Câmara celebra o Dia da Consciência Negra
Câmara celebra o Dia da Consciência Negra

Ao abrir o debate, Rejane Pitanga destacou como positivo o aumento, registrado pelo IBGE, no número de pessoas que se consideram negras ou pardas. Em 2000, o índice era de 44,7%. Dez anos depois passou para 50,7%. "Essa mudança de comportamento é fruto da luta pela valorização da identidade racial, de ações governamentais e da melhora de condição de vida das populações afro-descendentes. Mas a pobreza no Brasil ainda continua negra e feminina", lamentou a parlamentar.
Cláudio Abrantes reconheceu o aumento na autodeterminação de pessoas negras e pardas e criação de secretarias de promoção de igualdade racial como pontos positivos, mas alertou sobre para a importância de se refletir sobre os dados sócio-econômicos. "Questões como as diferenças de salários entre brancos e negros, a maior dificuldade de atendimento pelo SUS e a chance maior de perder do que ganhar ações judiciais mostram que há ainda muito a avançar", observou o parlamentar.
A representante das religiões de matrizes africanas, Sueli Francisca das Neves, relembrou em seu discurso os ícones do movimento negro e destacou que preservar a cultura negra é preservar a cultura nacional. Sueli disse que é preciso zelar pelos terreiros e garantir espaço para que possam professar sua fé. "Sofremos com chacotas e humilhações. A derrubada de terreiros é um desrespeito com algo que, para nós, está acima do coração e do pensamento"Educação - Em sua intervenção, o deputado Prof. Israel Batista (PDT) abordou o racismo velado no Brasil e salientou a importância do ensino da história da cultura africana no país. Segundo ele, "quanto mais educação, mais as pessoas se tornam tolerantes e menos racistas". Já Agaciel Maia (PTC) apontou a importância da qualificação profissional.
Presidente do Conselho de Defesa dos Direitos do Negro no DF, Ivair Augusto Santos, ressaltou que a instituição do 20 de novembro - dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695 - como data comemorativa foi fruto da luta do movimento negro no Brasil. Ivair também propôs que a Câmara Legislativa realize audiências públicas para discutir a aplicação do Estatuto da Igualdade Racial e a Lei N° 10.639/201, que inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira".
Em discurso breve e direto, a secretária especial da Igualdade Racial do DF, Josefina do Santos, relativizou o enfoque da qualificação profissional como principal entrave a uma maior presença do negro no mercado de trabalho e apoiou a realização das audiências públicas propostas por Ivair. "Grande parte dos negros são qualificados. Somos discriminados mais por nossa cor, é uma questão de racismo institucional. Brasília não vai se desenvolver se não houver desenvolvimento social e racial", observou a secretária.