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Câmara Legislativa discute políticas de combate à hanseníase no DF

Publicado em 25/04/2022 13h32

Foto: Reprodução/TV Câmara Distrital

Em busca de melhor qualidade de vida para os pacientes, o deputado Robério Negreiros quer alertar a sociedade sobre a hanseníase e alertar sobre a importância de políticas de saúde pública de combate à doença

Em busca de melhor qualidade de vida para os pacientes, o deputado Robério Negreiros quer alertar a sociedade sobre a hanseníase e alertar sobre a importância de políticas de saúde pública de combate à doença

Foi realizada na manhã desta segunda-feira (25/4) audiência pública acerca das políticas de enfrentamento à hanseníase no Distrito Federal. O encontro foi presidido pelo deputado Robério Negreiros (PSD) e contou com a presença de representantes de diversas áreas ligadas ao tratamento da doença.

Conforme apontado pelo deputado, o devido apoio aos pacientes com hanseníase é indispensável, bem como a divulgação de informações sobre a doença. “Nosso papel aqui hoje é alertar a sociedade sobre a hanseníase e alertar sobre a importância de políticas de saúde pública de combate à doença no Distrito Federal, para que os pacientes tenham melhor qualidade de vida.”

Robério ainda reforçou a existência da discriminação contra pessoas diagnosticadas com o agravo “trata-se de uma das doenças mais antigas da sociedade e que infelizmente é muito negligenciada e estigmatizada e carregada de preconceitos." 

“A doença vai muito além do corpo”, diz a professora de saúde coletiva da Universidade de Brasília (UnB) e membro da Rede Hans do Distrito Federal e da Reúna Hanse Brasil, Inez Montagner. De acordo com a docente, assim como outras doenças, a hanseníase carrega todo um contexto, não se resumindo aos sintomas e sequelas corporais, “nem sempre a pessoa conhece o diagnóstico de maneira adequada, a doença nunca esteve restrita aos consultórios médicos, assume caráter cultural e social. Devemos compreender a dimensão e a profundidade das questões relacionadas à hanseníase”

Os desafios

Para o coordenador de atenção primária da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), Fernando Erick Damasceno, a cobertura da atenção primária à saúde no DF é escassa, ficando entre 58% e 60%. “Ainda temos uma atenção primária insuficiente para o tamanho da população do DF e para o crescimento rápido, um crescimento urbano desorganizado com baixo acesso ao sistema de saúde.” 

Fernando ainda listou os desafios, “a dificuldade é conseguir executar o que já sabemos que é necessário, serviços com acesso, profissionais treinados para levantamento da hipótese (da doença), da suspeita clínica. Para o DF, é preciso melhorar a atenção primária e capacitar os profissionais, é preciso fazer a leitura daquilo que o paciente vive”, comentou ainda a expectativa para os próximos anos, “nosso plano desenha uma atenção primária com 100% de cobertura no Distrito Federal até 2030.”

A representante da equipe técnica de Vigilância Epidemiológica da SES-DF, Lígia Maria Paixão discorreu sobre como a pandemia afetou a realização de diagnósticos. “Nos últimos dois anos, nosso indicadores ficaram muito prejudicados, nós estamos tentando retomar esses trabalhos, essa assistência, com a melhor qualidade. Entre as dificuldades estão o aumento populacional do DF e o crescimento e capacitação da equipe.”

Lígia aproveitou a ocasião para divulgar que uma parceria entre a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a SES-DF está sendo trabalhada. “A Vigilância em Saúde está conversando com a OPAS, solicitando um apoio para começar a desenvolver um plano de enfrentamento à hanseníase no Distrito Federal a partir de 2022, com a proposta de estarmos juntos até 2030, melhorando esses indicadores.”
 

Segundo dados apresentados por Lígia, a taxa de detecção da hanseníase, em 2020, no Distrito Federal ficou em 7,1, por 100 mil habitantes, sendo menor nas áreas centrais do DF e maior nas regiões periféricas. A detecção de casos na população com até 14 anos tem uma proporção de 6 casos para cada 100 mil pessoas, indicando a necessidade de busca ativa familiar e social, para monitorar a endemia. 

Quando se fala da proporção de cura, no ano de início da pandemia, a porcentagem foi de apenas 67,6%, indicando precariedade do acompanhamento dos pacientes, visto que a taxa padrão é 75%. O abandono dos casos no mesmo ano alcançou 12%, salientando o descuido no enfrentamento à doença.

O coordenador nacional do Morhan (Movimento de Reintegração de Pessoas Afligidas pela Hanseníase), Arthur Custódio, evidenciou a necessidade de dar destaque e apoio à luta das pessoas com hanseníase, não deixando ninguém sem suporte. “Ao passo que a gente queira modernizar, avançar dentro do SUS, para que todos cumpram suas funções, é importante que nenhuma pessoa fique sem tratamento.”

Arthur também comentou o retrocesso na identificação de novos casos durante a pandemia “O Brasil teve uma queda de diagnóstico na faixa de 50%, e aí não é subnotificação, é muito pior que isso, é subdiagnóstico, são pessoas que deixaram de ser diagnosticadas, que vão continuar transmitindo a doença e ainda vão ficar com sequelas. A gente precisa de um pacto social amplo no DF, que em qualquer mudança a gente precisa pensar em não deixar ninguém de fora. Esse é o indicador, ninguém de fora, ninguém com sequela.”

Você pode conferir a audiência completa no canal do YouTube da TV Câmara Distrital. 

Isabella Almeida- Agência CLDF

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