Moradores e especialistas contra nova quadra no Sudoeste
Moradores e especialistas contra nova quadra no Sudoeste

O projeto prevê a construção de 22 edifícios residenciais na nova quadra. Chico Vigilante também disse que é contra a construção da nova quadra. Para ele, o governo precisa ouvir o clamor da comunidade e impedir o empreendimento.
Segundo Vigilante, denuncias de funcionários do próprio Instituto Brasília Ambiental (Ibram) ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) indicam que a licença para a obra teria sido liberada em 30 de dezembro de 2010, no apagar das luzes do governo-tampão de Rogério Rosso (PMDB), sem parecer dos técnicos.
Em 8 de fevereiro deste ano, o MPDFT recomendou ao presidente do Ibram, Moacir Bueno Arruda, que cancelasse a licença.
O presidente do Conselho Comunitário do Sudoeste, Eder Barbosa, argumentou que uma nova quadra no setor ampliaria ainda mais problemas de trânsito e de abastecimento de energia, além de devastar uma área nativa de cerrado. Segundo ele, a nova quadra representaria três mil novos moradores no Sudoeste, mais de 10% da população atual da cidade. "A comunidade do Sudoeste é inteiramente contra esta nova quadra. A área deveria ser preservada e incorporada ao Parque Sucupira", assinalou.
Para o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB, Frederico Flósculo, responsável por um projeto de apoio e defesa de demandas comunitárias, o projeto deturpa a concepção original de Brasília ao adensar uma área às margens do Eixo Monumental. Ele criticou duramente os órgãos do governo que deram aval ao projeto, especialmente o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural (Iphan). Segundo Flósculo, a atuação do Iphan no episódio foi lamentável.
O professor também estranhou o fato de que os urbanistas responsáveis pelo empreendimento serem os mesmos que comandaram os projetos do Sudoeste, Águas Claras e Noroeste. "O setor imobiliário tem vencido e dobrado Brasília. Está na hora da Câmara Legislativa ouvir a sociedade e impedir este projeto", defendeu.
Já Mônica Veríssimo, da ONG Fundação da Sustentabilidade e Desenvolvimento, apresentou um estudo sobre o projeto original de Brasília e também sobre sua atualização, conhecida como Brasília Revisitada, ambos de autoria do urbanista Lúcio Costa. Segundo ela, os dois documentos deixam claro que uma das características principais do Plano Piloto é a chamada escala monumental, que seria deturpada com a construção da nova quadra.
Mônica Veríssimo ressaltou que Lúcio Costa deixa claro em vários momentos dos seus trabalhos que a ocupação de áreas ao longo do Eixo Monumental é "inadequada e desastrosa".
Leia mais: IBRAM suspende licença de projeto residencial no Sudoeste (https: //www.cl.df.gov.br/cldf/noticias/instituto-do-meio-ambiente-suspende-a-licenca-do-projeto-do-sudoeste)
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