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A Comissão Especial de Combate à Pedofilia da Câmara Legislativa realizou audiência pública nesta terça-feira (5) para ouvir o titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) sobre as rotinas de investigação e discutir melhorias nos processos de apuração de crimes dessa natureza. Wisllei Salomão, delegado-chefe da DPCA, apresentou o trabalho realizado por sua equipe e relatou algumas dificuldades enfrentadas na investigação de casos de violência sexual contra menores.

"Trabalhamos investigando situações muito delicadas. Recebemos muitas denúncias de crianças e adolescentes sofrendo maus tratos, tortura, abandono, estupro. Nosso trabalho consiste em apurar tudo de forma objetiva, buscando sempre a verdade dos fatos e procurando não expor os menores", explicou o delegado. Wisllei Salomão apresentou a estrutura da DPCA, enfatizando o papel da equipe de psicologia da delegacia. "Nós temos profissionais qualificados para entrevistar as crianças e adolescentes em um ambiente lúdico e sempre de forma espontânea, sem induções ou direcionamentos. Sabemos que há muitos casos de acusações falsas, em que os adultos usam as crianças para se atacarem, e não podemos acusar inocentes. Por isso buscamos sempre a verdade", ressaltou.

Segundo o delegado, os casos de divulgação de material pornográfico com crianças ou adolescentes vêm crescendo nos últimos anos. "Não podemos mensurar estatisticamente porque o número real de casos depende da conscientização da população em denunciar, mas posso afirmar que venho observando um incremento nesses casos. Muitas vezes, são os próprios adolescentes que compartilham imagens de nudez de colegas pelos aplicativos de celular e isso é praticamente impossível de evitar", relatou Wisllei Salomão.

Ainda de acordo com o titular da DPCA, a demora na apuração e julgamento de casos poderia ser resolvida com a criação de uma vara específica para julgar crimes contra crianças e adolescentes. "Trabalhamos com as varas de violência doméstica e também com as varas de crimes comuns, o que torna o processo de julgamento muito lento. Brasília precisa de uma vara específica para tratar desses casos, como já ocorre em outros estados", sugeriu.

O deputado Rodrigo Delmasso (PTN), presidente da comissão, disse que vai apresentar a proposta de criação da vara ao presidente do Tribunal de Justiça do DF e que a comissão vai continuar colhendo sugestões para aprimorar o combate à pedofilia. "Ainda ouviremos várias pessoas que atuam diretamente no tratamento desses casos para embasarmos o relatório que a deputada Sandra Faraj (SD) vai elaborar. Certamente apresentaremos várias recomendações aos órgãos competentes, contribuindo para a erradicação desse tipo de crime no Distrito Federal", observou Delmasso.