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Linknet começou a atuar no governo Roriz, mostra relatoria da CPI

Publicado em 25/03/2010 12h07
De acordo com análise que os técnicos da relatoria da CPI da Codeplan fizeram do histórico dos contratos da empresa de informática Linknet, assim como das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, o vínculo da firma com o governo Roriz vem desde 1999, quando foi contratada sem licitação pelo Instituto Candango de Solidariedade (ICS), para prestar serviços na área de informática. O contrato foi assinado no valor de R$ 2,5 milhões, mas sofreu tantos aditivos que quase alcançou a casa dos R$ 30 milhões de reais, segundo o deputado Paulo Tadeu (PT), relator da CPI. A Comissão ouvirá o dono da empresa, Gilberto Lucena, no dia 5 de abril.

A Linknet, prossegue Tadeu, sempre teve o Governo do Distrito Federal como seu principal contratante e, em alguns períodos, único. "Tamanha foi a coexistência e a simbiose entre a empresa e o ICS que emergiram fortes indícios de que a Linknet seria a controladora indireta do Instituto Candango", disse o relator. De acordo com documentos apreendidos na empresa pela Polícia Federal, relatou, todas as contas do ICS relativas a 2000 foram encaminhadas à apreciação de diretores da empresa.

Ainda pelo levantamento da relatoria, no início de 2001 a Linknet Informática alterou seu registro na Junta Comercial do DF, fazendo constar de suas atividades a locação de veículos. Além da expansão brusca da prestação de serviços de informática para locação de veículos, a Linknet, encontrou, em sua nova atividade, apenas um cliente, segundo o estudo dos técnicos da CPI. "Mas um grande cliente, que fez com ela um grande contrato: nada mais que o mesmo Instituto Candango de Solidariedade", informou Paulo Tadeu na reunião de ontem (24) da Comissão.

:Campanha - De acordo com levantamentos apurados até agora, entre maio de 2001 e dezembro de 2002, a Linknet faturou, junto ao GDF, R$ 36,5 milhões pela locação de veículos e prestação de serviços. "Coincidentemente, os maiores pagamentos efetuados pelo Instituto Candango para a Linknet aconteceram após o mês de julho de 2002, quando começou a campanha eleitoral que culminou com a reeleição de Joaquim Roriz", diz o documento lido pelo relator da CPI.

Em julho de 2002 foram emitidas notas em favor da Linknet no valor de R$ 8,7 milhões. Em agosto, foram mais 4,4 milhões; em setembro, 8,9 milhões; em outubro, 18,5 milhões de reais. O documento da relatoria afirma: "Vários desses veículos locados, que deveriam estar a serviço de órgãos do GDF, foram flagrados fazendo campanha eleitoral e transportando materiais de campanha, sendo fotografados diversas vezes por detectores eletrônicos de velocidade ou pardais".

:Outro fato que chamou atenção do Ministério Público e foi destacado pela relatoria da CPI da Codeplan foram as elevadas notas fiscais relativas a salários de operadores de computador e consultores, com valores muito acima do mercado. Apenas no mês de julho de 2002 o GDF pagou pela mão-de-obra na área de informática cerca de R$ 3,3 milhões para a Linknet. Em setembro foram pagos mais R$ 3,3 milhões e, em outubro, R$ 3,07 milhões.

Em junho de 2001, em relação ao mesmo montante de horas trabalhadas, foram gastos R$ 508 mil em salários. Já em junho de 2002, quando havia sido deflagrado o processo eleitoral, foram gastos quatro vezes mais - R$ 2,3 milhões, de acordo com o levantamento. "Além de todos os contratos que ocorreram no período eleitoral de 2002, constatamos que entre 2005 e 2006 a Linknet recebeu diretamente do GDF, de acordo com ordens bancárias investigadas, o montante de R$ 355.

646.

904,35".

Governo Arruda - "Apesar de todo esse escândalo no governo Roriz, a Linknet não sofreu qualquer tipo de restrição no governo Arruda. Ao contrário, de 2007 a 2009 a empresa recebeu, através do levantamento de ordens bancárias, o montante de R$ 187.

731.

282,22. Em outubro de 2009, sem surpresa nenhuma para as empresas de tecnologia da informação locais, a Linknet vence uma licitação do GDF no valor de R$ 223 milhões, mesmo tendo sido alvo de investigações de uma operação da Polícia Federal em 2007, batizada de Aquarela", discorreu Paulo Tadeu. A ação da polícia resultou na prisão de 19 pessoas em São Paulo, Distrito Federal, Goiás e Paraná, todas suspeitas de participarem de uma suposta quadrilha que desviava verbas públicas.

Entre os suspeitos presos estava o então presidente do Banco de Brasília, Tarcísio Franklin de Moura. Na época, a polícia apreendeu 130 computadores, US$ 200 mil em espécie, além de pedras preciosas e 95 relógios avaliados em cerca de R$ 1 milhão. Centenas de documentos estão nas mãos dos investigadores. Na época, duas das prisões foram em flagrante, por porte ilegal de armas.

O esquema deflagrado pela polícia tinha a participação de instituições financeiras, empresas e organizações não-governamentais, as quais, segundo a investigação, eram especializadas em lavagem de dinheiro. Ainda de acordo com a investigação, as entidades vendiam notas fiscais correspondentes a projetos e serviços não executados.

Durval - Paulo Tadeu lembrou que a operação Caixa de Pandora é um desdobramento de outra ação da Polícia Federal denominada "Megabyte". Aí é que os policiais conseguiram, por meio do instituto da "delação premiada", recrutar o ex-presidente da Codeplan no governo Roriz e ex-secretário de Relações Institucionais do governo Arruda, Durval Barbosa.

Durante a operação Caixa de Pandora, foi gravado um vídeo em que Gilberto Lucena reclama do pagamento do percentual cobrado a título de propina. Esse vídeo foi exibido ontem na reunião da CPI, a pedido do relator.

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