Oposição contesta chefe do executivo e pede diálogo
Oposição contesta chefe do executivo e pede diálogo

Deputados que fazem oposição ao governador Ibaneis Rocha contestaram declarações do chefe do Executivo do Distrito Federal que compareceu ao plenário da Câmara Legislativa, nesta quinta-feira feira (1º), na reabertura dos trabalhos, após o recesso parlamentar do mês de julho. "Quero dialogar", afirmou a deputada Arlete Sampaio (PT), respondendo à fala do governador – que já havia deixado o plenário – reiterando a pretensão de manter um governo de diálogo e de construção coletiva.
"Gostaria, imensamente, que pudéssemos ser ouvidos", disse a deputada, chamando a atenção para o que considera três áreas críticas do DF. "A saúde pública está desumanizada e o governo ainda não encontrou um modelo para enfrentar os problemas. Na educação, a saída tem sido a militarização das escolas, mas este é um equívoco. Além disso, assistimos ao desmonte do setor de assistência social. Há, por exemplo, cinco restaurantes comunitários fechados", citou, insistindo: "Espero que o senhor nos escute e possa estabelecer um diálogo efetivo para tentarmos resolver os problemas da nossa Capital".
O deputado Fábio Felix (PSol) considerou que "Ibaneis Rocha mora no Distrito Federal das ilusões", justificando que a "perspectiva" que o governador trouxe à Casa "não combina com as evidências, os números e nem com a análise dos dados sociais". Na avaliação do parlamentar, "há uma crise profunda: o desemprego aumenta; o Instituto de Gestão de Saúde do Distrito Federal (IGESDF) não melhorou o setor; e o GDF não tem projeto para a educação pública". Para ele, a entrada de policiais, sem capacitação específica, nas escolas "é um projeto de marketing". Felix assegurou que o cerne do problema é a desigualdade social. "Apesar de seu discurso, a gente não mora nesse DF que o senhor apresentou, nesta tarde, no plenário da Casa", concluiu.
"Existe o mundo imaginário e o mundo real", ponderou o deputado Chico Vigilante (PT). " Tenho respeito pelo governador, mas ele não se referiu à Brasília real", prosseguiu. Na opinião do parlamentar, "a realidade é grave, muito grave, e estamos dispostos a ajudar". Ele fez uma rápida análise das contas públicas e observou que para "fechar o ano" serão necessários R$ 891 milhões. "Isso significa que, a partir de outubro, fornecedores e prestadores de serviço terão muita dificuldade de receber do GDF", alertou.
O deputado Leandro Grass (Rede) criticou o que chamou de "gastos supérfluos" do governo local, como os quase R$ 12 milhões dispendidos com diárias e passagens. "Enquanto isso, as emendas parlamentares que representam os anseios da população não são levadas em conta", comentou, salientando que somente 7% dessas emendas foram empenhadas desde o início do ano. Outro ponto abordado foi a situação do setor de saúde pública. Referindo-se às unidades geridas pelo IGESDF, enumerou: "Neste momento, por exemplo, falta incubadora, não há técnico de gesso, verifica-se problemas com oxigênio, e a pediatria está lotada". Segundo Grass, existe um "fantástico mundo da saúde do DF que somente o governador vê".
Gestão democrática – Com a aproximação da escolha dos gestores escolares, o deputado Reginaldo Veras (PDT) fez um apelo à Secretaria de Educação para que encaminhe com urgência à Câmara Legislativa as propostas, que vem anunciando, para a eleição, que precisam ser aprovadas pela Casa. "O projeto precisa chegar ainda na primeira quinzena de agosto, para garantir segurança jurídica à escolha", argumentou.
Marco Túlio Alencar
Fotos: Carlos Gandra/CLDF
Núcleo de Jornalismo - Câmara Legislativa