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DCL n° 125, de 23 de junho de 2025
Portarias 171/2025
Secretário-Geral
O SECRETÁRIO-GERAL DO GABINETE DA MESA DIRETORA DA CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO
FEDERAL, no uso da atribuição que lhe foi delegada por meio do disposto no inciso XII, do art. 1º, do Ato do Presidente nº 12, de 2025, publicado no DCL nº 7, de 8/01/2025, RESOLVE:
Art. 1º DESIGNAR os Fiscais da Contratação Direta de Inexigibilidade nº 38/2025, objeto da NOTA DE EMPENHO nº 2025NE00569, firmada entre a Câmara Legislativa do Distrito Federal e a empresa OPEN SOLUCOES TRIBUTARIAS LTDA, CNPJ nº 09.094.300/0001-51, cujo objeto é a contratação de instituição para ministrar, a servidoras da CLDF, o curso de Escrituração Fiscal Digital de Retenções e outras Informações Fiscais (EFD-REINF) e Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Previdenciários e de outras entidades e fundos (DCTFWeb), com 12 horas-aula, de forma on-line, ao vivo, via Plataforma Google Meets, no período de 08 a 10 de Julho de 2025. Processo nº 00001-00012260/2025- 66.
Art. 2º Os Fiscais designados por esta Portaria são os seguintes servidores, aos quais cabe exercer as atribuições previstas na Lei nº 14.133/21:
NOME | MATRÍCULA | LOTAÇÃO | FUNÇÃO |
ANTONIA LAÍS OLIVEIRA DA SILVA | 24.880 | ELEGIS | Fiscal |
THAÍS DE OLIVEIRA ALCANTARA | 23.676 | NEP | Fiscal Substituta |
Art. 3º Este Ato entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º Revogam-se as disposições em contrário.
JOÃO MONTEIRO NETO
Secretário-Geral/Presidência
Documento assinado eletronicamente por JOAO MONTEIRO NETO - Matr. 24064, Secretário(a)-Geral da Mesa Diretora, em 18/06/2025, às 18:46, conforme Art. 30, do Ato da Mesa Diretora n° 51, de 2025, publicado no Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 62, de 27 de março de 2025.
A autenticidade do documento pode ser conferida no site: http://sei.cl.df.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0 Código Verificador: 2203077 Código CRC: D54324A0.
DCL n° 125, de 23 de junho de 2025
Avisos - Contratos 1/2025
Brasília, 18 de junho de 2025.
AVISO DE APOSTILAMENTO
O SECRETÁRIO-GERAL DO GABINETE DA MESA DIRETORA DA CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO
FEDERAL, no uso da atribuição que lhe foi delegada por meio do disposto no inciso XII, do art. 1º, do Ato do Presidente nº 12, de 2025, publicado no DCL nº 7, de 8/01/2025, torna público que, de acordo com a CLÁUSULA SEXTA, Item 6.3.3.1, do Contrato-PG nº 14/2020-NPLC, celebrado entre a Câmara Legislativa do Distrito Federal e a empresa QUALIFICAR - GESTÃO TERCEIRIZADA DE SERVIÇOS CORPORATIVOS E TECNOLOGIA EIRELI., com o art. 40, XI, c/c art. 55, III, da Lei 8.666/93, e nos
termos da CCT do SINDPD-DF 2024/2025, o valor do contrato fica reajustado para R$ 387.549,12 (trezentos e oitenta e sete mil, quinhentos e quarenta nove reais e doze centavos). O valor majorado passa a produzir efeitos financeiros a partir de maio de 2024. JOÃO MONTEIRO NETO – Secretário-Geral
/ Ordenador de Despesa.
PLANILHA RESUMO | ||
Demonstrativo dos Valores Atual e Reajustado | Valor total sem reajuste | R$ 369.686,40 |
Percentual acumulado INPC (MAI/24 - ABR/25) | 5,316740% | |
Valor total reajustado | R$ 387.549,12 | |
Valor mensal reajustado | R$ 32.295,76 | |
Valor anual majorado | R$ 17.862,72 | |
Valor retroativo devido (mai/2024 a mai/2025) | R$ 13.968,56 |
JOÃO MONTEIRO NETO
Secretário-Geral/Ordenador de Despesa
Documento assinado eletronicamente por JOAO MONTEIRO NETO - Matr. 24064, Secretário(a)-Geral da Mesa Diretora, em 18/06/2025, às 18:51, conforme Art. 30, do Ato da Mesa Diretora n° 51, de 2025, publicado no Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 62, de 27 de março de 2025.
A autenticidade do documento pode ser conferida no site: http://sei.cl.df.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0 Código Verificador: 2205201 Código CRC: 210D7DF5.
DCL n° 125, de 23 de junho de 2025
Portarias 251/2025
Diretoria de Gestão de Pessoas
A DIRETORA DE GESTÃO DE PESSOAS DA CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL, no
uso da competência que lhe foi delegada pelo art. 4º, § 1º, do Ato da Mesa Diretora nº 67/2009; tendo em vista o disposto no art. 20, inciso III, da Lei distrital nº 4.342/2009 c/c o art. 4º do Ato da Mesa Diretora nº 67/2009; e ainda o que consta no Processo nº 00001-00023819/2025-83, RESOLVE:
AUTORIZAR a alteração da lotação de origem da servidora FERNANDA ANDRADE TONETO BARBOZA matrícula nº 23.384, ocupante do cargo efetivo de Consultor Técnico-Legislativo, categoria Enfermeiro, do Núcleo de Enfermagem para o Setor de Auditoria Médica.
EDILAIR DA SILVA SENA
Diretora de Gestão de Pessoas
Documento assinado eletronicamente por EDILAIR DA SILVA SENA - Matr. 16015, Diretor(a) de Gestão de Pessoas, em 18/06/2025, às 14:50, conforme Art. 30, do Ato da Mesa Diretora n° 51, de 2025, publicado no Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 62, de 27 de março de 2025.
A autenticidade do documento pode ser conferida no site: http://sei.cl.df.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0 Código Verificador: 2205397 Código CRC: 9164284E.
DCL n° 125, de 23 de junho de 2025
Portarias 177/2025
Secretário-Geral
O SECRETÁRIO-GERAL DO GABINETE DA MESA DIRETORA DA CÂMARA LEGISLATIVA DO
DISTRITO FEDERAL, no uso de suas atribuições regimentais e nos termos do Ato da Mesa Diretora nº 150, de 2023, RESOLVE:
Art. 1º Aprovar o Plano de Trabalho da Comissão de Processo Disciplinar e Tomada de Contas Especial (2199184).
Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
JOÃO MONTEIRO NETO
Secretário-Geral/Presidência
Documento assinado eletronicamente por JOAO MONTEIRO NETO - Matr. 24064, Secretário(a)-Geral da Mesa Diretora, em 18/06/2025, às 18:15, conforme Art. 30, do Ato da Mesa Diretora n° 51, de 2025, publicado no Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 62, de 27 de março de 2025.
A autenticidade do documento pode ser conferida no site: http://sei.cl.df.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0 Código Verificador: 2205893 Código CRC: 613BF849.
DCL n° 125, de 23 de junho de 2025 - Suplemento
Ata Circunstanciada Sessão Ordinária 53/2025
ATA DE SESSÃO PLENÁRIA
3ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 9ª LEGISLATURA
ATA CIRCUNSTANCIADA DA
53ª SESSÃO ORDINÁRIA,
TRANSFORMADA EM COMISSÃO GERAL
PARA DEBATER O PLANO NACIONAL E DISTRITAL DE EDUCAÇÃO,
DE 12 DE JUNHO DE 2025.
INÍCIO ÀS 15H02 TÉRMINO ÀS 18H52
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos
trabalhos.
Sobre a mesa, expediente que será lido por mim.
(Leitura do expediente.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – De acordo com a aprovação do
Requerimento nº 2.022/2025, de autoria do deputado Gabriel Magno, e conforme art. 131, § 4º, está
aberta a sessão ordinária, que se transforma em comissão geral para debater o Plano Nacional de
Educação e o Plano Distrital de Educação.
Agradeço, desde já, a presença de professores, professoras, orientadores e orientadoras da
Secretaria de Educação, que estão em greve; justa, legítima e legal. E convido-os a participarem do
debate aqui no plenário.
Suspendo a comissão geral.
(A comissão geral é suspensa.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Estão reabertos os trabalhos desta comissão
geral para debater o Plano Nacional de Educação e o Plano Distrital de Educação.
Antes de iniciar os debates, eu quero dizer que os professores, professoras, orientadores e
orientadoras educacionais da rede pública desta cidade estão em greve. Essa é a segunda semana da
greve. Eles estão reivindicando e, neste caso, aguardando uma resposta do Governo do Distrito Federal
às justas, legítimas e necessárias reivindicações da categoria, que tem muito a ver com o debate que
faremos neste plenário hoje. Parte importante dessa mobilização que vamos apresentar tem a ver com
o descumprimento de metas fundamentais do Plano Distrital de Educação, que foi aprovado por esta
casa em 2015.
Eu quero reforçar nesta mesa, mais uma vez, também publicamente, não só solidariedade, mas
também apoio irrestrito à greve dos profissionais de educação do Distrito Federal. (Palmas.)
Quero lamentar a fala de ontem do governador desta cidade, que ameaça os trabalhadores e
servidores da educação. Não é papel de um governador dizer publicamente – em lugar nenhum, nem
de modo privado – para os professores que vai cortar o ponto e o salário deles e que quer ver até
quando eles aguentam. É uma ameaça de que eles vão morrer de fome, de que não vão conseguir
pagar as contas?
O governador desta cidade, quando tomou posse e foi eleito numa eleição, fez compromissos
republicanos com a Constituição, com a Lei Orgânica do Distrito Federal. Um desses compromissos é
respeitar os servidores e servidoras públicos, valorizá-los, tratá-los com dignidade. É inaceitável,
incabível, um governador que se dirige à população, que se dirige aos servidores públicos nesse tom de
ameaça.
Quero repudiar e lamentar a fala do governador e, mais uma vez, reforçar o discurso.
Governador, é muito fácil a greve acabar: apresente a proposta para os professores, porque eu tenho
certeza de que a assembleia vai deliberar pelo retorno às aulas. (Palmas.)
Sobre o ponto, o governador é advogado, então, ele fala muito e entende muito de lei, mas
acho que ele esquece algumas leis. Talvez ele tenha esquecido que essa categoria repõe os dias
parados em todas as greves por 2 questões fundamentais: a primeira, pelo compromisso que essa
categoria tem com a escola, com os estudantes, com as crianças, com os adolescentes, com os jovens
e adultos que estão matriculados na rede, com o ensino, com o conteúdo, com a proteção social, que é
o papel da escola; a segunda, porque a própria legislação assim prevê para fechar os 200 dias letivos
no ano.
A ameaça do governador, além de vazia, além de covarde, além de não ajudar na mediação do
processo, ainda mostra um desconhecimento do funcionamento da organização da rede que ele
deveria estar cuidando. Se cortar o ponto dos professores, cortar o salário dos professores, o ano letivo
não vai encerrar.
Mais uma vez, colocamos a Comissão de Educação e Cultura desta casa a serviço e à
disposição dessa categoria e de toda a escola.
Quero convidar as pessoas para compor a nossa mesa, que será robusta. Chamamos para a
mesa, a fim de iniciar o debate, a representação institucional, porque acho isso fundamental, é o papel
da Câmara Legislativa, o MEC, Ministério da Educação. Inicialmente, quando pensamos neste
momento, a categoria ainda não estava em greve. Isso tem sido um processo de discussão no âmbito
das assembleias legislativas, do Congresso Nacional, nas comissões de educação – esse debate com o
Ministério da Educação –, para pensar também a elaboração do novo Plano Nacional de Educação.
Obviamente, é uma matéria do Congresso Nacional, mas que tem tudo a ver com as assembleias
estaduais – no nosso caso, distrital –, porque é também do Plano Nacional de Educação que seguirão
as diretrizes para formularmos o nosso novo Plano Distrital de Educação.
Então, nós vamos aproveitar esse diálogo, que é fundamental, necessário, e no meio da greve.
Obviamente que a greve é pauta, sim, desta nossa comissão geral.
Eu quero convidar para compor a nossa mesa o chefe de gabinete da Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação,
Lucas Fernandes. (Palmas.)
Nós convidamos a Secretaria de Educação, mas eles não vieram, para surpresa de todo este
plenário!
(Manifestação do público.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Então, fica ecoada a surpresa de todos nós:
a secretária Hélvia não virá e não mandou representante a esta comissão.
Eu quero convidar também para compor a mesa, representando a Campanha Nacional pelo
Direito à Educação, ela que também tem construído nacionalmente esse processo e tem sido uma
grande parceira na construção e no debate do PNE, a professora da Universidade de Brasília, da
Faculdade de Educação, doutora Catarina de Almeida. (Palmas.)
Representando a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, a nossa CNTE, e
também o Sindicato dos Professores, o nosso Sinpro-DF, o professor Cláudio Antunes. (Palmas.)
Enquanto o Cláudio se encaminha à mesa, quero dizer que todos vocês sabem que estamos no
meio de uma greve, estão acontecendo piquetes e processos também de organização. Por isso que
outros membros da direção do sindicato estão em outras tarefas. Eles pediram que fossem justificadas
suas ausências. Eu as deixo justificadas. Portanto, o Cláudio representa a CNTE e o Sinpro nesta mesa.
Quero chamar para compor a mesa o diretor de Relações Institucionais do SAE-DF, o sindicato
que representa a carreira PPGE, na Secretaria de Educação, Victor Hugo Borba. (Palmas.)
Representando o Fórum Distrital de Educação, que também tem feito e conduzido o debate
com as diversas entidades de educação no Distrito Federal, não só no monitoramento do Plano Distrital
de Educação, mas na construção do novo Plano Distrital de Educação, o professor Júlio Cezar Barros de
Farias. (Palmas.)
Estou vendo aqui que esta mesa vai apresentar um pouco de disparidade. Então, fica esse
registro a respeito da pouca presença feminina à mesa e o esforço das nossas representações.
Representando a Associação dos Docentes da Universidade de Brasília, a ADUnB, o professor
Pedro Gontijo. E quero deixar registrada a presença da presidenta da ADUnB, Lídia. Ela vai precisar sair
daqui a pouco, porque tem outro compromisso, mas há outras pessoas representando a direção
também da ADUnB. Nós vamos citá-las ao longo da nossa audiência pública. (Palmas.)
E, por fim, como representante da União dos Estudantes Secundaristas do Distrito Federal, a
UESDF, convido o estudante Hugo Leopoldo. (Palmas.)
Quero combinar uma coisa com vocês. A mesa tem o intuito de reunir essas representações,
que obviamente são importantes, pois, de alguma maneira, representam um coletivo de opiniões.
Porém, também queremos ouvir vocês, que estão presentes. Existem outras representações já
inscritas, e quero deixar abertas as inscrições. Quem quiser falar levante a mão. O Henrique e a
Auriene, que são da nossa assessoria, vão anotar o nome de vocês.
Quero combinar com a mesa que, em vez de fazermos todas as falas da mesa seguidas e só
depois abrirmos a palavra para o público, podemos fazer uma alternância no uso da palavra. Podemos
combinar assim? Escutaremos alguém da mesa, depois um do público e vice-versa. Faremos um
revezamento.
Sugiro que as professoras e os professores, quando forem falar, utilizem a tribuna, para já irem
se acostumando, pois é preciso haver mais de nós aqui dentro desta casa. Assim, vocês já vão
exercitando a tarefa de representar tão bem essa categoria, que é a maior do Distrito Federal.
(Palmas.)
Tínhamos também um convidado, mas ele está com um problema: o Armando Simões,
secretário de Articulação Intersetorial e com os Sistemas de Ensino, do Ministério da Educação. Ele está
em viagem e havia combinado ontem conosco que entraria remotamente, por meio de um link.
Porém, hoje, não sei se vocês acompanharam, houve um problema nos aeroportos, um acidente muito
grave. O voo dele teve atrasos, ele está em trânsito e, por enquanto, não conseguiu entrar. Não sei se
conseguirá entrar ao longo da nossa intervenção.
Havíamos combinado que o Armando faria essa introdução, para apresentar um pouco da
dinâmica de como o MEC está construindo e enxergando esse processo do PNE. Como o Armando não
está aqui, vou combinar com você, Lucas, que faria uma fala complementar, mas acho que você
ajudará a ilustrar um pouco esse processo.
Anuncio a presença das assessorias do deputado federal Prof. Reginaldo Veras e da deputada
federal Erika Kokay, que estão acompanhando o debate conosco.
Concedo a palavra ao Lucas Fernandes.
LUCAS FERNANDES – Primeiramente, eu gostaria de cumprimentar todas as pessoas presentes.
É uma honra estar na Câmara Legislativa do DF.
Obrigado, deputado, pelo convite. Saúdo toda a mesa na pessoa da Catarina, que já conheço
de outras empreitadas e de outras jornadas, a qual sempre teve uma atuação e realizou uma
campanha muito forte no Plano Nacional de Educação.
Saúdo todos os profissionais da educação presentes. Tudo o que vou dizer aqui só acontece
por causa de vocês. Eu vou dar uma ênfase um pouco diferente, pois vou falar do Plano Nacional de
Educação, mas deixo esse registro, porque considero muito importante levarmos em conta as
condições objetivas para o cumprimento dos planos de educação.
O Plano Nacional de Educação, ao longo do tempo, tem sido altamente estruturante para a
educação brasileira. Muito do que conseguimos alcançar foi por causa dos planos nacionais de
educação, bem como dos distritais, estaduais e municipais.
Quando estive na rede do Ceará – na qual fiquei por alguns anos –, coordenei o Plano Estadual
de Educação e a elaboração dos planos municipais de educação. Conheço um pouco do processo de
discussão e sei que, quando esse processo é feito em conjunto, a partir de um diálogo entre a
sociedade, o Legislativo e o Executivo, conseguimos alcançar resultados melhores. O Ceará, inclusive,
foi um dos estados que teve uma meta a mais do que o plano nacional, específica para indígenas e
quilombolas. Para nós, isso foi uma grande vitória.
Hoje, quero falar um pouco sobre o novo plano e sobre alguns elementos que considero
novidades muito importantes, que todos nós deveríamos conhecer.
No último plano, havia 20 metas e mais de 200 estratégias, mas, dentro das metas, não
olhávamos para algumas modalidades da educação, para desigualdades, para a desigualdade étnico-
racial. Uma série de questões ficou apagada naquele momento. Acho que isso faz parte do
amadurecimento do debate educacional brasileiro.
O plano tem, sim, uma série de méritos, ainda que parte das suas metas não tenha sido
cumprida integralmente; várias metas foram cumpridas parcialmente. Não gosto muito da análise de
que a maior parte das metas do plano foi cumprida porque coloca o cumprimento como algo binário:
cumpriu ou não cumpriu. Acho que houve avanços em quase todas elas. Isso é importante.
Quando falamos das metas sobre a garantia do direito à educação, são as primeiras e versam
sobre o acesso, a permanência, a qualidade etc., a gente fala que essas metas não foram cumpridas
integralmente, ou os avanços foram baixos, mas eu queria chamar a atenção para o porquê, na nossa
avaliação, de elas não terem avançado tanto. Não olhamos para quem, de fato, está ficando fora da
escola e está tendo negado o seu direito à educação. Mostramos que 1/3 dos jovens no ensino médio
não o concluem. Quem são esses jovens? São jovens periféricos, negros, indígenas, quilombolas, do
campo. Há uma marcação muito específica sobre essas pessoas. No PNE vigente, não há metas
específicas para esses alunos.
Fizemos uma discussão no MEC que transformou um pouquinho a estrutura. Em vez de haver
as metas e estratégias, elas viraram objetivos, dentro dos objetivos têm as metas, e abaixo há as
estratégias. Por uma movimentação muito forte da Secadi, dentro do Ministério da Educação, surgiram
as metas de equidade, de redução de desigualdade.
Todas as metas quantificáveis – atendimento, qualidade, permanência etc. – vão ter recorte
étnico-racial, socioeconômico e vários outros que achamos muito importantes para monitorarmos quem
está de fora. Já sabemos quem são os alunos fora da escola, no entanto, se não colocarmos isso no
documento, vai ser muito difícil fazer cumprir a legislação, porque será como se o aluno fora da escola
fosse o aluno médio. O aluno médio não existe. Existe uma multiplicidade de sujeitos que são
atravessados por diferentes realidades.
As modalidades educacionais da Secadi são indígena, quilombola, campo, Educação de Jovens
e Adultos, educação especial e educação bilíngue de surdos. As temáticas de direitos humanos são
educação para as relações étnico-raciais, educação ambiental e enfrentamento à violência extrema nas
escolas. Esses eram temas que estavam apáticos e vêm muito fortes, muito fortes no novo plano. Para
mim, a marca registrada desse plano é a equidade. Esperamos que essa marca seja preservada e até
aprimorada no Congresso Nacional. Temos tido reuniões com o relator, para discutir as emendas
apresentadas e decidir quais devem e quais não devem ser acatadas. Temos discutido várias emendas
da campanha de deputados muito meritórias. Queremos que, de fato, esse seja o plano da equidade,
da inclusão e da redução da desigualdade no país.
É inaceitável que o Distrito Federal, com sua capacidade e recursos, tenha um grau de
desigualdade tão grande. Essa não é uma particularidade do Distrito Federal, mas é aprofundado aqui.
Acho que o Plano Nacional de Educação e, consequentemente, o Plano Distrital de Educação têm
oportunidade de traçar um novo momento para que o governo olhe para essas questões e se
comprometa com elas com seriedade.
Então, o Plano Distrital de Educação, assim como o Plano Nacional de Educação, precisa conter
esses elementos. Eventualmente, o Plano Distrital de Educação poderá até aperfeiçoá-los, incrementá-
los e trazer outras questões específicas da realidade do Governo do Distrito Federal. É preciso o
compromisso muito forte do Plano Distrital de Educação com as metas de equidade e de inclusão e
suas respectivas estratégias, para que elas sejam aplicadas no Distrito Federal.
Deputado, espero que daqui a alguns anos, quando fizermos o monitoramento dos planos em
âmbito nacional ou distrital, possamos falar: “A Meta 9-B, que trata de redução de desigualdade na
educação especial, não está sendo cumprida”. Nós avançamos na média, mas os grupos minorizados,
os que mais precisam de suporte do Estado, não estão sendo atendidos. Isso vale para todas as
modalidades e grupos que eu citei aqui.
Eu não queria fazer uma fala muito extensa, até porque este é um momento de debate e nós
temos outras pautas para tratar.
No Ministério da Educação nós fizemos um trabalho muito intenso no sentido de absorver todas
as contribuições da Conae, de olhar para o Plano Nacional de Educação vigente e cuidar para não
haver nenhum retrocesso nele. Trabalhamos para conseguir incrementá-lo e aprimorá-lo ao trazer para
ele diversidade e inclusão como premissas para a equidade. Não existe qualidade se ela for direcionada
apenas para poucos. Isso envolve uma política pública de equidade que invista naqueles que mais
precisam dela.
Ingressamos na Secadi com 25% do orçamento de 2013. Em 2013, a Secadi tinha
aproximadamente R$1 bilhão de orçamento. Nós pegamos a Secadi com R$270 milhões. Agora
estamos com R$960 milhões. Portanto, estamos fazendo uma recomposição relevante.
Lançamos uma série de políticas: a política do Pacto da EJA, a Política de Educação Especial e
de Afirmação do PNEEPEI, e lançamos a PNEERQ, a Política de Erer e Educação Escolar Quilombola.
Serão lançadas em breve algumas outras políticas para a educação escolar indígena, para a educação
do campo, uma atualização do Pronacampo.
Então, estamos investindo para dar suporte às redes. Mas as redes têm que querer acatar isso,
têm que investir, têm que colocar energia para criar condições objetivas para essas coisas
acontecerem.
Do ponto de vista legal, é fundamental que haja o plano, inclusive para embasar todos os
nossos debates. Imagino que hoje uma parte robusta do debate envolverá as metas de valorização dos
profissionais, de financiamento etc.
É isto o que estamos buscando: um plano que seja exequível. O Plano Nacional não é um plano
federal de educação, ele é nacional. Todos os entes precisam se envolver para que ele seja feito e
buscar as condições efetivas para garantir que seja cumprido. É muito importante reforçar como se
dará esse cumprimento, porque precisamos deixar claro para quem queremos que a educação
aconteça no Brasil. Se não dizemos especificamente quem são esses sujeitos que precisam de suporte,
é o mesmo que deixá-los à deriva, porque aí os estados e os municípios olham para a média, e ela não
resolve nada.
Essa é a minha consideração inicial.
Obrigado pelo convite. Estou à disposição. (Palmas.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Obrigado, Lucas.
Eu quero apenas trazer 2 dados, Lucas, sobre a realidade do Distrito Federal, porque temos
sido questionados do porquê de haver um plano se o governo não o cumpre. Isso fez parte de um
debate. Acho que o Júlio até tem um acúmulo de informações sobre isso, de ter sido colocado ou não
na legislação.
Está na legislação, fruto da política neoliberal do Estado brasileiro da década de 1990, a Lei de
Responsabilidade Fiscal, que impõe ao governo vários limites quanto a essa responsabilidade fiscal do
orçamento. No debate do PNE e do PDE surgiu a ideia da Lei de Responsabilidade Educacional, em que
aqueles governantes que não aplicam o que está previsto na legislação da educação brasileira
sofreriam algum tipo de sanção.
Esse é um debate importante. Hoje, não há essas obrigações na lei, essas vinculações de
sanção. Na minha opinião, o plano serve – nós estamos falando de uma política de Estado de 10 anos
– para além dos governos, uma vez que prepara o terreno, avalia as condições materiais e objetivas,
faz diagnóstico, aponta caminhos importantes, mesmo às vezes havendo muita frustração.
Na minha opinião, o Distrito Federal tinha tudo para ser a unidade modelo da Federação, o
exemplo do cumprimento do conjunto dessas políticas públicas e da legislação por uma questão muito
fundamental: o recurso orçamentário. O DF conta com o Fundo Constitucional, que, pela determinação
da Constituição, serve também para custear o seu serviço de educação, o qual tem justamente essa
natureza de ser uma rede integrada, municipal e estadual, com muito mais homogeneidade e
capacidade de testar a política pública.
Este é também outro desafio: a falta de um sistema nacional articulado de educação. Se
analisarmos estados grandes, como Minas Gerais, veremos que sistemas municipais de educação
muitas vezes são desconectados com o sistema estadual. Ele tem uma série de outros desafios que o
Distrito Federal não tem. Então, poderia também servir de exemplo.
Quero destacar o dado da Meta 20, que é a do orçamento. O Lucas falou bem, nós não
fazemos política pública de qualidade só com a vontade ou só com nossa capacidade ou com nosso
amor pelo serviço e pela educação – que todos aqui têm. Não está em debate isso; não estamos
medindo quem ama mais ou quem ama menos a escola, a educação, a sala de aula.
O exemplo da Meta 20 é o seguinte: em 2015, a meta prevista para o Distrito Federal,
considerando-se o orçamento completo, com o Fundo Constitucional, era que o DF investisse, com
orçamento próprio mais Fundo Constitucional, 3,76% do seu PIB em educação. Isso representava, em
números reais, R$8 bilhões. Essa era a meta prevista para 2015, primeiro ano do plano.
Em 2015, o DF estava acima da meta, porque, em 2015, a meta era R$8,1 bilhões, e nós
investimos em educação R$9 bilhões, que, em termos percentuais, representa 4,21%. A meta para o
ano passado era de 6,12%. Então, nós teríamos que sair dos 3,76% e chegar a 6,12%, mas nós
largamos na frente, largamos com 4,21%. Só que a meta batida foi de 3,67%. Então, nós regredimos.
A ideia era chegar, no ano passado, com um investimento em educação de R$20 bilhões. Foi de R$13
bilhões.
E eu estou dizendo isso porque, às vezes, falamos de número e tamanho, do investimento sair
de R$9 bilhões para R$20 bilhões, mas saiu de R$9 bilhões para R$13 bilhões. E, quando comparamos
o orçamento do Distrito Federal, vemos que era extremamente possível.
Eu vou pegar o crescimento do orçamento do DF só no período do governo Ibaneis. Em 2019,
o orçamento total do Distrito Federal foi R$36 bilhões; este ano, R$73 bilhões. O orçamento dobrou. Se
o orçamento da cidade dobrou, era extremamente possível, justo e viável ter dobrado o investimento
em educação. Era só ter sido mantido o padrão de investimento. (Palmas.) O que cresceu no
orçamento total vai também para a educação. Não haveria esforço. Não haveria uma necessidade de
tirar de outro lugar. Na verdade, o que foi feito é que foi tirado da educação. Para sustentar esse
crescimento, retirou-se da educação.
E um dado que é assombroso também do governo Ibaneis: em 2019, a renúncia fiscal, ou seja,
a parte do orçamento que foi para a renúncia fiscal de grandes empresas da cidade – a maioria delas
dos ônibus, que não renovaram frota, aquelas coisas todas, de empresas de publicidade, atacadistas...
Essas grandes empresas tiveram, como renúncia fiscal, o bolsa empresário, R$1,8 bilhão, em 2019,
primeiro ano do governo Ibaneis; e, no ano de 2024, que fechou a conta, R$9,1 bilhões, Júlio. O bolsa
empresário saiu de R$1,8 bilhão para R$9,1 bilhões, ou seja, aumentou 400%. O orçamento dobrou,
mas o bolsa empresário quadriplicou. E o orçamento da educação, que bastava ter continuado igual, foi
reduzido.
Estou colocando isso porque eu tenho convicção de que isso é um dos grandes problemas do
nosso debate educacional hoje, que explicam muito a justa greve, mas também as condições de
trabalho das escolas, que têm salas superlotadas, dificuldade de acesso, de equipamentos, de
profissionais, que, obviamente, têm um impacto na Meta 17, e esse número é assustador.
Eu quero ler para vocês que a Meta 17, que todo mundo deve saber de cor e salteado, diz que
nós deveríamos receber como remuneração a média, no mínimo, das carreiras de nível superior. No
piso, na remuneração inicial, nós estamos R$5.678,59 abaixo da média. Para termos noção, para quem
está com o contracheque atualizado – agora com um risco, porque o governador está ameaçando não
pagar no próximo mês –, isso significaria um reajuste de 95% no piso.
Quanto ao teto da carreira, a diferença entre o teto do magistério e o teto da média é de
R$4.960, o que significaria um reajuste de 56% no teto da carreira. A pauta que está na camiseta de
vários de vocês é 19,8%. Quando o governo fala que não dá, que é fora do padrão, que é fora da
realidade, não é verdade. Estamos fazendo uma conta muito reduzida do que deveria ser conforme a
previsão legal.
Estou apresentando isso também, Lucas, porque acho que este é um debate que precisamos
fazer juntamente com o MEC nesse esforço de constituir um sistema nacional articulado de educação,
que possui esses elementos que você mencionou, que são fundamentais. Isso passa, obviamente, pela
capacidade do Estado brasileiro. Nós temos visto um debate muito difícil sobre isso no Congresso
Nacional, que tem apresentado uma política cada vez mais negacionista e de manutenção dos
privilégios.
O governo federal, por exemplo, anuncia taxar quem nunca foi taxado, quem investe... Quero
perguntar, neste auditório, se alguém tem algum centavo investido em fundos de investimento no
exterior. (Risos.) Uma das propostas do governo federal é que essa turma, que não paga IOF, que é
isenta de IOF... Quem tem dinheiro investido em fundos de investimento no estrangeiro não paga IOF.
Aí, quando se propõe 3% de IOF sobre essas operações, esse povo, que nunca pagou imposto, grita:
“Não dá! Meu Deus, o governo vai aumentar imposto!”
Nós sabemos que existem esses desafios. Por isso, acho que o Ministério da Educação cumpre
um papel muito central quando falamos de desenvolvimento e da capacidade do Estado, não só da sua
arrecadação, mas da sua capacidade de retornar para a cidade.
Vou dar um exemplo do que acontece no Distrito Federal, porque acho que ajuda a dar uma
dimensão do tamanho. Há aqui uma população de 3 milhões de pessoas. Matriculadas na rede pública,
há quase 500 mil estudantes. Estamos falando de 1/6 da população que está matriculada na rede. Se
pegarmos os dados do IBGE, veremos que uma família aqui é composta por 3,2 pessoas. Façamos a
seguinte conta de padaria: 500 mil x 3 é igual a 1,5 milhão. Estamos falando que a metade da
população do Distrito Federal depende da escola todos os dias. Então, a escola tem que estar aberta e
tem que receber os estudantes. Isso impacta na formação, impacta na geração de emprego e renda,
impacta na dinâmica da cidade, impacta no trânsito, impacta na saúde, impacta em muitos outros
aspectos. Essa é a dimensão.
Eu gostaria de agradecer a presença do MEC neste esforço de dialogarmos conjuntamente.
Vou passar a palavra à Natalia Duarte, professora aposentada da Secretaria de Educação e da
Universidade de Brasília. (Palmas.)
Há muitos inscritos. Queremos ouvir todos. Vamos combinar 3 minutos para sistematizarmos.
Concedo a palavra à Natalia Duarte.
NATALIA DUARTE – Boa tarde, plenária linda, lotada, que fala de esperança e de educação,
como sempre. (Palmas.)
Eu vim falar de um ponto específico. Eu vim tratar da educação dos indígenas do Distrito
Federal. O deputado Gabriel Magno já sabe, pois nós já conversamos com ele; conversamos também
com o Fórum Distrital de Educação. O epistemicídio e a violação dos direitos da infância indígena
devem indignar os professores.
O Distrito Federal é a única unidade da Federação onde a população indígena diminuiu, ao
invés de aumentar. No Brasil, ela aumentou 84%, enquanto no Distrito Federal diminuiu 10,5%, indo
na contramão da recuperação epistemológica indígena que esse país tem tentado fazer nos últimos 20
anos.
A rede socioassistencial para as crianças e para a população indígena no Distrito Federal não
existe. Vou fazer uma comparação: o CadÚnico, porta de entrada para todos os benefícios
socioassistenciais disponíveis em todas as políticas públicas brasileiras. Enquanto, no Brasil, temos
46,2% dessa população registrada no CadÚnico – que nos dá a magnitude da nossa pobreza –; no
Distrito Federal apenas 20,4% das famílias indígenas estão cadastradas.
A educação indígena está preconizada na Constituição federal, pois foi negada por 4 séculos. O
Distrito Federal possui a primeira terra indígena urbana demarcada, considerada patrimônio da
humanidade, onde vivem 100 famílias indígenas de 5 povos diferentes. Temos 2.848 crianças indígenas
no Distrito Federal, mas apenas 581 estão identificadas com sua etnia e identidade indígena
demarcadas. Isso precisa ser pensado tanto para o próximo Plano Nacional de Educação quanto para o
próximo Plano Distrital de Educação. Precisamos nos somar à luta dos povos indígenas do Distrito
Federal.
Não voltaremos sem aumento! (Palmas.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Obrigado, Natalia.
Quero convidar a deputada federal Erika Kokay para fazer parte da nossa mesa. Ela tem sido
uma presença constante em nossas lutas. (Palmas.)
Concedo a palavra à Catarina de Almeida, que representa a campanha nacional.
CATARINA DE ALMEIDA – Boa tarde a todos. Estendo meus cumprimentos não apenas às
pessoas presentes, mas também àquelas que nos acompanham de forma remota.
Eu gostaria de começar agradecendo ao professor deputado Gabriel Magno, que prontamente
nos atendeu quando solicitamos esta atividade, que acabou se transformando em comissão geral, ou
seja, ampliou muito o debate.
Essa atividade faz parte da Semana de Ação Mundial, que começou no dia 9 e vai até o dia 16
de junho. A Semana de Ação Mundial deste ano tem como tema: "O PNE na boca do povo e com
participação: queremos nos ver no Plano Nacional de Educação” – e aqui também no Plano Distrital de
Educação.
A Semana de Ação Mundial foi lançada em 2003 pela Campanha Global pela Educação. No
Brasil, é realizada pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, ocorrendo simultaneamente em
mais de 120 países. Em todos esses países, a Semana de Ação Mundial tem como objetivo informar,
promover a formação política e engajar a população em defesa do direito à educação, para o
fortalecendo do controle social e da incidência política junto aos governos, para que cumpram os
acordos assumidos, inclusive no que diz respeito ao direito à educação.
Em 2025, mundialmente, a mobilização da SAM é exatamente sobre a necessidade de
discutirmos a educação em cenários de emergência. Aqui no Brasil, já há alguns anos, nós trazemos
como tema da Semana de Ação Mundial exatamente o Plano Nacional de Educação. Trata-se de uma
atividade autogestionada, ou seja, cada estado, as escolas, os centros comunitários, as organizações
de rua podem realizar a Semana de Ação Mundial; cada um pode organizar da sua maneira. O grande
objetivo é mobilizar toda a população em torno do debate do PNE, em torno do debate da SAM.
Nesse sentido, eu queria, no âmbito desse debate, declarar aqui, em nome do comitê do DF,
da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o nosso apoio irrestrito à greve dos profissionais da
educação do Distrito Federal. (Palmas.)
