Geógrafos cobram mais valorização profissional
Geógrafos cobram mais valorização profissional

Em vez de comemoração, muitas críticas à desvalorização da profissão nos últimos anos marcaram a sessão solene que a Câmara Legislativa realizou no plenário na manhã desta sexta-feira (29) para comemorar o Dia do Geógrafo (hoje). A iniciativa do evento foi do deputado Prof. Reginaldo Veras (PDT), que também presidiu a solenidade, no plenário, ao lado de muitos colegas professores.
Ao abrir o debate, Veras enfatizou que "a geografia está em crise", destacando que como professor da área sempre se preocupou com a questão, lamentando que não se registrou renovação que trouxesse melhorias para o exercício profissional da categoria. "O geógrafo tem perdido cada vez mais espaço no campo do trabalho", comentou. O distrital parabenizou os colegas pela data comemorativa, destacando o empenho deles na busca da melhoria da qualidade de vida no País.
O geógrafo e professor emérito da Universidade de Brasília, Aldo Paviani, agradeceu a homenagem da Câmara Legislativa e fez um relato histórico sobre a evolução do exercício da atividade de geógrafo no Brasil, destacando a relevância da criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O professor defendeu a necessidade de uma melhor coleta de dados para a eficiência do planejamento regional e urbano.
Em relação ao DF, Paviani criticou a falta de aplicação de recursos públicos na concretização de Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE-DF). "Infelizmente, os técnicos só conseguem fazer atas", reclamou. Paviani destacou ainda que a falta de investimento na integração do DF vem provocando crescimento da falta de empregos na região, alcançando um dos piores índices do País.
O professor Rafael Sanzio fez uma avaliação pessimista sobre as perspectivas da atuação dos geógrafos no Brasil. Ele criticou a transformação do IBGE de autarquia para fundação, comentando que aquele instituto "perdeu força" nos últimos anos. Ele criticou também a crise no uso científico da cartografia. "Se desligarmos o botão do Google, não temos mais nada sobre isso".
O chefe de departamento de Geografia da UnB, professor Rogério Uaguda, analisou também o processo de desvalorização dos geógrafos, comentando que eles estão perdendo postos de trabalho, inclusive em concursos públicos, para profissionais de outras áreas, citando o caso da engenharia florestal. Ele também criticou o número reduzido de horas/aulas (240) que é exigido pelo Ministério da Educação para o currículo mínimo dos estudantes do bacharelado de Geografia. "Não se consegue formar um bom profissional nesse período", advertiu.
Onde é que fica? - Ao enfatizar sua satisfação em ter optado pelo trabalho como geógrafa, a professora Mara Moscoso rebateu o falso estereótipo sobre o perfil daqueles profissionais: "As pessoas precisam saber que os geógrafos merecem respeito e não existem para participar de brincadeirinhas de adivinhar o nome das capitais, nem pra dizer onde é que fica a Groenlândia..."