CLDF debate transferência de pista de ultraleve e implantação do parque Burle Marx
CLDF debate transferência de pista de ultraleve e implantação do parque Burle Marx

Por decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), as instalações da Associação dos Pilotos de Ultraleve (Apub), incluindo a pista de pouso, devem ser retiradas do parque Burle Marx. A entidade recorreu, e o assunto foi tema de debate nesta segunda-feira (16), na Comissão de Meio Ambiente da Câmara Legislativa. Moradores da Asa Norte e do Setor Noroeste aproveitaram para cobrar a implantação integral do parque ecológico na região.
Conforme explicaram representantes da Apub, a associação está instalada há quase 30 anos no local. "Quando a pista foi construída, ela estava fora da poligonal do parque Burle Marx", argumentou João Luiz da Fonseca, ex-presidente da entidade.
O atual presidente da associação, Everardo Alves Ribeiro, informou já ter encaminhado formalmente à Terracap pedido de disponibilização de um novo espaço para as atividades. Ele acredita, no entanto, que seria possível manter a prática aerodesportiva no parque. Segundo informou, a pista foi construída após a realização de estudos de impacto ambiental e a obtenção de licenciamento. Ribeiro ainda apontou diversas ações realizadas a pedido do GDF e para a boa convivência com a vizinhança, como o redirecionamento da pista e a instalação de silenciadores. "Não representamos risco a ninguém e sempre tivemos uma convivência harmônica com a área de preservação", afirmou.
Praticantes de ultraleve presentes na audiência também destacaram a importância social da Apub, que promove atividades gratuitas para crianças e cuja pista serve de base para helicópteros da polícia e do corpo de bombeiros. "Além disso, atuamos no combate a focos de incêndio e ajudamos no monitoramento de locais de invasão", completou Everardo Ribeiro.
"Não temos nada contra a atividade, a qual consideramos de utilidade pública, mas o parque Burle Marx foi criado para servir de corredor ambiental para a fauna, entre as áreas de expansão urbana", reforçou o superintendente de Áreas Protegidas do Ibram, Leonel Graça Generoso. De acordo com ele, o planejamento do parque nunca englobou a pista de ultraleve, que acabou sendo instalada por meio de um instrumento precário.
Moradores - Representantes de moradores da Asa Norte e do Setor Noroeste também se manifestaram pela incompatibilidade do objetivo do parque com as atividades da Apub. "A entidade pode prestar seus serviços em outro lugar; afinal, qual é a prioridade: a prática esportiva ou a preservação ambiental?", questionou o integrante do Conselho Comunitário da Asa Norte Paulo Alves.
"Não dá para sair a 'toque de caixa'. Precisaremos fazer obras para receber as aeronaves e conduzir processo junto à Anac", destacou o presidente da associação. De acordo com o superintendente do Ibram, a presidente do órgão, Jane Vilas Bôas, já se mostrou aberta a discutir a ampliação do prazo para a retirada das atividades da Apub do parque.
Para o presidente da Comissão de Meio Ambiente da CLDF, deputado Rodrigo Delmasso (PTN), é possível encontrar uma solução que atenda aos interesses de todos. "Os objetivos não são divergentes: é preciso encontrar um novo local para a Apub, cujos pilotos prestam um belíssimo trabalho, e eu espero que até 2018 o parque Burle Marx esteja totalmente implantado e seja entregue à população", afirmou. Segundo o distrital, o colegiado vai acompanhar a situação, além de enviar um requerimento de informações ao Ibram para obter as planilhas de compensação ambiental e florestal dos empreendimentos do Noroeste e para fiscalizar a implantação do projeto do parque Burle Marx.