Especialistas defendem ações contra exploração sexual infantil durante a Copa
Especialistas defendem ações contra exploração sexual infantil durante a Copa

A chegada de visitantes a Brasília para acompanhar os jogos da Copa do Mundo de Futebol vem preocupando entidades que atuam no combate à violência sexual contra crianças e adolescentes, como ficou demonstrado, nesta sexta-feira (16), em audiência pública para tratar do tema, na Câmara Legislativa. Para a proponente do debate, Arlete Sampaio (PT), o momento é oportuno para se trazer à tona um problema ainda persistente em todo o país. "Um megaevento como a Copa do Mundo traz vulnerabilidade a nossas crianças e adolescentes, pois o turismo, o poder econômico e o uso abusivo de álcool são fatores que afetam aquela parcela mais frágil, social e economicamente, da população", observou.
O adolescente Alisson Nogueira Dantas, integrante da instituição Virarte, deu um depoimento emocionado sobre a situação dos jovens em risco. "As crianças e adolescentes estão sofrendo violência sexual e as pessoas estão fechando os olhos. Eu já fui abusado, sofri violência dentro de casa e, pela falta de qualquer oportunidade, fui obrigado a me prostituir aos 16 anos. Hoje eu conseguir me libertar, mas ainda conheço muitos jovens que estão nessa situação, sem nenhum apoio para mudar de vida. É muito difícil sair da rua sem ajuda", relatou.
Representando o Comitê Nacional de Enfrentamento contra a Violência Sexual de Crianças e Adolescentes, Karina Figueiredo ressaltou a importância de fortalecer as ações durante o evento esportivo. "Haverá um enorme fluxo de homens sozinhos que passarão longos períodos nas cidades-sede dos jogos. Além do mais, ainda perdura a imagem do Brasil como um país do sexo fácil. Precisamos mostrar que não toleramos qualquer violação de direitos", afirmou. Karina também criticou a falta de recursos para projetos voltados às crianças e adolescentes. "Causa indignação comparar o orçamento para a Copa e o orçamento para esses projetos tão importantes. Infelizmente, a defesa dos jovens não é prioridade", lamentou.
Maura Luciane Souza, da Secretaria da Criança do DF, apresentou projetos da pasta que estão em execução. "Atuamos em várias frentes. Elaboramos, por exemplo, um guia escolar para identificação de sintomas de abuso sexual, que distribuímos nas escolas da rede pública. Também criamos um comitê para elaborar políticas públicas voltadas para a primeira infância e estamos gerenciando um programa piloto de prevenção ao trabalho infantil na Cidade Estrutural", elencou.