Nós costumamos acompanhar, comparecer, participar e debater nas escolas públicas do
Distrito Federal, inclusive, como Universidade de Brasília. Nós sabemos das condições. Precisamos olhar
para o quanto o Distrito Federal retrocedeu. O deputado Gabriel Magno trouxe o retrocesso em relação
ao financiamento, mas nós podemos observar o retrocesso, por exemplo, em relação à quantidade de
professores temporários na rede e à carreira. Essa rede já foi um exemplo no Brasil, inclusive, com alta
formação, com remuneração muito mais adequada do que temos hoje. Nós precisamos trazer isso para
o debate do Plano Nacional de Educação e olhar para a meta não cumprida, inclusive, no próprio plano.
A campanha enviou 351 propostas de emendas ao Plano Nacional de Educação. Nós temos
trazido essas propostas também nos eixos dos quais nós estamos participando no PDE, justamente
para trazer esses elementos. O envio dessas emendas para o Plano Nacional e o que nós vamos fazer
no Plano Distrital têm a ver com a necessidade de que esses planos traduzam melhor aquilo que houve
na Conae – em uma conferência que fizemos nos estados, na conferência intermunicipal, na estadual.
Nós fizemos aqui a conferência no Distrito Federal, fizemos a conferência nacional na Universidade de
Brasília – inclusive, há muitos estudantes da Universidade de Brasília na galeria.
Nós precisamos fazer esse PDE e esse PNE com mais ousadia – pensando no Distrito Federal –
para lidarmos com os retrocessos absurdos na carreira dos profissionais e na remuneração, em sentido
geral. Nós precisamos começar a debater com a população que, quando um gestor de um estado,
quando o Ibaneis faz o que está fazendo com os profissionais da educação, ele não está atingindo
somente esses profissionais. Ele está negando o direito à educação à população do Distrito Federal.
(Palmas.)
Os profissionais da educação existem para garantir direitos. Se a população não se juntar à
luta, não serão apenas os profissionais da educação que vão perder; será a própria população do
Distrito Federal que perderá o direito à educação de suas crianças.
Nós podemos ver esse retrocesso no processo de terceirização, de privatização. O Distrito
Federal é a única unidade da Federação em que a matrícula na educação infantil no setor privado é
maior que a no setor público. Há um processo de privatização e de terceirização: é a terceirização do
serviço de merenda, é a terceirização do serviço de transporte. Existe um processo de privatização
enorme no Distrito Federal, e tudo isso vem desencadeando uma série de consequências.
Nós precisamos debater, no Plano Nacional e no Plano Distrital, a desmilitarização das escolas
no Brasil. (Palmas.)
Eu acho que nós vivenciamos... Inclusive, o deputado Gabriel Magno sofreu muitos ataques
após o debate e as denúncias feitas pelos estudantes no âmbito da militarização. Nós estamos pegando
verba pública para pagar profissionais de segurança para atuarem dentro das escolas. Esse não é o
espaço de atuação deles. Nós estamos retrocedendo na Lei de Gestão Democrática, mas nós
precisávamos avançar nela.
Então nós precisamos estabelecer esse compromisso. É isto que nós queremos trazer: o
compromisso com o PNE e com o PDE. O PNE recebeu – inclusive houve recorde – mais de 3 mil
emendas, muitas para retroceder no texto e muitas também para avançar. Por isso precisamos lutar
por todo avanço e por todas as emendas que foram feitas no sentido de avançar e que são possíveis
de serem executadas e garantidas.
Em nome da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, agradeço profundamente pela
realização desta atividade, que reúne diversos fóruns e representações, com uma galeria lotada. Isso
acontece num momento muito oportuno que é para se somar à greve no Distrito Federal, porque o
nosso compromisso é com a garantia pelo direito à educação.
Muito obrigada.
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Obrigado, Catarina.
A Catarina trouxe uma questão relativa à construção do último plano em que chegamos a ver
situações inimagináveis. Em algumas câmaras municipais, houve parlamentares que, ao receberem o
texto preliminar do plano, inseriam, por exemplo, o comando de pesquisa da palavra “gênero”. A partir
daí faziam várias emendas para suprimir “gênero”. O resultado foi a exclusão da palavra “gênero” do
capítulo de “gêneros alimentícios”, bem como tentativas de suprimir a palavra “trans”, o que marca um
perigo para a escola. Nesse caso, retiravam termos como “currículo transversal”. (Risos.)
Essas são situações que aconteceram no parlamento brasileiro. Então, além de tudo, vemos
que há um problema cognitivo por parte de uma parcela dos representantes do parlamento. E esse não
é o caso da nossa deputada federal Erika Kokay, a quem convido para compor a mesa. (Palmas.)
Concedo a palavra à Gigi.
GIGLIOLA MENDES – Boa tarde, colegas. É muito bom ver o plenário lotado. Boa tarde à mesa
e ao meu amigo, deputado Gabriel Magno.
Em minha fala inicial, quero uma vez mais reafirmar – como na última audiência em que
debatemos o ponto eletrônico – que eu sou um sujeito coletivo. E hoje, uma vez mais, reafirmo que me
coloco como sujeito coletivo.
Eu vou buscar falar rapidamente as várias causas que aqui represento com o meu corpo
laranja, militante.
Gostaria de iniciar mencionando o Lucas e dizer que apreciei muito sua fala e ainda reforço o
quanto o Plano Distrital de Educação, construído com muita luta há 10 anos, é um plano avançado.
Enquanto no Plano Nacional não víamos contempladas as modalidades de ensino, no Plano Distrital já
víamos. Destaco, especialmente, a Meta 4, referente à educação especial, e a Meta 8, sobre educação
do campo. Essas metas nos permitiram avançar no debate nesta casa, na democratização, na
importância da garantia do direito e da permanência da educação dos sujeitos do campo, bem como de
todos os sujeitos com deficiência e transtornos.
Quero reforçar esse fato para ressaltar que já avançamos muito no debate, nas políticas
públicas. Aqui no DF a educação do campo é reconhecida como modalidade de ensino. E penso que é o
único estado do Brasil em que ocorreu essa conquista.
Por isso, peço encarecidamente que esta instituição faça a avaliação do Plano Distrital de
Educação com a máxima responsabilidade. Por quê? Nesse momento marcado por desmontes,
desvalorização e queda nos investimentos em educação pública no DF, esse documento, uma vez
aprovado, será fundamental para garantirmos que o desmonte não continue. Isso permitirá que
tenhamos um documento que permita que continuemos lutando por uma educação de qualidade para
todas as pessoas, em especial para as pessoas camponesas, incluindo indígenas, quilombolas e
ciganos. Sabemos que a taxa de analfabetismo no campo é 4 vezes maior que a média nacional.
Portanto, há necessidade de nos comprometermos com essa questão.
Enfrentamos ainda a especulação imobiliária, a expulsão violenta da população. Inclusive com a
instalação de termoelétricas e várias outras situações. E apoio o “Xô, termoelétrica!”.
Precisamos garantir o fortalecimento do plano e lutarmos por ele. Devemos fazer o mínimo de
possível de alterações, pois sua construção foi feita por grupos de trabalho democráticos, nos quais
colocamos em cada meta o que precisa ser garantido. Essa é a primeira questão.
A segunda questão. Algo que devemos deixar muito claro. Ao representar esse sujeito coletivo,
lutamos pela qualidade da formação continuada no Distrito Federal. Quero dizer que a nossa causa
laranja é por toda a categoria. Nós somos, pelo menos hoje, 80% da categoria com pós-graduação. O
nosso coletivo luta por pós-graduação, mestrado e doutorado, porque nós sabemos que, sem formação
continuada de qualidade, não há educação pública de qualidade. A formação continuada é um braço
central. (Palmas.)
Para finalizar, pessoal, eu digo que a nossa causa é muito importante, porque a formação
continuada do DF está sendo ameaçada pelas instituições privadas. A nossa escola de formação, que é
uma conquista árdua do sindicato e da nossa categoria desde o início, está sendo ameaçada por
instituições privadas. Então, essa luta é de todos nós.
Sem a valorização das titulações, sem a restruturação da carreira e um aumento real, não
voltaremos da greve!
(Manifestação na galeria.)
GIGLIOLA MENDES – Por fim, eu só quero fazer um pedido ao deputado Gabriel Magno, a
todos que representam o MEC e o governo federal. A educação no campo – e aí pensando em povos
indígenas, quilombolas, ciganos, populações ribeirinhas, com toda a diversidade do campo – só
conseguirá realmente realizar a sua missão de incluir esses estudantes e de fazer com que eles
permaneçam na escola se houver transporte de qualidade.
Eu peço, eu imploro por transporte de qualidade no PDE e no PNE, porque, sem isso, não
conseguiremos nem colocar em prática as políticas públicas. Precisamos de transporte. Precisamos do
acesso dessas pessoas à saúde, educação e cultura.
Obrigada. (Palmas.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Obrigado, Gigi.
Concedo a palavra à Valdene.
VALDENE COSTA ROCHA – Boa tarde a todas, todos e todes.
Eu sou a Val, sou formada em história e pedagogia. Atualmente, eu sou professora em regime
de contrato temporário do Centro de Ensino Especial 2 de Ceilândia e fui aprovada no último concurso
da SEEDF.
Quanto à composição da mesa, como foi bem lembrado pelo deputado, acho que há pouca
representação de gênero e de raça – até porque a maioria são homens cis e brancos –, mas me sinto
muito bem representada, porque nela há uma mulher negra maravilhosa cuja pesquisa já conhecemos;
porém, falta um homem negro. Não há nenhum homem negro na nossa mesa.
Eu também sou da Alternativa e do Movimento Negro Unificado.
Eu vim falar sobre o nosso movimento de aprovados e aprovadas no último concurso da
SEEDF. Nós fizemos o concurso em 2022, mas ainda há mais de 6 mil pessoas – professores,
professoras, orientadores e orientadoras – esperando para serem nomeadas. O governador não sinaliza
chamar ninguém, ele não quer nem dialogar.
Nós também devemos ressaltar que, quando falamos de inclusão, esse foi o primeiro concurso
para o qual houve cotas raciais para pretos e pardos e também para hipossuficientes. Nós sabemos
que a oferta das 3 mil nomeações deixará de fora principalmente as pessoas pretas e pardas, que já
são expulsas do sistema educacional por um motivo óbvio que sabemos que há na nossa sociedade
brasileira: o racismo.
Agradecemos a oportunidade de fala.
Eu quero pedir aos meus colegas professores e professoras de contrato temporário que não
estão de greve que entrem, porque estamos correndo o risco de terceirização, e a terceirização é ruim
para todos.
Nós do contrato temporário sabemos dos direitos que não temos e pelos quais temos de lutar
para tê-los. Sabemos que a nossa categoria está unida na greve. Nós não vamos voltar, não vamos
aceitar ameaça de corte de ponto.
Já foi publicado um documento, e o governo já está pedindo às escolas que entreguem os
nossos nomes, mas nós não vamos arregar.
Convoquem todas, todos e todes. Nós não queremos 3 mil; queremos 6 mil.
Era isso, pessoal.
Muito obrigada.
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Obrigado, Val.
(Manifestação na galeria.)
VALDENE COSTA ROCHA – Convoca! Convoca! Convoca! Convoca! Convoca!
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Está bonito.
Eu já disse várias vezes que este plenário fica muito mais bonito com vocês professores e
professoras.
Concedo a palavra ao Júlio, representando o Fórum Distrital de Educação.
JÚLIO CEZAR BARROS DE FARIAS – Oi, boa tarde a todas e todos. Cumprimento a mesa na
pessoa da minha companheira professora doutora Catarina – fizemos uma grande parceria na
organização da Conae, na parte cultural; e do companheiro deputado Gabriel Magno, que, temos
orgulho de dizer, é ex-dirigente do Sindicato dos Professores; fruto da nossa luta; fruto do
envolvimento histórico nos movimentos sociais, como o movimento estudantil, na Universidade de
Brasília.
Eu queria saudar nesta tarde, principalmente, todos e todas as grevistas, que estão dando um
exemplo histórico para esta cidade. Quero ser mais específico ainda, talvez até com o risco de errar na
palavra. Para mim, a parte mais bonita da nossa categoria são os piqueteiros e as piqueteiras. Forte
abraço a vocês, piqueteiros e piqueteiras, porque, sem vocês, esta greve não aconteceria.
Vou tentar ser mais objetivo para ganharmos tempo. Eu não consigo falar de PDE e de Plano
Nacional de Educação sem fazer um recorte histórico. Acho fundamental fazermos uma demarcação a
partir de 31 de agosto de 2016, quando aconteceu neste país um golpe parlamentar, jurídico, midiático
e empresarial que derrubou, inclusive sem crime de responsabilidade, uma presidenta legitimamente
eleita.
A educação pública começou a sofrer intensos ataques dos setores mais reacionários da
sociedade brasileira a partir do impeachment. E que ataques nós sofremos? Eles começaram com a
Emenda Constitucional nº 95, que congelou os investimentos na área social por 20 anos, e também
ataques ferozes como a reforma do ensino médio, que criou um
verdadeiro apartheid socioeducacional: uma escola para ricos e uma escola para pobres.
Essas medidas de ataque à educação pública vieram acompanhadas de um processo
sintomático de continuidade do governo Temer e do governo Bolsonaro de ataque ao sistema público.
Podemos citar, por exemplo, o fascismo representado pelo Escola Sem Partido; podemos falar das
políticas privatizantes, como tentaram fazer com o Fundeb e como o homeschooling, a educação
familiar; a famigerada militarização da escola pública, já citada pela professora Catarina; a situação da
privatização do Estado por meio de contratos com organizações sociais e da terceirização ilimitada – ela
ilustrou que quase 70% da nossa categoria é composta por contratos temporários. Enfim, como no
segundo ano do PNE houve o processo de afastamento da presidenta eleita, podemos dizer que 60%
do período do PNE foi vivido por golpe, por golpe de Estado. E o projeto político dos 2 últimos
governos, Temer e Bolsonaro, era justamente não criar condições para a implantação do Plano
Nacional de Educação em favor das políticas restritivas de direita.
O deputado Gabriel Magno já me ajudou muito com relação às minhas apresentações, mas
quero trazer para vocês alguns dados.
(Apresenta projeção.)
JÚLIO CEZAR BARROS DE FARIAS – Já colocamos a questão do que é a Meta 17: nós
ganharmos a média salarial das carreiras de nível superior com escolaridade equivalente.
Vamos aos dados. Esses dados que estamos apresentando são de 2023, do sétimo relatório do
PDE, é importante dizer isso. Está aí a nossa remuneração: o vencimento básico é de R$6.352 – nós
estamos em penúltimo lugar, e há, hoje, no Distrito Federal, carreiras de ensino médio ganhando mais
do que nós, que temos o ensino superior como exigência –; a remuneração média de nível superior é
R$9.058 e a diferença da média entre a remuneração e o vencimento básico dá R$3.283. Enfim,
traduzir a Meta 17 em índice significa um reajuste necessário de 56,86%.
Podemos verificar que começamos com um índice altíssimo, em 2015, com quase 85%; e esse
dado que eu trago de 56,86% é o mais atual, de janeiro de 2025. “Mas por que o índice diminuiu,
Júlio?” Temos que considerar algumas conquistas nossas, como o avanço da Gaped e até a questão da
adequação do auxílio-saúde, de R$200.
Como o Plano Distrital de Educação tem 21 metas e 411 estratégias, fala de creche a pós-
graduação, eu elegi as Metas 17, 18 e 20 para abordarmos, porque, se fôssemos tratar da Meta 1,
sobre a questão da creche, com déficit de quase 63 mil vagas, não sairíamos daqui. Se fôssemos falar
da Meta 6, da educação integral, que parece a meta rabo de cavalo, de cabeça para baixo, não
sairíamos daqui. O que diz a Meta 18? “Adequar, no plano de 2 anos, os planos de carreira dos
profissionais de educação do Distrito Federal [...]”.
São justamente esses 2 pontos da Meta 17 e a Meta 18 que são objeto da nossa greve. Então,
se já tivesse sido reestruturado o plano de carreira, se tivesse sido cumprido o que está no Plano
Distrital de Educação, com certeza não haveria greve.
Eu faço até uma analogia com os 2 anos pandêmicos: 10% das estratégias do Plano Distrital de
Educação são sobre as TICs, as Tecnologias da Informação e Comunicação. Nós comemos o pão que o
diabo amassou na pandemia; se tivesse sido cumprido o que estava no PDE, com certeza os impactos
seriam muito menores. Aliás, só abrindo um parêntese, o ex-Capitão Capiroto, que ocupou o Palácio do
Planalto, falou que nós não trabalhamos na pandemia, congelou o nosso plano de carreira por 2 anos –
inclusive, esse caso já está judicializado no Supremo. Quem está em sala de aula, no chão da escola,
sabe que, durante a pandemia, trabalhamos 10 vezes mais. É de uma imbecilidade tamanha colocar
essa questão. (Palmas.)
Na Meta 18, há dezenas de estratégias. Eu quero fazer destaque à Estratégia 18.5, que tem
tudo a ver com a titulação, a demanda justíssima dos especialistas, dos mestres e dos doutores – e, na
pauta, isso não pode cair. Qual é? Dobrar os seus atuais índices. Hoje, quem é especialista tem 5% a
mais, quem é mestre tem 10%, e quem é doutor tem 15%.
Com todo o respeito a quaisquer outras carreiras de trabalhadores, não dá para aceitar que um
doutor no Detran tenha 40% a mais e um doutor na educação tenha apenas 15% a mais. (Palmas.) É
tão ilógico isso. Se formos nos equiparar, no mínimo, com a Secretaria de Saúde, será o dobro – é o
que estamos pedindo. Mas, que fique muito claro: pedir para dobrar os atuais índices da titulação é a
curtíssimo prazo, e isso não nos contenta. Sabemos que merecemos muito e muito mais, porque
sabemos o que é um investimento num curso de pós-graduação – desgaste físico, emocional,
financeiro. Então, sabemos que merecemos muito mais.
Dessa forma, já chamamos todos os pós-graduados a construir conosco o novo Plano Distrital
de Educação. Nós estamos no processo de construção do novo PDE. Temos a nossa autonomia, temos
como parâmetro o Projeto de Lei nº 2.614/2024, do PNE; mas obviamente, dada a nossa autonomia,
se no PNE são 18, nós vamos fazer 20 objetivos. Então, vai haver um debate específico sobre a
questão da pós-graduação. A ideia é dobrar os atuais índices já e construir o aumento desses índices,
criando uma espécie de meta 17 para a pós-graduação. Vamos lá, estamos juntos.
Vamos passar para a última tela.
Trata-se da famosa Meta 20, que o deputado Gabriel Magno também já colocou. O que é? No
Plano Nacional de Educação, trabalhar-se com a tese de dobrar o investimento na educação, tendo
como parâmetro a questão do PIB. Então, era de 5% e aumentou para 10%. No nosso caso, era de
3,23% e propusemos aumentar para 6,12%.
Neste quadro, vamos ver o que está colocado no Plano Distrital de Educação e o que está
colocado na realidade. Era para o governo ter aplicado – vou pegar logo o dado de 2024 – 4,44% do
seu orçamento próprio na educação, mas não o fez; somados o seu orçamento e o Fundo
Constitucional, ele tinha que aplicar 6,12%.
Quanto ao que foi aplicado proporcionalmente ao PIB, o governo só investiu com orçamento
próprio 1,81%, quando era para aplicar 4,44%. Quando falamos dessa diferença, estamos falando da
casa de bilhões de reais. Disso surge esse fenômeno chamado boca de jacaré. No início, em 2017, a
boca de jacaré estava um pouco fechada. Em 2024, a boca se ampliou. Vejam que o governo deveria
ter aplicado 4,44% com a receita própria, mas aplicou 1,81%.
Analisando 2024, o governo tinha que ter aplicado 6,12% do PIB, mas aplicou a metade:
3,19%. Imaginem a quantidade de bilhões que ele deixou de aplicar em relação ao PIB. De novo surge
o fenômeno da boca do jacaré: a diferença entre 6,12% e 3,19%.
Eu quero chamar a atenção, entre as dezenas de estratégias do PDE, para a Estratégia 20.6,
que é garantir o aumento dos recursos vinculados à educação de 25% para, no mínimo, 30%. Vejam
que, em todos os anos, a distância entre o que foi aplicado e os 30% é enorme.
Falarei agora sobre o que, para mim, é o calcanhar de Aquiles.
No relatório de auditoria do Tribunal de Contas, o tribunal faz a seguinte pergunta para a
Secretaria de Economia e para a Secretaria de Educação: o financiamento da educação pública distrital
tem seguido os parâmetros estabelecidos na Meta 20 do PDE? O que o governo responde? Não.
Conforme os argumentos apresentados pela Secretaria de Economia – e mais recentemente pela
própria Secretaria de Educação –, os percentuais estabelecidos na Meta 20 mostraram-se inexequíveis.
Guardem essa palavra, porque é a palavrinha da moda: inexequíveis. Todo dinheiro para a educação é
inexequível.
A Meta 20 é constitucional, está baseada no art. 214 da Constituição federal – nós nem vamos
perder muito tempo explicando o óbvio. Eu quero adiantar para chegarmos ao que eu considero ser o
calcanhar de Aquiles. O governo Rollemberg questionou a constitucionalidade da Meta 20. Por que ele
questionou a constitucionalidade? Ele disse que a Meta 20 sofreu modificação e houve vício de
iniciativa. Como houve vício de iniciativa se quem protocolou o PDE aqui foi o Poder Executivo? Até
meu cachorro Caramelo sabe que não houve vício de iniciativa. Essas são coisas do TJ.
Devemos entender que o PDE tem 2 artigos importantes, que são os arts. 3º e 9º. O art. 3º diz
que as metas previstas têm que ser cumpridas, quando inferior ao prazo de vigência do PDE, no prazo
definido nas metas e estratégias. O art. 9º, no parágrafo único, dispõe que as metas e estratégias do
PDE devem ser cumpridas de forma proporcional e progressiva em relação aos prazos para elas
fixados. Precisamos entender isso.
Qual é a estratégia dos governos? Como o plano é decenal, eles querem se desresponsabilizar
e jogar as questões para o governo vindouro. Esse atual governo não tem mais nem para quem jogar,
porque, em 25 de junho, o PDE foi aprovado e, no dia 14 de julho, na tomada da Bastilha, foi
sancionado. Não há como o governador Ibaneis evitar essa questão.
Vou homenageá-lo, deputado Gabriel Magno, com a seguinte informação: por deixar de
cumprir a Meta 20, só no período de 4 anos – acho que houve uma representação parlamentar feita
por você – nós deixamos de aplicar na educação... O Tribunal de Justiça do DF – esse mesmo que nos
multou em R$1.000.000 por dia e agora em R$300.000 – é responsável, deputado Gabriel Magno, por
dizer que a Meta 20 é inconstitucional haja vista que deputados fizeram emendas parlamentares – é
uma argumentação muito frágil. O que nós fizemos foi derrubar os vetos. Então, está aí o número:
R$31.270.000.000 deixaram de entrar nos cofres da educação por uma ação do governo Rollemberg,
endossada pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal.
Forte abraço, companheiro.
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Obrigado, Júlio. Só para ilustrar sua fala, o
que a categoria está pedindo – reestruturação de carreira e reajuste – causa um impacto, nas contas
do Distrito Federal, de R$1.500.000.000 mais ou menos. O Júlio mostrou que deixamos de arrecadar
quase R$31.000.000.000 – só para termos noção do tamanho do problema. E ainda há um banco que
o governo quer comprar por R$2.000.000.000. Então, daria para mudar algumas prioridades. É o banco
do amigo. Eu acho superjusto ajudarmos amigo que está passando dificuldade, é um sinal de muita
empatia, de solidariedade, só não dá para usar o dinheiro público para isso. Para ajudar um amigo,
ajudamos com dinheiro nosso, particular.
(Manifestação na galeria.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Eles não vieram, mas estão ouvindo.
Concedo a palavra à Ana Giulia Leal, representante do Grêmio Estudantil Honestino Guimarães,
do Centro de Ensino Médio Elefante Branco.
ANA GIULIA LEAL – Boa tarde. Saúdo a mesa e todos os presentes.
Eu sou Ana Giulia Leal, faço parte do Grêmio Estudantil Honestino Guimarães, do Centro de
Ensino Médio Elefante Branco. Também trabalho na Unidade-Escola de Formação Continuada dos
Profissionais da Educação, mas estou aqui, deputado, como uma representação estudantil, como uma
voz dos estudantes.
Muitos falaram dos profissionais temporários e, trazendo isso para a minha realidade, afirmo
que precisamos, sim, de professores efetivos. Durante o ano temos 2, 3 professores para uma mesma
matéria. Termos aula com 2 professores diferentes para a mesma matéria atrapalha o nosso
aprendizado, porque cada professor tem seu método de ensino.
Sobre a Meta 7, que fala de garantir a qualidade na educação, quero perguntar o seguinte:
como vamos ter qualidade na educação sem infraestrutura nas escolas, sem ajuda aos profissionais,
aos laboratórios, de modo a incentivar os alunos a querer estudar?
Quero parabenizar todos os professores que estão nesse movimento de greve. Estamos juntos
nessa. Os alunos apoiam muito vocês.
Gostaria de dizer que a educação pública de qualidade é um direito e não um privilégio do
estudante. (Palmas.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Muito bem, Giulia. Muito obrigado. Seguimos
firmes lá nessa luta de estudante e professor.
Concedo a palavra à Patrícia
PATRÍCIA GOMES – Boa tarde, excelências, professoras e professores. Boa tarde,
representantes nossos e do governo.
Meu nome é Patrícia Gomes, sou professora da Secretaria de Educação há 16 anos. Faço parte
de um grupo que fundou uma escola que se chama Comunidade de Aprendizagem do Paranoá. É uma
escola que, desde o início, luta por uma educação de qualidade e humanizada em um sistema
educacional que só sabe moer gente.
Eu vim hoje a esta casa dizer que o governador teve a petulância de nos perguntar o quanto
nós aguentaremos. Porém, a minha pergunta é: quando nós teremos que parar de aguentar? Quando
nós teremos que parar de aguentar salas superlotadas, desvalorização do profissional da educação,
nossas equipes de apoio psicopedagógico incompletas, sem psicólogo, sem orientador, sem pedagogo
de equipe? (Palmas.)
Eu quero saber quando nós vamos parar de aguentar calados tudo isso que o governo faz.
Calados, não! Nós nunca iremos nos calar. Eu quero saber até quando nós vamos ter que aguentar nos
dizerem que, se não estivermos satisfeitos, mudemos de cargo, de profissão, como se professor fosse
qualquer profissional!
No meu caso, estou há 16 anos na profissão. Ninguém diz para um médico com 16 anos de
carreira: “Ah, está insatisfeito? Largue isso, vá fazer outra coisa.” Por que ele é valorizado como
profissional e a nós dizem coisas como “Entregue seu currículo em qualquer lugar e mude de
profissão”? Nós somos profissionais. Nós estudamos e nos dedicamos à carreira.
Eu tenho 16 anos de profissão e podem ter certeza de que, a cada ano, fiz mais de 180 horas
de curso de formação. Tenho capacitação para ser professora. Eu não admito alguém falar que eu
simplesmente tenho que largar minha profissão, em vez de lutar para eu ser valorizada.
Eu reforço a fala do professor e deputado Gabriel Magno: quando esses governos vão ser
responsabilizados por fazerem nossos profissionais aguentarem tudo isso? (Palmas.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Muito obrigado, Patrícia.
(Manifestação na galeria.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Passarei a palavra para o nosso querido
Cláudio Antunes, representante da CNTE e do Sinpro.
O Júlio já comentou sobre isto. Eu tenho muito orgulho de ter feito parte da direção do Sinpro
e digo isso o tempo todo neste plenário. Hoje é Dia dos Namorados – e dia das namoradas. Vamos
renovar nossos votos de amor. (Risos.)
Quero dizer para vocês que a educação nesta cidade e o Sinpro têm um mandato nesta casa,
têm um mandato na Câmara Legislativa, e nós não vamos arredar o pé da defesa dos nossos direitos.
Concedo a palavra ao Cláudio Antunes, representante da CNTE e do Sinpro, 2 entidades das
quais tive a honra e o orgulho de fazer parte, que representam tão bem nossas categorias.
(Manifestação na galeria.)
CLÁUDIO ANTUNES – Cumprimento todos, todas e todes. Agradeço o convite ao deputado
Gabriel Magno, que realmente tem um mandato voltado para a nossa categoria e para os interesses da
população do Distrito Federal. Cumprimento toda a mesa neste momento.
A CNTE coordena 53 sindicatos – o nosso sindicato é um deles – de trabalhadores e
trabalhadoras da educação, que são professores, orientadores educacionais, funcionários de escola.
Essa é uma tarefa bastante ampla, porque o Brasil é muito grande, e os desafios na educação nunca
foram pequenos.
O Plano Nacional de Educação, que a CNTE e esses 53 sindicatos – entre os quais está o nosso
aqui de Brasília – acompanham e ajudam a construir, talvez seja um dos mecanismos sociais mais
importantes, sobretudo a partir das conferências nacionais de educação, que começamos a popularizar
e a realizar não só no Distrito Federal, mas também em todo o Brasil. Lembro-me da primeira
Conferência Distrital de Educação preparatória para a Conae, em meados de 2009, quando
conseguimos uma ampla mobilização social – não só de professores, mas de toda a sociedade – para
que houvesse um instrumento, a ser construído posteriormente na casa parlamentar, capaz de mudar
de fato a realidade da vida dos filhos da classe trabalhadora e capaz de mudar também, por meio de
suas metas, as condições de trabalho dos trabalhadores da educação. Colocamos os nossos sonhos e
os nossos desejos para uma escola pública de qualidade.
Darcy Ribeiro falava que o fracasso na educação não é um acaso, mas, sim, um projeto. Por
meio dos planos nacionais de educação e dos planos estaduais de educação – no nosso caso, o Plano
Distrital de Educação –, tivemos a possibilidade de superar o projeto maldoso de desmonte da
educação e da possibilidade de avançarmos como sociedade civilizada.
Hoje, não há como não falar sobre o grande movimento, a partir do afastamento da ex-
presidenta Dilma Rousseff, para essa desconstrução ganhar roupagem. Ainda não conseguimos aprovar
de forma definitiva o novo PNE justamente porque ele é objeto de disputa entre as forças que tentam,
a todo momento, dificultar o avanço dos trabalhadores na educação.
No Distrito Federal, acontece o mesmo. Fizemos o nosso primeiro Plano Distrital de Educação
em meados de 2014, com muita mobilização da categoria e da sociedade civil. Ele foi homologado em
2015, mas várias das suas metas não foram cumpridas. Há problemas diversos, inclusive na educação
de creche e na educação infantil.
Há uma contradição. No Distrito Federal, houve um período em que o Programa de Aceleração
do Crescimento trouxe a construção de diversos Cepis, as creches, e de centros de educação infantil
para 4 anos e 5 anos. Com a saída da ex-presidenta Dilma Rousseff, houve desaceleração no processo
de atendimento.
O Distrito Federal tem a característica de ser estado e município. Quando o Distrito Federal não
tinha os Cepis, era uma das unidades federadas que pior atendiam à população naquela faixa etária.
Aquela era a possibilidade de mudarmos a realidade da população. Isso ainda não se concretizou. Hoje,
ainda não atendemos todas as crianças da educação infantil, quer sejam elas da primeira infância ou
da pré-escola, justamente por falta de investimento público. Isso acontece ao mesmo tempo em que se
elevam os investimentos do Fundo Constitucional e das receitas do Distrito Federal.
Portanto, há uma espécie de desvio de finalidade do uso do orçamento no Distrito Federal. O
Plano Nacional de Educação e o Plano Distrital de Educação têm metas que fazem o apontamento de
investimento e que não são cumpridas.
Vou dar 2 dados para termos noção desse desvio de finalidade – estou conceituando assim. Em
2022, o Fundo Constitucional do Distrito Federal investiu em torno de R$3.100.000.000 na educação.
Em 2025, serão destinados R$5.400.000.000 na educação. A diferença é de R$2.300.000.000. Nós não
vemos esse dinheiro sendo usado na construção de escolas novas. Estão superlotando as salas de aula.
Não vemos esse valor sendo investido na educação infantil. Há crianças fora da escola por conta disso.
Neste momento de greve de professores no Distrito Federal, vemos que o crescimento de
recursos do Fundo Constitucional não foi acompanhado por alterações salariais dos professores. Para
onde foi esse dinheiro?
(Manifestação na galeria.)
CLÁUDIO ANTUNES – Para obras!
Nós estamos quase chegando àquela situação do personagem Odorico Paraguaçu, porque hoje
o Governo do Distrito Federal está colocando como despesa da educação vários itens em que nunca
foram utilizados recursos da educação. Daqui a pouco, a construção de asfalto ou a renovação de
asfalto na porta de uma escola vai entrar como despesa da educação. É isso o que está acontecendo. É
aí que temos uma grande margem que eu chamo de desvio de finalidade do que o Fundo
Constitucional deveria pagar, do que o orçamento carimbado da educação deveria pagar.
Nós, que, por várias décadas, fomos os profissionais da educação com o melhor salário do país
hoje figuramos em quinto, sexto lugar, porque os 7 anos em que nossos salários ficaram congelados
foram também os anos em que o Fundo Constitucional mais cresceu. Mas isso não chegou à
remuneração do professor.
A soma desse desinvestimento para a construção de escolas e do desinvestimento via
investimento na remuneração do profissional da educação, do professor, do orientador educacional,
leva-nos a este momento de greve.
Para concluir, não há outra coisa a dizer, deputado Gabriel Magno: a greve não acaba sem uma
proposta que, de fato, traga para nós a segurança de que ela será cumprida.
Ontem mesmo nós denunciamos ao Tribunal de Justiça que, na última greve, 7 dos 17 itens de
acordo de greve sequer foram cumpridos. Por mais que tenha havido a incorporação da Gaped, o
principal dos 17 itens, há 7 itens que demonstram a falta de confiança da categoria em relação ao
governo, que, nesse momento, precisa ser recuperada minimamente.
Essa categoria não vai abrir mão dos recursos que financiam o Plano Distrital de Educação, que
financiam a nossa educação pública, que financiam as condições de trabalho.
Deixo aqui o nosso agradecimento ao gabinete, que, inclusive, tem-nos acompanhado nesse
momento da abertura do processo.
Quero dizer do nosso compromisso, como categoria, na construção do novo Plano Distrital de
Educação, que vence agora em julho.
Em 2014, nós ajudamos nessa construção e agora, com o Fórum Distrital de Educação, cujos
dados foram apresentados pelo Júlio, vamos construir o novo Plano Distrital de Educação. Lembro que
precisamos abrir espaço, deputado, para a discussão da Lei de Responsabilidade Educacional, porque
ela precisa existir para que consigamos fazer com que o plano distrital seja, de fato, viabilizado e, uma
vez não executado, que o gestor, o governador seja responsabilizado. (Palmas.)
Encerro minha fala agradecendo mais uma vez o convite e convidando sempre para as nossas
assembleias o deputado, que foi diretor do Sinpro.
Obrigado.
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Eu estou sempre lá com o meu cartãozinho,
porque continuo pagando ao sindicato. (Palmas.)
CLÁUDIO ANTUNES – É verdade.
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Infelizmente, eu não consigo mais ter
desconto em folha, porque estou licenciado em razão do exercício parlamentar, mas eu pago o boleto
todo mês, certinho, o que me dá direito a voto na assembleia.
Obrigado, Cláudio.
Concedo a palavra a Leonardo César, professor da Secretaria de Educação.
LEONARDO CÉSAR DE MOURA BARROSO – Boa tarde.
Antes de mais nada, eu queria dizer que, neste momento em que debatemos a educação,
acontece um genocídio, na Faixa de Gaza, por um exército altamente preparado, contra crianças,
mulheres e adolescentes, não apenas terroristas.
Em segundo lugar, eu queria dizer que há um ponto muito importante na lei distrital que não
está sendo cumprido justamente pelo Ibaneis, que é a expansão do ensino integral. (Palmas.)
Gente, o que acontece hoje nas escolas públicas do DF é que se coloca aluno, no período
contrário às suas aulas, em uma sala de aula com 20 alunos dentro, ar-condicionado, um quadro e só.
(Manifestação na galeria.)
LEONARDO CÉSAR DE MOURA BARROSO – Gente, por que o aluno não pode, por exemplo, no
contraturno, fazer ioga ou vôlei na escola como parte do currículo escolar?
Representante da secretaria, sabe o que é que muda mais na educação? É o aluno estudar de
manhã e fazer um esporte à tarde. Quando ele aprender um esporte olímpico, ele poderá mudar a vida
dele ganhando uma medalha, ganhando dinheiro, representando a sua cidade. Isso também muda a
educação e a aprovação das leis distritais e nacionais.
