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Comissão de Direitos Humanos vai ao Samu investigar denúncias

Publicado em 23/07/2007 16h40
Com dez das 37 ambulâncias que estão à disposição da população paradas por falta de pessoal e equipamentos, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência do DF (Samu) tem cerca de 40% da demanda por atendimento reprimida. Na prática, seis mil pessoas recebem atendimento das ambulâncias por mês, mas duas mil ligações ficam sem resposta. Em visita à sede provisória do órgão nesta segunda-feira, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Câmara Legislativa constatou que a Secretaria de Saúde tem dado pouca atenção ao programa que recebe, em média, 20 mil pedidos de ajuda por mês, mas não tem sede própria, funcionários efetivos ou recursos garantidos para a compra de materiais indispensáveis ao trabalho. A comissão visitou também hospitais do DF, onde pacientes e servidores afirmaram que 75% dos veículos da Secretaria, que deveriam fazer a remoção dos pacientes em estado grave para outras unidades de saúde estão quebrados ou sucateados. Para resolver o problema, o sistema acaba utilizando as ambulâncias do Samu. Para a deputada Erika Kokay (PT), presidente da comissão, as informações surpreenderam e devem ser resolvidas o quanto antes. "É lamentável que exista essa instabilidade no Samu, que deveria ser um programa privilegiado, ainda mais porque supre a deficiência de ambulâncias e de pessoal nas unidades de saúde", disse. A comissão foi ao órgão verificar a veracidade de denúncias de desvio de função das ambulâncias do Samu.

Segundo o coordenador do Samu-DF, o médico Rodrigo Caselli, são as unidades avançadas – equipadas com aparelhagem para atender a doentes em estado grave – que são utilizadas nessas remoções, atrapalhando a função principal do programa, que é fazer o atendimento na casa do paciente. "Nosso trabalho também é remover pacientes, mas acabamos fazendo mais isso do que o atendimento", disse Caselli. Por mês, mais de 20 mil pessoas procuram o sistema, dessas, 8 mil precisam de atendimento de emergência, mas nem todas conseguem.

A falta de equipamentos e materiais básicos como bolsas de medicamentos e macas para pacientes não é reflexo de falta de recursos. De acordo com Caselli, o governo federal repassa ao programa, via SES, cerca de R$ 580 mil por mês, e o governo local deveria garantir contrapartida no mesmo valor. No último ano, no entanto, a conta do Samu-DF estava com R$ 12 milhões que não haviam sido repassados. "Fica difícil repor os equipamentos, desde os simples aos mais sofisticados, porque não temos acesso ao recurso. A burocracia é muito grande", revelou o médico.

A deputada pretende entregar relatório da vistoria ao Ministério Público e à Secretaria de Saúde, na tentativa de intermediar negociação que garanta a realização de concurso público e maior agilidade na compra de equipamentos. "Nós vamos somar esse relatório ao conjunto dos relatórios das unidades de saúde. Vamos apresentar ao secretário, no começo do mês que vem, com propostas de superação do caos que encontramos, mas a questão do Samu exige urgência", disse Kokay.

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