Herança cultural dos negros é exaltada em homenagem à África
Herança cultural dos negros é exaltada em homenagem à África

"Hoje é um dia de unidade, solidariedade e de reflexão da nossa luta por desenvolvimento socioeconômico", declarou em português o embaixador da República Zimbabwe e decano das embaixadas africanas, Thomas Sukutai Bvuma, durante sessão solene em comemoração ao Dia da África, na Câmara Legislativa. Iniciativa do deputado Cláudio Abrantes (PPS), a homenagem destacou a importância da herança cultural daquele continente para o Brasil, além de desafios e iniciativas para a valorização da cultura afro.
Abrantes lembrou influências culturais, religiosas e lingüísticas e defendeu termos uma "dívida impagável" com o continente africano, fazendo referência à escravatura negra no Brasil. Ele reforçou a necessidade de colocar em prática o previsto na Lei nº 10.639/2003, que obriga o ensino da história da África nas escolas.
Aproveitando a presença de representantes de países como a Etiópia, Guiné-Bissau, Camarões e Cabo Verde, o subsecretário de Ações Afirmativas, Antônio Mário Ferreira, pediu o apoio das embaixadas desses países para a implementação da lei nas escolas.
Nesse contexto, o diretor-presidente da Federação Umbanda e Candomblé, Rafael Moreira, informou que no começo do segundo semestre deste ano a instituição deve levar para 50 escolas públicas de ensino médio do DF o programa Caravana da Igualdade. O objetivo é trabalhar conteúdos previstos na Lei 10.639/03.
Ainda durante a solenidade, o deputado Cláudio Abrantes apontou outra conquista na luta pela valorização da população negra: a aprovação da constitucionalidade das cotas raciais nas universidades pelo Supremo Tribunal Federal (STF). "Temos a segunda maior população negra do mundo, atrás apenas da Nigéria e, se as cotas não corrigirem, vão servir para atenuar os graves efeitos da escravidão", disse.
Auto-estima - Uma apresentação de música e dança do projeto "Tambores nas Escolas" animou a sessão solene em comemoração ao Dia da África, no Plenário da Câmara. Os presentes se levantaram para assistir ao grupo, que desenvolve trabalho em três escolas públicas do Gama, com o patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC).
A iniciativa ensina percussão afro-brasileira e dança para 120 estudantes e 60 pessoas da comunidade. "O objetivo é elevar a auto-estima dos alunos, melhorando o rendimento escolar", explicou o coordenador do projeto, João Monteiro.