Audiência pública busca aprimorar condições do Zoológico de Brasília
Audiência pública busca aprimorar condições do Zoológico de Brasília

A Câmara Legislativa do Distrito Federal realizou nesta sexta-feira (14) uma audiência pública para discutir denúncias de maus-tratos aos animais do Jardim Zoológico de Brasília. Defensores dos direitos dos animais, servidores, diretores e ex-diretores do Zoológico debateram com os distritais denúncias veiculadas na imprensa recentemente. Durante o debate foram sugeridas a criação de uma comissão especial para inspecionar e fiscalizar o Zoológico e a discussão de uma política pública de defesa dos direitos dos animais.
A realização da audiência foi uma iniciativa do deputado Rafael Prudente (PMDB), que destacou a importância do debate para aprimorar o tratamento oferecido aos animais existentes no Zoológico. O deputado Wasny de Roure (PT) ressaltou a importância do local para o DF e defendeu a discussão de uma política pública de defesa dos direitos dos animais, capaz de definir os conceitos básicos e gerais do tratamento que deve ser dado aos animais do Zoológico e de outros espaços, até mesmo na casa das pessoas.
A jornalista Carol Mourão relatou durante a audiência denúncias de maus tratos que recebeu nos últimos dois anos e criticou a falta de atitude do governo, classificando a gestão do Zoológico deste o governo passado de "desastrosa".
Raul Gonzales, que foi diretor do Zoológico por cerca de 20 anos, lembrou que o local nasceu por determinação do presidente Juscelino Kubitscheck, antes mesmo da inauguração de Brasília, como opção de lazer para os candangos. Foi criado em 6 de dezembro de 1957, com a compra da elefanta Neli, que durante anos foi um símbolo do Zoológico. Para o ex-diretor, todos devem se unir para reconstruir o local e corrigir os problemas.
Novos tempos – O representante da ONG BSB Animal, Ivan Moraes, também apelou para a reconstrução para corrigir o que chamou de erros do Zoológico. Ele disse que o local deve se adaptar à uma nova percepção de como tratar os animais. Já o presidente da Frente Ampla de Libertação de Animais (FALA), Bruno Pinheiro, criticou o aprisionamento dos animais e afirmou que no mundo de hoje os zoológicos não tem mais espaço. Segundo ele, nestes locais os animais estão em ambientes artificiais e apresentam comportamentos também artificiais. "Que diversão é essa? Será que não é hora de parar de frequentar o Zoológico? Pesquisas apontam que a maioria da população já é contra o aprisionamento de animais", questionou.
Pinheiro defendeu a criação de uma comissão especial da Câmara Legislativa para fiscalizar e inspecionar denúncias contra o Zoológico. Já o presidente da Associação de Servidores, José Carlos de Oliveira, pediu respeito aos profissionais, que, segundo ele, não podem ser atacados por causa dos equívocos dos gestores. Na opinião dele, a precarização do trabalho vem se agravando desde o governo passado.
O diretor do Zoológico, José Vieira, destacou os quatro pilares da instituição: conservação, pesquisa, educação e lazer. Vieira rebateu o que considerou de críticas infundadas contra alguns recintos. De acordo com ele, espaços usados para tratamento veterinário foram citados em denúncias como espaços de abrigamento de animais.
Laudos – O deputado Robério Negreiros (PMDB) apresentou laudo de inspeção judicial e documentos da vigilância sanitária e do conselho de veterinários que descartam a existência de ambientes irregulares ou de maus tratos. O distrital levantou a hipótese das denúncias surgirem de possíveis interessados numa possível privatização. Negreiros também considerou o orçamento destinado ao Zoológico pífio.
A ausência do secretário de Meio Ambiente, André Lima, na audiência pública foi criticada por servidores e pelo deputado Rafael Prudente. Em seu lugar, o governo foi representado pelo subsecretário de Áreas Protegidas, Cerrado e Direitos Animais, Romulo Mello, que admitiu a necessidade de aprimoramento das condições do Zoológico, mas reclamou de denúncias "sem fundamento". Para ele, a instituição realiza um trabalho muito bom, apesar da falta de recursos.
Também participaram da audiência pública os deputados Bispo Renato Andrade (PR), Chico Vigilante (PT), Júlio César (PRB) e Prof. Israel (PV), além de Lorrane Gabrieli, bióloga e ex-tratadora, e Beatriz Bartoli, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da OAB.
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