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Ex-presidente do sindicato das funerárias confirma denúncias

Publicado em 15/05/2008 13h04
Ex-presidente do Sindicato das Funerárias do DF e atual suplente do Conselho Fiscal da entidade, Fernando Viana Sousa, confirmou hoje em depoimento à CPI dos Cemitérios quase todas as denúncias que chegaram à Comissão, desde a existência dos papa-defuntos, passando pelo acordo entre seguradoras e funerárias, até a atuação irregular do concessionário dos cemitérios no DF, Francisco Moacir Pinto Filho, que faz o serviço de sepultamento sem ter empresa constituída para tanto.

Fernando Viana Sousa foi mais longe, disse que acredita que o processo licitatório que regularizaria a atuação das funerárias no DF não acontece porque há interesses escusos que a impedem. Apesar de dizer que teme por estar falando o que sabe, Fernando confirma que boa parte das denúncias que motivaram a criação da CPI partiu dele:  "Eu tenho medo, mas lutei para isso acontecer porque senão seria expulso do mercado".

:O ex-presidente do Sindicato das Funerárias contou aos deputados que ingressou na área como papa-defuntos em 1994. "Naquela época, deixávamos cartõezinhos nos hospitais e os servidores nos indicavam às famílias". Os servidores eram pagos por essa indicação? "Sim. Um café, um lanche e dinheiro também". Disse, ainda, que depois da instalação da CPI a atuação dos papa-defuntos foi muito reduzida, mas que ainda existe e é alimentada pelos servidores da área de anatomia dos hospitais públicos.

CPI de Valparaíso - Com uma empresa que atua no Gama e em Valparaíso, Fernando participou da CPI dos Cemitérios da Câmara Municipal dessa cidade de Goiás, onde o atual concessionário dos cemitérios do DF tem um crematório. No relatório final da CPI de Valparaíso os vereadores afirmam ter comprovado inúmeras ações ilícitas praticadas pelas empresas de Francisco Moacir, como a reutilização de caixões não cremados junto com os corpos e a venda de serviços de sepultamento sem ter empresa funerária.

Fernando Viana Sousa afirmou que quando a família decide não queimar o caixão no momento da cremação, ele é doado a uma família carente que tem 30 dias para ir buscá-lo.
 Quando não há esse resgate, a empresa o reincorpora a seu estoque e o revende.

Segundo Fernando, Francisco Moacir atua também em sepultamentos: terceiriza com clínicas do Guará e de Samambaia o tratamento dos corpos que serão enterrados e tem um carro para o transporte. Fernando afirma, também, que Francisco Moacir age da mesma forma no Distrito Federal.

:Seguradoras e DPVAT - O ex-presidente do sindicato das funerárias confirmou, ainda, que há um acordo entre seguradoras e algumas empresas. As seguradoras indicam a seus clientes as funerárias, que fazem o serviço por um custo baixo e dividem com a seguradora o excedente do seguro recebido. Fernando citou as seguradoras Marfre e Vera Cruz e a funerária Portal do Sol, do atual presidente do sindicato, Felismino Alves Ferreira Neto, que teriam esse tipo de acordo.

Quanto à liberação do DPVAT (Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres), Fernando disse que a maioria das famílias não lembra que o tem. A funerária sugere sua utilização mas, segundo ele, quem ganha mais com isso são os advogados que ficam com 20%.

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