Portanto, para finalizar, eu quero agradecer todo o apoio à greve dos professores. Nós
precisamos de mais condições justamente para que implementemos essas ideias da LDB, senão não
será possível continuarmos a avançar com o ensino integral, visando ao que acontece na China, onde o
aluno entra na escola de manhã e sai de tarde. Sem recurso, não dá. Precisamos de escola, precisamos
de quadra coberta, de piscinas, tudo o que todos vocês já sabem. Cada um aqui é professor e sabe da
realidade.
Muito obrigado pela atenção, deputado Gabriel Magno. (Palmas.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Obrigado, Leonardo.
O Leonardo trouxe aqui a meta da educação integral e, agora, estou andando com este livrinho
pequenininho, que é o relatório do cumprimento das metas do Plano Distrital de Educação. Há pessoas
que acham que tem de existir outros livros na escola; eu acho que este aqui é o mais importante hoje.
A Meta 6 diz que nós deveríamos ter, no mínimo, 60% das escolas públicas de forma a atender
pelo menos a 33% dos estudantes de educação básica. Vamos lá, então. A meta era 60%. Nós
estamos com 21% das escolas ofertando educação em tempo integral. Isso não quer dizer que todos
os estudantes a têm, porque, aí, a meta fica pior. Dos 33% de estudantes da rede que deveriam estar
hoje matriculados no sistema de educação integral, nós só temos 5,43% matriculados.
Então, é esse o distanciamento que o Léo nos trouxe, para ficarmos no que é científico, no que
tem dado, para pensarmos a política pública a partir da realidade.
Neste momento, convido para usar da palavra a senhora Maria Luiza Pereira, do GTPA-Fórum
EJA/DF.
MARIA LUIZA PEREIRA – O meu nome é Maria Luiza Pereira. Estou aqui pelo GTPA-Fórum
EJA/DF. Eu queria, primeiro, dizer do meu prazer de saudar essa guerreira categoria dos professores
do Distrito Federal. (Palmas.)
Quero afirmar, primeiro, o seguinte: somos a matriz energética, consciente, transformadora de
si, em conexão com todos os seres vivos. E esse é um fundamento do “ser mais”, do Paulo Freire.
O GTPA-Fórum EJA/DF, na verdade, iniciou-se em 1989. Temos 36 anos de luta. Nós nos
ocupamos, na verdade, daqueles trabalhadores que, estruturalmente, em uma sociedade desigual,
capitalista e tudo o mais, não são acolhidos. Essa sociedade não acolhe aqueles que a sustentam com
o seu trabalho.
É nesse sentido que nós, diante do PDE, entendemos que 1 milhão ou mais de trabalhadores
do Distrito Federal exigem que o PDE cumpra as suas metas. Para isso, há uma questão que, para nós,
é fundamental. Tratando-se de EJA, o investimento não pode se reduzir ao item educação. O
investimento tem de ser intersetorial: investimento na saúde, na ciência, na tecnologia, na cultura, no
trabalho. O investimento deve levar a um sistema integrado das relações intersetoriais. Quando alguém
aqui fez uma reivindicação de transporte, isso também faz parte dessa compreensão intersetorial da
Educação de Jovens e Adultos.
E não é só isso. Nós assistimos ao desmonte de um lugar que em 2014 foi território livre do
analfabetismo. Nesse sentido, há que distinguir os nossos governos: o que conseguimos conquistar e
aqueles que temos que conquistar. O desafio que se coloca para nós em 2026 é: se possível, derrubar
antes; se não, trocar a chave de quem vai governar o Distrito Federal. (Palmas.)
A conquista da EJA no Plano Nacional de Educação de 2013 foi entendê-la como integrada à
educação profissional em uma realidade em que o mundo do trabalho não acolhe a todos na condição
de empregabilidade. Isso está provado por Márcio Pochmann e outros estudiosos, que afirmam que há
mais de 80 milhões de brasileiros sem emprego – e eles não terão emprego. Portanto, a economia
solidária faz parte da estratégia política da EJA também como conteúdo de formação. O trabalhador,
além de aprender a lutar por seus direitos nas negociações sindicais, também deve construir espaços
produtivos com cooperativas e possibilidade de banco social.
Por fim, quero dizer que as Metas 9 e 10 do PDE não foram cumpridas. A Meta 9 é focada na
EJA e integrada à educação profissional; a Meta 10 trata de uma novidade que temos que defender,
que é a EJA nas unidades prisionais. (Palmas.)
Precisamos entender que o PDE não é uma extensão da concepção e da lógica nacional.
Devemos marcar nossas especificidades e particularidades que o PDE tentou contemplar, mas não
conseguiu por falta de verba.
A nossa luta é por um Banco Central autônomo, pela reforma tributária progressiva dirigida à
não tributação dos trabalhadores e pela EJA integrada à educação profissional.
Obrigada. (Palmas.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Obrigado, Maria Luiza.
Concedo a palavra à Maria Aparecida Camarano, a Cida, do comitê gestor do Fórum de
Educação Infantil do Distrito Federal. A deputada federal Erika Kokay falou aqui: “Ela é ótima!” (Risos.)
MARIA APARECIDA CAMARANO – Está muito linda a galeria! Está muito lindo aqui! (Palmas.)
Quero parabenizar, primeiramente, todas as professoras, todos os professores e demais
profissionais que estão contribuindo – e muito – com esta discussão sobre o Plano Distrital de
Educação.
Agradeço o convite feito pelo deputado Gabriel Magno e, em particular, pela minha querida
Catarina.
Quero dizer que me veio um momento saudoso. Nas primeiras semanas de ação mundial feita
pela campanha, evidenciou-se a educação infantil. Reunimos os bebês e as crianças, fizemos muitas
brincadeiras e foi um momento maravilhoso! Você lembra, não é, Catarina?
Eu gostaria de evidenciar também a educação infantil em creches e pré-escolas. Sobretudo
neste momento, em que estamos discutindo o PDE, que fiquem bem evidentes nele as especificidades
dessa primeira etapa da educação básica. E nós buscamos o quê? A interlocução desse objetivo de
acesso a uma educação infantil com qualidade e a viabilização da discussão de uma proximidade com
as outras metas citadas, inclusive pelo nosso companheiro Júlio, que também fazem parte da educação
infantil. Elas não podem ser esquecidas, sobretudo quando vemos a questão do financiamento, da
intersetorialidade e, inclusive, da qualidade – discussão que ainda ocorre apenas no âmbito da
educação infantil.
Até quando vamos continuar aguentando? Citei a Patrícia, porque adorei a fala dela. Estou aqui
representando os bebês e as crianças e fico muito grata por isso. Até quando os bebês e as crianças
vão continuar suportando salas superlotadas, as condições precarizadas dos trabalhadores, das
professoras, dos professores e dos demais profissionais? Ninguém aguenta mais! Os bebês e as
crianças não aguentam. Se nós, adultos, não suportamos, imaginem as crianças.
Não há como realizar um trabalho de qualidade. Nós defendemos o acesso a um serviço de
qualidade. Acesso sem qualidade não interessa, ninguém quer isso. Precisamos evidenciar também,
como disse a Maria Luiza, as outras políticas que envolvem a educação infantil: a política de transporte,
de trabalho e emprego, de moradia, entre outras. Estamos pensando nessa criança e em sua família.
Na educação infantil, nós trabalhamos numa perspectiva de complementaridade à família. Por isso,
precisamos garantir a permanência dessas crianças na instituição, principalmente em tempo integral.
Estamos falando de bebês e crianças que, às vezes, passam apenas 1 período na escola. E depois,
onde elas ficam? Os pais vão trabalhar e elas ficam sozinhas em casa? Como nós estamos garantindo a
melhoria da qualidade do atendimento na perspectiva da educação infantil sem alterar sua identidade?
Eu tinha mais pontos a abordar, mas o tempo acabou. (Palmas.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Cida, muito obrigado. Só para complementar
essa reflexão, nos 2 primeiros anos do mandato, na Comissão de Educação e Cultura, realizamos uma
série de audiências públicas para analisar meta a meta a fim de compreender o cenário.
Acho que fica aqui esse compromisso com quem nos escuta – inclusive com o representante do
MEC, mesmo não estando presente a Secretaria de Educação – e com as entidades, que são
fundamentais na construção desse processo do novo PDE. Fica o compromisso de um processo com
mais fôlego, com mais tempo para discutirmos meta a meta, abordando todas as etapas, todas as
modalidades, aprofundando-nos nos temas necessários para pensarmos o conjunto da política pública
de educação. Acredito que hoje a ideia também foi resgatar um pouco dessas frentes com as quais a
escola e a educação se propõem a dialogar.
Muito obrigado, Cida. Como disse a deputada federal Erika Kokay, você é ótima.
Concedo a palavra ao Pedro Gontijo, da ADUnB.
PEDRO GONTIJO – Boa tarde a todas, todos e todes. Faço uma saudação especial aos
companheiros e às companheiras do Sinpro nessa luta. Estamos na ADUnB junto com vocês.
Nesta semana, publicamos uma nota de apoio, mas queremos que o nosso apoio seja muito
maior do que isso. Antes de ADUnB se tornar sindicato, os professores da Universidade de Brasília
eram acolhidos pelo Sinpro. O Sinpro faz parte da história da ADUnB e da Universidade de Brasília.
Eu gostaria de aproveitar a oportunidade e convidar todas e todos os presentes, os membros
da mesa, o deputado Gabriel Magno, a deputada federal Erika Kokay e os demais para um ato conjunto
que faremos na próxima semana, dia 17, ao meio-dia, na Universidade de Brasília, dos 3 segmentos:
estudantes, técnicos administrativos e docentes. Trata-se de um ato em defesa da universidade pública
e contra os ataques da extrema-direita. Então, será um bom dia e um bom momento para nós
fazermos alguns piquetes na própria Universidade de Brasília. (Palmas.)
Como todo mundo sabe – o deputado Gabriel Magno já anunciou – a professora Maria Lídia,
que deveria estar à mesa, até para que a nossa mesa estivesse mais representativa quanto à questão
de gênero, teve de retornar justamente por estar na organização desse ato e de outras iniciativas da
ADUnB.
No que se refere especificamente à discussão para a qual foi convocada essa nossa comissão, a
ADUnB, preocupada justamente com a construção do Plano Nacional de Educação e do Plano Distrital
de Educação, solicitou – até conversamos com o professor Júlio sobre isso – assento no Fórum Distrital
de Educação de forma permanente, justamente para que a categoria seja mobilizada para atuar e
discutir não só o que se refere à educação superior mas também os diferentes temas da própria
construção do Plano Distrital de Educação e outros temas do Fórum Distrital de Educação.
Nós consideramos extremamente importante essa discussão. Já houve várias falas aqui. Não
vou me alongar sobre as diferentes metas. Eu gostaria apenas de destacar algumas que nos parecem
bastante sensíveis.
A Meta 12 é ampliar a oferta pública de educação superior distrital e federal. Dado o quadro
atual e a própria carência muitas vezes de vagas em várias áreas nos cursos atualmente existentes nas
nossas instituições, há uma necessidade de ampliação.
A Meta 19 é desenvolver efetivamente um processo e consolidar um processo de gestão
democrática e de um sistema distrital de educação.
A Meta 20 e a Meta 17 tratam dos investimentos públicos e da valorização dos trabalhadores e
trabalhadoras da educação no Distrito Federal.
Eu vou encerrar aqui. Nós estamos adiantados. Há muitas falas pela frente. Essas lutas que nós
anunciamos hoje, sobretudo no processo de construção do Plano Distrital de Educação, de alguma
maneira, também estão vinculadas, integradas a uma série de outras lutas. Por isso, quero saudar
também todos aqueles e aquelas que estão militando para não termos, aqui no Distrito Federal, a usina
termoelétrica. Xô, termoelétrica! (Palmas.)
Nesse momento, entre as diversas outras lutas, eu vi algumas pessoas com a camiseta em
defesa do nosso rio Melchior. Que possamos, então, também nos aliar a essa luta pela vida dos nossos
rios e à luta pelo meio ambiente no Distrito Federal. Obrigado. (Palmas.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Obrigado, Pedro.
Reforço que, dia 17, nós temos 2 agendas importantes: ao meio-dia, na UnB, em defesa da
universidade; e à noite, às 19 horas, a audiência pública do Ibama, que vai acontecer no Centro
Cultural de Samambaia, para discutir o projeto de instalação da termoelétrica.
Hoje de manhã, neste plenário, na CPI do rio Melchior, o representante do Ibama deu uma
declaração de que o Ibama já negou algumas licenças ambientais da termoelétrica. Em uma delas, o
motivo foi a pressão popular: a população se mobilizou contra a instalação, e, por isso, o Ibama negou.
(Palmas.)
Então, eu quero fazer esse convite para que nós, na terça-feira à noite, no Centro Cultural de
Samambaia, também reforcemos a opinião da população contra a instalação da termoelétrica em
Samambaia.
(Intervenção fora do microfone.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Xô, termoelétrica! Fica, escola classe! Além
dos absurdos todos da termoelétrica, um deles foi, inclusive, autorizado pela secretária de Educação: a
demolição da Escola Classe Guariroba.
(Manifestação na galeria.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – É um negócio inimaginável a secretária de
Educação autorizar a demolição da única escola rural de Samambaia para construir uma termoelétrica.
Então, fica aqui o convite.
Concedo a palavra a Dyarley Viana, pelo Inesc.
DYARLEY VIANA – Olá, boa tarde.
(Manifestação na galeria.)
DYARLEY VIANA – Eu sou Dyarley Viana. Sou assessora política do Inesc. Quero cumprimentar
todos os grevistas pela coragem, resistência e resiliência. É uma honra estar presente nesta sessão e
acompanhar toda essa movimentação.
Cumprimento a mesa na pessoa dessa professora doutora. Temos o afro-orgulho de tê-la aqui.
Agradeço ao deputado Gabriel Magno o convite.
Estou aqui pelo Inesc. Estávamos acompanhadas de adolescentes participantes dos projetos
Malala, Onda e Mapa das Desigualdades. Por morarem em lugar periférico e, devido ao horário,
precisaram se retirar antes de fazerem suas falas. Então, fica a dica para os organizadores de que, ao
considerarem esse espaço de participação, levem em conta o lugar de onde o sujeito vem. Precisa-se
adequar isso. Seria muito importante ouvir a fala desses adolescentes e jovens de regiões como Riacho
Fundo II, Estrutural, Itapoã, Paranoá, entre outras. É uma pena eles não terem ficado aqui até o final.
Eu sei que, quando falamos de educação, neste momento em que vivenciamos uma greve, a
centralidade acaba passando e não observamos a participação de crianças, de adolescentes e da
juventude. É muito importante garantirmos essa participação, sobretudo da juventude negra e
periférica. Eles me pediram para eu iniciar a fala fazendo essa observação.
Se vamos falar da educação e da construção de um plano para os próximos 10 anos,
precisamos, primeiro, considerar o nosso passado e o nosso presente e, a partir disso, olhar para o
futuro. Do nosso lugar, como instituição que analisa o orçamento público, lembramos que é preciso
garantir que o orçamento público previsto para a educação seja, sobretudo, antirracista. Não é possível
planejar 10 anos de educação sem considerar que precisamos fazer esse enfrentamento.
Eu me estenderei um pouco para entendermos que, enquanto não olharmos para o nosso
futuro e reconhecermos que o Brasil, o Estado brasileiro tem uma dívida histórica com a população
negra, que ela é a mais afetada e que ocupa as escolas públicas do País e dessa capital, enquanto não
considerarmos que o recurso público deve voltar para a periferia para lhe garantir o direito do bem
viver e que isso somente será possível por meio da educação, não haverá a transformação da qual esse
país necessita.
Por isso, saudamos e agradecemos a resistência de todos os professores e servidores da
educação.
Lutamos por uma educação antirracista e antissexista e um orçamento público que enfrente as
desigualdades raciais e de gênero.
Grata.
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Dyarley, muito obrigado pela fala.
Eu já quero deixar registrada, publicamente, a orientação para a nossa assessoria para que
tenha esse cuidado, que é fundamental.
Deixo registrada a participação dos estudantes e das estudantes do projeto. Penso que vale a
pena combinarmos uma nova atividade, um novo momento para que haja espaço de escuta nesta
casa. Será sempre um prazer ouvir a representação da juventude. Então, já dou a orientação para que
a nossa assessoria tenha esse cuidado, que é fundamental.
Agradeço ao Inesc, que é um grande parceiro nos estudos e na apresentação de políticas
públicas, não apenas na área da educação, mas em todo o conjunto de direitos.
Concedo a palavra a Suelen, diretora do sindicato dos servidores da Universidade do Distrito
Federal.
SUELEN GONÇALVES DOS ANJOS – Boa tarde. Sou também professora da educação básica e
estou também em greve.
Saúdo a mesa na pessoa do deputado Gabriel Magno, também professor.
Inicio a minha fala dizendo que também não temos representação da universidade aqui. Nossa
reitora se nega a estar presente, pois ela não quer se comprometer com as metas também. A nossa
primeira meta com que ela, assim como este governo, não se compromete é a realização de eleições
democráticas.
Tramita nesta casa um projeto de lei que propõe a prorrogação do tempo de mandato sem
eleições. E eu me pergunto: o que teme este governo que não permite que haja eleições?
Atualmente, somos 102 professores concursados, e há 90 cargos comissionados na
universidade. Nossa universidade não tem coordenação de curso, colegiado, núcleo docente e Consuni.
Então, hoje, a universidade é coordenada como uma universidade privada, onde os professores
são horistas, cumprem as suas horas, dão as suas aulas e não decidem nem sobre cátedras.
Como o deputado falou, quem são esses amigos que temos feito e beneficiado com o dinheiro
público? Quem são esses 90?
Fora a gestão democrática, eu queria falar para o Júlio que a educação básica agora é a
antepenúltima, porque a penúltima carreira do GDF somos nós, professores da Universidade do Distrito
Federal.
(Intervenção fora do microfone.)
SUELEN GONÇALVES DOS ANJOS – Somos, e há uma diferença de quase R$2 mil no final da
carreira e menos R$500.
Infelizmente, a última carreira é a da assistência na educação básica, o que também é ruim. Na
universidade, nós ainda não temos a carreira de assistência. Por exemplo, agora, realizaremos um
vestibular para 53 estudantes com necessidades especiais, sem nenhum apoio. Nós não temos
psicólogos, não temos assistentes sociais. Isso é feito por uma única comissionada, o que não constitui
um quadro técnico. Estudantes e professores estão desassistidos. Abrir 53 vagas para o ensino especial
sem prever nenhum suporte não é inclusão – e isso tem sido usado como instrumento de perseguição.
Diferentemente da minha carreira na educação básica, sofro na Universidade do Distrito
Federal a terceira denúncia. Temos mais de 30 denúncias abertas este ano contra professores. Isso é
perseguição. Os professores têm sido silenciados, e nós não temos podido denunciar.
Para finalizar minha fala, saúdo o deputado, porque nesta semana foi publicada a lei que dá
suporte aos nossos estudantes – aqueles que estão ali em cima, em algum lugar.
Cadê vocês?
Eles estavam por aí também. Eles também têm aula à noite.
A permanência estudantil, no Distrito Federal, em uma universidade que foi criada no Lago
Norte não é tarefa fácil. Nossas outras aulas ocorrem na Egov, à noite, em um local ermo. Nossos
estudantes têm sido colocados em perigo. Nossas aulas noturnas serão no campus da Samambaia,
local também sem nenhuma estrutura, sem ônibus, sem soluções básicas. Nossos estudantes não têm
direito à alimentação nos campi, nem mesmo os da medicina, diga-se de passagem – nenhum
estudante. Eu quero entender qual foi o critério para se colocar a universidade lá no Lago Norte.
Temos recursos para a criação do campus na Ceilândia. Há uma anotação no último documento
do Tribunal de Contas sobre o nosso não gasto de recursos, e os nossos estudantes estão sem o
suporte necessário.
Espero que o PDE dê conta também de um ensino superior de qualidade no DF.
Obrigada. (Palmas.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Muito bem, Suelen.
Suelen, quero dizer que, de fato, tramita nesta casa o projeto de lei para a prorrogação do
mandato da atual reitora, mas, nas 2 últimas semanas, a oposição está em obstrução, e não votaremos
nenhum projeto do Poder Executivo. A obstrução se dá por conta da greve dos professores e das
professoras.
Concedo a palavra ao Ahrom Avelino.
Ahrom, vou recomendar que todos assistam aos seus vídeos, que estão sendo muito didáticos
e que explicam vários pontos da nossa greve.
AHROM AVELINO – Boa tarde a todos e a todas.
É um prazer enorme estar aqui com vocês, colegas guerreiros, piqueteiros.
Eu gostaria de começar dizendo o seguinte: tenho 30 anos de Secretaria de Educação, 33 anos
de profissão – sou jovem, está bem?
Eu fiquei muito feliz ao chegar aqui hoje e ver um ex-aluno que, agora, é um companheiro de
luta. Isso aquece o coração. (Palmas.)
Quero iniciar minha fala puxando o gancho do que o colega deputado Gabriel Magno disse
sobre a representatividade nos espaços de poder, porque nós realmente precisamos ocupar esses
espaços.
O que estamos assistindo neste momento é a um ataque sistemático e orquestrado contra a
escola pública no Brasil. Há menos de 1 mês, vimos uma professora no Paraná ser morta – digo isso
porque aquilo foi um assassinato – por exaustão, quando ela teve de cumprir um trabalho exaustivo
em uma plataforma digital. Logo em seguida, vimos o prefeito de São Paulo afastar gestores que se
posicionavam contra o seu mandato. Aqui em Brasília, ontem, tivemos de assistir a um governador que
acredita ser um senhor feudal, que Brasília é o seu feudo, e que a população de Brasília são seus
vassalos. (Palmas.)
Para fazer um link entre a professora do Paraná e nós da Secretaria de Educação, esse
senhor – que acredita ser dono de Brasília – nos impôs uma plataforma insalubre, porque quem tem de
alimentar o EducaDF sabe que aquilo ali é um desserviço. Nós temos de trabalhar 2, 3, 4 vezes fazendo
a mesma coisa, para chegar ao final do bimestre e a plataforma falar: “Seus dados sumiram”. Sem
falar que essa plataforma, além de tudo, é excludente, porque ela exclui os nossos alunos e as nossas
alunas trans.
Nós havíamos conquistado algo muito interessante com o i-Educar, que era um espaço para o
nome social dos nossos alunos e das nossas alunas trans, coisa que o EducaDF jogou por terra. Eu sou
uma pessoa LGBT, eu sofri homofobia, e sabemos que a escola é um espaço que expulsa pessoas
LGBT. Quando falamos de jovens meninos e meninas trans, a situação piora ainda mais.
E ainda sobre a fala desse senhor: ela é, além de absurda, misógina. Quando temos, nessa
categoria, a maioria de professoras que são mães solo, que sustentam as suas casas, a fala dele
escancara algumas coisas. Uma delas é que ele está admitindo que o nosso salário é horrível, porque
ele fala: “Vou matar vocês de fome”. Ele está admitindo que ganhamos mal. E assim ele pressiona de
um lado, mas não nos calamos, porque ele está mexendo com professores e professoras, e não com
vassalos. (Palmas.)
Outra prova de que esse sujeito não tem nenhum compromisso com a educação pública e faz
parte dessa organização para acabar com a educação pública é ele ter colocado no comando da
Secretaria de Educação uma senhora, uma desquerida secretária virtual, que só serve para tirar fotos
em eventos, e que, lá atrás, culpou pelo fracasso da escola pública o excesso de alunos com TEA. É
uma falta de civilidade! (Palmas.)
(Intervenção fora do microfone.)
AHROM AVELINO – Exatamente. Volto à fala do companheiro, deputado Gabriel Magno, de que
temos de ocupar esse espaço – e temos. E aí, sim, pessoal, temos de começar a pensar, sim, em uma
bancada de educadores, porque existe bancada da bala, bancada da Bíblia, bancada de tudo, mas cadê
a bancada dos professores? Enquanto não nos organizarmos como categoria, nós vamos continuar
sendo saco de pancada. Ações de um Plano Distrital de Educação lindo, utópico, maravilhoso, que,
coincidentemente, foi boicotado em 2 governos golpistas e de extrema-direita, são mais uma prova de
que temos de nos organizar politicamente, que temos de ocupar esses espaços, senão vamos ser saco
de pancada eternamente.
Para os colegas do Convoca Já!, muito obrigado pela força que vocês estão dando, mas eu
quero fazer um alerta para vocês: não adianta só exigirmos o Convoca Já! Temos de exigir valorização.
Não vai adiantar vocês entrarem numa profissão e daqui a 3 meses perceberem que fizeram um
péssimo negócio. Então, é agora o momento de exigirmos os nossos direitos.
Só para fechar, eu quero dizer ao senhor Ibaneis – não sei se ele vai ouvir isso, mas eu espero
que ele ouça –: o senhor pode tentar, mas a educação de Brasília não se curva a coronel.
Obrigado. (Palmas.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Obrigado, Ahrom.
Quero fazer alguns comentários sobre a fala do Ahrom, que são importantes. Primeiro, até para
o MEC, para pensarmos o novo PNE, a questão da gestão democrática precisa ser de fato um eixo
estruturante desse processo. Nós estamos vendo, em várias gestões estaduais, processo de
privatização das escolas; a questão da militarização, que a Catarina trouxe bem; vários mecanismos de,
por meio da gestão escolar, abrir caminhos para a privatização, para outros formatos – vemos isso em
São Paulo; no Paraná, muito avançado; em Minas Gerais. Isso precisa ser também uma questão muito
fundamental.
Eu quero dizer, Ahrom, que é fundamental o que você colocou. Às vezes, ficamos sós aqui,
mas nós vamos construir bancadas fortes, apesar de termos também aliados importantes na nossa
luta, aqui na Câmara Legislativa.
E o que vocês estão dizendo para a cidade e para o governo? Se mandar calar, mais ainda nós
vamos falar. Então, fica o recado para o governo do DF.
Concedo a palavra à deputada federal Erika Kokay.
ERIKA KOKAY – Acho que a greve dos educadores e educadoras se transforma em uma das
coisas mais fundamentais no nosso cotidiano, neste momento. Eu costumo dizer que ela não fica só
nos espaços de deliberação, ela ganha a cidade. Por isto o fascismo teme tanto a educação: porque
sabe a potencialidade da educação libertadora. Isso lembra muito uma música que nós cantávamos na
época da ditadura militar que dizia: “Que medo você tem de nós?” Que medo eles têm da educação,
dos educadores e das educadoras que vão transformando a realidade, desenvolvendo consciência
crítica e condição de sujeito?
Nós estamos enfrentando muita coisa neste momento. Primeiro, uma lógica autoritária, e aqui
já foi dito: nós não estamos em um feudo. Brasília não foi construída a partir de uma grande
propriedade, como uma adjacência dessa propriedade, onde o dono da propriedade também se sentia
dono da cidade. Esta cidade foi transformada e construída pelas mãos de brasileiros e brasileiras de
todo o Brasil, que transformaram o barro vermelho em um projeto de desenvolvimento nacional. Por
isso, senhor Ibaneis, o senhor não é dono desta cidade. E, como não é dono desta cidade, não pode
impor aquilo que Darcy Ribeiro diz que não é uma crise, mas um projeto: o enfrentamento à própria
educação. Nós temos, no Palácio do Buriti, uma pessoa que despreza a própria educação.
Nós estamos enfrentando muitos desafios neste momento no Brasil, porque há toda uma
discussão que eles estão buscando construir, uma narrativa de que você tem que cortar gastos, cortar
gastos. Mas os gastos que eles querem cortar não são gastos, são investimentos. Querem de novo
colocar o Fundeb dentro do arcabouço fiscal, querem tirar os pisos constitucionais da saúde e da
educação.
De várias formas, eles estão dizendo que não se pode ter imposto. Mas não é que eles não
queiram imposto, eles não querem é imposto para rico. Eles querem que os ricos continuem sem pagar
imposto neste país, para que nós tenhamos esse processo estruturante de uma desigualdade que é
enfrentada dentro da escola. E eu digo que eles querem romper as nossas próprias subjetividades e
identidades e a nossa diversidade, porque querem que nós sejamos uma profusão de iguais e a
negação do outro, a negação da diversidade.
Escola é, naturalmente, espaço de diversidade, de capilaridade e de territorialidade. Então, nós
estamos enfrentando uma tentativa de construir uma narrativa por aqueles que não querem um país
com políticas públicas, que querem um país eternamente desigual nessa elite que, segundo Darcy
Ribeiro, é uma das mais cruéis da América Latina. Eles estão dizendo: “É preciso cortar!” Nós estamos
no parlamento, na Câmara dos Deputados, com um GT sobre reforma administrativa. Eles querem
reeditar o que foi a PEC nº 32. Nós temos que começar a fazer essa discussão.
Na PEC nº 66, nós conseguimos, com a atuação muito decisiva do Sinpro, retirar a majoração
da alíquota de aposentadoria. Eles querem reintroduzi-la, e querem reintroduzi-la de forma
antirregimental porque, quando retiramos esse item da PEC nº 66, que diz respeito à negociação com
os municípios – nós o retiramos e não o admitimos –, ele morreu, não pode mais ser ressuscitado. Eles
querem ressuscitar isso, de forma antirregimental. Também querem retirar os pisos da saúde e da
educação do bojo da PEC nº 66. Querem também fazer com que os precatórios sejam pagos a perder
de vista.
Portanto, são muitos ataques que estão acontecendo contra a educação, contra as políticas
públicas. É preciso dizer que isso não é gasto. Isso é investimento numa própria nação.
O próprio governador do Distrito Federal, acima de tudo, açoita a verdade todos os dias.
Pare de açoitar a verdade, Ibaneis!
Ele disse que professor deveria ganhar como juiz, ele sabe que a luta dos professores e
professoras é uma luta justa, mas ele mesmo está negando tudo isso, está mentindo. Ele mentiu
quando disse que iria se aliar com os sindicatos para fazer com que tivéssemos justiça para educadores
e educadoras. Então, é absolutamente fundamental que nós tenhamos esse movimento dos
educadores e educadoras, que está em todas as grandes causas.
Ele está contra a termoelétrica. Por um lado, temos uma secretária que autoriza a demolição de
uma escola para que se implemente uma termoelétrica que vai aumentar o estresse hídrico e que vai,
em verdade, desconstruir tudo o que seria o bem viver, mas, por outro lado, o Ibama está dizendo que
um dos motivos para não se instalar a termoelétrica é que com isso se vai destruir uma escola. Isso é
porque escola importa. Ela importa e é fundamental para as nossas próprias existências. (Palmas.)
Nós estamos vivenciando um governo que sabe que tem recurso – porque ele disse que tinha
recurso para atender a própria educação – e que tem uma preocupação grande, com os amigos, de
entrar pela porta dos fundos na Faria Lima. Ele está querendo entrar na Faria Lima pela porta dos
fundos, com um investimento de R$2 bilhões, para além dos R$8 bilhões que já foram implementados
em compra de carteiras de um banco falido, o Banco Master.
Não é possível que isso esteja acontecendo nesta cidade. Por isso, nós estamos aqui em um
movimento que carrega muita coisa, que carrega o conjunto do compromisso com políticas públicas.
Tem razão quem diz que educação é feixe de políticas públicas. Educação é feixe de políticas públicas,
com um PDE que não tem sido implementado. Foram implementadas 4 metas, se não me falha a
memória, do PDE. É preciso construir uma legislação para impor crime de responsabilidade a quem não
efetivar as metas. (Palmas.)
Na Constituição, criança e adolescente são prioridades absolutas. Como é possível que você
vire as costas para a necessidade de valorização de educadores e educadoras e continue construindo
túneis e viadutos? Esta cidade precisa de educação de qualidade, de educadores e educadoras
valorizados, e não de viadutos como instrumento fundamental de política pública. Penso eu que esse é
um movimento que carrega, portanto, o conjunto destas lutas. Se, na Constituição, é infância e
adolescência são prioridade absoluta, qual é a política pública que mais dialoga com a infância e com a
adolescência no nosso país? É a educação! A educação é a única prioridade absoluta na Constituição!
Por isso, tem que haver crime de responsabilidade para quem não cumprir as metas. Elas são
fundamentais para que nós tenhamos a realidade constitucional ou o ditame constitucional
implementados.
Por fim, eu queria dizer que é absolutamente fundamental que façamos essa discussão do
modelo de país que eles querem. Eles não querem taxar os ricos – em verdade, é isso. Eles não
querem imposto para rico, mas querem fazer retiradas do Fundeb, dos pisos constitucionais, do BPC,
fazer retiradas do que é fundamental para assegurar justiça social.
Eu tenho uma absoluta convicção. Essa categoria que eu acompanho desde sempre, essa
categoria que já enfrentou as patas dos cavalos, hoje enfrenta também o estouro das boiadas que eles
querem implementar no nosso país. Essa categoria já enfrentou quantas vezes o gás de pimenta e o
gás lacrimogênio, há quanto tempo! E enfrentou isso, agora, dentro de um shopping.
Já há que se questionar por que a Secretaria de Educação está dentro de um shopping de luxo
da cidade. Está dentro de um shopping de luxo! (Palmas.) A educação não é mercadoria para estar
dentro de um shopping. Isso é simbólico! Esse shopping de luxo foi paralisado pela ação de
educadores e educadoras que estão em defesa da própria vida.
Por isso, penso eu, é preciso que façamos a discussão do que está em jogo para o país, sobre
se eles vão implementar isso. Eles querem desvincular o valor da aposentadoria ao reajuste do salário
mínimo, querem acabar com a aposentadoria. E dizem que vão economizar R$1 trilhão em 10 anos às
custas dos aposentados e das aposentadas. Temos que levar essa discussão para todos os cantos da
cidade.
Precisamos entender que eles sabem que a greve da educação está nas mesas dos bares, está
dentro das casas, está nas esquinas dessa cidade, está em todos os cantos. Porque, se há uma
compreensão inequívoca na sociedade, é a de que a educação é absolutamente fundamental para
termos cidadania, para termos liberdade.
Por isso eles, que temem tanto – inclusive este que aí está, que acha que pode impor a sua
lógica autoritária –, sabem qual é a força que cada educador e educadora tem na nossa cidade.
Isso me lembra uma manifestação dos povos indígenas, quando nós discutíamos contra uma
PEC que queria rasgar a Constituição com relação à homologação dos territórios indígenas. Eles
cantavam: “Pisa ligeiro, pisa ligeiro, quem não pode com a formiga, não atiça o formigueiro”.
Viva a luta dos educadores! Fora Ibaneis! (Palmas.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Muito bem, deputada federal Erika Kokay.
Vossa excelência é fundamental no Congresso Nacional. Não podemos abrir mão da deputada no
Congresso Nacional. Fica essa tarefa.
(Intervenção fora do microfone.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Como senadora da República, representando
o Distrito Federal. (Palmas.)
Obrigado pela presença, Erika.
Concedo a palavra ao diretor de Relações Institucionais do SAE-DF, Victor Hugo.
VICTOR HUGO M. BORBA – Quero cumprimentar a todos. Falar depois da Erika é bem
complicado. É uma responsabilidade grande.
Meu nome é Victor Hugo, sou diretor de Relações Institucionais do SAE, e eu queria dizer que
aqui me sinto minoria, porque estamos cercados de professores, e muita gente se esquece de que a
educação é feita de uma gama de profissionais. Neste momento, no Distrito Federal e em outros 2
estados, existe uma divisão entre o Sinpro e os sindicatos que os representam. Então, o Distrito
Federal é um dos poucos lugares onde a luta não é feita em conjunto.
O que eu quero deixar bem claro para vocês é que, quando a luta é da educação e quando vai
se falar de educação, temos que falar dela como um todo. Com todo o respeito que tenho a todos os
profissionais de educação, ao pessoal da carreira magistério, a educação é feita além disso, ela envolve
psicólogos, ela envolve tudo isso.
Eu participei, com a Ana, o Louis, que estava aí até agora, o Odemir, o Adriano, da elaboração
da parte da meta que mais me interessava, que era a valorização do profissional. Parece que a maior
mudança que tivemos nesse tema, deputado Gabriel Magno, foi no número da meta, que vai deixar de
ser 17 e passar a ser 16. No resto, ela continua da mesma forma.
Essa experiência de falar sobre o Plano Distrital de Educação me deixou clara uma coisa:
nenhum plano vai ser eficaz se não houver um compromisso real com a valorização de quem faz
educação. Nós estamos trabalhando nisso há anos, mas sempre correndo atrás. Nós nunca estivemos
lá, nós sempre estamos atrás. Nos debates na subcomissão, falava-se em garantir formação e
condições de trabalho adequadas, promovendo a valorização profissional em diversos aspectos, como
capacitação, salário, saúde e bem-estar – salário é uma coisa que sempre tem que ser discutida.
Mas, para que isso não fique no papel, temos que ter a LRE, que vem sendo discutida há
alguns anos no sindicato e nos debates sobre a carreira. Trata-se de lei obrigue e puna política e
administrativamente o administrador que não cumprir as metas. Se não houver isso, a lei não tem por
que existir, nós trabalhamos à toa. Se não existir uma cobrança para que isso aconteça, nós nos
reunimos, fizemos várias discussões e nos deslocamos para vários lugares à toa.
