Audiência pública defende transporte 24h e rota cultural
Audiência pública defende transporte 24h e rota cultural

A Lei Seca foi até poupada, mas o governo foi duramente criticado na audiência pública que a Câmara Legislativa realizou na tarde desta segunda-feira (29), no plenário, para discutir a criação do transporte 24h e da chamada "rota cultural" (que inclui um sistema interbares) – propostas defendidas pelo deputado Prof. Israel (PEN), autor da iniciativa do debate. Os participantes aprovaram a ideia. Alertaram, contudo, ser preciso investir também em segurança pública para garantir o direito de ir e vir de clientes e trabalhadores de bares e restaurantes.
"A Lei Seca é de primeiro mundo, mas ela precisa de adequação do Estado para a garantia de transporte público", disse Prof. Israel. "Com o transporte limitado, estamos vivendo toque de recolher na cidade", enfatizou o distrital, que lamentou a queda de cerca de 25% do movimento de bares e restaurantes da cidade desde a implantação da Lei Seca.
"O Estado tem que apresentar uma proposta que solucione o problema da falta de ônibus, inclusive à noite e na madrugada", pregou, propondo que a tarifa da noite para os consumidores poderia ser diferenciada em relação à dos trabalhadores do comércio. O parlamentar aproveitou para lembrar que o taxi é caro e não pode ser considerado alternativa, lembrando que a tarifa sofrera reajuste de 23,52% no mês passado, já com a expectativa dos jogos da Copa das Confederações.
Na mesma linha, a deputada oposicionista Eliana Pedrosa (PSD) afirmou que "está mais do que na hora de o governo concretizar o transporte 24h". Para ela, a crise na oferta de transporte coletivo "penaliza os consumidores e também os trabalhadores". A distrital cobrou, ainda, medidas que combatam "a insegurança que cresce a cada dia, com os sequestros relâmpagos, e que condena as pessoas a não saírem de casa".
O deputado Agaciel Maia (PTC) sustentou que o DF recebeu este ano muitos recursos, cerca de R$ 3,5 bilhões, os quais seriam suficientes para os investimentos na implantação do transporte 24 h e da "rota cultural". "Temos recursos, incluindo as obras do PAC, que nos permitem oferecer ônibus decentes com mais conforto e segurança", apostou.
Reivindicações – O presidente da Associação Comercial do DF, Cleber Roberto Pires, alertou que se o governo não tomar medidas urgentes para aumentar a oferta do transporte coletivo "em 2020 a nossa cidade estará inviabilizada". Ele considerou como um "clamor da sociedade" o aumento do efetivo policial: "Se não acontecer, teremos dias cada vez piores".
Outro líder empresarial e presidente do Sindicato de Hoteis e Bares (Sindhobar), Clayton Machado, disse que os órgãos do governo "não falam entre si" quando a questão é atender às demandas da sociedade, como a necessidade da melhoria do transporte coletivo. "Essa discussão sobre o transporte 24h já existe há mais de 20 anos e nunca é concretizada", condenou.
Vários líderes de associações e movimentos sociais também se manifestaram na audiência pública, cobrando a oferta de ônibus 24h, além de outras medidas para incentivar o uso de veículos alternativos, como a bicicleta. O líder do movimento Passe Livre, Paíque Duque, por exemplo, aproveitou para contestar qualquer proposta que aumente a tarifa no período noturno.