Aniversário de Brasília é comemorado com debate e propostas para a cidade
Aniversário de Brasília é comemorado com debate e propostas para a cidade

Os 53 anos de Brasília foram comemorados na manhã desta sexta-feira (19) em sessão solene na Câmara Legislativa. A iniciativa partiu do deputado Rôney Nemer (PMDB), que não pôde participar por questões de saúde. Na ocasião, historiadores, arquivistas, distritais e representantes do governo trouxeram à tona questões da história da capital e de seu território muitas vezes desconhecidas pela população, além de desafios da cidade.
"A ocupação desse território data de mais de dez mil anos. Temos vestígios de pinturas rupestres aqui que ninguém conhece, enquanto nossos alunos continuam estudando a pré-história de territórios europeus. Por que as escolas do DF não estudam a história local? Por que os vestibulares de nossas faculdades e universidades não cobram conhecimentos sobre a história de Brasília? Como podemos ter sentimento de cidadania se não conhecemos a história da cidade?", provocou Gustavo Chauvet, superintendente do Arquivo Público do DF.
Chauvet reclamou das condições precárias do Arquivo Público, informando que a instituição só foi criada 25 anos depois da construção da capital e hoje "não tem estrutura física nem de pessoal para cumprir a missão de preservar nossos documentos históricos". O deputado Dr. Michel (PEN), que presidiu a sessão, sinalizou com a possibilidade de apoio do Poder Legislativo à estruturação do órgão. "Essa Casa tem a obrigação de ajudar o Arquivo Público, o que pode ser feito por meio de emenda parlamentar ao orçamento para garantir os recursos financeiros necessários", afirmou.
A deputada Luzia de Paula (PEN) ressaltou a receptividade da capital como uma das qualidades de Brasília. "É uma cidade mãe, composta em sua maioria por mulheres, que acolhe todo o Brasil", elogiou. Para o administrador de Brasília, José Messias de Souza, o maior desafio da cidade é o combate à desigualdade. "Hoje Brasília não é somente um núcleo planejado, mas sim o centro de uma grande metrópole. A história da capital reflete as contradições e desigualdades do País. Aqui temos a maior renda per capita e, também, grandes bolsões de pobreza. Se queremos preservar o sítio histórico, urbanístico e cultural de Brasília precisamos combater a desigualdade", observou.
Messias também reclamou da rigidez na recusa de se adaptar a cidade às demandas atuais. "Só preservaremos se modificarmos, pois a vida moderna impõe mudanças. Um exemplo é a questão dos comércios locais. Há 30 anos não podemos mais falar em comércio local, pois esses estabelecimentos não se restringem aos moradores da vizinhança. Há um fluxo de um milhão de pessoas diariamente nos comércios de Brasília. Certamente o debate que a Câmara Legislativa vai travar na tramitação do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB) terá que tocar nessas questões", disse.
O secretário da Promoção da Igualdade Racial, Viridiano Brito, lembrou a história dos operários que construíram a capital e aqui permaneceram. "Durante o planejamento, imaginou-se que os operários retornariam para suas cidades depois de concluída a obra, mas a maioria ficou e trouxe suas famílias. A população do DF cresceu e com isso surgiu a necessidade de mais escolas, hospitais e postos de trabalho. O desafio é conviver com esse problema, pois a segregação aqui é muito evidente. Sabemos a condição econômica de um cidadão pelo local onde ele reside, por exemplo o Lago Sul e a expansão do Setor O", afirmou.
Representação conquistada - Brito também criticou os que defendem a extinção do Legislativo local. "Conquistamos a representação política do DF com muita luta. Antes, quem governava era um indicado e quem legislava era uma comissão de somente três senadores. Tem gente fazendo campanha para acabar com a Câmara Legislativa, mas isso é um absurdo. Precisamos fortalecer o Legislativo, fortalecer a democracia, pois a Câmara atua em nome do povo do DF", defendeu.
A sessão contou com a participação, ainda, do vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico do DF, Jarbas Silva Marques; do presidente do Conselho Comunitário de Segurança de Brasília, Saulo Santiago, e do diretor da Associação dos Candangos Pioneiros de Brasília, Nilton Soares de Freitas.