Gostaria de saber se estaria nas atribuições da Câmara Legislativa a iniciativa dessa lei. Existiria
essa possibilidade? Ou deveríamos levar o assunto ao MEC, Lucas, cobrar isso no âmbito federal? Eu
ouço falar disso, mas não vejo o projeto dessa LRE. Ela precisa ser realmente estudada.
Se existe responsabilidade fiscal, é preciso que exista, necessariamente, responsabilidade na
política educacional. Essa responsabilização não pode depender de ideologia de governo, seja governo
de esquerda, seja de direita, seja de centro. Quem trata educação como mera despesa e não como
uma diretriz estruturante está errando. Nós ouvimos os governos sempre falando em cumprir o mínimo
da meta. “Nós atingimos o mínimo da meta. Estamos 0,01% acima da meta.” Se todo mundo vivesse
com o mínimo, se tudo que tivéssemos à nossa disposição fosse o mínimo, seria complicado.
Eu quero abrir os olhos da sociedade, porque hoje existem, na Secretaria de Educação, 2
realidades que revelam o tamanho do problema. De um lado, temos a carreira magistério, que está em
greve pelo cumprimento do PDE, que está vencendo este ano e está muito longe de ser concretizado.
Do outro lado, há a nossa carreira, PPGE, com uma proposta de reestruturação fundamentada,
protocolada, com cálculos feitos por nós e que precisam da revisão do governo, mas até agora não
tivemos uma resposta sobre isso.
O discurso que a PPGE encara, assim como a carreira magistério encara, é o da inviabilidade
financeira. Mas, acessando o TCU, acessando o Portal da Transparência, acessando tudo aquilo a que
temos acesso graças a algumas leis, observamos que essa desculpa não é coerente, não é condizente
com a verdade.
Quero trazer um olhar para dentro da carreira da PPGE, que também está no campo da
valorização. Há o cargo de gestor dentro da PPGE, que, assim como a carreira do magistério, exige
formação específica. Há psicólogos, profissionais do direito, de tecnologia da informação, de nutrição –
tudo isso é parte da engrenagem que faz a máquina funcionar.
Os professores dizem que estão com o pior salário. Eles só não estão com um salário pior do
que o nosso. Se os professores se colocam como penúltimos, eu não tenho nenhum orgulho em dizer
que nós temos o pior salário dentro do GDF. Nossos gestores são os mais mal remunerados entre os
cargos de nível superior especialistas; nossos analistas, os piores entre os cargos de nível superior
generalistas; e nossos técnicos também não estão bem pagos.
O que propõe a Meta 16, que trabalhamos? Ela propõe a valorização salarial com critérios
claros; determina que os planos de carreira devem garantir ingresso por concurso público, benefícios
previdenciários, progressão por tempo, formação como incentivo real para a permanência do servidor
na carreira. Hoje o que existe é uma grande taxa de exoneração.
O governo diz que foi o que mais nomeou servidores para a Secretaria de Educação, e isso é
algo positivo, sim. Porém, o governo não está demonstrando nenhuma condição de garantir a
permanência desses servidores nos cargos, porque não ajusta nem reestrutura nossas carreiras.
Há muita coisa que poderia ser dita, deputado Gabriel Magno, e eu poderia repetir várias falas
que eu já trouxe aqui anteriormente. Porém, o que realmente quero solicitar é que o governo trate
com respeito as categorias que estão em greve. Se estamos em greve, não é porque queremos isso.
Quero deixar bem claro – e isto pode até me trazer confusão – que o governo não nos deu nada.
Nada! Quando ele diz que está pagando a GIC para nós, que está incorporando a Gaped para vocês,
isso não é resultado de uma negociação de governo. Ele não nos chamou para conversar e propor isso
lá atrás, deputado Gabriel Magno. Isso foi resultado de 2 greves feitas em 2023: uma pela PPGE e
outra pelos professores. (Palmas.) Esses ganhos – que nem foram ganhos – foram negociações para a
saída da greve, para que o governo se abrisse para o diálogo, mas ele continua como uma ostra,
fechado para negociar conosco.
É complicado termos paciência para entender que não existe dinheiro para aquilo que é da
educação, mas há recursos para várias outras coisas. Não preciso citar os números que eu trouxe,
porque várias pessoas aqui já os apresentaram.
O que quero cobrar desta casa, deputado Gabriel Magno – desta casa, não só de você – é que
ela assuma o protagonismo de propor uma lei, como já foi mencionado, da responsabilidade da
educação; que cobre do GDF a abertura de diálogo com as categorias da educação, sem que
precisemos também entrar em greve. Há 1 categoria em greve. O que estão esperando? Que a
segunda entre em greve, para quebrar um sindicato com as multas que ele recebe do Judiciário, para
prejudicar a categoria?
Eu também gostaria que cada parlamentar desta casa, sempre que fosse tratar da educação –
com todo o respeito aos professores –, lembrasse que a educação não é feita só de professores. Ela é
feita por uma gama de servidores públicos concursados, que fazem tudo isso aqui acontecer.
Muito obrigado. (Palmas.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Obrigado, Victor Hugo. Isso é fundamental.
Todos da escola são trabalhadores e trabalhadoras da educação e merecem ser valorizados.
Concedo a palavra à Julia Hevinllyn da Cruz Pinto.
JULIA HEVINLLYN DA CRUZ PINTO – Boa tarde.
Cumprimento a mesa na pessoa da professora Catarina.
Cumprimento também os professores, em apoio à sua greve. Como estudante, apoio o
movimento. Que seus direitos sejam reivindicados! (Palmas.)
O meu nome é Julia e sou estudante do CED 1 do Riacho Fundo II. Como aluna de escola
periférica, eu gostaria de trazer a nossa pauta a esta casa.
Nós sofremos com falta de estrutura e de visão para as escolas periféricas. Os alunos, os
professores e seu trabalho são pouco reconhecidos. Faltam recurso, estrutura e projetos, que param no
meio do caminho e nunca chegam às escolas periféricas.
O Plano Nacional de Educação de Anísio Teixeira, feito à época da construção de Brasília, tinha
como proposta as escolas classe. No entanto, o que vemos nas regiões periféricas são escolas
improvisadas como o CED 1 do Riacho Fundo II, ao qual, muitas vezes, não chegam os recursos. Se os
recursos não chegam, os estudantes e os professores – que agora estão em greve – são afetados.
Falta visão dos governadores e dos responsáveis pela nossa educação. Somos cidadãos e temos
direitos. Os professores têm ainda mais direitos. O trabalho deles deve ser reconhecido.
Os professores das escolas de periferia têm trabalho a mais, porque faltam orientadores e
psicólogos. Os professores, que já têm extensa lista de atribuições, ocupam esses cargos que não são
deles. Se houvesse orçamento, estrutura e profissionais adequados, os professores cumpririam sua
carga horária como professores e não teriam mais trabalho. Os estudantes precisam de muitas coisas,
mas falta orçamento, estrutura e profissionais.
Agradeço a oportunidade de fala. (Palmas efusivas.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Muito bem, Julia. Obrigado.
Escutar os estudantes é sempre assistir a uma aula.
Concedo a palavra ao Pedro Victor Alves Rios.
PEDRO VICTOR ALVES RIOS – Boa tarde a todas e todos.
Eu me chamo Pedro Victor.
Antes de mais nada, eu gostaria de lembrar que hoje, 12 de junho, é o Dia Mundial contra o
Trabalho Infantil. Eu gostaria de lembrar também que lutar pela educação é lutar para que as nossas
crianças não tenham que se submeter ao trabalho infantil porque lugar de criança é na escola, com
equidade e com educação gratuita de qualidade. (Palmas.)
Quando me veio a possibilidade de estar neste espaço tão importante para a educação, passei
a refletir sobre a importância da educação na minha vida. Teci algumas palavras que gostaria de
compartilhar com vocês.
Eu me chamo Pedro, tenho 26 anos, sou morador de periferia, natural de Timon, no Maranhão,
e residente do Riacho Fundo II. Sou filho de mãe solo, empregada doméstica. Fui estudante de escola
pública da pré-escola até o ensino médio. Em 2021, por meio do Prouni e com bolsa de 100%, eu me
formei professor licenciado em educação física. Em 2023, pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Sul de Minas Gerais, fiz pós-graduação em gestão educacional.
Estou aprovado no concurso público de 2022 da Secretaria de Educação do Distrito Federal,
para professor efetivo. Aguardo nomeação. Enquanto ela não vem, como costumamos dizer na
quebrada, estou no meu corre, no corre pelo certo.
Atualmente, atuo no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte,
trabalho, pago as minhas contas e sou casado. Tenho até um carro! Esse é o relato da pequena parte
da vida de um jovem que, de acordo com o imaginário social, está vencendo na vida. Mas eu – esse
jovem – só estou fazendo este relato, em primeiro lugar, porque tive e ainda tenho, graças a Deus,
uma mãe que, apesar de todo sofrimento e dificuldade, investiu o que tinha e o que não tinha – não
falo só de valores e de bens materiais – para que as minhas irmãs e eu pudéssemos almejar mais. Em
segundo lugar, porque me foi ofertada educação gratuita de qualidade às vezes questionável, mas que,
apesar disso, permitiu-me aprender, vivenciar, aspirar e conhecer.
A partir disso, trago a reflexão de que é preciso que todas e todos nós olhemos com mais
carinho, respeito e responsabilidade para a educação, pois ela vai além da formação para o trabalho. A
educação salva, socializa e, quando necessário, até ressocializa. Em muitos casos, ela impede que
histórias tristes e trágicas sejam contadas.
Hoje o meu relato é de alguém que se armou de livros e se livrou de armas. Se não fosse a
educação, poderia ser o depoimento de um moleque de touca que engatilha e enfia o cano dentro da
sua boca. (Palmas.) Digo isso porque, além de muitos outros malefícios, é isso o que a falta de oferta
de uma educação de qualidade e equidade causa.
A conta é simples. Menos educação, mais ignorância, mais violência. Tenhamos consciência de
que o devido investimento em educação é bom para todos, seja você de direita ou esquerda, pois ela
permite e alavanca concomitantemente o desenvolvimento social e o desenvolvimento econômico. É só
olharmos o exemplo de países que investiram de forma séria na educação.
Por fim, eu gostaria de fazer alguns apelos. Primeiro, eu gostaria de pedir às elites que
permitam que mais histórias como a minha se repitam e que realidades sejam transformadas por meio
da educação. Colaborem para que vocês não tenham que se esconder em suas mansões e blindagens,
porque os mal-educados estão cheios de ódio e sede de vingança. Não pensem que estão imunes ou
protegidos, porque uma hora o vulcão vai explodir, entrar em erupção, e a lava que escorrer vai
derreter sua mansão. Isso não é ameaça. É só um aviso.
O segundo apelo vai para os parlamentares, tanto para os que aqui estão quanto para os
outros. Tenham mais seriedade e respeito aos que os elegeram. Façam valer a confiança que em vocês
foi depositada. Entre outros quadros trágicos que temos hoje em nosso país, estamos diante de um
cenário em que organizações criminosas estão escalando a juventude e dominando todos os cantos do
Brasil. Infelizmente, estamos caminhando para um quadro que parlamento algum vai combater ou ao
qual vai conseguir fazer frente.
Por fim, meu apelo vai ao povo, para que tenhamos decisão, pois, para construir um Distrito
Federal, um Brasil mais justo para todas e todos, vale mais a disposição. Lutemos pela nossa educação,
que é a base para que alcancemos mais melhorias em saúde, segurança e afins.
Muito obrigado. (Palmas.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Muito bem, Pedro!
Obrigado demais pelo relato.
Ouvir a juventude é sempre uma aula.
Agradeço ao Markão Aborígine, que também é do Inesc, é rapper e educador. Ele é uma
figura extraordinária.
Concedo a palavra à Ana Sheila.
ANA SHEILA FERNANDES COSTA – Boa tarde.
Quero cumprimentar o deputado Gabriel Magno e, na pessoa dele, cumprimentar toda a mesa.
Agradeço o convite da professora Catarina para estar aqui hoje, representando o Observatório
da Educação Básica da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília. Eu sou coordenadora do
observatório, mas também professora da Faculdade de Educação. (Palmas.)
Quero dirigir inicialmente o meu respeito, o meu apoio e toda a minha solidariedade aos
professores que estão em greve. Saibam que o Observatório da Educação Básica está com vocês nessa
luta. Eu acho que é importante iniciar minha fala dizendo isso.
Nós estamos acompanhando todo o movimento. Eu, a Edileuza, a Abádia e a Jéssica estamos
juntas com vocês nessa luta. (Palmas.)
Quero cumprimentar os nossos estudantes, professores em formação da Faculdade de
Educação da Universidade de Brasília que estão nesta casa representando 10 cursos de licenciatura. Eu
os trouxe para cá hoje, porque esta é uma importante aula de política e de cidadania. O que aconteceu
nesta casa hoje vale muito dentro daquilo que nós já estamos debatendo na universidade.
Quero cumprimentar também os alunos da escola pública que estão presentes. Infelizmente,
alguns precisaram sair.
Eu sei que o tempo é curto, mas eu tentei trazer 2 pontos que, para mim, são essenciais neste
debate.
Quero falar da importância que foi, em nível federal, a recriação da Sase. Eu acho que não há
como falar de PNE e de PDE sem que falemos na recriação dessa importante Secretaria de Articulação
com os Sistemas de Ensino. Em 2019, a Sase foi descontinuada. Vimos o fechamento de importantes
secretarias e diretorias. Eu estava na Sesu naquele momento, então eu acompanhei isso.
Inclusive, quero também falar da importância da recomposição do Fórum Nacional de
Educação, uma instância que, desde 2023, conta com uma ampla participação da sociedade civil, o que
garante a gestão democrática como princípio do ensino, conforme estabelece a nossa Constituição
federal.
Há um ponto que, para mim, também é muito importante mencionar quando tratamos do Plano
Nacional de Educação e do Plano Distrital de Educação. Estamos discutindo um Plano Nacional de
Educação que deveria se articular com um sistema nacional de ensino, que, infelizmente, teve a
discussão descontinuada a partir de 2016, por causa do golpe, como os colegas já colocaram.
Infelizmente, os colegas da Sase não estão aqui para dialogarmos sobre a importância da
discussão concomitante do Plano Nacional de Educação e do sistema nacional de educação.
Tratando mais especificamente do Plano Distrital de Educação, quero dizer que, representando
o Observatório da Educação Básica e compondo o Fórum Distrital de Educação, estou junto com os
colegas na comissão técnica distrital responsável pela elaboração do documento base do Plano Distrital
de Educação. Eu queria elencar 2 desafios que, a meu ver, são muito importantes a partir das
discussões que têm sido realizadas. A comissão está há 2 meses debruçada sobre o documento. Já
tratamos de 5 objetivos que compõem o Plano Distrital de Educação.
Quero falar de desafios de 2 ordens. Primeiro, há os desafios na própria elaboração do
documento, que precisa contemplar e refletir as necessidades reais do sistema escolar do Distrito
Federal. Para isso, temos olhado para o documento do PNE, para o documento da Conae e para o
relatório de monitoramento das metas do PDE.
Então, temos olhado para o que já foi cumprido, mas também estamos trabalhando muito para
avançar. Não é uma simples reprodução e cumprimento do que estava lá. Precisamos avançar na
proposta, para garantir o direito à educação de qualidade.
Quero ressaltar alguns dos desafios que já encontramos nos primeiros objetivos tratados.
Quero falar rapidamente da discussão sobre qualidade, equidade, inclusão, oferta de creches públicas
de gestão pública. Eu sublinho o termo “gestão pública”, que eu acho imprescindível nesta discussão.
Há também a ampliação da educação integral, educação de jovens e adultos e a consolidação da
Universidade do Distrito Federal.
Esses são apenas alguns dos desafios identificados nas primeiras discussões. Para termos a
valorização da educação, é necessário olhar para a formação inicial e continuada, para as condições de
trabalho e para a valorização dos professores. Para não repetir o que os colegas colocaram, temos que
ter professores efetivos nessa rede. Nós estamos com mais de 70% de professores temporários. Isso é
inadmissível quando falamos de qualidade da educação, de garantia de direito e de valorização da
educação pública. Além disso, é preciso abordar a situação de adoecimento dos professores da rede
pública do Distrito Federal.
Outro grande desafio é a gestão e a governança do processo na produção desse documento.
Passado esse momento de elaboração inicial, temos que ir para as coordenações regionais de ensino,
fazer chegar esse documento às escolas, dar publicidade a ele, fazer com que ele chegue à
comunidade. Esse é um grande desafio que temos em termos de gestão.
Há uma questão que não foi tratada aqui, mas que é um desafio não só do Plano Distrital de
Educação, mas também do Plano Nacional de Educação. Falo do desafio da intersetorialidade, de
trabalhar juntos, porque os desafios não estão só na educação. Para construirmos estradas que vão
garantir a educação, precisamos de outros setores e secretarias do Distrito Federal. Esse é outro
desafio, além de contar com articulação intragovernamental, lembrando que o Brasil é um país que tem
o federalismo de cooperação já estabelecido. Portanto, essa articulação entre os entes, destacando a
complementação da União com recursos, é imprescindível.
Por fim, temos que garantir o monitoramento das metas, para que elas sejam executadas.
Temos que fazer uma avaliação dessas metas e retornar para a discussão junto à sociedade. Não nos
adianta avaliar e monitorar metas se elas ficarem no âmbito da discussão apenas na Secretaria de
Educação. Temos que devolver essa discussão para as escolas, para as regionais, e garantir que elas,
de fato, sejam realizadas.
Obrigada. (Palmas.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Obrigado, Ana Sheila, pela contribuição
sempre muito importante da Faculdade de Educação, do Observatório da Educação Básica da FE, que
tem contribuído não só com esses dados, mas também com essa proposição.
Acho uma questão fundamental o PDE, pensando também nos planos estaduais com o MEC,
passar pelas escolas. Não dá para construir um projeto de lei que vai pensar na educação para os
próximos 2 anos sem ouvir a escola – professores, professoras, demais trabalhadores de educação e
estudantes. Como criar mecanismos de controle e de participação social para não submeter isso apenas
aos parlamentos? Já foi mencionada várias vezes a distorção da representatividade que existe aqui
dentro. Se vier para cá e ficar só aqui dentro, será um plano desastroso! Então, é fundamental a
participação ampla.
Concedo a palavra a Ozania Lopes de Oliveira, professora do Fórum de Educação do Campo do
Distrito Federal.
OZANIA LOPES DE OLIVEIRA – Cumprimento todos e manifesto meu apoio aos professores
grevistas aqui presentes, que fizeram uma linda participação. (Palmas.)
Inicialmente, eu gostaria de esclarecer o papel do Fecampo dentro da estrutura educacional do
Distrito Federal. O Fórum de Educação do Campo existe desde 2013, pela necessidade de haver um
espaço de conversação, debate e articulação entre as escolas do campo, com o intuito de estabelecer
um diálogo constante.
Para quem não conhece o Fórum de Educação do Campo, estamos dispostos a participar de
debates e discussões em cada escola e com cada professor que sentir necessidade.
Eu gostaria de trazer para reflexão o processo de implantação da modalidade de educação do
campo no Distrito Federal. A luta pela educação do campo no local onde se vive e se constrói tece a
própria existência desses povos do campo. Esse movimento começou há praticamente 30 anos, mas,
somente em 2010, essa construção chegou às escolas do Distrito Federal. E, em 2011, isso foi
oficialmente estabelecido, a partir das normativas relacionadas à educação do campo.
Antes de tudo isso, uma questão que ainda não tinha sido pensada, mas que vem emergindo
constantemente nesse processo de implementação da modalidade, é saber qual é o campo do campo
da educação do campo no Distrito Federal. (sic)
Quando pensamos em educação do campo, muitos professores, meus colegas, falam: “A minha
escola não é do campo”. Por quê? Só porque não há um trabalhador braçal que produz? Não! Todas as
nossas escolas são do campo, sim, porque o processo de criação do Distrito Federal foi em cima de
bases de áreas rurais. A história de Brasília consegue clarear bem esse aspecto. O fato de a escola ter
essa ruralidade muito próxima da vida urbana traz essa visão distorcida.
Nesse sentido, em relação ao Plano Nacional de Educação, o que eu gostaria de enfatizar a
todos, dentro da construção de todo esse processo, é que essa sutil camada que difere a educação
urbana da educação rural, que hoje temos no Distrito Federal, é muito sutil.
Quando estávamos analisando a Meta 8, verificamos se ela foi alcançada, não alcançada ou
alcançada parcialmente; mas, em nossas escolas, percebíamos que isso não havia acontecido, porque o
parâmetro adotado era o da escola urbana – com base em áreas urbanas, o que não correspondia e
até hoje não corresponde à realidade. Mesmo após o acesso à primeira versão do documento, muitas
questões continuam não sendo contempladas. É necessário ainda um refinamento para que essas
escolas sejam caracterizadas e incluídas, pois, como muitos já falaram, a escola do campo foi relegada
durante muito tempo – e isso ainda é uma realidade no Distrito Federal.
Das 900 escolas, incluindo creches e escolas técnicas, nós temos 83 escolas do campo, entre as
quais apenas 1 oferece o EJA. Temos 51 escolas classe, 15 CEF, 13 CED e apenas 1 escola da
natureza. Ou seja, o campo ainda necessita de mais espaços para o fortalecimento da educação de
qualidade.
Ao mencionar “periférica”, refiro-me à capacidade de observar no mapa – inclusive o produzido
pela própria Secretaria de Educação – como as escolas foram criadas ou emergiram de fazendas e
estão todas localizadas nos extremos das áreas urbanas do Plano Piloto. Então, ao pensarmos sobre
essa localização geográfica das escolas, surge o comprometimento em relação à formação dos
educadores – outra questão que temos debatido –, ressaltando a importância dessa formação para que
a educação nas escolas do campo atinja um nível de maior excelência.
Por último, eu gostaria de destacar que, no Distrito Federal, antes de todo o engajamento e do
reconhecimento que a educação do campo conquistou, várias pessoas e movimentos contribuíram para
o seu avanço. Destaco o Dia do Campo, as Diretrizes Pedagógicas da Educação do Campo, o caderno
do Inventário Social da Realidade, entre outros documentos que nos guiaram até aqui. Mas ainda
precisamos de mais, pois só isso é pouco.
Muito obrigada.
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Obrigado, Ozania.
Eu tive também o prazer de compor o Fórum da Educação do Campo quando estava no
Sindicato dos Professores. Acredito que esse é um desafio inclusive pedagógico para a rede,
especialmente porque vamos enfrentar um debate sobre o PDOT nesta casa.
O último PDOT, de 2009, alterou na caneta várias áreas anteriormente consideradas rurais.
Elas passaram a ser zonas urbanas, atendendo à especulação imobiliária. Isso teve um grande impacto
na rede e no sistema educacional, uma vez que escolas antes consideradas rurais passaram a ser
classificadas como urbanas.
Na minha opinião, trata-se de um grave problema no Distrito Federal o fato de a Secretaria de
Educação não considerar a escola do campo para além da questão fundiária. Existem escolas hoje
localizadas em áreas urbanas que continuam sendo escolas do campo, convivem com comunidades
camponesas, mantêm uma interlocução com essa realidade, mas que, no entanto, foram, com base
exclusivamente na lógica fundiária, descredenciadas do sistema. Considero que esse é um desafio a ser
enfrentado também no Plano Nacional de Educação e no Plano Distrital de Educação, pois essa reflexão
ajuda a ajustar essa questão com relação às redes estaduais, às redes municipais e, no nosso caso, à
rede distrital, para muito além da questão fundiária.
Aqui mesmo há muitos casos. Talvez, por aqui passaram colegas que são de escolas do campo,
mas que são consideradas escolas urbanas em decorrência de alterações efetuadas no PDOT –
alteraram isso na canetada –, por interesses da especulação imobiliária. Isso impacta a remuneração
por conta das gratificações dos profissionais bem como impacta o currículo desses profissionais.
Passo a palavra ao Hugo Leopoldo, representante da União Brasileira dos Estudantes
Secundaristas, a Ubes.
Farei agora a leitura dos nomes dos próximos inscritos, pois alguns companheiros e algumas
companheiras já se retiraram. Então, peço aos que estão presentes que já se preparem. Estão
inscritos: Eguimar Rodrigues, do MTD; Izabella Maia, da UESDF; Paulo Reis, professor do CEM 2 de
Ceilândia; Cristina Cores, psicóloga da Secretaria de Educação; Lourenço, professor da Secretaria de
Educação; Manoel Everton, professor do CEM 1 de São Sebastião; Stela de Miranda, do comitê gestor
do Fórum de Educação Infantil.
Peço o apoio da assessoria para organizar a ordem de fala, conforme os nomes chamados.
Concedo a palavra ao Hugo Leopoldo, da Ubes.
HUGO LEOPOLDO – Boa noite. Sou Hugo Leopoldo e serei breve em minha fala.
Gostaria de destacar que para o ano de 2014 o Plano Nacional de Educação foi um plano muito
bem elaborado e, sinceramente, utópico, considerando que eles já sabiam da incursão do golpe que o
neoliberalismo colocou no nosso país.
Há muito tempo venho a esta casa e denuncio o projeto do laboratório neoliberal de Jair
Bolsonaro e seus aliados golpistas. Eles conseguiram impulsionar e levar esse projeto para os estados.
A realidade tanto do Plano Nacional de Educação quanto do Plano Estadual de Educação é um
desastre. Vemos que as desigualdades entre o ensino público e o privado são enormes.
Cito, como exemplo, a Meta 7 do Plano Nacional de Educação, porque os seus dispositivos
mostram como o Governo do Distrito Federal não apresenta preocupação em conseguir atingir as
metas do Plano Nacional de Educação. A meta dispõe sobre o fomento à qualidade da educação básica
em todas as etapas e modalidades. No entanto, no DF, o governo Ibaneis tem reduzido, anualmente, a
verba destinada à educação.
Na Meta 7, o dispositivo 7.15 prevê a universalização do acesso a computadores e internet
banda larga. Na era em que estamos vivendo, a inteligência artificial terá impacto cada vez maior nos
processos de formação e de desenvolvimento pedagógico. Se os estudantes da rede pública, uma vez
mais, não tiverem acesso a uma educação que lhes permita trabalhar com a tecnologia, da maneira
correta, veremos, mais uma vez, a desigualdade na formação entre aqueles que estudam no ensino
público e os que estão na rede privada.
Nessa Meta 7 também é abordada a garantia de políticas de combate à violência na escola.
Venho denunciar o descaso da Secretaria de Educação em garantir a cultura de paz nas escolas do
Distrito Federal.
Muitos devem ter ficado sabendo do caso de violência no Centro de Ensino Médio Ave Branca,
em Taguatinga. Esse caso é uma demonstração de como a ausência de preocupação da secretaria com
a promoção de um ambiente seguro e acolhedor vem impactando os estudantes. Vimos que não
somente ocorreu a agressão de um professor, como estudantes foram perseguidos pela Polícia Militar
enquanto estavam se manifestando contra o assédio cometido pelo professor. Tais atos não podem ser
tolerados na nossa educação pública.
Também observamos que o Plano Distrital de Educação destaca, de forma clara, a necessidade
de fortalecimento do SOE e da garantia de atendimento adequado para estudantes com distúrbios e
transtornos de altas habilidades, permitindo que recebam educação adequada ao seu desenvolvimento.
Na verdade, no ano passado, o governo distrital queria diminuir – e ainda pretende mudar a realidade
atual – a forma como funciona a escola especial em Brasília. É inadmissível que essa seja a realidade. É
inadmissível que o governador do DF, aliado dos golpistas que estão sendo julgados hoje no Congresso
Nacional (sic), ainda mantenha e esteja ampliando a quantidade de escolas cívico-militares, porque o
número de denúncias que recebemos de estudantes agredidos é grande. Inclusive, o Plano Distrital de
Educação fala sobre fomentar o acesso ao programa de filosofia nas escolas. Eu me pergunto: “Como a
filosofia estará presente em uma escola gerida por militares, que sempre usam o poder e desprezam o
poder transformador da educação?” (Palmas.)
Esse é apenas um pequeno recorte de como o Plano Distrital de Educação ignora
completamente as necessidades que nós estudantes de Brasília temos enfrentado.
Depois da pandemia, nós enfrentamos um problema muito sério relacionado ao vício em
tecnologia. No entanto, a proibição do uso de celulares foi implementada sem vir acompanhada de
nenhum dispositivo para melhorar o convívio no ambiente escolar e para fortalecer vínculos, seja com
atividades esportivas, seja com atividades culturais. Nós não temos nada nesse sentido. É um absurdo
que este governo se mostre tão despreocupado.
Eu gostaria de trazer um último assunto referente à luta dos professores – que também é uma
luta nossa. Quando falamos da redução anual, pois já deveriam ter sido investidos 6% do PIB na
educação, estamos falando de como os estudantes estão sendo impactados negativamente com isso. A
Secretaria de Educação é omissa ao não garantir a quantidade adequada de pessoal – psicopedagogos,
psicólogos – para que o SOE possa atender, com qualidade, aos estudantes que necessitam de apoio, a
fim de não terem seu desenvolvimento acadêmico comprometido. Essa é apenas uma prova de como a
saúde mental, que foi – e continua sendo – negligenciada durante a pandemia, vai afetar ainda mais os
estudantes da classe trabalhadora, dos quais mais de 70% são assolados por problemas psíquicos.
Portanto, para a construção do Plano Distrital de Educação – principalmente, entendendo os
movimentos estudantis e sociais –, é fundamental que haja dispositivos que garantam a plena atuação
do movimento estudantil em escolas geridas por pessoas aliadas às regionais, diante da omissão das
secretarias. É inadmissível que tanto a Ubes quanto a UESDF tenham sua entrada negada nas escolas
ao tentarem organizar campanhas ou realizar visitas, enquanto instituições com CNPJ que não
representam os alunos e que são entidades fantasma seguem representando os estudantes. (Palmas.)
Eu gostaria de apresentar os pontos que nós construímos na subseção que trata dos grêmios
estudantis na proposta do Plano Distrital de Educação.
Primeiro, a representação discente da escola terá direito a participar do colegiado deliberativo
no que dispõe: a) propor resoluções na estruturação do plano político-pedagógico da unidade escolar;
b) organizar projetos pedagógicos em que a classe estudantil esteja inserida e que dialoguem com a
comunidade escolar; c) incluir os estudantes dentro dos conselhos de classe.
Cabe à gestão escolar zelar pela relação com o grêmio estudantil e se dispor a encontrar
formas de viabilizar os projetos gremistas junto à gestão do grêmio estudantil; garantir a autonomia do
grêmio nas questões deliberativas que forem aprovadas no estatuto do grêmio, inclusive no que dispõe
à organização financeira do grêmio estudantil. Muitas vezes, as direções, os gestores da escola
interferem na capacidade de o grêmio estudantil se organizar financeiramente nas escolas públicas.
Nós lutamos pela mudança dessa realidade que assola os estudantes – seja com relação às
escolas cívico-militares, seja quanto à precariedade do SOE, seja sobre a falta de recursos nas escolas
para trabalhar com os estudantes.
Eu gostaria de deixar um recado não apenas para o governador, mas também para a Secretaria
de Educação, por meio de uma música que retrata uma época autoritária, em que lutar por aquilo em
que se acreditava era sinônimo de perseguição e até mesmo de morte. Trago um trecho da
canção Cálice, de Julinho da Adelaide e Chico Buarque, para encerrar minha fala.
Ah, eu não posso deixar de lembrar que, quanto à questão da violência, enquanto o governo
distrital não foca em resolver a violência entre os estudantes, a violência dos estudantes contra os
professores, ele institucionaliza a violência transfóbica. Os 571 estudantes trans, que contam com
apoio para assumir sua identidade, continuam sofrendo transfobia institucional por parte da Secretaria
de Educação, que não têm nenhum interesse em cumprir a lei federal que a obriga a respeitar e a dar
dignidade a esses estudantes, que vão ser, mais uma vez, jogados para fora da escola.
(Apresentação musical.)
HUGO LEOPOLDO – Obrigado pelo espaço.
Quero saudar a luta dos professores. Eles vêm enfrentando o autoritarismo e a negligência do
governador e de sua secretária.
Obrigado. (Palmas.)
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Obrigado, Hugo.
Não terminaremos esta reunião sem um encaminhamento. Nós conversamos com o
representante do MEC e com todas as entidades aqui da mesa.
Pela Comissão de Educação da Câmara Legislativa, propomos construirmos uma agenda
comum para o segundo semestre – com diversas audiências públicas chamadas para discutir os
objetivos do PNE e do PDE, deixando assim os debates com mais foco, com mais profundidade. A
proposta é construirmos isso coletivamente. Eu sei que há o Fórum Distrital de Educação, que organiza
isso no eixo aqui das entidades, no Conselho de Educação; mas eu queria, a partir do Poder
Legislativo, da Câmara Legislativa, da Comissão de Educação, já combinar com vocês instituirmos esse
espaço de conversa, de diálogo. Isso não seria para criar um novo fórum, mas para instituirmos esse
espaço de conversa e diálogo com as entidades, principalmente as presentes, e para construirmos esse
calendário comum no segundo semestre, período em que eu acho que é real termos uma agenda.
Estamos terminando a comissão. Vou falar de mais um dos privilégios desta casa diante das
demandas das categorias. Nós estamos entrando em recesso daqui a pouco aqui na Câmara. Dia 25 e
26 de junho, ela deve votar a LDO, o orçamento de 2026; depois, entra em recesso durante o mês de
julho todo. Retomaremos os trabalhos em agosto e teremos tempo para construirmos este calendário.
Acho que esse é o encaminhamento mais importante para a construção do PDE, do ponto de
vista do Poder Legislativo – não é, Júlio? –, e também pensando e articulando com o debate do PNE no
MEC.
Vou chamar as 3 pessoas inscritas, que são: a Izabella, a Stela e Eguimar.
Concedo a palavra a Izabella.
IZABELLA MAIA – Boa tarde, pessoal. Eu gostaria de começar a minha fala saudando a mesa,
todos os presentes.
Meu nome é Isabela Maia. Eu estou atualmente como vice-presidenta da União dos Estudantes
Secundaristas do Distrito Federal, a UESDF, e sou militante pelo coletivo Kizomba. É muito bom poder
subir aqui e debater algumas coisas.
O PNE e o PDE deveriam garantir inclusão, qualidade, valorização profissional e gestão
democrática. A juventude do Distrito Federal não vê isso acontecer há muito tempo. Ao contrário, as
metas são abandonadas; existem cortes de verba; as salas estão superlotadas; a violência, como o
Hugo trouxe, cresce cada vez mais nas escolas do Distrito Federal; e vemos um descaso na educação
pública vindo desse desgoverno do Ibaneis e da Celina Leão.
A inclusão prevista nas metas não se cumpre. A valorização de todos vocês profissionais da
educação não sai do papel. E, quando nós falamos de investimento, o que nós vemos são os cortes de
verba e o mau uso do Fundo Constitucional. Além disso, nós vemos os ataques – eles vêm sendo
diretos – ao ensino crítico e à nossa diversidade. Existem diversas perseguições ao ensino da história
afro-brasileira. Há a militarização nas escolas também. E algumas escolas interferem nas decisões e
acabam ignorando as periferias. Isso é um absurdo.
Trazemos hoje aqui, como UESDF, o absurdo da derrubada de uma escola pública na Guariroba
para a construção uma termoelétrica.
A UESDF está aqui presente para reafirmar que a educação não é uma prioridade apenas no
discurso, apenas no papel. A educação precisa de ação, precisa de investimento, precisa de respeito,
de respeito a toda a comunidade escolar. Nós seguiremos organizados, porque quem vive a escola
todos os dias somos nós. E ninguém vai calar a voz dos estudantes.
Eu queria parabenizar UESDF e dizer que ela está completamente à disposição de todos os
professores nesse período de greve. Nós apoiamos vocês na greve, porque o governador não tem
nenhum compromisso com os educadores. Isso mostra que ele não tem nenhum compromisso com
nenhum estudante que está dentro da escola, dentro da sala de aula, aprendendo todos os dias. Então,
professores, parabéns pela movimentação. A greve continua. Vocês carregam a educação do Distrito
Federal nas costas.
Agradeço ao deputado o meu momento de fala e a oportunidade de poder estar aqui
representando os estudantes do Distrito Federal.
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Obrigado, Izabella. O prazer de escutar é
nosso.
Concedo a palavra à Stela.
MARIA AURISTELA BARBOSA ALVES DE MIRANDA – Olá, boa noite. Saúdo todo mundo
rapidamente, porque já é noite; em especial, as pessoas que resistiram bravamente e ainda
permanecem aqui na discussão.
Eu sou Auristela, do Fórum de Educação Infantil do Distrito Federal, e sou professora em
greve. A greve continua. Ibaneis, a culpa é sua.
Eu trago alguns pontos para pensarmos a respeito.
Primeiramente, deputado, ficamos muito felizes com este anúncio recente de que abrirá
momentos para pensarmos nos objetivos, porque cada objetivo contempla questões que requerem um
discurso, um diálogo e uma queda de braço intensa. Então, realmente precisamos que esses momentos
aconteçam.
