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Moradores de rua exigem respeito, inclusão social e políticas públicas

Publicado em 12/04/2012 18h58
Os moradores em situação de rua têm que ser respeitados como cidadãos, com políticas públicas de inclusão social.
  Esse foi o foco das discussões da comissão geral realizada hoje (12), no plenário, de iniciativa da deputada Arlete Sampaio (PT), para discutir os vários problemas enfrentados por aquelas pessoas, no DF. Os  participantes defenderam a importância de a sociedade compreender melhor a realidade de quem não tem onde morar para ampliar a luta também contra o preconceito.

Durante o debate, no plenário da Câmara Legislativa,  o secretário de  Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest) do Distrito Federal, Daniel Seidel, garantiu que o GDF está concluindo um conjunto de ações para garantir inclusão social e reconhecimento dos direitos dessa pessoas hoje marginalizados."Não podemos deixar que o Estado continue não respondendo às demandas dessa população. O GDF já assumiu o compromisso de elaborar uma política pública para as pessoas em situação de rua", destacou Arlete. A distrital ressaltou ainda a realização de uma pesquisa da Universidade de Brasília, que traçou o perfil dessa população, no  DF. "Os resultados mostram que é um equívoco pensar que são todos drogaditos e alcoólatras. A imensa maioria dos moradores de rua trabalha para reconstruir ou tocar sua vida para frente", observou .

A pesquisadora da UnB e coordenadora do projeto Renovando a Cidadania, Maria Salete Machado, que elaborou a pesquisa citada por Arlete, mapeou 2512 pessoas em situação de rua no DF, desses 1972 são adultos. Salete relatou que o Distrito Federal conta com apenas 20 instituições que oferecem 900 vagas para acolhimento noturno."Esse é um número muito pequeno. Há diversos casos de violência dentro das instituições, mas é a sociedade a maior causadora dessa violência _  o que faz com que essas pessoas tenham que se esconder, tornando-se ainda mais invisíveis", explicou a pesquisadora Bruna Gatti, que também participou da pesquisa.

Bruna acrescentou que 75% dos moradores de rua não têm acesso a nenhuma política pública. "Apenas 10% sobrevivem de esmolas, o que desmente o mito de que são mendigos. Cerca de 60% das pessoas em situação de ruas são catadores de papel, flanelinhas e lavadores de carro", disse.
 Já a deputada federal Erika Kokay (PT), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, da Câmara dos Deputados, apontou a necessidade "de políticas públicas interelacionadas para romper a cadeia de revitimização das pessoas em situação de rua".

Estereótipos _ O coordenador do Movimento Nacional de População de Rua, Jacinto Oliveira, criticou a construção de estereótipos por parte da imprensa e a abordagem truculenta dos policiais. "A operação tartaruga dos agentes da segurança pública não funciona para os moradores de rua. Só este ano, 40 corpos passaram pelo Instituto Médico Legal. E nada é noticiado", enfatizou Jacinto.

Ao final da Comissão Geral, o secretário de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda do Distrito Federal, Daniel Seidel, disse que o GDF está finalizando um conjunto de políticas públicas para a população de rua, a partir dos dados apurados na pesquisa da UnB.

O secretário anunciou ainda uma série de medidas, como a construção de três centros de atendimento diurno, em Brasília, Ceilândia e Taguatinga, a construção de galpões para armazenar o material reciclado recolhido pelos catadores e a formação de um grupo de trabalho para elaborar uma nova relação entre o Estado e os flanelinhas. "Somos contra expulsão de moradores de rua e políticas de higienização, vamos propor políticas estruturais e garantidoras de direitos", afirmou .


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