CLDF

Estabelecido em Brasília desde a década de 70, o Centro Espírita Beneficente União do Vegetal (UDV) comemorou nesta sexta-feira (9), em solenidade no plenário da Câmara Legislativa, os 50 anos de criação da irmandade e as quatro décadas de instalação no Distrito Federal.

A UDV tornou-se conhecida pelo ritual em que é servido aos participantes o chá Hoasca (que na língua quéchua significa "vinho da alma", e os adeptos também chamam de Vegetal), feito a partir de duas plantas usadas por comunidades amazônicas. O fundador da UDV foi o seringueiro José Gabriel da Costa, que vivia na fronteira do Acre com a Bolívia.

A homenagem foi uma iniciativa do deputado Dr. Michel (PP), que lembrou ser o Brasil um Estado laico, "onde todas as religiões são bem-vindas". Ele relatou ter participado recentemente de um seminário sobre intolerância religiosa, "o que reforçou ainda mais que devemos estar abertos a todos os cultos". 

O parlamentar criticou a presença de símbolos religiosos nos prédios públicos, como o exemplar da Bíblia e o crucifixo que se encontram no plenário da CLDF. "Esses elementos contrariam religiões que não concordam com o uso de imagens", argumentou, defendendo ainda que a Catedral de Brasília seja "ecumênica", como previsto inicialmente.

Vários membros da UDV agradeceram ao Legislativo local pela homenagem e relataram a trajetória da organização. "Queremos externar os nossos agradecimentos por esta Casa ter nos acolhido e pela oportunidade de nos apresentarmos", afirmou o presidente do Centro Espírita, Carcius Azevedo dos Santos.

"Começamos numa garagem no Gama, com 15 pessoas", contou Luiz Felipe Belmonte, comemorando a expansão da UDV, que hoje se encontra em vários países. "Recebemos nesta manhã, inclusive, a notícia de que os responsáveis por nosso pedido de legalização, no Reino Unido, darão parecer positivo", informou.

Discursando em nome dos sócios fundadores da UDV, Paola Simoni Silveira destacou a simplicidade do mestre Gabriel, fundador da irmandade, e falou dos preconceitos que tiveram de enfrentar. "Hoje já somos reconhecidos como uma rede solidária, que prega um modo de vida sustentável", disse.

Há 49 anos integrando a União do Vegetal, José Luiz de Oliveira disse que o fato de ter boa saúde aos 76 anos de idade é uma mostra de que o chá Hoasca não é prejudicial. "Há pessoas mais idosas que ainda tomam o chá e permanecem saudáveis", afirmou, acrescentando um ensinamento do mestre Gabriel: "Ele dizia que devíamos pregar aquilo que vivíamos".