Eu quero trazer, para este momento, alguns aspectos específicos para os objetivos de
educação infantil. O primeiro deles é uma preocupação que temos em relação à Estratégia 1.6, que fala
da relação público-privada. Como a mesa já mencionou mais cedo, a educação infantil, infelizmente, é
a etapa mais privatizada. E sabemos – como também afirmou o Darcy Ribeiro, que já foi relembrado
aqui inúmeras vezes – que não é uma crise, é um projeto, que começa, infelizmente, pela educação
infantil.
Hoje, mais de 90% dos bebês e das crianças bem pequenas do Distrito Federal estão em
instituições parceiras que ofertam educação infantil. Muitas delas estão em instituições financiadas pelo
vale-creche, voucher. Os nomes são diversos, mas o sentido é o mesmo. Trata-se de financiamento
público indo para a iniciativa privada. E nós não queremos isso. Existem inúmeras pesquisas que
revelam o quanto essas estratégias impactam na qualidade da oferta de educação infantil. Então, esse
é um ponto que nos preocupa bastante.
Outro ponto é a Estratégia 1.9, que fala da nucleação. Eu estava ali conversando com a Ozania
sobre educação do campo e com a Maria Luiza sobre EJA. Uma preocupação que precisamos discutir
em conjunto é como construir uma política que não cerceie o direito universal à educação, mas, ao
mesmo tempo, que não coloque os sujeitos, principalmente os bebês e as crianças, em escolas longe
de suas residências; que não alimente essa – não sei que palavra usar sem ser grosseira – rede de
transporte escolar, que vem se fortalecendo a cada ano. Precisamos pensar nessa Estratégia 1.9.
Outra que nos preocupa muito é a Estratégia 2.13, que fala da regulamentação dos
profissionais que auxiliam na educação infantil. Nós não queremos isso. Nós temos documentos
nacionais e distritais que falam que não separamos educação de cuidado. Como vamos colocar no PDE
ou no Plano Nacional de Educação que vamos regulamentar um profissional que auxilie, ou seja, um
profissional para o cuidado? Esse bebê, essa criança bem pequena, vai ter alguém que cuida da sua
educação e alguém que se ocupa do seu cuidado? Nós não queremos isso.
Precisamos que as normativas nacionais e internacionais sejam respeitadas. Elas dizem que, a
cada 20 crianças, para assegurarmos um padrão mínimo de qualidade, é preciso que haja um
professor, um profissional com formação específica que entenda de desenvolvimento infantil, que
entenda como os bebês e as crianças aprendem e se desenvolvem.
Se houver mais de 20 crianças numa turma, que haja 2 professores, e não um professor e um
auxiliar. Além disso, que jamais se chegue ao que estamos vivendo hoje com a enturmação de 28, 30 e
até 35 crianças na educação infantil. Isso é um absurdo. Não podemos compactuar com isso.
Para finalizar, outra preocupação nossa é com a educação inclusiva. A preocupação que temos
é com a forma como o Distrito Federal hoje está entendendo a inclusão.
Para trazer apenas um recorte, vou falar das salas de recursos multifuncionais. Muitas
fecharam, e as que se mantiveram abertas estão funcionando como salas de reforço. O tempo do
professor ou da professora de atendimento educacional especializado é ocupado integralmente com o
atendimento das crianças e dos estudantes que têm necessidades específicas. Esse profissional não
tem tempo de articular, de fato, a inclusão junto a toda comunidade escolar.
Precisamos discutir um pouco mais isso e entender como colocaremos o assunto nessa nova lei
para que, de fato, possamos fortalecer a educação inclusiva no Distrito Federal.
Muito obrigada.
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Obrigado, Auristela.
Passo a palavra ao Eguimar que, além de professor, é também do Movimento de Trabalhadoras
e Trabalhadores por Direitos, o MTD.
EGUIMAR RODRIGUES DE SOUZA – Boa tarde, professores do Distrito Federal e de todo o país.
Vimos sofrendo um ataque à educação, como já foi colocado. É estranho esse momento, porque
estamos aqui para discutir o Plano Nacional de Educação e o Plano Distrital de Educação.
Em um momento como esse, a sociedade deveria estar debatendo coisas sérias. O MTD
entende, deputado Gabriel Magno, que só a educação pode tornar um território uma nação. Temos de
ficar muito atentos a isso. Só nos tornamos uma nação quando temos um povo educado.
Como já foi dito aqui, temos de criar uma forma de fazer com que os governantes cumpram as
leis que propomos, leis estas validadas nesta casa ou no Congresso Nacional. Um governante do
Executivo não pode, de maneira nenhuma, não cumprir as leis. Isso não é pedagógico.
Senhor governador Ibaneis, aprenda conosco. O senhor só tem essas falas porque,
infelizmente, não conseguimos fazer o Executivo cumprir as leis que são demandadas pelo povo.
Nós do MTD participamos da Conferência Distrital de Educação. Participamos também da
Conferência Nacional de Educação, não aqui no DF, mas também em outros lugares. Nós estamos em
16 estados do Brasil, somos um movimento nacional. Queremos incidir não só na educação, deputado
Gabriel Magno. O movimento social tem de incidir em todos os campos – não só no da educação – da
vida das pessoas. O nosso papel é formar, organizar o nosso povo para a luta. Esse é o papel do MTD,
e contamos com parceiros valorosos, como o Hugo e outros mais.
Nós vamos levar o grêmio estudantil para todas as escolas do Distrito Federal. Vamos formar
os nossos estudantes para que, realmente, tenhamos um país democrático. Para termos um país
democrático é necessário que a democracia se construa de maneira direta, e nas conferências vemos
isso acontecer. O povo leva as demandas; o parlamento ouve o povo, cria as leis, e o povo se sente
participante. Essa é a verdadeira democracia. O Estado de direito só se constrói dessa forma.
Quero agradecer ao deputado Gabriel Magno a oportunidade da nossa fala nesta comissão. O
MTD agradece muito, temos o senhor como parceiro. O senhor já participou conosco em várias
atividades em Samambaia, no Sol Nascente... Eu acho que o senhor deve ter algum avatar – já que a
extrema direita gosta de criar avatar. Não importa o lugar em que o MTD está – porque nos dividimos
em vários lugares –, as fotos do deputado Gabriel Magno vão chegando. Eu fico pensando: “Quantos
deputados Gabriel Magno há aqui?” Seria muito importante que a gente tivesse uns 10 – viu, deputado
Gabriel Magno? O MTD agradece ao senhor.
Em nome do MTD, quero abraçar o companheiro Cláudio, da CNTE; o Júlio, do Sinpro; e todos
vocês que estão aqui até agora nessa briga, que é gloriosa. Não é uma briga que não é gloriosa.
Como o Leonardo disse mais cedo, precisamos fazer uma reflexão profunda sobre o que está
acontecendo na Palestina. Não é possível que os nossos líderes não tenham sensibilidade para
enxergar o genocídio que está sendo promovido na Palestina. Inclusive, apoiamos um plebiscito. Então
procurem o Instagram do MTD – mtd.nacional –, vai estar lá o plebiscito Basta de Genocídio na
Palestina.
Obrigado, deputado.
PRESIDENTE DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT) – Obrigado, Eguimar.
Quero deixar aqui registrada a importância do trabalho do MTD e o nosso compromisso com a
luta.
Esse governo do Distrito Federal é algo inacreditável. O Estado de Israel sequestrou um
brasiliense; enquanto isso, a primeira-dama do Distrito Federal achou que era super-razoável fazer uma
visita, participando de uma comitiva do Governo do Distrito Federal a Israel.
É um negócio absurdo o que se passa na capital do nosso país. Nós estamos, inclusive,
apresentando um requerimento de informação para saber qual foi o objetivo dessa comitiva liderada
pela primeira-dama do Distrito Federal ao Estado genocida de Israel, enquanto um cidadão brasiliense
estava sequestrado.
É algo inacreditável, muitas vezes, o que acontece neste território aqui, que foi pensado,
idealizado, construído pela mão de vários trabalhadores para ser a capital da esperança, a capital da
liberdade, a capital da educação, da experiência de políticas públicas e que, infelizmente, tem sofrido
muito na mão de alguns governantes.
Quero, mais uma vez, agradecer imensamente a participação de vocês. Vou fazer alguns
registros que eu não fiz durante o dia: Gilberto, da coordenação do GTPA, Fórum EJA; Lucas, diretor de
políticas educacionais da UESDF; Olga, querida professora aposentada da rede, coordenadora do
Setorial de Educação do PT; Tânia Dornellas, coordenadora da Campanha Nacional pelo Direito à
Educação no Comitê do Distrito Federal; Renata Pacini, da Comissão de Educação Infantil do Plano
Distrital de Educação – ela é do Centro de Educação Infantil Gavião –; e do Clerton Evaristo, professor
da Anpae.
Combinamos assim esse calendário – viu, Júlio? O Júlio coordena o fórum. Combinamos isso
também com as entidades todas presentes, com cada um de vocês, para o debate do PNE juntamente
com o do Plano Distrital de Educação.
Quero dizer que continuamos acompanhando esse processo da greve dos professores e que
estamos tentando buscar na Câmara Legislativa as informações e os dados, porque é possível haver
uma proposta para os professores.
Quero agradecer ao Ademir, do Instituto Cultiva, que está acompanhando todo o debate. O
presidente do instituto, Rudá Ricci, gravou um vídeo para passarmos nesta comissão geral. Ele é um
freiriano muito importante na formulação da política educacional brasileira. Nós vamos disponibilizar
esse vídeo para vocês. Tivemos alguns problemas e dificuldade operacionais para apresentar esse
vídeo, mas quero agradecer ao Rudá a iniciativa e a disponibilidade. Esse é um vídeo importante, com
informações. Estamos pensando, com o Instituto Cultiva, algumas parcerias em projetos que sejam
possíveis de trazer para o Distrito Federal. Quero deixar registrada a presença do Ademir, que está
acompanhando virtualmente nossa reunião.
Agradeço a todos os que nos acompanharam pelo YouTube. Houve vários comentários.
Agradeço aos trabalhadores desta casa que permitiram que nosso mandato realizasse esta comissão
geral.
Mais uma vez, agradeço aos professores, professoras, orientadores e orientadoras educacionais
desta cidade, que fazem muito pelo Distrito Federal e que, infelizmente, estão em greve. Falo
“infelizmente” porque ninguém queria a greve, mas a greve é necessária, a greve é justa, a greve é
legítima. Meu total respeito à categoria da educação pública e à escola pública desta cidade. Que
possamos sair com muitas vitórias!
Boa noite. Agradeço demais, mais uma vez, a presença de vocês.
Como não há mais assunto a tratar, declaro encerrada a presente comissão geral, bem como a
sessão ordinária que lhe deu origem.
Observação: nas notas taquigráficas, os nomes próprios ausentes de sites governamentais oficiais são reproduzidos conforme
informados pelos organizadores dos eventos.
Todos os discursos são registrados sem a revisão dos oradores, exceto quando indicado, nos termos do Regimento Interno da
Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Siglas com ocorrência neste evento:
ADUnB – Associação dos Docentes da Universidade de Brasília
Anpae – Associação Nacional de Política e Administração da Educação
BPC – Benefício de Prestação Continuada
CadÚnico – Cadastro Único para Programas Sociais
CED – Centro Educacional
CEF – Centro de Ensino Fundamental
CEM – Centro de Ensino Médio
Cepi – Centro de Educação da Primeira Infância
CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação
Conae – Conferência Nacional de Educação
Consuni – Conselho Universitário
Detran – Departamento de Trânsito
Egov – Escola de Governo
EJA – Educação de Jovens e Adultos
Erer – Educação das Relações Étnico-Raciais
FE – Faculdade de Educação
Fecampo – Fórum de Educação do Campo
Fundeb – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
Gaped – Gratificação de Atividade Pedagógica
GDF – Governo do Distrito Federal
GIC – Gratificação de Incentivo à Carreira
GT – Grupo de Trabalho
GTPA – Grupo de Trabalho em Psicologia e Avaliação Psicológica
GTPA-Fórum EJA – Grupo de Trabalho Pró-Alfabetização – Fórum de Educação de Jovens e Adultos do Distrito Federal
Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Inesc – Instituto de Estudos Socioeconômicos
IOF – Imposto sobre Operações Financeiras
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
LRE – Lei de Responsabilidade Educacional
MEC – Ministério da Educação
Pacto EJA – Pacto Nacional pela Superação do Analfabetismo e Qualificação na Educação de Jovens e Adultos
PDE – Plano Distrital de Educação
PDOT – Plano Diretor de Ordenamento Territorial
PEC – Proposta de Emenda à Constituição
PIB – Produto Interno Bruto
PNE – Plano Nacional de Educação
PNEERQ – Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola
PNPEEI – Plano de Afirmação e Fortalecimento da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
PPGE – Políticas Públicas e Gestão Educacional
Pronacampo – Programa Nacional de Educação do Campo
Prouni – Programa Universidade para Todos
SAE – Sindicato dos Trabalhadores em Políticas Públicas e Gestão Educacional de Suporte Operacional, Administrativo e
Pedagógico no Âmbito da Rede Pública de Ensino da Educação Básica e Superior do Distrito Federal
SAE-DF – Sindicato dos Trabalhadores em Escolas Públicas no Distrito Federal.
SAM – Semana de Ação Mundial
Sase – Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino
Secadi – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão
SEEDF – Secretaria de Educação
Sesu – Secretaria de Educação Superior
Sinpro – Sindicato dos Professores
SOE – Serviço de Orientação Educacional
TEA – Transtorno do Espectro Autista
TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação
TJ – Tribunal de Justiça
Ubes – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
UESDF – União dos Estudantes Secundaristas do Distrito Federal
As proposições constantes da presente ata circunstanciada podem ser consultadas no portal da CLDF.
Documento assinado eletronicamente por MIRIAM DE JESUS LOPES AMARAL - Matr. 13516, Chefe do
Setor de Registro e Redação Legislativa, em 16/06/2025, às 12:33, conforme Art. 30, do Ato da Mesa
Diretora n° 51, de 2025, publicado no Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 62, de 27 de março
de 2025.
A autenticidade do documento pode ser conferida no site:
http://sei.cl.df.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0
Código Verificador: 2196312 Código CRC: 3135E760.
DCL n° 125, de 23 de junho de 2025 - Suplemento
Ata Circunstanciada Sessão Ordinária 51/2025
ATA DE SESSÃO PLENÁRIA
3ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 9ª LEGISLATURA
ATA CIRCUNSTANCIADA DA
51ª SESSÃO ORDINÁRIA,
DE 10 DE JUNHO DE 2025.
INÍCIO ÀS 15H04 TÉRMINO ÀS 17H12
PRESIDENTE DEPUTADO PASTOR DANIEL DE CASTRO (PP) – Sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos.
Solicito à TV Câmara Distrital que comece a transmissão da sessão.
Sobre a mesa, expediente que será lido por mim.
(Leitura do expediente.)
PRESIDENTE DEPUTADO PASTOR DANIEL DE CASTRO (PP) – Como não se verifica o quórum
mínimo de presença, suspendo os trabalhos até que ele se complete.
(Os trabalhos são suspensos.)
(Assume a presidência o deputado Ricardo Vale.)
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Reinicio os trabalhos. Está aberta a sessão.
Dá-se início ao comunicado de líderes.
Concedo a palavra ao deputado Iolando. (Pausa.)
Concedo a palavra ao deputado Rogério Morro da Cruz. (Pausa.)
Concedo a palavra ao deputado Chico Vigilante.
DEPUTADO CHICO VIGILANTE (PT. Como líder.) – Senhor presidente, senhoras e senhores
deputados, eu quero, nesta tarde de hoje, prestar todo o meu apoio e a minha solidariedade aos
trabalhadores da educação que estão em greve.
É muito importante esse movimento que eles estão fazendo. É preciso que o Governo do
Distrito Federal passe a tratar os trabalhadores da educação – professoras e professores – com o
respeito que eles merecem. Eles precisam ser tratados com dignidade. Afinal de contas, todas as
profissões começam pelo ensino ministrado nas escolas. Sem eles não haveria advogado, não haveria
médico, não haveria taquígrafo, não haveria nenhuma profissão. São eles os responsáveis por tudo.
Por isso precisam ser tratados com seriedade e com dignidade.
Está na hora de o governador do Distrito Federal, senhor Ibaneis Rocha, deixar de lado a
prepotência e chamar os dirigentes sindicais dos professores para uma negociação séria. É
fundamental que isso aconteça. Essa greve não será resolvida simplesmente dizendo que ela é política.
Não estamos nem em período de eleição, como pode ser chamada de greve política? Na verdade, a
greve é por uma política de educação séria para o Distrito Federal, com salas que precisam ser
reformadas, com tratamento adequado a esses profissionais. É isso que precisa ser feito.
Portanto, está passando da hora de o governador chamar para si a responsabilidade e resolver
isso em paz. Ou ele acha que os professores vão voltar sem uma negociação séria? Não voltarão. Eu
conheço esses profissionais e eles estão certos em não voltar. Estão mais do que certos.
Fica aqui todo o meu apoio, toda a minha solidariedade aos trabalhadores da educação do
Distrito Federal.
Dito isso, eu quero falar de outra categoria de profissionais que também está atravessando um
sufoco terrível: os vigilantes terceirizados do Distrito Federal. São 20 mil profissionais.
A data base é 1º de janeiro. Empresas têm lucros milionários e o presidente do sindicato
patronal, o senhor Luis Gustavo, até hoje não teve a dignidade de apresentar uma proposta correta
para essa categoria.
Os trabalhadores foram ao Tribunal Regional do Trabalho. Um juiz está mediando, o juiz fez
uma proposta que foi aprovada pelos trabalhadores em assembleia, recusando um único ponto, que é
a questão da intrajornada, porque querem diminuir o pagamento da intrajornada. Entretanto, o
sindicato patronal não aceita absolutamente nada.
Não existe ninguém na face da terra mais prepotente do que esse cidadão, chamado Luis
Gustavo, que é um sujeito insano e que, por acaso, é presidente do sindicato patronal. Ele não respeita
de maneira alguma os trabalhadores. Portanto, os vigilantes também poderão entrar em greve.
A categoria dos vigilantes é a única que, quando para, faz com que outras instituições também
parem. Os bancos e os hospitais param em razão da falta de vigilantes; o INSS para se não houver
vigilantes para fazer a segurança dos médicos peritos; UPAs e UBS também param em razão da falta
dos vigilantes.
Os vigilantes já tiveram paciência demais, mas tudo que é demais uma hora transborda. Essa
categoria também entrará em greve pela irresponsabilidade de um presidente desumano – o presidente
do sindicato patronal –, que não respeita trabalhadores. Portanto, os trabalhadores darão a resposta
que ele merece, que possivelmente será a paralisação da categoria.
Registro a minha solidariedade, o meu apoio aos vigilantes. Não é por acaso que eu carrego
“vigilante” no meu nome: Chico Vigilante.
Obrigado.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Obrigado, deputado Chico Vigilante.
Neste momento, registro a presença do secretário de Cultura, ex-deputado distrital Cláudio
Abrantes, que se encontra no plenário.
DEPUTADO CHICO VIGILANTE (PT) – Presidente, pela ordem.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Concedo a palavra.
DEPUTADO CHICO VIGILANTE (PT) – Presidente, o ex-deputado distrital e atual secretário
Cláudio Abrantes me disse que a visita dele a esta casa se deve ao pedido para que seja lido um
projeto encaminhado pelo governo referente à doação de um terreno para a Fundação Athos Bulcão.
Então, eu gostaria de saber se já foi lido.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Já foi lido, mas, a pedido de vossa excelência,
eu farei a leitura de novo.
Mensagem nº 94/2025: Projeto de Lei nº 1.786/2025, de autoria do Poder Executivo, que
“Dispõe sobre a Concessão de Uso de Imóvel pertencente ao Distrito Federal, situado no Setor de
Divulgação Cultural (SDC), com área de 1.225,00 m², registrado no Cartório do 2º Ofício de Registro
de Imóveis do Distrito Federal, sob a matrícula nº 52.620, de 31 de dezembro de 2004, para
construção da sede da Fundação Athos Bulcão”.
DEPUTADO CHICO VIGILANTE (PT) – Senhor presidente, eu quero declarar que eu ainda não li
o projeto, mas vou dialogar com vossa excelência, que preside a sessão neste momento, e com o
deputado Wellington Luiz, para que façamos com que esse projeto tramite o mais rápido possível nesta
casa, até para que essa lei possa ser sancionada até o dia 2 de julho, que é o dia de homenagem a
Athos Bulcão. Ele merece, efetivamente, essa doação. Essa fundação é de muita importância para o
Distrito Federal.
Portanto, o projeto terá todo o apoio da nossa bancada – a bancada do Partido dos
Trabalhadores –, composta por mim, pelo deputado Ricardo Vale e pelo deputado Gabriel Magno.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Obrigado, deputado Chico Vigilante.
DEPUTADO PEPA (PP) – Presidente, pela ordem.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Concedo a palavra.
DEPUTADO PEPA (PP) – Presidente, eu comungo com esse projeto. Eu conversei com o nosso
secretário, o ex-deputado distrital Cláudio Abrantes, e com a Márcia. Ressalto para vossas excelências
que nós precisamos que esse projeto seja incluído na pauta de discussão da nossa próxima reunião do
Colégio de Líderes. Eu vou fazer questão de brigarmos para que ele seja incluído na pauta da reunião,
para que possa ser votado já na próxima semana. Se houver quórum, nós o votamos hoje.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Estou de acordo. Nós consultaremos os líderes
presentes. Se houver quórum, podemos, inclusive, votá-lo hoje.
DEPUTADO PEPA (PP) – Ok. Estamos à disposição.
DEPUTADO FÁBIO FÉLIX (PSOL) – Presidente, pela ordem.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Concedo a palavra.
DEPUTADO FÁBIO FÉLIX (PSOL) – Presidente, gostaria de corroborar com a fala do deputado
Chico Vigilante. Acho muito importante essa iniciativa. Trata-se de uma luta histórica para que haja
uma sede para a Fundação Athos Bulcão. Recentemente, visitei a sede provisória onde atuam. Eles
fazem um trabalho incrível de resgate histórico, patrimonial e artístico desta cidade. Esse trabalho tem
uma identidade muito forte no Distrito Federal e merece mais respeito e condições objetivas. Uma
dessas condições é a sua sede oficial.
Parabenizo o secretário de Cultura, Cláudio Abrantes, pelo reforço nessa luta, pois sabemos
que ele também tem um compromisso com essa pauta. Sem dúvida, assim que possível, analisaremos
o projeto para votá-lo o quanto antes.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Obrigado, deputado Fábio Félix.
Dando continuidade ao comunicado de líderes, concedo a palavra ao deputado Fábio Félix.
DEPUTADO FÁBIO FÉLIX (Bloco PSOL-PSB. Como líder.) – Senhor presidente, deputados,
deputadas, quem nos acompanha pela TV Câmara Distrital e nas galerias, toda assessoria da Câmara
Legislativa, ontem me dediquei muito a uma pauta nacional, a partir da detenção de um cidadão de
Brasília, o Thiago Ávila, que participava da flotilha. Eles foram presos ao chegar próximo à Gaza.
A flotilha é uma embarcação que levava ajuda humanitária a Gaza, com um grupo de 12
ativistas internacionais, incluindo a Greta e o Thiago Ávila. Eles levavam próteses, remédios, alimentos
para Gaza em uma embarcação independente, autônoma. Sabemos o cerco preocupante e gravíssimo
que existe hoje em Gaza. Eles foram detidos de forma violenta pelo exército de Israel. Esses 12
ativistas foram levados a um porto. Depois, eles foram levados ao aeroporto. Eles estão passando por
audiências. Já foram deportados 4 deles.
Mas o que importa nisso tudo é que estamos falando de uma das principais denúncias
internacionais dos crimes de guerra do Estado de Israel. Isso não diz respeito ao povo de Israel, mas
ao Estado de Israel, que tem cometido crimes gravíssimos de guerra. Podemos comprovar isso pelos
dados. Segundo os dados do Ministério da Saúde de Gaza, mais de 46.788 palestinos foram mortos e
110.000 foram feridos. Das mortes verificadas, 70% eram de mulheres e crianças. É uma guerra que
não pode ser chamada de guerra; é um genocídio completamente desproporcional, pautado pelo
racismo, pela omissão internacional.
A flotilha foi um gesto político muito corajoso que contou com a participação de ativistas do
mundo inteiro. Eles tiveram coragem de contar essa história e de enfrentar o poderoso Estado
israelense, que agora está isolado. Precisamos falar da vida de crianças, adolescentes, jovens, homens
e mulheres civis que estão sendo atacados de forma gratuita pelo governo de Israel.
O Thiago Ávila, que é brasiliense, está sendo assistido pelo governo federal. Eu tive a
oportunidade de me reunir ontem com a ministra do Itamaraty em exercício, que nos esclareceu sobre
toda a assistência que o Itamaraty está prestando a ele. O Thiago Ávila está sendo acompanhado pela
embaixada brasileira em Israel.
Acho que essa situação é um sintoma do que estamos enfrentando no mundo inteiro
atualmente. Há necessidade de todas as pessoas que defendem uma causa humanitária, que defendem
os direitos humanos, olhem para o povo palestino e para o massacre que o exército do Estado
israelense faz contra o povo palestino. Nós temos que enfrentar essa história. Não há menos humanos
e mais humanos. A população palestina, a população de Gaza precisa ser respeitada. Parece-me que,
para algumas pessoas, alguns são mais humanos e outros são menos humanos. Sabem qual é a chave
dessa definição, deputados? O racismo. Algumas etnias não são respeitadas, não são valorizadas, e
muitas pessoas se prestam a se omitir ao que vem acontecendo hoje em Gaza.
Estamos acompanhando o caso do Thiago. Vamos prestar toda a assistência a ele. Esperamos
que, em breve, ele esteja de volta ao Brasil, de volta a Brasília. Agradecemos a sua coragem e o seu
gesto como ativista. Ele é nosso amigo. Inclusive, ele tem uma história de luta nesta cidade. Desejo
que o gesto dele sirva para que haja uma reflexão nacional e internacional sobre o tema, a fim de que
acabe essa ofensiva, esse massacre que o Estado de Israel tem feito contra o povo palestino.
Muito obrigado, presidente.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Obrigado, deputado Fábio Félix.
Quero me solidarizar também com o Thiago Ávila, esse militante ativista dos direitos humanos,
que eu também conheço. Quero me solidarizar com todo o grupo que está passando por isso lá em
Israel. Quero me solidarizar com o povo palestino também, que vem sofrendo muito. É preciso dar um
basta nesse genocídio que o governo de Israel tem cometido contra o povo palestino. O governo do
Brasil, o governo Lula, já deveria, na minha opinião, romper as relações com o Estado de Israel, com o
governo de Israel, que tem cometido todos os tipos de maldades e atrocidades com aquele povo, que
vem sofrendo muito.
Parabéns pelo seu pronunciamento, deputado Fábio Félix. Presto aqui a minha solidariedade ao
Thiago e à família dele. Logo, logo, se Deus quiser, ele estará de volta à nossa cidade, ao seio da sua
família.
Dando continuidade ao comunicado de líderes, concedo a palavra à deputada Paula Belmonte.
DEPUTADA PAULA BELMONTE (CIDADANIA. Como líder.) – Boa tarde a todos. Que Deus nos
abençoe em mais uma semana de trabalho legislativo! Vejo que esta casa legislativa é uma instituição
que traz esperança para as pessoas.
Cumprimento todos que estão aqui reivindicando a nomeação para serem servidores públicos.
Isso é fundamental, pois precisamos de um Estado que realmente ofereça um serviço de qualidade.
Hoje, trazemos à pauta questões relacionadas à Polícia Civil, à Polícia Penal e aos agentes de saúde.
Que Deus abençoe vocês para que, cada vez mais, Brasília seja sinônimo de uma boa gestão e,
principalmente, de um bom serviço público!
Quero, presidente, deputada Dayse Amarilio, lamentar mais uma morte de uma mãe grávida,
que veio a falecer durante o parto por não ter recebido atendimento no momento adequado.
Infelizmente, isso virou corriqueiro no Distrito Federal. É triste ver como o Governo do Distrito Federal
trata a saúde pública. Muitos brasilienses utilizam convênios médicos, mas quem depende da saúde
pública do Distrito Federal enfrenta uma realidade lamentável. Estamos vendo mortes e mais mortes,
falta de atendimento e de assistência adequada. Por quê? Porque faltam médicos, enfermeiros,
auxiliares de enfermagem. As pessoas estão começando a sentir medo de ir aos hospitais. Aqui a
tributação e a arrecadação são altíssimas; o mínimo que o Governo do Distrito Federal poderia oferecer
seria uma saúde de qualidade para a população.
Mais uma vez, temos uma morte a lamentar. Deixo aqui minha solidariedade à família, ao pai e
a todos que, infelizmente, continuam sendo maltratados pelo Governo do Distrito Federal no que diz
respeito à saúde pública.
Presidente, eu também aproveito esta oportunidade para reconhecer o trabalho da Câmara
Legislativa. Há vários servidores da Câmara Legislativa cujo trabalho é invisibilizado, não por falta de
reconhecimento de nossa parte, mas porque, para que estejamos aqui, na linha de frente, muitas
pessoas trabalham para as coisas acontecerem. Destaco, por exemplo, a equipe da TV Câmara
Distrital, os agentes legislativos, o pessoal da taquigrafia e da comunicação em geral. Eu quero
enaltecer especialmente um trabalho fundamental, que é a junção do parlamento com a sociedade: a
Escola do Legislativo.
Parabenizo a Escola do Legislativo, que, mais uma vez, tem destaque nacional, recebeu 2
prêmios recentemente: um pelo programa Conhecendo o Parlamento e outro pelo Tour Virtual, que
praticamente inexiste em outras assembleias legislativas. A Câmara Legislativa tem se tornado uma
referência não apenas local, mas também nacional. Parabenizo todos os servidores desta casa e, em
especial, aqueles que fazem acontecer o projeto Conhecendo o Parlamento.
Presidente, quero trazer mais um assunto e deixá-lo registrado nesta tribuna. Na sessão
legislativa da semana passada, eu, como procuradora Especial da Mulher, solicitei que não fossem
arquivadas as denúncias recebidas contra o deputado Daniel Donizet. Fiz essa solicitação junto com a
deputada Dayse Amarilio, a deputada Jaqueline Silva e a deputada Doutora Jane. Por quê? Porque
precisamos verificar as denúncias. Existem várias denúncias. Existe uma denúncia de uma
influenciadora digital, mas existem denúncias de mulheres que passaram por esta casa e que afirmam
ter sido assediadas sexualmente. Então, solicitamos que essas denúncias não sejam arquivadas, para
que possamos verificá-las.
Depois desse meu posicionamento, presidente, comecei a ser atacada. A minha honra e a da
minha família começaram a ser atacadas, e eu tive de registrar um boletim de ocorrência. Falo isso
aqui porque quero deixar isso registrado, como parlamentar, como mulher, como procuradora Especial
da Mulher e, principalmente, como representante de uma classe que, muitas vezes, é abusada
sexualmente porque há poder no meio. Eu não vou admitir que essas mulheres sejam caladas.
Então, eu quero registrar que nós, como procuradoras, deputadas e mulheres, vamos verificar,
sim, essas denúncias. Não adianta manchar a minha honra, como foi divulgado em alguns vídeos. A
Polícia Civil está investigando o caso, vai verificar o que aconteceu e encontrar os culpados. Depois que
fui à delegacia e fiz essa denúncia, mais denúncias foram recebidas com o mesmo modus operandi.
Alguém denuncia, deputado Fábio Félix, e começam a manchar a imagem daquela pessoa. Nós não
podemos admitir isso!
Não vou fazer nenhum julgamento prévio de ninguém, mas quero dizer que, pode ser a
autoridade que for, respeitem as mulheres. Não é pela autoridade que fala: “Tem de passar por mim
antes de entrar no meu gabinete”. Nós não vamos admitir isso e não tenho medo de falar isso para
ninguém.
As mulheres que estão na Secretaria da Mulher, como representantes do povo, pronunciem-se
também, porque nós não podemos admitir esse tipo de falácia nesta Câmara Legislativa. Eu, como
procuradora Especial da Mulher, não admitirei nenhuma situação desse tipo.
Lembro, presidente, que foi falado, inclusive, do dinheiro público. Dinheiro público parece
homem safado, que acha que pode passar a mão em qualquer mulher. Tem de haver respeito pelo
nosso dinheiro, pelo dinheiro do contribuinte. É preciso responsabilidade para que isso se transforme
em política pública. Safado vai para a cadeia, porque nenhum homem tem direito de passar a mão
numa mulher sem a autorização dela. Nenhum homem! Não vamos deixar isso impune.
Muito grata. Que Deus nos abençoe!
DEPUTADO FÁBIO FÉLIX (PSOL) – Presidente, pela ordem.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Concedo a palavra.
DEPUTADO FÁBIO FÉLIX (PSOL) – Presidente, ao ouvir a deputada Paula Belmonte, quero me
solidarizar com a fala dela, em relação aos ataques. Não é aceitável que uma mulher passe por isso,
especialmente vossa excelência, que se pronuncia como procuradora Especial da Mulher, um cargo
criado justamente pela importância do destaque da luta em defesa dos direitos das mulheres nesta
casa, contra a violência de gênero, contra a violência contra a mulher, contra o feminicídio, contra o
estupro e contra o assédio sexual.
Vossa excelência cumpriu a sua obrigação ao se pronunciar de forma contundente contra um
tema relacionado e sem fazer julgamento prévio. Vossa excelência se pronunciou para que as
investigações e a apuração acontecessem e trabalhou para preservar, inclusive, o Legislativo. Eu me
somo a vossa excelência ao dizer que não concordo com esse tipo de perseguição e de ataque. Quero
dizer que isso é inaceitável.
Como presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania e Legislação
Participativa, coloco-me à disposição nessa luta e me solidarizo com vossa excelência, porque ninguém
merece passar por esse tipo de ataque. Eu também já passei por ataques virtuais muito graves ao
longo deste mandato e do anterior e não acho que isso seja aceitável. Espero que a Polícia Civil, que
tem cumprido o seu papel com rigor, fiscalize e investigue esse caso.
Conte também com o nosso mandato. Vossa excelência, com certeza, foi uma voz ativa, séria e
correta nesse caso.
DEPUTADO PASTOR DANIEL DE CASTRO (PP) – Presidente, pela ordem.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Concedo a palavra.
DEPUTADO PASTOR DANIEL DE CASTRO (PP) – Nós fizemos um acordo e acho que estamos
descumprindo-o, se não me engano. Fizemos um acordo de que haveria o comunicado de líderes e não
haveria o uso da palavra pela ordem. A palavra não dura 30 segundos, mas 2, 3 ou 4 minutos. Daqui a
pouco não haverá tempo para o comunicado de líderes...
(Intervenção fora do microfone.)
DEPUTADO PASTOR DANIEL DE CASTRO (PP) – Eu sei, mas nós temos um acordo. Daqui a
pouco não haverá tempo. Diga-se de passagem, há um grupo que sempre estava presente e fazia os
grandes debates nesta casa, deputado Fábio Félix, mas já tiraram isso de nós.
Se não houver quórum, vamos manter o comunicado de líderes e depois abriremos para outras
questões: pela ordem e comunicado de parlamentares, presidente, para que seja seguido o que foi
acordado, por gentileza.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Eu peço desculpas. Não me lembrava desse
acordo, mas, em respeito às mulheres – e como nós já abrimos uma exceção, já cometi essa falha –,
eu vou conceder a palavra à deputada Dayse Amarilio, e depois nós voltaremos ao comunicado de
líderes.
DEPUTADA DAYSE AMARILIO (PSB) – Presidente, pela ordem.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Concedo a palavra.
DEPUTADA DAYSE AMARILIO (PSB) – Presidente, eu vou esperar a minha hora de falar, porque
acordo é para ser cumprido. Eu vou esperar a minha hora de falar sem problema algum. Infelizmente,
não há quórum, de novo. Com poucas exceções – inclusive, com exceção do deputado Pastor Daniel de
Castro que sempre está presente –, a oposição permanece aqui. Então, vou esperar para falar.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Obrigado, deputada Dayse Amarilio.
Dando continuidade ao comunicado de líderes, concedo a palavra ao deputado Pastor Daniel de
Castro.
DEPUTADO PASTOR DANIEL DE CASTRO – (Bloco A Força da Família. Como líder.) –
Presidente, muito obrigado. Cumprimento vossa excelência, todos os deputados e todas as deputadas
desta casa, aqueles que assistem à sessão pela TV Câmara Distrital e pelas redes sociais, os
funcionários que aqui estão.
Deputada Paula Belmonte, eu também me solidarizo com vossa excelência e quero lhe dizer
que, da minha parte, não poderia ser diferente. Como defensor da família – e vossa excelência sabe
bem disso –, desde que cheguei a esta casa, não abro mão de fazer essa defesa. Isso inclui a mulher,
a criança, o adolescente, o jovem, o homem.
