Governo quer PPP no Parque da Cidade, mas garante não onerar usuários
Governo quer PPP no Parque da Cidade, mas garante não onerar usuários

Representantes de restaurantes, quiosques, parque de diversões, hípica e kart do Parque da Cidade se reuniram no plenário da Câmara Legislativa nesta quinta-feira (3), para participar de comissão geral sobre o projeto de parceria público-privada do governo para gerir a área. Os comerciantes alegam falta de diálogo com o GDF e temem serem retirados do parque. Já o governo garante que irá ouvir os comerciantes e que não haverá cobrança adicional para o cidadão.
"O governo não tem nenhum modelo ainda, estamos num processo técnico embrionário", explicou o secretário de Economia e Desenvolvimento Sustentável, Arthur Bernardes.
À frente do debate, o deputado Chico Vigilante (PT) insistiu ser preciso tranquilizar os 43 permissionários que atuam no parque, alguns dos quais há mais de 30 anos. "Esses trabalhadores estão lá legalmente, gerando empregos e renda", destacou. Para ele, o governo deve se reunir com representantes dos comerciantes e apresentar as regras para a manutenção deles no espaço. "Eles podem ser parceiros na implementação do modelo de concessão que o governo decidir", apontou.
"Ouvimos falar de PPP para o parque, mas nunca fomos chamados para sugestões ou para dirimir dúvidas", reclamou o vice-presidente da Associação do Parque da Cidade, Marco Ferreira. Na mesma linha, Marcelo Márcio, do Nicolândia, disse esperar "no mínimo, ser ouvido".
"O GDF tem cometido o erro de não dialogar em várias áreas. O projeto pode ser excelente, não tem havido transparência", comentou o deputado Ricardo Vale (PT). Para ele, o parque pode ser aprimorado sem excluir os que já estão estabelecidos.
Reclamações de falta de diálogo estiveram nos pronunciamentos dos demais participantes, que criticaram qualquer proposta de privatização do local. "Por que privatizar? Vejo omissão por parte do governo, que deixou o parque abandonado", disse a gerente de eventos do Carreira Kart, Sônia dos Santos.
Privatização – O secretário Arthur Bernardes fez questão de reforçar que o GDF não irá privatizar o local. "Está havendo uma confusão de informações e fico feliz de poder esclarecer: o governo é contra a privatização do parque. Queremos fazer investimentos, melhorá-lo, assim como o governo federal fez com a concessão do aeroporto de Brasília. O parque está mal cuidado, estamos avaliando as experiências de outros lugares no Brasil e exterior", disse.
Questionado sobre a possibilidade de passar a cobrar por estacionamento, por exemplo, Bernardes garantiu que não irá onerar os frequentadores. "Ainda não há um modelo de concessão, mas sabemos que ninguém vai pagar para entrar, para usar banheiro ou para beber água. Não haverá qualquer cobrança adicional para o usuário", assegurou.
O subsecretário de Parceria Público-Privada do GDF, Luiz Alberto Grande, ainda reforçou: "O parque é público e continuará público, mas é preciso melhorar sua condição e manutenção e, para isso, buscar um processo melhorado de gestão".
Segundo Bernardes, são necessários R$ 600 mil para a manutenção mensal do parque, ao passo que os permissionários contribuem apenas com R$ 24 mil por mês. "Do jeito que está não dá para ficar", adiantou. Vigilante sugeriu a concessão do pavilhão de exposições para exploração privada, como forma de arrecadar mais recursos.
História – O deputado Agaciel Maia (PTC) citou a máxima "Antiguidade é posto" para apoiar a continuidade dos empresários já estabelecidos no Parque da Cidade. Ele contou se lembrar da fundação do local: "No início era isolado, nenhum comerciante queria estar lá". Para ele, "não é justo" fazer uma concessão e tirá-los de onde estão. "Muitos foram para lá quando ninguém queria. O parque é grande, é possível desenvolver novos projetos sem expulsá-los", concluiu.
Discursos semelhantes foram feitos por outros participantes. Natália Pereira, funcionária do Nicolândia, destacou, por exemplo, que o parque de diversões, com sua roda gigante, já se tornou um cartão portal de Brasília.