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Diferentes faces da cidade são temas de curtas na disputa pelo Troféu Câmara Legislativa

Publicado em 22/09/2014 10h05

Uma programação de curtas-metragens de realizadores locais levou o público a lotar o Cine Brasília neste domingo (21), no quarto dia da disputa pelo Troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal. Exibidos na Mostra Brasília, que integra o 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, os cinco filmes foram aplaudidos vigorosamente. A mostra continua nesta segunda-feira (22), com mais dois concorrentes: "À Mão Armada", curta de animação dirigido por Afonso Serpa; e "Branco sai. Preto fica", longa de Adirley Queirós. Os vencedores serão conhecidos amanhã (23).

Ao subir ao palco para apresentar a equipe de seu filme, Tiago de Aragão, diretor do documentário "Curió", afirmou que o seu principal objetivo era exibir o filme. "Já me sinto um vencedor somente pelo fato de estar aqui", declarou. Ele explicou que a ideia do curta surgiu enquanto realizava uma produção para a Fiocruz e se deparou com o personagem da obra: um morador da Fercal que cria os filhos adolescentes, depois que a esposa o abandonou.

Vencedor das duas últimas edições do Troféu Câmara Legislativa na categoria curta-metragem (prêmios do júri oficial e popular), Fáuston da Silva mais uma vez tratou do universo infanto-juvenil. Seu novo filme, "Ácido Acético", retoma um pouco da temática de sua película de estreia, o aclamado "Meu Amigo Nietzsche", para tratar de educação de uma maneira peculiar. "Temos feito filmes na periferia de Brasília, filmes que não envergonham a população daquelas regiões", disse.

Cinema ao ar livre – O curta "Cine Drive-in – Cinema sob o céu", dirigido por Claudio Moraes, foi o terceiro filme apresentado na sessão de domingo e mostrou os altos e baixos do último cinema ao ar livre do Brasil, que continua em pleno funcionamento. O documentário levou ao palco a empresária Marta Fagundes, atual responsável pelo local. "Estou nesta luta há 39 anos, com muitas dificuldades. Agora, um filme me tira do cinema e me coloca na tela", comemorou, conclamando o público a ajudar a manter "um patrimônio da cidade".

Produzido pela Universidade de Brasília (UnB), o filme de Amanda Devulsky, "Querido Capricórnio", "resultou de um trabalho de equipe", como explicou a diretora ao dividir o palco com o grupo que participou do projeto. Ela agradeceu a cada um deles e aos que contribuíram com o programa de financiamento coletivo que garantiu a produção. O filme, com muitas cenas noturnas, apresenta belas imagens plásticas para contar a história de uma jovem que se refugia do mundo real mergulhando em uma piscina.

O curta "Crônicas de uma cidade inventada", que mistura realidade e ficção, encerrou a programação de domingo. Também concorrendo ao Troféu Candango, na mostra oficial do Festival de Brasília, o filme dirigido por Luísa Caetano apresenta histórias cotidianas de pessoas que moram ou trabalham no Plano Piloto. "É muito importante a exibição nesta mostra que tem o nome de Brasília, cidade onde se desenrolam as histórias", observou a diretora, salientando que a produção cinematográfica local tem crescido em número e qualidade.

Conheça os filmes que encerram a programação da Mostra Brasília:

Segunda-feira (22/09)
Cine Brasília, às 18h
Sesc Ceilândia, Teatro de Sobradinho, CG do Gama e Teatro da Praça de Taguatinga, às 18h30

Entrada franca

 

 

 

À Mão Armada, de Afonso Serpa
Animação, cor, digital, 11min30, 2014, 16 anos

Sinopse
Em um futuro próximo, em algum lugar do Brasil, uma arma se transforma em personagem principal e passa a ser disputada de mão em mão. O curta de animação é uma visão real e atual de como a violência está presente e interfere no cotidiano das pessoas.

Elenco
Pedro Mesquita, Iza Cavanellas, Guilherme Ferrugem, Ramon Lima, Kael Studart, Marcos Davi, Fernando Carvalho, Paulo Victor Gandra

Ficha Técnica
Direção: Afonso Serpa | Roteiro: Afonso Serpa | Montagem: Maurício Fonteles | Edição de som: Maurício Fonteles | Trilha sonora: Nego Moçambique 

 

Branco sai. Preto Fica, de Adirley Queirós
Documentário, cor, digital, 93min, 2014, 12 anos

Sinopse
Um baile black. Tiros e repressão. Uma geração amputada.

Elenco
Marquim do Tropa, Chockito, Diomar Duraes, DJ Jamaika, Gleide Firmino

Ficha Técnica
Direção: Adirley Queirós | Roteiro: Adirley Queirós | Fotografia: Leonardo Feliciano | Montagem: Guille Martins | Direção de arte: Denise Vieira | Edição de som: Guille Martins e Camila Machado | Captação de som direto: Francisco Craesmeyer | Trilha sonora: Marquim do Tropa

 

 

 

 

Júri Oficial

Marcélia Cartaxo

Primeira brasileira a receber o prêmio de melhor atriz no Festival de Berlim (Urso de Prata), por sua atuação no filme A Hora da Estrela – consagrado no Festival de Brasília, em 1985 –, Marcélia Cartaxo tem uma carreira consolidada no cinema. Participou de mais de 25 filmes, por muitos dos quais também foi premiada (sendo o mais recente em Paulínia 2014, com A História da Eternidade). Fez novelas, especiais de TV, teatro e também dirigiu, além de trabalhar na preparação de atores. Atualmente filma, em Pernambuco, Big Jato, de Cláudio Assis. Marcélia, que morou no Distrito Federal na década de 1990, foi apresentadora do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e participou como jurada dos mais importantes festivais do País.

Maria do Rosário Caetano

Jornalista e pesquisadora de cinema, integra a equipe da Revista de Cinema e colabora com o semanário Brasil de Fato. Trabalhou no Correio Braziliense e Jornal de Brasília. Autora do livro Cinema Latino-Americano – Entrevistas e Filmes; em 2006, organizou Cangaço, o Nordestern no Cinema Brasileiro e, em 2012, Paulo Emilio Salles Gomes – O Homem Que Amava o Cinema e Nós Que o Amávamos Tanto. Escreveu três volumes para a Coleção Aplauso (Imprensa Oficial – SP). Colaborou com diversas publicações e é autora do livro-álbum Festival de Brasília 40 Anos. Por sua atuação  como jornalista cultural, ganhou prêmios e foi reconhecida pelo Cine PE, Mostra Tiradentes, Fest Aruanda e Curta Sergipe. É membro da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).

Sérgio Bazi

Jornalista e crítico de cinema, com atuação ininterrupta por mais de três décadas nos veículos de imprensa de Brasília, Sérgio Bazi atualmente é coordenador de imprensa do Ministério das Comunicações. Como cineasta, codirigiu o curta-metragem Brasiliários, com base na obra da escritora Clarice Lispector, premiado em festivais no Ceará e em Brasília. Integrou o júri oficial do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e de outros certames. Editou e escreveu para o catálogo "Mostra Brasília – 10 Anos do Troféu Câmara Legislativa", em comemoração à primeira década do prêmio. Também integrou a comissão que selecionou os filmes que concorreram ao Troféu Câmara em 2012.