Eu assinei o documento de vossa excelência; sou o único homem na Comissão de Defesa dos
Direitos da Mulher – composta pela deputada Dayse Amarilio, pela deputada Jaqueline Silva e pela
deputada Doutora Jane. Espero ser entendido. Isso não quer dizer que eu estou mandando algum
recado, nem que sou a favor ou contra. Eu sou um homem do direito; para mim, devem sempre
vigorar a ampla defesa e o contraditório. Depois de um julgamento, aí, sim, eu acho que esta casa tem
de se posicionar. Eu não estou falando de pessoas, mas discordo, peremptoriamente, de qualquer
homem que ache que é dono de uma mulher ou que a desrespeite em qualquer situação, inclusive na
fala. Aqui é o parlamento. O direito de fala é livre, e quem está aqui representa a população. Somos as
vozes da população.
Pois bem, em outras oportunidades, subi a esta tribuna para falar de política, para apontar, por
exemplo, algumas das incontáveis tragédias do governo Lula, os desmandos que o Brasil vive – como
temos sempre feito. Aliás, agora, o próprio governo já admite que faltará dinheiro em 2027 para
serviços básicos. Mas, desta vez, não falarei apenas como deputado que estou, mas também como
advogado que sou.
Eu estou assistindo a todas essas oitivas, até porque eu estava de atestado esses dias, então,
eu tive tempo. Eu faço questão de ouvir cada interrogatório, cada inquirição e eu falarei sobre os
depoimentos colhidos ontem no STF, principalmente à luz do direito penal brasileiro e à luz da Lei
federal nº 12.850/2013, a qual dispõe, dentre outras coisas, sobre a conhecida colaboração premiada
ou delação premiada. O art. 3º-A dessa referida norma afirma que a colaboração é negócio jurídico
processual e meio de obtenção de prova. A redação, portanto, é clara e objetiva: toda colaboração
deve, obrigatória e objetivamente, produzir provas.
O portal O Globo, em 31 de março de 2025, publicou que Mauro Cid já mudou a sua delação
mais de 5 vezes. Já é a nona vez que ele muda a sua delação, o que, por si mesmo, a torna
contaminada processualmente e, portanto, imprópria aos fins a que se destina.
Ontem, em seu depoimento, Mauro Cid utilizou expressões como “eu acho”, “eu não sei”, “eu
não me lembro”, “acho que foi isso” dezenas de vezes. Ora, que colaboração é essa na qual o
depoente é incapaz de apontar objetivamente as provas que a corroboram? Eu assisti ao depoimento.
É vergonhoso o depoimento do colaborador Mauro Cid perante o Supremo Tribunal Federal.
Nesse caso, retorno à Lei federal nº 12.850/2013, mais precisamente ao disposto no art. 3º-C,
§ 4º, o qual afirma: “Incumbe à defesa instruir a proposta de colaboração (...), com todas as suas
circunstâncias, indicando as provas e os elementos de corroboração.” Portanto, não basta lembrar
apenas do que for oportuno; é obrigatória a apresentação de provas que confirmem o que está sendo
declarado. É obrigação do colaborador apontar as provas.
Além disso, o art. 17 do Código Penal brasileiro trata do denominado crime impossível. Sua
redação é a seguinte: “Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.” Nesse caso, fala-se em ausência
de tipicidade e, portanto, não há crime.
Sobre esse ponto, 2 perguntas formuladas pelo ministro Fux fulminaram toda a narrativa do
suposto golpe. Aliás, golpe do qual o general G. Dias, responsável pela segurança do Palácio do
Planalto e amigo do presidente Lula, recebeu 33 alertas, mas não os repassou à área operacional que
poderia ter impedido as invasões. Isso foi afirmado, inclusive, pelo general Penteado durante a CPI
aqui. No entanto, o general G. Dias continua solto como se sua omissão não fosse relevante.
O ministro Fux perguntou a Mauro Cid se havia alguma relação entre o gabinete da então
Presidência da República e o acampamento. A resposta do colaborador foi taxativa: não havia qualquer
relação. Isso consta nos autos. Trata-se da própria delação dele, da fala dele. Em seguida, o ministro
Fux questionou se o Bolsonaro havia assinado a minuta referente ao estado de defesa, ao estado de
sítio, entre outros. A resposta foi igualmente taxativa: não assinou.
Ora, então a tão festejada “minuta do golpe”... Na verdade, como afirmou hoje o ex-ministro
Anderson Torres é a “minuta do Google”. E realmente até hoje ela está disponível no Google.
Na realidade, tratava-se de um documento previsto constitucionalmente. Seria, portanto, a
primeira vez na história em que um golpe ocorreria por meio de um instrumento previsto na
Constituição, sem a participação das Forças Armadas. O suposto líder do golpe esperou sair da
presidência, autorizou a transição dos ministros das Forças Armadas – que já eram os ministros do
governo eleito, de Lula, conforme declarado pelo ministro da defesa do governo Lula, José Múcio. Seria
aplicado durante o recesso, quando não havia nenhuma autoridade em Brasília. Isso se daria por
intermédio de um documento que nem sequer foi assinado, e no qual a polícia de uma unidade da
Federação foi a única força a enfrentar os tais golpistas. E, ainda, praticamente todas as imagens das
câmeras da Esplanada foram apagadas, porque, segundo afirmou à época, o contrato havia vencido e
não foi renovado.
Senhoras e senhores deputados, o fato é que testemunhamos um momento insólito do direito
brasileiro. Espero, sinceramente, que a imparcialidade continue sendo a única lâmina aceitável na
espada da justiça. É o que esperamos: uma justiça justa, correta e leal. Que paguem o preço aqueles
que precisam pagar, mas que não venham a apenar pessoas que são inocentes – algumas delas ainda
presas na Papuda e na Colmeia!
Muito obrigado, presidente, por conceder um minuto a mais.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Obrigado, deputado Pastor Daniel de Castro.
Concedo a palavra ao deputado Gabriel Magno.
DEPUTADO GABRIEL MAGNO (Minoria. Como líder.) – Boa tarde, presidente. Boa tarde a todos
que, mais uma vez, nos acompanham nesta sessão ordinária da Câmara Legislativa.
Presidente, eu não poderia deixar de comentar algo antes de entrar no assunto da cidade: a
falta de compromisso do governador Ibaneis e da vice-governadora Celina com a educação pública
desta cidade. Esta é a pauta da cidade: a falta de compromisso e de cuidado do Governo do Distrito
Federal com a escola pública. Esse é o motivo da greve da educação.
Mas, primeiro, mais uma vez, quero me solidarizar com a deputada Paula Belmonte e também
me colocar à disposição dela. Infelizmente, nas redes sociais, os ataques machistas e misóginos não
podem ser normalizados, não podem ser tratados como “ah, mais alguma coisa que aconteceu”. Isso
não é mais possível, deputado Ricardo Vale. Quem comete crimes – ainda mais dessa natureza – tem
que ser responsabilizado.
A deputada Paula Belmonte tem compromisso com essa agenda de defesa dos direitos das
mulheres. Aliás, quem deve explicações não é a deputada Paula Belmonte; quem deve explicações à
sociedade são outros, inclusive o próprio Governo do Distrito Federal. Nós estamos vendo crescer,
deputado Pastor Daniel de Castro, o número de feminicídios na cidade. Qual é a agenda do governo
para cuidar das nossas mulheres?
Portanto, quero expressar toda a minha solidariedade à deputada Paula Belmonte.
Presidente, gostaria de falar da greve. Hoje, muitos dos que estão assistindo a nós
provavelmente vivenciaram um transtorno no centro da cidade. A cidade parou. Os professores
ocuparam a pista em frente ao Palácio do Buriti. A culpa do caos no trânsito é do governador, que até
agora não se dispôs a abrir uma negociação com essa categoria.
Presidente, considerando esse debate sobre a greve, quero saudar outras categorias
importantes. Quero saudar os enfermeiros e as enfermeiras, que amanhã farão uma manifestação
legítima e que, infelizmente, já receberam também uma multa de R$100 mil. Quero saudar os
assistentes sociais, que, na semana passada, realizaram uma assembleia na porta desta casa e estão
convocando outra mobilização. Quero saudar os especialistas da saúde, que também estão com um
movimento para que o governo cumpra o acordo. Quero saudar os técnicos em enfermagem, deputado
Jorge Vianna, que conquistaram hoje, justa e merecidamente, com luta, um acordo com o IGESDF de
um pouco mais de 20%, parcelado em 3 vezes – fruto da mobilização, obviamente, da categoria.
Porém, não dá para aceitar o argumento do Governo do Distrito Federal de que não há dinheiro.
Quero ler 2 notícias. A primeira delas, deputado Ricardo Vale, está no sítio eletrônico da
Secretaria de Estado de Economia – uma página do governo, para não dizerem que estou mentindo.
Trata-se de um documento assinado por 4 pessoas: Hélvio Ferreira, contador-geral do DF; Ney Ferraz
Júnior, secretário de Estado de Economia do DF; Daniel Alves Lima, secretário de Estado Controlador-
Geral; e Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal.
Nesse documento, que é o relatório do balanço fiscal do governo de 2025, na página 3 – para
quem está nos acompanhando poder conferir – há o seguinte: despesa total com pessoal, R$14
bilhões; 38,54% da razão entre a despesa e a receita corrente líquida da LRF. Despesa total com
pessoal – lembrem-se deste número – é R$14 bilhões. No mesmo documento, traz-se o limite
prudencial da LRF: R$16,9 bilhões.
O governador assinou esse documento. Há R$3 bilhões de margem fiscal para apresentar aos
servidores desta cidade. Não sou eu quem está dizendo ou inventando isso. Está no documento.
Aliás, vou ler a segunda notícia. Na Agência Brasília, um portal de notícias oficial do GDF, para
não dizerem também que estou inventando números, há uma matéria de maio deste ano: o Governo
do Distrito Federal vai enviar a proposta de reajuste das forças de segurança do Distrito Federal. A
medida contempla os policiais civis e militares e o Corpo de Bombeiros. O impacto financeiro com a
proposta é de R$2,3 bilhões. Eu saúdo as forças de segurança.
Há dinheiro. Há R$3 bilhões de acordo com o relatório assinado pelo governador. Há uma
proposta que o governador está fazendo para as forças de segurança de R$2,3 bilhões. A proposta da
educação custa R$1,5 bilhão. Há dinheiro! Quem não quer resolver a greve é o governador desta
cidade. Isso tem que ficar transparente para o pai ou para a mãe cujo filho não está tendo aula neste
momento, para cada professor, professora, orientador e orientadora. É mentira o discurso do governo
de que não há dinheiro e de que não pode negociar. Há, sim!
Foi o governador desta cidade que falou que a educação não é prioridade para ele, que os
professores e professoras não são prioridade para ele. Eu sou professor de física, deputado Ricardo
Vale, e posso afirmar que toda ação tem uma reação. E a reação, neste momento, é a greve, porque é
muito grave o que está acontecendo.
Haverá uma nova assembleia na segunda-feira. Hoje, nós estivemos na Secretaria de
Economia. É preciso e é urgente que o governo apresente uma proposta, porque o próprio governo
tem dito que há dinheiro e tem feito propostas para outras categorias, as quais quero parabenizar –
são justas as propostas.
É preciso tratar com respeito a escola pública e os trabalhadores da educação. Infelizmente, o
Governo do Distrito Federal trata muito mal a educação pública desta cidade, as crianças, adolescentes,
jovens e adultos e cada profissional que todo dia tem compromisso com a educação dos nossos
estudantes.
Obrigado, presidente.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Obrigado, deputado Gabriel Magno.
Quero cumprimentar os aprovados da Polícia Civil, os aprovados da Polícia Penal do Distrito
Federal, e os agentes de saúde presentes. A Câmara Legislativa dá todo o apoio à categoria de vocês.
Espero muito em breve vê-los trabalhando, atendendo a população do Distrito Federal. Sejam bem-
vindos. (Palmas.)
Não há mais líderes para falar. Eu encerro o comunicado de líderes.
Dá-se início ao comunicado de parlamentares.
DEPUTADO PASTOR DANIEL DE CASTRO (PP) – Presidente, pela ordem.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Concedo a palavra.
DEPUTADO PASTOR DANIEL DE CASTRO (PP) – Presidente, eu sou o primeiro inscrito para
falar pelo comunicado de parlamentares, mas eu solicito à vossa excelência que me deixe falar mais
para frente para que nós possamos avaliar o plenário e verificar se haverá quórum.
Eu queria passar neste momento a palavra para a deputada Dayse Amarilio, porque naquela
hora ela pediu a palavra durante o comunicado de parlamentares.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Acato a solicitação.
Concedo a palavra à deputada Dayse Amarilio.
DEPUTADA DAYSE AMARILIO (PSB. Para comunicado.) – Obrigada, presidente. Obrigada,
deputado Pastor Daniel de Castro.
Presidente, primeiro eu quero me solidarizar com a deputada Paula Belmonte e falar que nós
estamos juntas. Foi uma decisão das mulheres desta casa. Essa decisão precisa ser abraçada pelos
homens de verdade desta casa.
Quero deixar um relato sobre a responsabilidade da deputada Paula Belmonte à frente da
Procuradoria – ela é a nossa procuradora Especial da Mulher –, sempre no sentido de conversar em
conjunto: nós, as 4 deputadas, com o presidente deputado Wellington Luiz. Ela teve o cuidado de não
politizar a questão e, ao mesmo tempo, de blindar a casa e nos blindar.
Nós temos sido abordadas diversas vezes nesta casa. A sociedade nos cobra sobre o que foi
feito e sobre o que vai ser feito. A única coisa que nós pedimos é que não se arquive nada até que
tudo possa ser investigado. Infelizmente, nós, mulheres nesses espaços, passamos por algumas coisas
como essa covardia. Eu espero, sim, que descubram quem são essas pessoas, quem está por trás
dessas pessoas.
Quero dizer que a deputada Paula Belmonte não está sozinha.
Presidente, como membro da Comissão de Saúde e como uma pessoa que entende de saúde,
por trabalhar com saúde há tantos anos, por ser uma professora da área de saúde, quero dizer do meu
lamento. É lógico que nunca vamos ficar tristes, presidente, pela construção de unidades de saúde,
mas eu fico muito pensativa com relação ao que é a decisão política do governo. Uma decisão que
deveria ser um vetor de transformação para a saúde pública do Distrito Federal.
Houve a prestação de contas da Secretaria de Saúde, foi muito importante e eu agradeço à
área técnica da secretaria, agradeço ao secretário – que veio, discutiu e ouviu – e ao Ministério Público.
Naquele momento, nós vimos o quanto é importante pensarmos em saúde como algo complexo, mas
também como algo a ser trabalhado a médio e longo prazo.
Você que está aí sabe o que eu vou falar agora: as UPAs são unidades de pronto atendimento,
onde o paciente deveria ficar até 24 horas no máximo. Nesse sentido, as UPAs dão a retaguarda
necessária tanto para a atenção primária, como para os hospitais – é o que chamamos de giro de
leitos. Hoje, há uma estatística do próprio Instituto de Gestão Estratégica de Saúde que mostra que o
maior gargalo das UPAs são os pacientes classificados em prioridade verde e em prioridade azul, ou
seja, pacientes que deveriam estar sendo atendidos onde? Na UBS.
Quando analisamos a questão orçamentária, vemos que o raciocínio está invertido. A APS,
Atenção Primária à Saúde, deveria ser – de fato e de verdade – o eixo norteador no orçamento. Além
de termos um orçamento ainda tímido, temos uma baixa execução – em torno de 67%. E nos locais
onde há maior vulnerabilidade, é onde faltam, por exemplo, as equipes. Não há a maioria das equipes,
nem os agentes comunitários. As equipes não estão completas, os pacientes possuem um absenteísmo
altíssimo e isso gera todo um ciclo vicioso. Além disso, os hospitais estão lotados, sucateados, antigos e
não conseguem girar leitos, porque o sistema não se comunica, porque falta exame e acaba que a UPA
tem sido um depósito de doentes e um cenário de quebra-quebra.
Eu acredito, infelizmente, que esse recurso poderia ser muito mais bem aplicado se realmente
o colocássemos na atenção primária e dentro dos hospitais, até mesmo para fortalecer o número de
servidores. Hoje, faltam servidores nos quadros, além do absenteísmo. O déficit de servidores faz
existir bloqueio de leitos.
Então, fica aqui a minha tristeza com relação ao que nós estamos pensando para Brasília a
médio e longo prazo. Nós seguimos à disposição para fazer essa construção, para fazer uma política
que fique, não uma política para grupo político.
Quero fazer um registro para parabenizar os técnicos de enfermagem que ganharam esse
aumento no Instituto de Gestão Estratégica de Saúde. Eles fizeram uma paralisação e os enfermeiros
vão fazer uma paralisação amanhã também.
Infelizmente, todos deveriam ter reajuste, um reajuste mais que merecido, tanto no IGESDF
como em outras instituições. No IGESDF muitas vezes existem dificuldades, ainda há muitos casos de
assédio. Deixo registrado que todos os profissionais mereciam, merecem e seguem merecendo reajuste
também, presidente. É um reajuste que faz jus à enfermagem, faz jus a um piso que ainda temos
dificuldade de implementar, que ainda não se tornou realidade, que precisa ser vinculado às 30 horas.
Acho que essa é uma luta da enfermagem como um todo – enfermeiros, técnicos, auxiliares de
enfermagem.
Conversando com o secretário, com o deputado Jorge Vianna, vemos que já existe uma
mobilização para a paralisação também dos enfermeiros do IGESDF. Acho que isso poderia ser
prevenido se houvesse mais diálogo sobre coisas básicas que os enfermeiros têm pedido, como, por
exemplo, o plano de cargos e salários. Acredito que isso vai ser suplementado, precisa ser
suplementado. Acredito que esse reajuste ainda é muito pouco pelo que o técnico entrega, mas nós
estamos lutando para que todos sejam ouvidos. Desejo que possamos evoluir, assim como no caso dos
professores.
A decisão é política. Se existe x que pode ir para a categoria a, b ou c, eu acho que é uma
decisão política, mas o que não pode faltar é recurso nessas áreas fundamentais. A segurança e a
educação precisam de recursos, e a saúde pede socorro.
Obrigada, presidente.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Obrigado, deputada Dayse Amarilio.
Concedo a palavra ao deputado Jorge Vianna.
DEPUTADO JORGE VIANNA (PSD. Para comunicado.) – Boa tarde, senhoras e senhores
parlamentares, todos os servidores desta casa, imprensa, nossos futuros servidores.
Presidente, primeiramente, eu queria fazer um agradecimento e um elogio. Agradeço ao
Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem, o Sindate, que há muito tempo, há mais de 2
anos, vem lutando para conseguir um reajuste que possa contemplar minimamente os profissionais de
enfermagem do IGESDF. Além do reajuste, o sindicato também está lutando por condições de trabalho
e mais pessoal.
As UPAs que foram criadas em Brasília fariam, em média, 4 mil atendimentos por mês em cada
uma delas. Hoje, conforme a tabela, elas fazem, no mínimo, 25 mil atendimentos por mês. Elas têm
marcações tipo 1, tipo 2 e tipo 3. Essas UPAs estão atendendo mais de 25 mil pessoas. É óbvio que há
um congestionamento, uma superlotação no atendimento. Quem está absorvendo tudo isso? O
profissional de saúde, em especial o técnico em enfermagem e o enfermeiro, que estão na ponta. Eles
são os primeiros a receber esses pacientes. Vemos o que está acontecendo pela mídia: agressões,
depredação...
Acho que chegou o momento de se falar dessa categoria de técnico em enfermagem no
IGESDF. Hoje os servidores de lá estão sentindo na pele o que é ser servidor da saúde, porque, até
então, estava – entre aspas – tranquilo. Como a saúde começou a ter um alto fluxo de procedimentos,
de atendimentos de pacientes, também o IGESDF foi sobrecarregado. Está lá a situação.
Hoje, nós estivemos em uma reunião com o presidente Cleber. Ele foi diretor da Polícia Civil, é
um delegado respeitado, um homem de palavra, que consegue fazer política. Hoje, sentado à mesa
com ele, juntamente com o Sindate e os representantes dos técnicos em enfermagem, conseguimos o
reajuste.
Pode parecer alto o valor de 20%, mas esse percentual no salário de R$2.000 é muito menor
que 20% no salário de R$10.000, R$20.000, R$30.000. Por mais que haja esse reajuste de 20%, o
impacto que vai ser absorvido ainda é pequeno para o IGESDF. Pode parecer que conseguimos um
grande feito, mas o impacto é pequeno. Eu queria deixar claro isso.
Portanto, quero parabenizar o Sindate e agradecer ao IGESDF na pessoa do presidente Cleber
Monteiro.
Presidente, eu não tive a oportunidade de me manifestar com relação à greve dos professores.
Todos eles sabem que eu sempre estive ao lado dos professores, sempre estou ao lado do servidor. A
greve não é fácil, nem todo mundo gosta dela. Eu fui sindicalista a vida toda e sou até hoje. A greve é
o último recurso que queremos. É como se fosse uma guerra. Ninguém quer ir para uma guerra,
porque nela há mortos e feridos, gastos, pressão psicológica, perseguição política. Tudo isso acontece
na greve.
Eu tenho certeza de que o sindicato não queria essa greve, mas a categoria impulsionou o
sindicato e ele, que é o representante da categoria, deflagrou a greve.
Neste momento, estamos em uma situação, deputado Gabriel Magno, complicada, porque o
governo está esperando a liberação do Tribunal de Contas para ter segurança para fazer pagamentos,
para fazer contratações. É por isso que está travado, colegas Avas, ACS, técnicos em enfermagem e
enfermeiros. Eu espero que, nos próximos dias, tenhamos melhores resultados e que o governo possa
negociar não só com os professores, mas também com as categorias que precisam ser nomeadas.
Está uma pressão tão grande! Por várias vezes, eu e a deputada Dayse Amarilio subimos nesta
tribuna para pedir nomeação. Está todo mundo pedindo nomeação. Eu acho que até a empregada do
governador Ibaneis deve estar pedindo nomeação para a saúde. Essas nomeações se tornaram uma
comoção no DF. Por que elas não estão sendo feitas? Será que é birra do governador? Será que é
porque ele não gosta? Não, não é. Ele está segurando justamente porque quer ter segurança para
fazer tudo isso de forma a não prejudicar ninguém.
Voltando aos professores, o que eu espero? Eu espero que o governador realmente converse
com o sindicato – não precisa ser o governador, pode ser o secretário da Casa Civil, o secretário de
Economia – para que isso seja resolvido. De fato, os professores do DF têm um dos piores salários do
Brasil. Infelizmente, os professores, ao longo dos anos, não conseguiram uma reposição considerável,
como ocorreu com outras carreias. Se fizermos um paralelo com outras categorias de nível superior, de
fato, os professores ganham muito menos. Então, é importante fazer a recomposição salarial da
categoria. Eu entendo essa questão e concordo com ela. O modus operandi é foro íntimo de cada um,
mas eu espero que possamos fazer essa negociação.
Eu me coloco à disposição não só como servidor público, mas também como membro da
Comissão de Economia, Orçamento e Finanças. Eu conversei hoje com o nosso presidente, o deputado
Eduardo Pedrosa, que também está tentando viabilizar algo nesse sentido. Então, deputado Gabriel
Magno, leve minha solidariedade aos professores. Estamos juntos! Quero ajudar a resolver isso. Em
todas as ocasiões em que categorias passaram por esta casa fazendo greve ou fazendo manifestação,
eu estive presente. Em todas! Eu não pude ir hoje à assembleia do Sinpro porque, nesse mesmo
momento, eu estava na assembleia do Sindate, lá no Edifício PO 700, com o IGESDF. Mas saibam,
professores, que eu sempre estarei ao lado de vocês e que reconheço, sim, que vocês têm um dos
piores salários do Brasil.
Digo mais: quando vi a tabela remuneratória dos professores, achei estranho os mestres e
doutores terem um valor de gratificação muito pequeno se o compararmos com as gratificações que
têm os servidores públicos regidos pela Lei Complementar 840/2011. Na minha opinião, deputado
Gabriel Magno – que é o puxador desse movimento e o representante legítimo dos professores nesta
casa –, uma das pautas que poderiam ser tratadas na negociação é a inclusão disso. Esqueçam essa lei
específica que fizeram da gratificação e os coloquem no rol dos servidores públicos regidos pela Lei
Complementar 840/2011. Eu tenho certeza de que essa gratificação vai ser melhor, pois vai ser igual à
dos demais servidores públicos do Distrito Federal, e ela pode ser levada também para a
aposentadoria, se esse for o medo de vocês. Eu repito isto: essa titulação também é levada para a
aposentadoria. Há muitas coisas com as quais podemos contribuir. Eu quero contribuir com os
professores com os conhecimentos que temos sobre tabelas e sobre planos de cargos e salários. Muito
obrigado.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Obrigado, deputado Jorge Vianna.
Concedo a palavra ao deputado Chico Vigilante.
DEPUTADO CHICO VIGILANTE (PT. Para comunicado.) – Presidente, eu acho muito importante
que esta nação brasileira preste bastante atenção no momento que estamos vivendo, neste começo de
junho de 2025, especialmente neste dia 10. O que está sendo levado ao banco dos réus é um ataque
direto à democracia. O mundo inteiro está falando que o Brasil foi uma espécie de laboratório da
extrema-direita no mundo, de como é que se faz a nova modalidade de golpes no mundo: não é mais
com tanque na rua.
Foi isso o que aconteceu. Ou alguém acha que a depredação e destruição do plenário do
Supremo Tribunal Federal foi um passeio no parque, um piquenique que foram lá fazer? Alguém acha
que a destruição do Palácio do Planalto, o símbolo do Poder Executivo, ocorreu porque alguns se
uniram e foram ali no Parque da Cidade fazer um piquenique? O mesmo fizeram com o Poder
Legislativo, com a Câmara dos Deputados e com o Senado Federal. Eles são criminosos! Não há outro
nome, eles são criminosos que precisam ser punidos de maneira exemplar.
Eu aposto no futuro desta nação quando eu vejo o poder militar se subordinar ao poder civil.
Ver generais terem que ficar comportadinhos enquanto prestam depoimento é algo fantástico. Isso nos
anima sobre o futuro da democracia neste país. É por isso que não pode haver anistia. Se os
anistiarmos agora, eles serão os golpistas do próximo lance.
Alguém se lembra dos ataques que também ocorreram quando Juscelino Kubitschek ganhou as
eleições, porque a extrema-direita naquela época não queria que ele tomasse posse? Houve a Revolta
de Aragarças e a de Jacareacanga. Então, Juscelino, que tinha o coração maior do que o Brasil,
resolveu anistiar todo mundo. Pois foram aqueles anistiados de Aragarças e de Jacareacanga que, em
seguida, deram o golpe militar de 1964. É por isso que não pode haver perdão para golpista. Golpista é
golpista e não pode ser perdoado.
Eu estava vendo hoje o depoimento do Capitão Capiroto. Ele, que era tão valente naquele
cercadinho do Palácio da Alvorada, um leão, virou um gatinho agora no Supremo Tribunal Federal.
Aquele leão voraz, que era tão bravo em São Paulo, na Avenida Paulista, está um gatinho no Supremo
agora, na frente do ministro Alexandre de Moraes.
Também é importante ressaltar que, quando os réus mentem, o ministro Alexandre de Moraes
diz: “Nós estamos, no processo, na fase da oitiva dos réus, quando eles não podem ser interrompidos e
nós não podemos desmenti-los, mas eu vou dizer que o que houve não foi bem assim”.
Eu digo que o ministro Alexandre de Moraes, que é apelidado de Xandão neste país, é o xerife
da democracia. Ele tem um modo peculiar de investigar os acusados. Portanto, agora só precisamos
aguardar as alegações finais nesse processo e, em seguida, as prisões que serão efetuadas, para que
nunca mais esse povo ouse atacar a democracia no nosso país – e creio que todo mundo que defende
a democracia deveria estar ao lado do Supremo neste momento.
Também quero, presidente, dizer a vossa excelência que a nossa bancada está em obstrução
em função da falta de negociação com os professores. Inclusive, estive com vossa excelência e com o
deputado Gabriel Magno na assembleia da categoria. Como estamos em obstrução, já estou me
retirando.
Obrigado, presidente.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Obrigado, deputado Chico Vigilante.
Concedo a palavra ao deputado Gabriel Magno.
DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT. Para comunicado.) – Presidente, quero, bem rapidamente,
tratar de mais 2 assuntos hoje.
Em primeiro lugar, saúdo o Condepac, o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural do Distrito
Federal, que hoje, após análise, considerou patrimônio cultural imaterial do Distrito Federal o teatro de
bonecos mamulengos. Quero dizer que essa decisão não só felicita o conjunto da cidade, mas também
respeita o próprio rito legal da entrega de patrimônio, com análise do parecer do Condepac, com
apresentação de dossiê. Parabenizo também o secretário de Cultura, que conduziu e acompanhou esse
processo. Além disso, eu o parabenizo pelo projeto de lei da destinação do terreno para a Fundação
Athos Bulcão, que foi lido hoje na Câmara Legislativa.
Quero, presidente, falar do julgamento. Desde ontem, este país vive momentos e dias
históricos. O deputado Chico Vigilante falou muito bem. Não é pouca coisa um país que saiu da
ditadura militar, a qual matou, torturou, perseguiu, assassinou opositores inocentes, ver generais, no
banco dos réus, prestarem conta à sociedade e aos poderes civis da redemocratização deste país.
Quero citar algumas passagens dos depoimentos de ontem e hoje. As primeiras são do
depoimento do Mauro Cid. Agora a extrema-direita diz que não é confiável. No entanto, o próprio Jair
Bolsonaro – inelegível, indiciado e futuro preso – disse, várias vezes, que o Mauro Cid era o seu
homem de confiança. Ele disse isso publicamente, no cercadinho, inclusive. O ex-presidente disse para
não atacarem o Mauro Cid, porque ele era de sua inteira confiança. Agora não é mais!
Quero fazer 2 destaques do depoimento do Mauro Cid. O primeiro é que ele disse que a grande
preocupação do ex-presidente sempre foi encontrar uma fraude nas urnas. O segundo é que, ao ser
questionado pelo ministro Alexandre de Moraes sobre a minuta do golpe, Mauro Cid afirmou que o ex-
presidente Bolsonaro recebeu, leu e enxugou a minuta basicamente retirando a prisão de autoridades e
deixando somente Alexandre de Moraes como uma das autoridades que seriam presas pelo golpe.
Como eles falam de lei, vou ler o Código Penal. O art. 359-L do Código Penal diz que tentar
abolir o Estado democrático de direito restringindo o exercício dos poderes constitucionais é crime. A
pena é de 4 anos a 8 anos de prisão. O art. 359-N do Código Penal diz que impedir ou perturbar
eleição ou aferição de seu resultado, mediante violação indevida de mecanismos de segurança do
sistema eletrônico de votação estabelecido pela justiça eleitoral, é crime. Eles atacaram as urnas o
tempo todo. É crime. A pena é de 3 anos a 6 anos de prisão.
Estão tentando disfarçar o óbvio. Tentativa de golpe é crime. Eles precisam ser penalizados.
Presidente, há algo mais. O Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, chegou a admitir que o
ex-presidente Bolsonaro conduziu uma reunião no Palácio da Alvorada, em dezembro de 2022, para
tratar dessa possibilidade. O que chama muito a atenção nos depoimentos é a covardia de alguns
generais que não honram a farda que vestem.
Em 2024, nessa cadeira, sentou-se um dos golpistas: o general Augusto Heleno. Ele atacou
parlamentares e a sociedade, esbravejou, disse que não houve golpe ou ditadura neste país e mentiu.
Ontem, diante do Supremo Tribunal Federal, ele se recusou a responder perguntas pela covardia que
lhes é característica. Uma característica comum do golpismo da extrema-direita no mundo todo é a
covardia. São covardes além de criminosos!
Então, chama muito a atenção a história que estamos vendo acontecer ao vivo. É muito
importante que este país, que não condenou os torturadores, possa, enfim, fazer justiça com aquilo
que é fundamental para a garantia de direitos: a democracia. Quem tentou acabar com a democracia
precisa ser julgado com amplo direito de defesa, como o mundo todo está vendo ao vivo, e responder
pelos seus crimes.
Por isso, não pode haver anistia para golpista. O desespero já bateu na extrema-direita. A
justiça vai ser feita, pela primeira vez, na história deste país. Nós vamos condenar e responsabilizar
quem não tem nenhum apreço pela democracia brasileira.
Obrigado, presidente.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Obrigado, deputado Gabriel Magno.
Concedo a palavra ao deputado Iolando.
DEPUTADO IOLANDO (MDB. Para comunicado.) – Obrigado, presidente.
Cumprimento todos no plenário e aqueles que nos acompanham pelas redes sociais e pela TV
Câmara Distrital.
Neste momento, quero me reportar a todos sobre um projeto de minha autoria que está em
tramitação nesta casa.
Esse projeto foi matéria, ontem, do Metrópoles, um jornal de grande comunicação no Brasil
inteiro. Várias críticas foram apresentadas ao projeto. Algumas favoráveis e outras contrárias. Eu quero
explicar o que esse projeto significa para todo o Distrito Federal.
A Assembleia de Deus de Brasília é uma igreja que tem 65 anos de história no Distrito Federal
e mais de 100 anos no país. Ela desempenha um trabalho social relevante. Portanto, eu resolvi
apresentar um projeto para tornar essa igreja, esse ministério com mais de 400 templos aqui no
Distrito Federal, patrimônio cultural imaterial do Distrito Federal.
As igrejas evangélicas Assembleia de Deus do Distrito Federal e de todo o país, assim como a
Igreja Católica e alguns centros espíritas, têm um grande trabalho social, como um dos braços do
Estado em favor da melhoria da situação da sociedade.
Eu apresentei esse projeto para a igreja Assembleia de Deus de Brasília com o objetivo de
deixar claro o que essa igreja, o que esse ministério com mais de 400 templos, faz e representa e o
porquê do título de patrimônio cultural imaterial do Distrito Federal.
A igreja Assembleia de Deus acolhe famílias, promove a regeneração de vidas e oferece
amparo espiritual, emocional e social às camadas mais vulneráveis da população.
É uma presença ativa nos lares, nas periferias, nos hospitais, nos presídios e nas praças. A
igreja está onde o povo está. Ela faz isso voluntariamente, com oração, solidariedade e amor ao
próximo.
Por que patrimônio imaterial? De acordo com os marcos legais do Distrito Federal –
especialmente o Decreto nº 26.812/2006 (sic), que regulamenta o registro de bens culturais imateriais
–, são reconhecidos como patrimônio imaterial saberes, celebrações, formas de expressão e lugares
que integram a identidade cultural do povo.
A Adeb, Assembleia de Deus de Brasília, se insere plenamente nesse contexto, porque sua
liturgia, seus hinos, sua doutrina e sua oralidade são expressões vivas da cultura evangélica
pentecostal.
Seus cultos, batismos, festividades, congressos e encontros intergeracionais são celebrações
que fortalecem a memória e a coesão da comunidade. Sua liderança pastoral, seus ministérios, seus
departamentos preservam e transmitem saberes religiosos que ultrapassam as paredes dos templos.
Seus templos, que se tornaram referências simbólicas em centenas de bairros, são lugares de
pertencimento e identidade espiritual para milhares de pessoas.
Contribuições concretas feitas à sociedade: a Adeb não atua apenas no campo espiritual. Ela é
uma entidade que produz impacto social mensurável por meio de projetos de assistência social que
atendem famílias em situação de vulnerabilidade, com doação de alimentos, roupas, apoio psicológico
e acolhimento; educação cristã e formação de valores para a promoção de uma cultura de paz,
respeito e ética; reinserção social, especialmente no acolhimento de dependentes químicos e egressos
do sistema prisional; prevenção à violência, com atividades voltadas para jovens e adolescentes em
áreas de risco.
Portanto, a minha proposta visa exatamente a reconhecer que essa igreja, esse ministério
presta relevantes serviços à sociedade como um todo.
Esse projeto não é sobre religião no Estado, mas sobre o Estado reconhecer a religião como
parte legítima da cultura do povo. A laicidade do Estado não é um muro de separação, mas uma ponte
de respeito. Valorizar uma expressão cultural religiosa tão marcante como a Adeb é também valorizar a
liberdade de culto e a diversidade cultural do nosso povo.
Declarar a Igreja Assembleia de Deus de Brasília como patrimônio cultural imaterial do Distrito
Federal é garantir que essa história não se apague, que essa identidade não se perca, que essa
herança espiritual e cultural seja protegida, transmitida e celebrada pelas futuras gerações.
Apresentei esse projeto porque essa entidade, esse ministério, essa igreja que tem
representações em todo o Distrito Federal, tem grandes serviços prestados à sociedade. Ai do Estado
se não houvesse os templos católicos, as entidades espíritas entre outras, que desenvolvem e
difundem o evangelismo, que educam, que disciplinam, que trazem à nossa sociedade o brilho, a cor, a
serenidade e a tranquilidade.
Apresentamos esse projeto, porque sabemos o quanto as entidades cristãs e religiosas são
importantes para o Distrito Federal. Essa é a minha contribuição como deputado nesse projeto de lei
que tramita nesta casa.
