessa eleitoral de não aumentar a tarifa para os usuários de ônibus, seguindo o tema que desencadeou protestos por todo o Brasil. "Não há previsão de aumento da tarifa para o passageiro. Se houver reajuste para os empresários, o governo vai subsidiar", garantiu, lembrando que o DF conta com R$ 4 bilhões para investimentos no sistema viário.

Questionado pelo deputado Olair Francisco (PTdoB) sobre a fiscalização do trabalho das novas empresas, Vazquez garantiu que haverá mudanças positivas. "A fiscalização vai mudar muito. Tudo será computadorizado. Se, por exemplo, o motorista fizer uma curva acima da velocidade permitida, nós teremos o registro", disse. Quando perguntado sobre sua opinião acerca da competência fiscalizatória do DFTrans, o secretário não hesitou em responder que "não escolheu, não foi consultado para a escolha e nem conhece os atuais diretores do órgão", acrescentando que a escolha dos nomes é "decorrência natural de um governo de coalizão".

Críticas – Vazquez comentou as críticas ao processo licitatório que foram veiculadas pela imprensa. "O Jornal de Brasília dedicou muitas capas para questionar a licitação enquanto publicava páginas inteiras dedicadas à entrega de prêmios à Viplan. Quem gosta da Viplan, que aproveite para andar em seus ônibus enquanto é tempo, pois essa empresa não vai continuar operando", afirmou. O deputado Olair ressalvou que a premiação divulgada pelo jornal se referia à lembrança do nome da empresa em pesquisa com a população. "Podem dizer que a Viplan é a mais lembrada. Mas não podem afirmar que ela oferece serviço de qualidade à população", respondeu o secretário.

A deputada Celina Leão (PSD) citou trechos de processos do Ministério Público de Contas que denunciam o desmembramento da empresa Viação Pioneira para a constituição da empresa Viação Piracicabana, com o objetivo de conquistar o direito de operar em mais de uma região do DF no processo licitatório. A distrital também questionou a contratação pelo GDF, a título de consultoria, do mesmo escritório de advocacia que atua junto a empresas que venceram a licitação. O chefe da pasta de Transportes respondeu que "o edital não veta mudança no estatuto de empresa que concorre na licitação". Sobre o escritório de advocacia, o secretário disse se tratar "de advogado de sucesso na área de transportes cuja contratação foi respaldada pela OAB".

Desafios – Vazquez apontou como principais desafios a preservação dos postos de trabalho dos rodoviários, a troca efetiva dos ônibus atuais pelos novos veículos e a correta informação à população sobre as mudanças no transporte público. Ele também afirmou a importância das ciclovias para a cidade: "Elas vieram para ficar. O transporte não motorizado tem prioridade absoluta sobre o transporte motorizado".

Por fim, o secretário lembrou que o projeto de dotar Brasília de um sistema de transporte público de qualidade dependerá da disposição do Estado em investir na área. "Se queremos transporte de primeiro mundo, vamos ter que discutir subsídios. Não é o usuário o responsável por financiar essa mudança. Se, por exemplo, pudermos contar com um tributo como a CIDE sobre 2% do valor da gasolina, teremos recursos para dotar a cidade de um sistema de ponta", sugeriu.