Obrigado, presidente.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Concedo a palavra ao deputado Pastor Daniel
de Castro.
DEPUTADO PASTOR DANIEL DE CASTRO (PP. Para comunicado.) – Presidente, volto à tribuna
porque me assusto com como essa extrema-esquerda tem a capacidade de imputar à direita esses
crimes todos.
O deputado que me antecedeu acabou de falar que depredar palácio é golpe de Estado. Então,
a esquerda já deu golpe de Estado no Brasil. Eu acho que a esquerda sofre de amnésia. Aliás, acho
não, eu tenho certeza, até pelas falas que o presidente Lula tem feito mundo afora, haja vista aquele
gesto humilhante dele, querendo se fazer de acrobata na França.
Ele falou que depredar ministério é golpe de Estado. Então, a esquerda já deu golpe de Estado!
Depredou, queimou o Ministério das Relações Exteriores, o Ministério da Agricultura. Esqueceram isso?
Quem mais quebrou e depredou, quem mais fez baderna nesta nação foi a esquerda. A esquerda é a
mãe dessas manifestações no Brasil. E eles falam que são manifestações democráticas.
Natural é o direito de manifestação, pois é um direito constitucional. À questão do quebra-
quebra, da baderna, responde-se no limite da sua culpabilidade, assim diz o ordenamento jurídico.
O deputado já falou aqui que haverá condenação e prisão – será que ele é a Mãe Dináh, virou
vidente, tem o poder de prever o futuro? – sendo que nós estamos vendo que os depoimentos todos
vão ao contrário do que foi dito.
Há uma sanha persecutória em cima da direita, especialmente em cima do ex-presidente Jair
Messias Bolsonaro! Na perspectiva de quê? De tirá-lo do processo eleitoral do ano que vem. Por quê?
Porque sabem que o Bolsonaro vai ganhar a eleição! A rejeição ao presidente Lula já bateu 60%, ela é
irreversível. É impossível ele ganhar uma eleição, a não ser que tire o presidente Bolsonaro do jogo.
Mas já está declarado: se ele for retirado, há a Michelle; o Eduardo; o Zema; o Caiado; o Tarcísio, que
são desse espectro.
Gente, política é uma arte de ganhar e de perder. Uma hora um governa, outra hora outro
governa, isso é bom até para a democracia. Mas não dá para aceitar o que nós temos visto
acontecendo no mundo.
É estarrecedor, deputado Iolando, o que estamos vendo no mundo. Aqueles de direita que têm
possibilidade de ganhar a eleição são alvejados, muitas vezes assassinados. E o modus operandi é o
mesmo do da facada do ex-presidente Bolsonaro! Semana passada foi contra o Uribe, na Colômbia. Ele
está entre a vida e a morte. Será um milagre se aquele moço, senador da República, de 39 anos,
continuar vivo. Sabe por quê? Há um ódio exarado pelo presidente daquela nação esquerdista: a fala
dele é uma fala de ódio.
O Lula falou “Vou voltar para perseguir” e voltou – e ainda volta dizendo que o amor venceu o
ódio. Que amor é esse? É ódio! Não gosta da pessoa, não gosta dos cristãos. Tem que massacrar?
O Brasil está clamando por mais paz. O Brasil está clamando por mais serenidade. Não se trata
de um leão que se posta de gatinho, não. É porque está diante do Supremo Tribunal Federal. Nós
estávamos assistindo à oitiva feita pelo eminente ministro Alexandre de Moraes. Não é aquele que fala
grosso, não! É porque ele está em um ambiente em que normas, leis e maneiras precisam ser
seguidas. Dos depoimentos que são feitos ali é extraída a verdade absoluta. Haverá um julgamento,
que não pode estar baseado fora dos autos, que precisa estar em consonância com os autos para que
seja ditada uma sentença. Mas o que temos visto ultimamente? Aberrações nas sentenças!
Adélio tentou matar Bolsonaro. Cadê os mandantes? Nunca foram achados! Participaram
advogados caríssimos! Eram 4 ou 5 advogados, com a aeronave e tudo. Nunca se buscou quem os
pagou. Mas está nos anais, o advogado falou quem patrocinou a defesa do Adélio. Ele está solto, é um
lobo solitário. Será que a nossa gloriosa Polícia Federal não conseguiria encontrá-lo, se quisesse, com a
competência que tem? Encontraria! Existe interesse? Não. O que está por trás disso? Essas coisas vêm
para a cabeça da população, que está cansada. A população está cansada!
O processo democrático é lindo e acho que o maior espelho da democracia, deputado Ricardo
Vale, é a eleição. O cidadão vai para a urna e lá ele escolhe o seu representante.
Hoje, por exemplo, ouvi uma fala do ex-presidente Bolsonaro a qual eu havia feito no dia
seguinte à minha eleição. Não questionei processo eleitoral. Ganhou? Amém! Vá governar! Perdeu?
Junte o que tem, vá embora, vá para casa, vá continuar o trabalho! É natural que fique um sofrimento,
uma dor, uma amargura por achar que ganharia a eleição por estar muito bem, mas hoje reconheça a
derrota.
Vamos para 2026, mas vamos com paz, vamos com serenidade, ganhe quem ganhar! E quem
ganhar deve governar, porque será uma escolha do povo. Mas não é possível estressar as pessoas com
discurso odioso de extrema-esquerda, de Capiroto, de que vai ser preso. Vai ser preso, mas não foi! O
Lula foi, e hoje é o presidente do Brasil! O Lula foi preso, condenado em 3 instâncias – 12 juízes –, e
hoje é o presidente do Brasil!
O Bolsonaro não tem sequer 1 condenação ainda, apenas responde a alguns processos. Temos
que esperar o fim do processo para saber se ele será declarado culpado ou inocente. Sabe o que
acontece se ficarmos destilando ódio nas nossas falas, nos nossos discursos? Um doido qualquer age
como aconteceu lá na Colômbia. Um cara de 14, 15, 16 anos foi capaz de dar um tiro na cabeça de um
senador da República, algo inaceitável na democracia.
Na democracia, vence o melhor, vence quem mostra o melhor projeto e quem é eleito pela
maioria. Quem é eleito pela maioria governa para todos. Eu não votei no Lula; votei no Bolsonaro, mas
o Lula é o presidente do Brasil. Eu preciso respeitá-lo na função do cargo, não como pessoa, porque
ele pensa diferente dos meus dogmas. Ele disse lá atrás que era a favor da família, que era contra o
aborto e contra as drogas; agora não é.
Mudaram os discursos para ganhar a eleição. Nesse ponto, somos divergentes, mas ele é o
presidente da nação. Precisamos respeitá-lo. Precisamos descer um pouco do palanque. A eleição será
no ano que vem, mas infelizmente o PT assumiu e até hoje continua no palanque, como se fosse
candidato, esquecendo-se de governar, enquanto o Brasil está indo à bancarrota.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Obrigado, deputado.
Sou o próximo inscrito.
Passo a presidência ao deputado Roosevelt.
(Assume a presidência o deputado Roosevelt.)
PRESIDENTE DEPUTADO ROOSEVELT (PL) – Recebo a presidência.
Concedo a palavra ao deputado Ricardo Vale.
DEPUTADO RICARDO VALE (PT. Para comunicado.) – Senhor presidente, senhoras e senhores
deputados, mais uma vez, venho a esta tribuna falar em defesa da mulher – neste caso,
principalmente, em defesa da mulher do Distrito Federal.
Primeiramente, quero me solidarizar com a deputada Paula Belmonte, que registrou aqui ter
sido muito atacada nas redes sociais. Aliás, as mulheres têm sido constantemente atacadas no Distrito
Federal, muitas têm sido vítimas de violência doméstica. Para se ter uma ideia, em 2024, o número de
ocorrências de violência contra a mulher no Distrito Federal foi de, em média, 60 registros por dia na
Polícia Civil. Vamos aguardar os índices de 2025 – certamente, a média será igual ou até maior.
No último sábado, Telma Senhorinha da Silva, uma senhora de apenas 51 anos, foi vítima de
arma de fogo no bairro Lucio Costa, no dia 7 de junho. Esse foi o 12º feminicídio registrado no Distrito
Federal neste ano. Lamentamos profundamente que, entre essas 12 vítimas, quase todas eram mães.
Quase 45% dessas mulheres já haviam sofrido violência doméstica anteriormente, já tinham sido
agredidas.
Esta é a 12ª vez que subo a esta tribuna para falar de uma lei de minha autoria, Lei nº
7.264/2023, que prevê multa de até R$500 mil aos agressores de mulheres, conforme poder aquisitivo
deles. Lembro-me de que, em 1º de setembro de 2023, o Governo do Distrito Federal regulamentou
essa lei. Houve um ato muito importante no Palácio do Buriti, do qual participei como autor da lei. Na
ocasião, estiveram presentes a vice-governadora Celina Leão, diversos secretários e secretárias do
Governo do Distrito Federal, a secretária da Mulher, a secretária de Justiça. Fiquei com grande
expectativa de ver essa lei entrar em execução no Distrito Federal.
Pois bem, já passou 1 ano e 9 meses desde a regulamentação. Nós deputados sabemos que
muitas leis são aprovadas e sancionadas, mas não são regulamentadas, o que impede sua aplicação.
Mas não é o caso dessa lei, pois ela foi regulamentada, houve um grande ato no Palácio do Buriti, mas,
infelizmente, até hoje o Governo do Distrito Federal não a colocou em prática. Eu me pergunto por que
essa lei não está em vigor se já foi regulamentada e está pronta para ser executada? Por que não
começar a usá-la para punir os agressores de mulheres, para que sirvam de exemplo e tentarmos ao
menos reduzir essa onda de agressões contra a mulher no Distrito Federal?
Fica, então, o meu apelo ao governador Ibaneis, à vice-governadora Celina Leão. Outros
estados que copiaram nossa lei já a colocaram em prática, como o estado de Pernambuco. Lá, o
agressor de mulher já sente no bolso, já é punido de acordo com poder aquisitivo dele. Por que, no
Distrito Federal, isso ainda não acontece? Por que o governo não implementa a lei? Quem está por trás
disso? Qual é o interesse em não colocar em prática uma lei aprovada por esta casa, sancionada pelo
governador, regulamentada, cujo lançamento aconteceu com um grande ato no Palácio do Buriti? Se
essa lei já estivesse em execução, certamente muitos agressores – como mencionei, são quase 60
casos por dia – já teriam sido punidos. Esses números, provavelmente, seriam menores. Eu não
consigo entender isso. Há outros estados e cidades que estão copiando e colocando em prática essa
lei. Inclusive, na Câmara dos Deputados, há um projeto de lei para que essa lei seja de caráter
nacional.
Fica aqui o meu registro. Lamento profundamente por todas as vítimas e pelas famílias das
vítimas de feminicídio no Distrito Federal. Já são 12 vítimas. Eu não sei se, amanhã ou depois da
manhã ou daqui a alguns dias, outra mulher será vítima de feminicídio. Não colocamos as leis em
prática aqui no Distrito Federal. Lamentavelmente, eu queria registrar essa situação.
Para finalizar, quero me solidarizar com os professores e as professoras do Distrito Federal.
Hoje, estive na assembleia e vi que realmente os professores estão muito aflitos. Eles estão querendo
dar aula e sabem o prejuízo que causa uma greve, principalmente para os alunos e para os pais. Todos
eles estão na expectativa de que o Governo do Distrito Federal chame a categoria para se sentar à
mesa e fazer uma negociação. É uma categoria muito importante para o futuro da nossa cidade. É uma
categoria que educa as nossas crianças, os nossos filhos, mas é muito mal remunerada. O próprio
governo sabe disso. Os números mostram isso.
Fica aqui também o apelo para que o governo volte a dialogar com o sindicato e com os
professores a fim de que possamos buscar uma solução para essa greve. Ninguém gosta de greve.
Ninguém está fazendo greve política. Está-se fazendo greve por direitos legítimos.
Quero me colocar à disposição, como vice-presidente desta casa, com os demais deputados,
para que retomemos o diálogo o mais rápido possível. Espero que o governo faça uma proposta para
que essa categoria saia da greve e possa trabalhar de forma digna e da melhor forma possível, porque
é uma categoria que merece todo o carinho e respeito por parte da nossa população e um tratamento
melhor por parte do Governo do Distrito Federal.
Muito obrigado, presidente.
PRESIDENTE DEPUTADO ROOSEVELT (PL) – Concedo a palavra ao deputado Fábio Félix.
DEPUTADO FÁBIO FÉLIX (PSOL. Para comunicado.) – Presidente, está todo mundo
acompanhando, neste momento, o depoimento do ex-presidente Bolsonaro ao ministro Alexandre de
Moraes. Nós estamos acompanhando, durante esta semana, alguns depoimentos, e algumas coisas me
chamaram a atenção.
Eu tive a oportunidade de ser membro titular da CPI do golpe nesta casa e receber alguns
desses nomes aqui na Câmara Legislativa. Um deles é o Mauro Cid. Eu lembro bem que o Mauro Cid,
antes de subir e sentar-se à mesa, foi lá atrás no cafezinho – isso aconteceu antes delação – e vários
deputados foram abraçá-lo e prestar uma espécie de solidariedade, porque ele estava preso naquele
momento. No entanto, hoje eles sobem à tribuna para acusar o Mauro Cid e dizer que o que ele está
falando não é verdade. Agora eles não o respeitam mais porque ele fez uma delação premiada.
Naquele dia do seu depoimento nesta casa, eu tive a oportunidade de dizer a ele: “Você não tem cara
de carimbador, você é da alta patente das Forças Armadas e sabe o que estava acontecendo no Palácio
do Planalto”. E agora, felizmente, ele revelou o que estava acontecendo no Palácio do Planalto.
Outro personagem que veio aqui foi o general Heleno. Ele subiu aqui, com toda a coragem,
para defender, inclusive, a ditadura militar. Ele não teve vergonha de entrar numa casa democrática,
onde as pessoas são eleitas, para defender a ditadura militar. No depoimento, ele ficou pianinho,
falando baixo para o ministro Alexandre de Moraes e respondeu somente as perguntas roteirizadas do
seu advogado. Covardia! Agora, na frente do Supremo Tribunal Federal, eles atuam como covardes.
Eu fiz questão de vir à tribuna hoje para, por último, falar do ex-presidente da República, que
agora está falando pianinho. A TV Câmara Distrital, antes de começar a sessão, estava até transmitindo
o depoimento do ex-presidente. A Câmara Legislativa vai ter que pagar insalubridade para os
servidores.
O ex-presidente chega ao ponto de fazer um convite ao ministro Alexandre de Moraes para ser
seu vice. Lá na Paulista, ele brada. Lá na Paulista, ele diz que vai acabar com o Alexandre de Moraes.
No depoimento, ele fala baixinho, pede para fazer uma brincadeira e chama o Alexandre para ser vice-
presidente dele, o qual, obviamente, declina. Imediatamente, aquilo se transforma em uma cena
lamentável, uma vergonha nacional, uma covardia televisionada. É algo que não temos como explicar.
Como nós vamos contar essa história depois?
Ele sempre teve uma atuação covarde ao longo de toda a sua vida política atacando direitos
humanos, atacando a população LGBT, atacando mulheres. Ele, inclusive, agrediu verbalmente
mulheres jornalistas. Essa é a postura do líder da extrema-direita. E agora, na frente do ministro do
STF, ele se porta como um grande covarde.
O meu sentimento é que o desfecho do julgamento do Supremo Tribunal Federal não tem
como ser outro: a prisão de quem tentou um golpe contra a democracia brasileira. Isso está muito
claro. Aqueles que bradavam que iam destruir seus inimigos, aqueles que tentaram articular um golpe
hoje atuam como grandes covardes. A República brasileira precisa, agora, fazer valer aquilo que está
na Constituição, garantir que a democracia prevaleça e que eles sejam punidos pelos atos que
cometeram.
Obrigado, presidente.
PRESIDENTE DEPUTADO ROOSEVELT (PL) – Eu ia falar, mas, toda vez que eu falo, não sei por
que, há polêmica e briga. Desta vez, eu vou falar.
(Assume a presidência o deputado Ricardo Vale.)
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Concedo a palavra ao deputado Roosevelt.
DEPUTADO ROOSEVELT (PL) – Obrigado, presidente. Eu queria só compartilhar com os colegas
que eu acabei de vir da 18ª Marcha Nacional da Cidadania pela Vida e 2ª Marcha Distrital da Cidadania
pela Vida.
Foi um movimento muito bacana, com muitas pessoas que defendem a vida. Nessa
oportunidade, nessa marcha, o tema central foi a defesa de nós mesmos, a defesa do ser humano.
Nós vemos o discurso da esquerda em defesa do meio ambiente. Nós conservadores também
defendemos o meio ambiente. Nós vemos a esquerda na defesa dos animais. Nós também defendemos
os animais. Ocorre que nós defendemos com racionalidade e coerência.
Eu digo que o discurso da esquerda é incoerente, porque como defender o meio ambiente, os
animais e defender ao mesmo tempo o aborto? Como o discurso “meu corpo, minhas regras” tem
coerência? Se eu seguir essa lógica, posso elucubrar que a esquerda defende que, quando pessoas
atentam, por algum motivo, contra a sua própria vida, ou seja, cometem suicídio, nós – ainda mais eu,
como bombeiro – não devemos interferir; devemos chegar à beira do precipício e dizer: “Olha, seu
corpo, suas regras. Se quiser pular, pule.” Mas não é isso que ocorre. Porque, se você disser a uma
mulher “seu corpo, suas regras”, ela poderia cometer um aborto. Contudo, trata-se de um nascituro,
de uma criança, de uma vida que não tem a mínima condição de se defender. Então, essa é mais uma
proposta, um discurso da esquerda que demonstra incoerência.
Um colega que me antecedeu perguntou como será a história quando lembrarmos dos
posicionamentos firmes do nosso ex-presidente Jair Messias Bolsonaro em São Paulo no que diz
respeito ao ministro Alexandre de Moraes. E agora ele fez uma piada. Eu também fico pensando em
como será lembrar, no futuro, sob a perspectiva da história, deste momento em que temos um
presidente e uma primeira-dama que dilapidam o dinheiro público e – a todo momento – são motivo de
chacota e vergonha para todos nós, brasileiros.
Atrevo-me a dizer que todas as aparições e posicionamentos da primeira-dama Janja têm
causado constrangimento ao povo brasileiro. E esses constrangimentos ocorrem em toda ordem. Eles
se iniciam pelo discurso. Qual é o discurso da esquerda? Acuse as pessoas daquilo que você pratica.
“Ah, nós temos de defender o pobre.” “Ah, porque eu vou acabar com a fome no país.” “Vamos fazer
isso e não vamos fazer isso.” Mas não se furtaram de defender publicamente a compra de um avião
mais luxuoso para o presidente. Também não se furtam de realizar viagens internacionais e hospedar-
se em hotéis com suítes caríssimas. Isso é um deboche ao povo brasileiro.
Chegou-se ao absurdo – mesmo para os que não têm fé – de dizer que Deus teria deixado a
seca no Nordeste para que ele, em sua prepotência e arrogância, pudesse resolvê-la. O que, por sinal,
não ocorreu. A esquerda está repleta de incoerências.
Então, fico muito triste com isso, mas acredito que, em um futuro muito próximo – em 2026 –,
a coerência e o bom senso prevalecerão, e nós colocaremos o Brasil novamente nos trilhos e
voltaremos a progredir.
Obrigado.
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Obrigado, deputado Roosevelt.
Dá-se início à ordem do dia.
(As ementas das proposições são reproduzidas conforme ordem do dia disponibilizada pela Secretaria
Legislativa; as dos itens extrapauta, conforme PLe.)
PRESIDENTE DEPUTADO RICARDO VALE (PT) – Como não há mais assunto a tratar, declaro
encerrada a sessão.
Observação: nas notas taquigráficas, os nomes próprios ausentes de sites governamentais oficiais são reproduzidos conforme
informados pelos organizadores dos eventos.
Todos os discursos são registrados sem a revisão dos oradores, exceto quando indicado, nos termos do Regimento Interno da
Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Siglas com ocorrência neste evento:
ACS – Agente Comunitário de Saúde
Adeb – Assembleia de Deus de Brasília
Avas – Agentes de Vigilância Ambiental em Saúde
Condepac – Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural do Distrito Federal
IGESDF – Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal
Sindate – Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem
Sinpro – Sindicato dos Professores
STF – Supremo Tribunal Federal
UPA – Unidade de Pronto Atendimento
As proposições constantes da presente ata circunstanciada podem ser consultadas no portal da CLDF.
Documento assinado eletronicamente por MIRIAM DE JESUS LOPES AMARAL - Matr. 13516, Chefe do
Setor de Registro e Redação Legislativa, em 13/06/2025, às 11:45, conforme Art. 30, do Ato da Mesa
Diretora n° 51, de 2025, publicado no Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 62, de 27 de março
de 2025.
A autenticidade do documento pode ser conferida no site:
http://sei.cl.df.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0
Código Verificador: 2196308 Código CRC: 3E979494.
DCL n° 125, de 23 de junho de 2025 - Suplemento
Ata Circunstanciada Sessão Ordinária 52/2025
ATA DE SESSÃO PLENÁRIA
3ª SESSÃO LEGISLATIVA DA 9ª LEGISLATURA
ATA CIRCUNSTANCIADA DA
52ª SESSÃO ORDINÁRIA,
DE 11 DE JUNHO DE 2025.
INÍCIO ÀS 15H10 TÉRMINO ÀS 16H18
PRESIDENTE DEPUTADO WELLINGTON LUIZ (MDB) – Sob a proteção de Deus, iniciamos os
nossos trabalhos.
Está aberta a sessão.
Convido o deputado Pastor Daniel de Castro a secretariar os trabalhos da mesa.
DEPUTADO PASTOR DANIEL DE CASTRO (PP) – Obrigado, presidente. Boa tarde, presidente.
Boa tarde, deputado Daniel Donizet, deputado Gabriel Magno, deputado Max Maciel, deputado Thiago
Manzoni e todos os que assistem à nossa sessão.
Presidente, quero fazer a apresentação de um amigo que nos visita nesta tarde, vindo de
Roraima. Fique de pé, por gentileza, pastor Deusailton de Souza, que já foi deputado federal. Ele é
nosso candidato a senador da República no estado de Roraima e presidente da Convenção das
Assembleias de Deus no estado do Pará.
Seja muito bem-vindo. Obrigado pela presença.
PRESIDENTE DEPUTADO WELLINGTON LUIZ (MDB) – Sobre a mesa, expediente que será lido
pelo secretário.
(Leitura do expediente.)
PRESIDENTE DEPUTADO WELLINGTON LUIZ (MDB) – Obrigado, deputado Pastor Daniel de
Castro. Cumprimento o pastor Deusailton. Seja muito bem-vindo à nossa casa. Deus o abençoe na sua
trajetória, no seu pleito. O pastor deputado Pastor Daniel de Castro estava contando a sua história para
nós.
Muito obrigado. Muito bom tê-lo conosco.
Dá-se início ao comunicado de líderes.
Concedo a palavra ao deputado Chico Vigilante. (Pausa.)
Peço 5 minutos para atender ao pessoal do Conseg, do Park Way, mas estou aqui do lado.
Como vossas excelências falarão hoje até às 19 horas, eu estarei nesta casa, fazendo companhia a
todos vocês.
(Assume a presidência o deputado Daniel Donizet.)
PRESIDENTE DEPUTADO DANIEL DONIZET (MDB) – Concedo a palavra ao deputado Gabriel
Magno.
DEPUTADO GABRIEL MAGNO (Minoria. Como líder.) – Boa tarde a todos os deputados e as
pessoas que aqui se encontram.
Eu quero, presidente, falar hoje da – mais uma – infeliz declaração do governador Ibaneis
Rocha. Parece-me que cada dia mais o nosso governador fica parecido com o Bolsonaro, adota o
método da mentira como prática do discurso político, da ação política. Eu quero mostrar para os
senhores 2 áudios do governador Ibaneis: um antes da campanha, o outro depois.
Assim como Bolsonaro fez lá no Supremo, chamando os apoiadores de malucos, dizendo que
não tem nada a ver com os discursos que fez, negando a realidade, parece que o governador Ibaneis
faz a mesma coisa, deputado Chico Vigilante, porque, antes da campanha, este era o discurso:
(Apresentação de áudio pelo celular.)
DEPUTADO GABRIEL MAGNO (Minoria. Como líder.) – O governador Ibaneis, na campanha,
disse que vai governar junto com os servidores, abraçado, inclusive, com os sindicatos, em que ele fez
fortuna. Depois de eleito, este é o discurso do governador:
(Apresentação de áudio pelo celular.)
DEPUTADO GABRIEL MAGNO (Minoria. Como líder.) – Agora, ele nega aquilo que disse na
campanha. Pior ainda, ataca os professores, com uma ameaça covarde, deputado Chico Vigilante:
“Quero ver por quanto tempo vão aguentar sem salário. Vou cortar o ponto e quero ver por quanto
tempo vão aguentar.”
O governador Ibaneis deveria sair do personagem candidato e assumir o papel de governador
desta cidade. O papel do governador desta cidade é cuidar das escolas, dos servidores públicos,
inclusive dos professores e professoras, e não fazer discurso os ameaçando: “Quero ver por quanto
tempo vão aguentar sem salário”.
São mais de 30 mil professores nesta cidade. Não há greve de esquerda, como o governador
diz. Eu quero chamar a atenção dos nobres colegas para o fato de que há professor em greve,
deputado Pastor Daniel de Castro, que eu tenho certeza absoluta de que, lá em Taguatinga, vota em
vossa excelência. Há professor no Gama, deputado Daniel Donizet, que eu tenho absoluta certeza de
que vota em vossa excelência, como há, na Ceilândia, no Paranoá, em São Sebastião, em Santa Maria,
quem vote em outros parlamentares desta casa. A greve está sendo feita por professores e professoras
que estão no dia a dia da sala de aula.
Continuar insistindo nessa tese e se negar a negociar com essa que é a maior categoria desta
cidade não é papel de quem governa a cidade, é papel de quem é candidato. O Ibaneis, hoje, é
governador, não é candidato. Candidato será no ano que vem, pois a eleição se disputará no ano que
vem.
O que chama muita atenção é que, mais uma vez, a declaração do governador Ibaneis é feita
num encontro fechado, de grandes empresários, provavelmente regado a alguns comes e bebes.
Porém, nós não vemos o governador Ibaneis fazendo declarações em atividades de inauguração de
escola, por exemplo – até porque ele não construiu nenhuma escola no seu governo – ou dando
declarações dialogando com o povo. Quando faz isso, o que é raro, acontece da forma que nós vimos
em Taguatinga, semana passada, quando mandou o povo calar a boca. Ele não consegue dialogar e
assume que é um governo autoritário, que não tem diálogo com a população.
Esse é o governo que nós temos hoje, um governo que ameaça os professores diante de uma
greve justa, legítima e declarada, inclusive pelo Supremo Tribunal Federal, como legal. Quem está na
ilegalidade é o governo, que nem o repasse do INSS está pagando, que não tem diálogo e ameaça os
professores.
Eu quero encerrar, presidente, em mais 30 segundos, dizendo que essa categoria sempre teve
compromisso com a escola, deputado Chico Vigilante, com os estudantes. Em toda greve, a categoria
repõe as aulas, aos sábados, nos recessos, nas férias. Tem compromisso com a educação essa
categoria que está em greve. Parece que o governador esqueceu também a lei, porque é preciso que
sejam cumpridos os 200 dias letivos. Cortar o ponto dos professores e não negociar é não garantir até
mesmo o fechamento do ano letivo. Professores e professoras da cidade têm compromisso com a
educação e com os estudantes, presidente.
Eu quero, mais uma vez, lamentar. O governador, em vez de ficar ameaçando o professor em
evento de empresário, deveria apresentar uma proposta para essa categoria.
Obrigado, presidente.
PRESIDENTE DEPUTADO DANIEL DONIZET (MDB) – Concedo a palavra ao deputado Thiago
Manzoni. (Pausa.)
Concedo a palavra ao deputado Chico Vigilante. (Pausa.)
Concedo a palavra ao deputado Fábio Félix. (Pausa.)
Concedo a palavra ao deputado Max Maciel. (Pausa.)
Concedo a palavra ao deputado Pastor Daniel de Castro.
DEPUTADO PASTOR DANIEL DE CASTRO – (Bloco A Força da Família. Como líder.) –
Cumprimento o nobre presidente, deputado Daniel Donizet, que preside a sessão neste momento; os
deputados e deputadas que estão nesta casa; os nossos servidores; aqueles que assistem à nossa
sessão pela TV Câmara Distrital, pelo YouTube; todos os servidores presentes; nossos assessores
também.
Mais uma vez, eu quero saudar e cumprimentar o querido pastor Deusailton, presidente da
Convenção das Assembleias de Deus do estado de Roraima. É uma alegria tê-lo conosco. Ele veio do
estado de São Paulo na noite de ontem, segunda-feira, quando foi o aniversário de 93 anos do nosso
bispo primaz, e, junto com o meu pastor presidente aqui em Taguatinga, pastor Gilson, teve a
oportunidade de comemorar uma data tão importante.
Agora em maio, completou 93 anos aquele que é a grande referência para os evangélicos desta
nação. A nossa convenção, a Igreja Assembleia de Deus Ministério de Madureira, está presente em
mais de 110 nações no mundo. É o maior movimento evangélico pentecostal do mundo. Deus tem nos
dado a graça de ainda estar viva – glória a Deus por isso! – a nossa liderança nacional, o nosso bispo
primaz, doutor Manoel Ferreira, que lidera todo esse movimento no Brasil afora. Como a do estado de
Roraima, nós temos convenções em todos os estados, e no Pará, pela grandiosidade do estado, temos
2 convenções: Pará Norte e Pará Sul. Isso faz de nós 28 convenções em todo o Brasil. No país, só o
nosso Ministério de Madureira é composto por mais de 18 milhões de evangélicos.
Ele é liderado pelo bispo primaz, doutor Manoel Ferreira; pelo seu filho, bispo Samuel Ferreira,
que é o nosso presidente-executivo; pelo outro vice-presidente, bispo Abner Ferreira; e pelo bispo
Oídes José do Carmo, que é o nosso terceiro vice-presidente e comanda todo o Centro-Oeste. Todos
eles também são advogados, militam no direito e têm conduzido essa igreja Brasil afora e mundo
afora. A cada dia que passa, ela cresce mais. São os propagadores do evangelho, difusores do
evangelho.
Dizendo isso, presidente, quero falar da importância da igreja. Ela é tão importante, que,
quando chega um pleito, não existe um candidato que não vá atrás da nossa liderança para dialogar,
para conversar sobre os rumos da nação. Somos cidadãos do céu, mas também somos cidadãos da
terra. Nós temos um CPF, vivemos, pagamos imposto.
A igreja, presidente, tem um papel extraordinário, mas, muitas vezes, eu fico a lamentar,
porque, às vezes, o Estado não dá a devida importância para essas estruturas.
A igreja está presente onde muitas vezes o Estado não está. Por isso, eu entendo que a igreja
é a longa manus do Estado. Ela é a mão estendida do Estado, principalmente nos rincões, nas
cidades, nas pontas, onde estão as pessoas menos favorecidas, que menos tiveram oportunidade. Você
pode ver que lá existe uma igreja que evangeliza, que prega a palavra, que dá uma assistência, que
paga uma água, paga uma luz, que paga um aluguel. Às vezes, a igreja dá a essa pessoa uma cesta
básica. Isso é também a função da igreja. Ela precisa ser reconhecida.
Eu falo isso para lamentar, porque, muitas vezes, essa extrema-esquerda parece que tem ódio
de nós. Quando se fala de igreja, ela vem aqui e fala que o Estado é laico. Quando pomos a mão em
alguma coisa, como evangélicos, como cristãos, a esquerda tem a mania de falar sobre a laicidade do
Estado. Nós não estamos falando das pessoas. Ser laico não é não ter religião. Ser laico é patrocinar
todas as religiões, é tratar por igual todas as religiões, é ter respeito por todas as religiões, como
também ter respeito pelas pessoas, porque todas as pessoas também têm sua religião, professam a fé,
são evangélicos, são católicos, são espíritas.
O Estado precisa conviver com isso. Por isso, ele precisa estender a mão para atender a essas
pessoas. E, quando não tiver capacidade, ele deve ter uma parceria com as instituições, pastor
Deusailton. Ele deveria ter parceria com as igrejas. Muitas vezes, vamos atrás do Estado e ouvimos
dele: “Não vou fazer, porque você é evangélico, o Estado é laico, você é católico”. Não é isso. O Estado
precisa andar de mão dada com as instituições. Nós temos as nossas associações sociais, temos as
nossas associações sem fins lucrativos, que exercem um trabalho que seria papel do Estado. Se o
Estado não tem como agir, lá está a igreja presente para trabalhar, para estender a mão e para
atender aos menos favorecidos.
De certo, eu quero parabenizar esse que é o nosso líder, bispo doutor Manoel Ferreira, que,
com 93 anos, está lucido e de pé, conduzindo uma igreja em nível de Brasil e em nível mundial. Quero
deixar aqui registrado: 93 anos não é para qualquer pessoa. Ele é o presidente mundial das
Assembleias de Deus do Ministério de Madureira.
Parabéns, bispo doutor Manoel Ferreira!
Obrigado, presidente.
PRESIDENTE DEPUTADO DANIEL DONIZET (MDB) – Concedo a palavra ao deputado Chico
Vigilante. (Pausa.)
Concedo a palavra ao deputado Thiago Manzoni.
DEPUTADO THIAGO MANZONI (PL. Como líder.) – Boa tarde, presidente; boa tarde aos demais
parlamentares, ao pessoal da imprensa e a você que nos acompanha pelo YouTube ou pela TV Câmara
Distrital.
Nos últimos 2 anos e meio, aproximadamente, o Brasil viveu um período de muita especulação
e mentira a respeito de episódios recentes da nossa República. Nos últimos dias, assistimos todos, em
rede nacional, à explanação de ministros do Supremo Tribunal Federal sobre o que aconteceu no dia 8
de janeiro e no período que antecedeu ao dia 8 de janeiro. Assistimos à fala do procurador-geral da
República; do delator, coronel Mauro Cid, que falou detalhadamente sobre aquilo que diz ter
presenciado; e também de cada um dos acusados, que foram ouvidos por várias horas.
A conclusão a que o Brasil chega – quando falo Brasil, refiro-me ao Brasil real, ao povo
brasileiro, aqueles que primam pela verdade – é de que não há crime cometido e não há sequer
tentativa de cometimento de crime, nem pelo ex-presidente Bolsonaro nem por nenhum daqueles que
estão sendo acusados.
Começo falando sobre a delação do coronel Mauro Cid, mas antes preciso ler o que diz a lei
sobre a delação. De acordo com a Lei nº 12.850/2013, a colaboração premiada é meio de prova. E, no
apontamento do ministro Alexandre de Moraes, a delação premiada é o meio de obtenção de prova.
Nem a denúncia, muito menos uma eventual decisão de mérito final, pode se basear na colaboração
premiada, o que significa dizer que delação não é prova. A delação premiada deve ser acompanhada
dos meios de prova que comprovem que ela é verdadeira.
O que ficou claro para todos nós depois dos depoimentos que aconteceram? Primeiro, que a
delação do coronel Mauro Cid não é acompanhada de provas. São alegações jogadas ao vento.
Dou exemplo. Qual é a prova de que o ex-presidente Bolsonaro editou a eventual minuta que
diziam que existia e agora virou considerandos, porque descobriu-se que não existia minuta, mas, sim,
considerandos? Qual é a prova de que ele editou isso? Nenhuma. Qual é a prova de que o Bolsonaro
tratou pessoalmente da eventual prisão de qualquer autoridade que seja? Nenhuma.
Ou seja, não há prova. O que existe são apenas alegações. Alegações não são o meio hábil
para comprovar o cometimento de crime ou a tentativa do cometimento de crime.
O segundo ponto que fica muito claro é que, ainda que se considerassem verdadeiros os fatos
que foram narrados – prestem atenção –, aquela delação foi feita 9 vezes. O ministro Fux diz que
quem delata 9 vezes não delatou nenhuma vez. A delação foi corrigida, recorrigida, alterada,
realterada, com 500 mil depoimentos, para se chegar a esse final, que é a narrativa que se construiu.
Apenas por hipótese e sem admitir que isso seja verdade... Vamos admitir a hipótese de que
aqueles fatos sejam verdadeiros. Quais são os tipos penais dos quais são acusados os réus? “Tentar,
com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado democrático de direito, impedindo ou
restringindo o exercício dos poderes constitucionais”, art. 359-L do Código Penal, e “tentar depor, por
meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído”, art. 359-M do Código Penal.
Este tipo penal diz que tentar já seria crime. Quais são os elementos da tentativa? Primeiro, o
início da execução. O agente já começou a executar os atos previstos para consumar o crime. A
acusação, portanto, precisa comprovar que o ex-presidente Bolsonaro iniciou atos de execução.
Pergunta do ministro Fux ao ex-presidente Bolsonaro: “A minuta foi assinada? Esse documento foi
assinado?” A resposta: “Não”. O presidente executou algum movimento de consulta dos conselhos da
República ou de Defesa? Porque disso depende eventual decretação de estado de defesa ou de sítio.
Não. Qual ato foi praticado? Nenhum. Ainda que se admitisse que essa narrativa toda é verdadeira, não
haveria tentativa.
Além do início da execução, tem que haver dolo, a intenção de consumar o crime. Qual é a
prova de que o presidente, quando leu os considerandos em uma televisão, tinha a intenção de romper
a institucionalidade, de causar a ruptura institucional, de dar golpe de Estado? Nenhuma prova! Isso
não é prova de dolo, não é prova de intenção. Não é prova, portanto, de que houve tentativa de
absolutamente nada! Pelo contrário, os fatos que foram narrados e as respostas que foram dadas tanto
pelo relator quanto pelos acusados ouvidos comprovam o contrário, que o presidente ouvia pessoas,
que ouviu várias ideias, várias opiniões e rechaçou a possibilidade de qualquer alternativa prevista na
Constituição para fazer qualquer coisa. E ele sempre se comprometeu a agir dentro da Constituição. O
tipo penal prevê a tentativa. Não houve tentativa nenhuma. Qual é a prova de que ele queria dar um
golpe, de que tinha intenção? Nenhuma. São só alegações jogadas ao vento.
O terceiro elemento necessário para uma tentativa é o meio hábil. A tentativa punível requer
que o meio escolhido pelo agente para praticar o crime seja apto em condições normais de levar à
consumação do crime. Então, além de haver a intenção e de se iniciarem os atos para isso, o meio
precisa ser hábil para isso. No caso que está sendo julgado, o meio não era hábil, não existia meio
hábil para a consumação de um golpe de Estado. Vamos imaginar que o comandante – esqueci de qual
força armada – que o pessoal diz que aceitou tenha dito: “Está bom, vamos mesmo fazer!” Se ele
topou e o presidente não assinou, é porque ele não quis. Se ele não quis, não há tentativa. Mas vamos
imaginar que tenha havido a intenção e nenhuma das forças tenha topado. Se nenhuma das forças
topou, não há violência, não há grave ameaça, não há meio hábil para a prática do crime. Ou ele podia
e não quis ou ele não podia. De um jeito ou de outro, não há crime, não há tentativa.
O art. 17 do Código Penal diz: “Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do
meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime”. É a hipótese,
doutor deputado Pastor Daniel de Castro, de crime impossível. Finalmente, a não consumação da
tentativa tem que se dar por circunstâncias alheias à vontade do agente. A interrupção teria se dado,
nesse caso, por fatores alheios à vontade dele. Não é o caso também.
O que se vê, a toda evidência, é que a conclusão, obrigatoriamente, ao analisar o processo, os
fatos e a prova colhida nos autos, é de que o ex-presidente Bolsonaro e todos os outros que estão
sendo julgados devem ser absolvidos, porque são absolutamente inocentes. Não praticaram, não
tentaram nenhum crime. Não há crime, não há tentativa de crime.
O Estado de direito tem que ser preservado no Brasil. A preservação do Estado de direito no
Brasil hoje passa, necessariamente, pela absolvição do presidente Bolsonaro e dos outros réus nessa
ação que já durou o que teria que durar e não se sustenta de pé.
Obrigado, presidente.
PRESIDENTE DEPUTADO DANIEL DONIZET (MDB) – Concedo a palavra ao deputado Fábio
Félix. (Pausa.)
Concedo a palavra ao deputado Chico Vigilante.
DEPUTADO CHICO VIGILANTE (PT. Como líder.) – Senhor presidente, senhoras e senhores
deputados, eu estava assistindo às declarações do governador Ibaneis Rocha de que quer ver por
quanto tempo os professores suportam fazer uma greve. Acho que ele estudou em Brasília – não é,
deputado Gabriel Magno? Ele conhece Brasília. Ele conhece a resistência dessa categoria e sabe que os
professores não voltarão humilhados por quem quer que seja. Não voltarão humilhados!
Portanto, há coisa melhor que o governador pode fazer, em vez de querer promover um
campeonato de fome, que foi o que ele fez ao dizer que quer ver até quando eles vão suportar. Ele
sabe que o salário está tão baixo, tão ridículo, que os professores não têm poupança para gastar.
Porém, eles têm familiares que vão ajudá-los. Já houve greve em que até foi feita vaquinha com a qual
eles se mantiveram. A melhor coisa que o governador pode fazer neste momento é instalar uma mesa
de negociação séria e chamar os dirigentes sindicais para a negociação.
Eu queria que fosse o mesmo Ibaneis que foi ao Sindicato dos Bancários. Eu estava lá, numa
reunião com a CUT, quando ele disse que teria um diálogo verdadeiro com as categorias. Será que ele
se lembra disso? Eu estava lá, e aquilo não fugiu da minha memória.
Governador, saia do palanque! Vamos chamar os trabalhadores para uma negociação séria,
para mudar essa realidade no Distrito Federal.
Dito isso, confesso a vocês que ontem eu fiquei feliz ao ver o depoimento do cidadão que se
dizia mito do Brasil e que mostrou ontem que não é nada. O mesmo cabra que tinha estado na Avenida
Paulista dizendo palavrões, xingando o ministro Alexandre de Moraes, dizendo que não iria mais
cumprir determinações daquele, segundo ele, canalha que era o ministro Alexandre de Moraes ontem
colocou o rabinho entre as pernas na frente do Xandão. Por que ele não xingou o Xandão ontem, se
ele é tão macho assim? Por que não?
E mais: ele tinha dito – e o gado dele espalhou por aí – que o Fux teria levado 30.000.000 de
dólares para fraudar as eleições, que o Fachin teria levado 30.000.000 de dólares para fraudar as
eleições e que o Alexandre de Moraes teria levado 50.000.000 de dólares. Porém, quando o ministro
Alexandre de Moraes perguntou para ele, ontem, se ele confirmava isso, ele disse: “Não, senhor. Eu
quero pedir desculpa aos senhores. Eu não disse isso ou o que falei foi força de expressão.”
Como eu chamo alguém de ladrão, de corrupto e depois digo que isso foi força de expressão?
Mudaram o vocabulário brasileiro! Chamam alguém de corrupto, chamam de vagabundo, chamam de
ladrão... Ele disse que 50.000.000 de dólares iriam para o Alexandre de Moraes e depois disse:
“Ministro, peço desculpas. Eu não quis ofendê-lo.” Então, eu digo que você é ladrão e depois digo que
eu não quis ofendê-lo?
Para mim, para muitos brasileiros e brasileiras e para o mundo inteiro, está comprovado que,
em primeiro lugar, como nós dizemos lá no interior do Maranhão, ele arregou. Arregou! Em segundo
lugar, ele não tem a coragem que dizia ter. Ele dizia ter aquela coragem toda por pensar que as Forças
Armadas estariam ao lado dele. Elas não estão e não estarão.
O crime está comprovado. Se eu disser “Vou matar o fulano de tal!”, vou responder por isso.
Estavam organizados para matar o Lula e o Alexandre de Moraes. Os pistoleiros – não podem ser
chamados de integrantes das Forças Armadas – foram contratados para isso.
Deus me livre de ser o Capiroto, mas, se eu fosse, teria contratado o deputado Thiago Manzoni
para ser meu advogado. Sua excelência é melhor que os advogados dele. Vossas excelências viram as
caras dos advogados dele, ontem? Cada vez que ele falava, mais eles se enterravam. Mais eles se
enterravam porque sabem que ele é indefensável.
Perguntaram: “Por que você não entregou a faixa presidencial?” Ele respondeu que foi por
medo de vaia. Por que ele não fez como o Nelinho, quando era jogador? Depois, ele foi deputado do
PT. Um dia, ele estava na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, e todos o estavam vaiando. Ele se
virou para a deputada Sandra Starling e perguntou: “Sandra, quantas pessoas estão me vaiando?” Ela
disse: “Nelinho, devem ser umas 500 pessoas”. Ele disse: “Eu não tenho medo de vaias de 500
pessoas, porque já levei vaias do Mineirão inteiro! Eram mais de 60 mil pessoas me vaiando!”
Portanto, ele deveria ter aceitado as vaias, entregado a faixa presidencial e voltado para casa.
O Brasil estaria muito mais feliz se ele tivesse feito isso.
Obrigado.
PRESIDENTE DEPUTADO DANIEL DONIZET (MDB) – Concedo a palavra ao deputado Fábio
Félix.
DEPUTADO FÁBIO FÉLIX (Bloco PSOL-PSB. Como líder.) – Presidente e deputados, venho à
tribuna da Câmara Legislativa do Distrito Federal, mais uma vez, para comentar a fala lamentável do
governador Ibaneis Rocha. A fala do governador é um desrespeito à população do Distrito Federal.
Ele começa dizendo que não governa para sindicato. No entanto, ganhou toda a sua fortuna,
como já foi dito nesta casa, advogando para sindicatos e defendendo o direito à greve e os servidores
públicos. Virou governador e está rasgando a sua história.
Peço licença para falar diretamente para o governador do Distrito Federal, que tem
responsabilidade por esta cidade. Se ele não governa para sindicatos, governa para quem? Queremos
saber para quem ele está governando. A saúde está o caos. O índice de desaprovação na saúde é de
70%. A população está indignada às portas das UPAs, da UBS e dos hospitais. Há déficit imenso de
médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. Hoje, a enfermagem está em paralização, lutando
para trabalhar! Eles estão lutando para trabalhar! Eles estão lutando por mínimas condições para
trabalhar!
Muitas vezes, a greve nem é por melhoria salarial, mas por condições objetivas de trabalho! O
governador precisa ouvir isso porque é o governador! Ele pode se achar muito importante, mas foi
eleito pela população para governar e ouvir as pessoas, a base e a oposição no Poder Legislativo, para
conversar com os sindicatos e as representações.
Se ele não governa para sindicatos, governa para quem? No tocante à educação, vemos a
situação das escolas, a falta de um projeto político e a pior remuneração entre todas as carreiras.
Enquanto isso, ele fala que a educação é a política pública mais importante. Ele falou que educador
deveria ganhar o mesmo que juiz.
Governador, sinceramente, só subo a esta tribuna hoje para repudiar a sua fala. É uma fala
lamentável, autoritária, antidemocrática e desrespeitosa com dezenas de milhares de servidores
públicos. Com essa fala, você atinge não só os professores, mas todos os servidores públicos do
Distrito Federal. Você ataca todos os servidores e todas as categorias no seu direito legítimo a
paralização, greve e luta por melhoria nas políticas públicas.
Ele encerra seu discurso lamentável dizendo: “Eu quero ver até quando eles vão aguentar”. Ele
debocha! Ele debocha do alto do seu lugar social de milionário e de membro da elite, que mora na casa
mais cara do Distrito Federal.
Como já foi dito nesta casa, ele deve falar isso porque sabe que a média dos salários dos
professores é de R$5.700 por mês. Ele sabe que, muitas vezes, é difícil pagar até as contas do mês.
Todos aqui, governador, seja deputado da base, seja deputado da oposição, seja servidor
público, que tenham um conhecido, um primo, um amigo ou um irmão que é professor ou professora
sabem que esse conhecido tem dificuldade para pôr comida na mesa, tem dificuldade para pagar todas
as contas da casa, tem dificuldades para pagar o aluguel em razão do salário que o senhor e o seu
governo estão pagando para os professores.
Então, respeite os professores. Respeite o direito à greve. Respeite os servidores públicos do
Distrito Federal. Sua fala não está à altura de um governador eleito por esta cidade. Essa é uma fala
autoritária e inaceitável.
Obrigado, presidente.
PRESIDENTE DEPUTADO DANIEL DONIZET (MDB) – Obrigado, deputado Fábio Félix.
Concedo a palavra ao deputado Eduardo Pedrosa.
DEPUTADO EDUARDO PEDROSA (Bloco União Democrático. Como líder.) – Presidente, há 2
semanas, eu estive neste plenário denunciando um caso que ocorreu com uma criança autista no
Distrito Federal. Essa criança foi carregada como se fosse um saco de lixo. As imagens revoltaram
muitas pessoas, depois de terem viralizado nas redes sociais pelo Brasil.
Hoje eu recebi, com muita tristeza, um parecer do Ministério Público que orienta pelo
arquivamento do caso e diz que ali não havia habitualidade, nem nenhum tipo de agressão que fosse
grave o suficiente para comprovar que esse caso deveria ser julgado.
Eu fiquei muito triste porque isso que está acontecendo nos frustra bastante. Esse foi um caso,
depois poderá acontecer outro. Isso vai acontecendo, e as pessoas vão entendendo que não se trata
de uma coisa muito grave. Daqui a pouco, coisas mais graves acontecerão com mais constância na
nossa sociedade. A impunidade não pode reinar. Nós precisamos cuidar dessas pessoas.
Eu tenho certeza de que, em a família recorrendo, abre-se a possibilidade de se reverter uma
decisão como essa, mas eu fiquei muito triste, porque as imagens mostram uma criança autista sendo
arrastada, de maneira covarde e brutal, por um adulto. Isso realmente é algo que nos deixa muito
revoltados, e nós não vamos desistir de buscar justiça para essa família.
Eu vim aqui deixar para a família, que, neste momento, deve estar muito decepcionada, o
recado de que ela pode contar comigo, pode contar com a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos
das Pessoas com Autismo e pode contar com a Câmara Legislativa – eu tenho certeza disso –, para que
não desistamos e continuemos brigando a fim de que casos como esse não aconteçam e de que as
pessoas que fizeram isso não saiam impunes. Nós não vamos aceitar a impunidade de pessoas cruéis
que fazem isso com crianças aqui no Distrito Federal.
PRESIDENTE DEPUTADO DANIEL DONIZET (MDB) – Obrigado, deputado Eduardo Pedrosa.
Está encerrado o comunicado de líderes.
Dá-se início ao comunicado de parlamentares.
Concedo a palavra ao deputado Thiago Manzoni.
DEPUTADO THIAGO MANZONI (PL. Para comunicado.) – Presidente, causam-me estranheza
algumas falas que me antecederam em relação ao julgamento do ex-presidente Bolsonaro.
Bolsonaro foi chamado de covarde e de frouxo. Disseram que ele não teve coragem de encarar
o que o deputado que falou chamou de Xandão. Disseram um monte de coisas. Falou-se das ofensas
do Bolsonaro, do que o Bolsonaro falava, do que o Bolsonaro dizia, do que o Bolsonaro não dizia etc.
Acontece que, em tese pelo menos, o Bolsonaro não está sendo julgado pelo que ele falou,
pelas ofensas. Aliás, no julgamento, nós pudemos ver muito isso.
O procurador-geral da República, ao inquirir o réu, lia o que ele tinha dito sobre algumas
pessoas, inclusive sobre os julgadores dele.
Aliás, a uma das perguntas, o delator respondeu – sem comprovação, porque ele alegou, mas
não comprovou – que, na tal minuta, de todas as autoridades que iam ser presas – isso segundo o
relato do delator –, só uma delas tinha ficado, que era o ministro Alexandre de Moraes.
Ora, se o Alexandre de Moraes era a única autoridade que tinha permanecido naquilo, ele é,
em tese, o único que não pode julgar. E ele é o relator do caso. Ele não pode julgar porque,
obviamente, ele tem interesse no desfecho da ação. Mas, tudo o que foi dito aqui e lá – nas perguntas
que foram feitas e naquilo que se leu de mensagens – são ofensas, são xingamentos. Acontece que
ninguém ali está sendo julgado por ofensa e por xingamento.
O que se depreende, até do que o deputado do PT falou aqui, é que ninguém ali está sendo
julgado pelo que fez ou deixou de fazer. Esse julgamento é sobre o que se falou, sobre de quem se
falou e sobre quem ficou ofendido com o que foi dito. É sobre isso. Acontece que os tipos penais que a
denúncia imputa aos réus não dizem respeito nem a calúnia, nem a difamação, nem a injúria, nem a
ofensas que os xingamentos podem fazer.
Essa não é uma ação de reparação de danos. Essa não é uma ação nem de reparação de
danos morais, nem de danos materiais que, eventualmente, alguém pudesse ter tido. Não é nada
disso. Essa é uma ação penal; e, em ações penais, a conduta do acusado tem que corresponder
exatamente ao tipo penal para que ele seja condenado. No caso que está sendo julgado, não existe
essa correspondência.
Xingar os outros pode até ser feio, mas não corresponde a tentativa de abolição violenta do
Estado democrático. Ofender alguém em mensagem de WhatsApp pode até não ser o comportamento
mais bonito do mundo e nem o comportamento esperado de alguém, mas não corresponde a tentativa
de golpe de Estado. E o que está sendo julgado lá é tentativa de abolição violenta do Estado
democrático de direito e tentativa de golpe de Estado.
Nem uma coisa aconteceu e nem outra coisa aconteceu, pelos motivos que expus no meu
primeiro discurso. Ou seja, não há como falar em outro resultado possível para este processo, sob o
ponto de vista técnico, diferente da absolvição dos réus. Os réus são inocentes em relação aos tipos
penais que estão sendo imputados a eles. Ponto final.
Agora, se alguém se sentiu ofendido, se alguém leu aquelas mensagens, ouviu algum áudio e
se sentiu ofendido, o meio para obter reparação é outro. O processo penal, a ação penal, não pode ser
utilizada em um Estado de direito como um mecanismo de vingança. Isso não pode ser utilizado em
um Estado de direito como um mecanismo de punição para o ofensor, para correção de ofensas
derivadas de rixas pessoais. Não é a isso que a ação penal se presta.
Diante de tudo isso, eu parabenizo o ex-presidente Bolsonaro por sua postura ontem.
Respondeu a todas as perguntas, respondeu de maneira serena, respondeu de maneira verdadeira e
saiu do julgamento muito maior do que entrou. O Brasil real, o Brasil do brasileiro comum que busca a
verdade, hoje tem convicção de que o ex-presidente Bolsonaro continua sendo verdadeiro, de que ele
não cometeu crime e de que ele está sendo perseguido politicamente pela figura de liderança que
mantém hoje no Brasil. Ele é o maior líder político. Ele continua conduzindo a direita. Os votos todos do
Brasil, de norte a sul, de leste a oeste, passam pela figura dele. Ele está sendo perseguido. O processo
penal não deveria se prestar a isso.
No final das contas, nós continuaremos avançando, a direita vai continuar avançando e o
presidente vai sair vitorioso mais uma vez.
Obrigado, senhor presidente.
PRESIDENTE DEPUTADO DANIEL DONIZET (MDB) – Obrigado, deputado Thiago Manzoni.
Dando continuidade aos comunicado de parlamentares, concedo a palavra ao deputado Max
Maciel.
DEPUTADO MAX MACIEL (PSOL. Para comunicado.) – Deputado Daniel Donizet, que preside
esta sessão, gostaria de saudar todos que nos acompanham no plenário e pela TV Câmara Distrital.
Eu tenho alguns pontos, deputado, mas antes eu gostaria de iniciar a minha fala dizendo que o
governo Ibaneis está bom de base. Oh, governo bom de base! Não vem 1 deputado aqui defender o
governador e falar por que ele não se senta com os enfermeiros, que estão paralisados hoje e fizeram
uma ação importante para a sua reestruturação de carreira.
Não vem ninguém aqui defender o governador sobre o que ele diz dos professores e da
situação por que eles estão passando. Ele diz que que o governo vai cortar o ponto, com a
criminalização. É engraçado que, quando é campanha, esse povo se senta com todo mundo e promete
tudo. Por isso político não é levado a sério na nossa cidade. Eles prometem qualquer coisa e, no final
das contas, não vale a pena mesmo se vão cumprir. No final, eles esticam a corda e jogam para a
plateia.
Apesar disso, quero aqui reforçar o nosso compromisso com os professores, com os
enfermeiros, com os técnicos de enfermagem e com todos os profissionais da assistência social, que
precisam de reestruturação de carreira e de valorização. Este governo não merece vocês. Este governo
não respeita vocês. Por aqui você tem um pouco de noção do panorama que está se dando neste ano.
Não é falta de recurso, é bom dizer; é falta de prioridade, de fato, de gestão.
Eu queria aproveitar a oportunidade e falar de alguns pontos. Primeiro, que a Câmara
Legislativa publicou hoje no Diário Oficial o veto parcial à Lei Vinícius Jr. A lei foi sancionada, no
ano passado, pela então governadora em exercício Celina Leão. Mas o veto tirou 3 artigos cruciais para
a implementação dessa política, que é o protocolo de intervenção nos jogos em caso de racismo.
Quero dizer também que estava na minuta do nosso projeto a regulamentação chamada Cartão
Vermelho. Isso já estava na nossa lei. Tratava-se de um processo de comunicação, de campanhas
educativas para evitar o fim do racismo nos estádios e nas arenas esportivas.
Fica aqui a saudação à Câmara Legislativa, que derrubou esse veto parcial e está fazendo valer
no Distrito Federal a Lei Vinícius Jr.
Quero dizer também que saiu uma decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
Territórios, da Vara do Meio Ambiente, que caça a autorização e suspende o uso da água do rio
Melchior para uma possível instalação de termoelétrica.
Chamo toda a comunidade do Distrito Federal para a audiência pública que será realizada no
dia 17, no Complexo Cultural de Samambaia. Estarão presentes o Ibama e a Termonorte, que é tão
interessada em implementar a termoelétrica. A justiça dá agora mais uma vitória para nós, que somos
contrários à termoelétrica, caçando a outorga da Adasa, que permitia o uso da água para a eventual
implementação dessa termoelétrica. Convido toda a comunidade de Brasília a ficar ciente disso. Vamos
nos mobilizar para dizer: “Xô termoelétrica na área de Samambaia, Recanto das Remas e Ceilândia”.
Quero aproveitar, presidente, para trazer outro fato importante. Hoje, a Associação Nacional
das Empresas de Transporte Interestadual entrou na justiça, no Distrito Federal, para suspender a
cobrança de R$14,10, deputado Fábio Félix, que começou a valer para cada ônibus do Entorno que
parar na rodoviária. São R$14,10 para cada ônibus que parar na rodoviária.
Talvez as pessoas não saibam, mas quem paga a conta do transporte é sempre o usuário, no
final das contas, seja pelos impostos, seja pela tarifa, na ponta. A grande pergunta que fica é: “Quem
vai pagar esses R$14 por parada?” O preço é totalmente abusivo.
Não adianta o governo dizer que não vai jogar isso para o usuário, porque essa conta não
fecha. Alguém vai ter que pagar. O empresário não paga. Ele vai tirar do bolso dele para pagar?
Alguém vai pagar essa conta.
O que está acontecendo são denúncias de que possivelmente há um alerta para as empresas
não pararem na rodoviária e descerem no ponto do Sesi Lab, na Galeria ou no Teatro Nacional,
pulando, então, a rodoviária, que é o grande hub.
Eu queria reforçar que votei contra essa concessão. Não havia absolutamente nada nela que
fizesse sentido – nenhuma vantagem nem para os permissionários, nem para quem vai ficar lá.
Absolutamente nada! Agora, há uma taxa de acostagem que vai gerar R$120 milhões em 10 anos. A
concessão é de 20 anos, sendo que, em 20 anos, a empresa deverá investir R$120 milhões, que é o
valor da outorga. Então, é um baita negócio. “Eu ganho R$120 milhões, tendo que devolver esse valor
em 20 anos. Ou seja, eu ganho R$240 milhões, dou R$120 milhões e fico com o lucro de R$120
milhões.” Fácil desse jeito!
Encerrando, presidente, eu gostaria de fechar este comunicado registrando que encaminhamos
R$1,5 milhão à Defensoria Pública e que foi publicada no Diário Oficial a consulta para a licitação
de um núcleo de assistência jurídica no Sol Nascente. A obra custa mais de R$5 milhões. Nós
destinamos R$1,5 milhão para iniciar esse processo. O nosso compromisso com o Celestino, defensor-
geral do Distrito Federal – ele sabe muito bem –, é que, no ano que vem, vamos complementar o
recurso para que haja também acesso à justiça na cidade do Sol Nascente. Fica aqui registrado que foi
lançada no Diário Oficial e, em breve, a licitação estará em andamento. Inclusive já recebi a planta
desse núcleo de assistência jurídica no Sol Nascente.
Tanto Sol Nascente quanto São Sebastião vão receber esses núcleos. O deputado Rogério
Morro da Cruz encaminhou recursos para São Sebastião, e nós os encaminhamos para Sol Nascente.
Em breve, queremos inaugurar esse núcleo de assistência jurídica no Sol Nascente para que a
população que, de fato, precisa também tenha acesso à justiça. Esse é o nosso compromisso.
Obrigado, presidente.
PRESIDENTE DEPUTADO DANIEL DONIZET (MDB) – Concedo a palavra ao deputado Pastor
Daniel de Castro.
DEPUTADO PASTOR DANIEL DE CASTRO (PP. Para comunicado.) – Presidente, volto à tribuna,
primeiro, para falar de uma ação que o nosso gabinete executou. Ontem, comuniquei ao secretário de
Saúde e ao doutor Andre, superintendente de saúde da região sudoeste – Taguatinga, Samambaia,
Águas Claras, Vicente Pires –, que destinamos R$1,7 milhão para aquisição de equipamentos, com o
objetivo de salvar vidas e atender a população do Distrito Federal, especialmente a daquela região.
O que me motivou a voltar aqui, presidente, foi a tentativa de equacionar o jogo.
A esquerda sempre vem aqui e não perde a oportunidade de imputar algo ao ex-presidente
Bolsonaro. Acabamos de ouvir alguém dizer que Bolsonaro era um leão e virou um cordeirinho no
Supremo Tribunal Federal, por conta da fala dele ontem. Acontece que ele estava no Supremo Tribunal
Federal, que tem rito, tem regras; ali não é um ringue. Aqui fora, sim, é possível falar um monte de
coisas, ser duro nas palavras, como o é o PT.
Os colegas da esquerda aqui, os rapazes e moças, são jovens, inteligentes, preparados. Eu
acho que vossas excelências não sofrem de amnésia – quero crer que não. Nem o deputado Chico
Vigilante; apesar de sua condição de idoso e de veterano nesta casa, é muito inteligente, muito
preparado, tem uma mente que funciona muito bem. No entanto, há um pessoal da esquerda que tem
amnésia.
O líder do governo no Senado Federal... deixem-me mostrar a fala dele. Vou reproduzi-la.
(Apresentação de áudio com comentários do orador.)
DEPUTADO PASTOR DANIEL DE CASTRO (PP. Para comunicado.) – Gente, é o PT lutando
contra o Alexandre de Moraes; é o PT se manifestando contra o Alexandre de Moraes no dia da sua
sabatina. Este que está falando é o senador Randolfe Rodrigues. Esta, agora, é a fala da Gleisi
Hoffmann, presidente do PT.
Vocês ouviram? A presidente do PT estava dizendo que o Alexandre de Moraes pratica ativismo
político. Mas, lá atrás, podia-se. Esqueceram-se disso. Acho que precisamos, nós da direita, nos unir e
comprar um monte de remédios tarja preta, psicotrópicos, para dar à esquerda, para ver se isso ativa a
memória deles sobre tudo o que fizeram.
Ontem denunciei aqui... Vieram falar de todas aquelas pessoas que participaram das
manifestações, que quebraram... Nós somos contra isso, eles devem ser responsabilizados, pois é o
patrimônio público. Um deputado do PT que me antecedeu veio aqui dizer que aquilo foi um golpe de
Estado. Então, eu mostrei ontem que a esquerda cometeu inúmeros golpes de Estado contra esta
nação.
Quem começou com a quebradeira nas manifestações foi a esquerda; foi o MST, no Ministério
das Relações Exteriores, no Ministério da Agricultura, no Ministério da Justiça, no próprio Congresso
Nacional. Quantas vezes entraram e quebraram as vidraças? Parece que se esqueceram disso. Parece
que se esqueceram disso. Aí eles vêm à tribuna atribuir ao Bolsonaro tudo que há de ruim. Eu falei isso
ontem, deputado Thiago Manzoni, e trouxe, inclusive, todas as leis que vossa excelência citou hoje.
Esse inquérito é nulo de pleno direito. Aliás, já disse inclusive um ex-ministro do Supremo
Tribunal Federal que essas pessoas não deveriam responder perante o Supremo Tribunal Federal. Elas
não têm foro privilegiado, nem foro por prerrogativa de função. Já não são mais o que eram antes,
hoje são cidadãos comuns. Elas deveriam responder na primeira instância, na justiça comum, e não no
Supremo Tribunal Federal, porque isso retira delas o direito ao devido processo legal, ao duplo grau de
jurisdição. Isso significa que esse não é um processo correto, eivado de justiça. Ele é, na verdade,
eivado de injustiça. A quem essas pessoas vão recorrer, se elas já estão sendo julgadas no Supremo
Tribunal Federal?
Há outro detalhe. Eu li ontem a fala do delator, que utilizou expressões como “não sei”, “pode
ser”, “acho que foi”. Isso não é um processo. Você leu a lei aqui há pouco. Isso não é um processo. É
preciso encaixar a denúncia aos fatos, senão não há como haver condenação.
Isso mostra que essas pessoas, deputado Thiago Manzoni – e eu tenho convicção disso –,
devem ser absolvidas. Mas lamento, meu companheiro. Pode escrever: “Será 5 a 0 para condená-las”.
Isso porque é o amigo do Lula que está lá, é o indicado pelo PT que está lá.
Eles vão partir para a decisão, não com base na justiça, mas com base em indicação política –
sobre a qual vocês ouviram aqui a voz da Gleisi Hoffmann, há tempos, dizendo que não era possível.
O Lula falou na campanha que ele era contra colocar amigo no Supremo Tribunal Federal.
Depois que foi eleito, quem ele colocou? O Flávio Dino. E depois? O advogado dele.
Como o advogado do Lula, no Supremo Tribunal Federal, vai inocentar o ex-presidente Jair
Messias Bolsonaro? Então, eu só lamento. Depois ele terá direito aos seus recursos, há os embargos
também, mas, dentro do próprio Supremo Tribunal Federal. Se não se fizer justiça por justiça, nós já
sabemos o resultado.
É por isso que alguns deputados vêm aqui e afirmam: “O Capiroto está condenado e será
preso”. É o que falam. A não ser que eles sejam, presidente, Mãe Dináh e tenham a capacidade de
prever o futuro – por isso já estão dizendo o que será, porque o espírito da Mãe Dináh entrou neles.
Não é isso, não. Eles dizem isso porque sabem que o jogo é combinado e que a decisão já está posta.
Apesar de tudo isso, há uma justiça maior, que é a justiça de Deus. E há mais, pois, no ano
que vem, em 2026, eles experimentarão a força da direita.
Obrigado, presidente.
PRESIDENTE DEPUTADO DANIEL DONIZET (MDB) – Obrigado, deputado Pastor Daniel de
Castro.
DEPUTADO FÁBIO FÉLIX (PSOL) – Presidente, pela ordem.
PRESIDENTE DEPUTADO DANIEL DONIZET (MDB) – Concedo a palavra.
DEPUTADO FÁBIO FÉLIX (PSOL) – Presidente, eu escutei os parlamentares que falaram sobre
esse tema. Eu escutei atentamente o deputado Chico Vigilante, que fez um pronunciamento impecável.
Deputado Chico Vigilante, eu estava me lembrando do depoimento do Lula, quando ele sofreu
perseguição direta daquele que veio a ser ministro da Justiça do Bolsonaro. Foi um processo
eminentemente político, para retirar o Lula das urnas em 2018. A direita só ganhou porque o Lula não
estava, pois ele havia vencido as eleições anteriores.
Eu acho interessante isso. Eu queria convidar tanto quem é de direita quanto quem é de
esquerda a assistir ao depoimento do presidente Lula ao Moro, para que vejam a diferença de
densidade, de qualidade, de coragem de alguém que enfrenta uma perseguição jurídica – se é uma
perseguição jurídica, porque é assim que estão chamando. Há uma diferença muito grande entre a
qualidade do depoimento do Lula e a do arregão na frente do ministro Alexandre de Moraes.
Não importa a sua coloração partidária. Assista aos 2 depoimentos, faça seu juízo de valor e
você entenderá quem tem coragem, quem tem lastro, quem tem história e quem não tem.
PRESIDENTE DEPUTADO DANIEL DONIZET (MDB) – Obrigado, deputado Fábio Félix.
Concedo a palavra ao deputado Gabriel Magno.
DEPUTADO GABRIEL MAGNO (PT. Para comunicado.) – Presidente, eu vou comentar o
julgamento histórico a que nós estamos assistindo. Concordo com o deputado Chico Vigilante e com o
deputado Fábio Félix sobre a postura covarde da extrema-direita – que tem agido assim em todo lugar.
O depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro é uma vergonha, inclusive, para os seus
apoiadores. Ele entregou os apoiadores, entregou os empresários que financiaram o golpe, para tentar
salvar a própria pele. É escandalosa a falta de dignidade.
O deputado Fábio Félix lembrou aqui a diferença de dignidade no depoimento do presidente
Lula diante de um juiz que queria uma vaga no Supremo Tribunal Federal e se vendeu para tirar o Lula
da eleição. O depoimento do presidente Lula foi feito de cabeça erguida. Foi um depoimento de quem
estava consciente de sua inocência enquanto enfrentava uma perseguição jurídica e política neste país.
O que o Bolsonaro fez nos últimos dias é vergonhoso. Houve até deboche com aqueles que o
apoiaram por meio de operações Pix que somaram R$18 milhões. Ele afirmou que esse valor era
bobagem, pois precisava comer e pagar contas. Esqueceu de dizer para a sociedade brasileira – ele
zomba da sociedade brasileira – que, como ex-presidente da República, ex-deputado federal e
presidente do Partido Liberal, recebe salário. Não haveria necessidade de um Pix no valor de R$18
milhões para pagar as suas contas.
Portanto, é lastimável o que a extrema-direita representa no Brasil e no mundo. Ainda bem que
isso está sendo televisionado, o que permite que o povo brasileiro veja a verdade.
Os últimos 4 anos ficarão, sem dúvida alguma, marcados como uma vergonha na história deste
país, que teve um ex-presidente sem dignidade, sem coragem e que entrega aliados ou ex-aliados. O
que sobrou foi o desespero de salvar a própria pele. Eu até acho que alguns deputados desta casa
poderiam estar ao lado de Bolsonaro e dos generais atuando como seus advogados, dado o desastre
que têm sido as defesas. Cada depoimento compromete ainda mais os depoentes com os crimes
gravíssimos cometidos contra a democracia brasileira.
Lamento profundamente que, nesta casa, algum parlamentar tenha a coragem de subir à
tribuna para dizer que não houve crimes ou para diminuir a gravidade do que aconteceu neste país.
Um ex-presidente da República, aliado a membros do alto comando das Forças Armadas, organiza o
assassinato de um presidente eleito e de um ministro da Suprema Corte; admite que discutiram um
golpe de Estado e a decretação de estado de sítio; admite que atacaram as urnas e que tentaram
deslegitimar o sistema eleitoral. Esse sistema eleitoral foi o responsável pela eleição de parlamentares.
É lamentável existir parlamentar que tenha coragem de subir à tribuna para dizer que o que aconteceu
não foi grave, não foi crime ou para passar pano para quem tentou acabar com a democracia e com os
direitos do povo brasileiro. Lamento. A história julgará, presidente, e o povo está vendo o que significa
a extrema-direita no nosso país.
Muito obrigado.
PRESIDENTE DEPUTADO DANIEL DONIZET (MDB) – Obrigado, deputado Gabriel Magno.
Concedo a palavra ao deputado Chico Vigilante.
DEPUTADO CHICO VIGILANTE (PT. Para comunicado.) – Senhor presidente, pessoas que estão
assistindo a esta sessão pela TV Câmara Distrital, ontem, no depoimento do Capitão Capiroto, eu o vi
dizer que havia feito uma campanha e que havia arrecadado mais dinheiro do que o programa Criança
Esperança. Ouçam as palavras dele: “Arrecadei mais do que o Criança Esperança”.
Amanhã, encaminharei um ofício à unidade da Receita Federal no Distrito Federal porque quero
saber se ele pagou os impostos referentes a essa arrecadação. Para doarmos dinheiro a alguém, é
preciso pagar impostos, que variam de 4% a 6%. Quero saber se ele pagou os impostos desse dinheiro
arrecadado.
Penso que a Polícia Federal também deve investigar se foi realmente doação ou se foi lavagem
de dinheiro. Então, que se investigue isso. Foi doação ou foi lavagem de dinheiro? Estava depositado
em algum lugar e passaram para a conta dele? Tudo isso precisa ser investigado, e eu buscarei essas
respostas.
Quero falar de outro assunto que, do meu ponto de vista, é importante. Fui convidado
pelo Correio Braziliense, que representa os Diários Associados, para uma sessão muito importante
no Auditório Planalto do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, realizada ontem à noite. Foi uma
peça teatral que retrata a vida de Assis Chateaubriand. Na verdade, o nome completo dele é Francisco
de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello. Ele nasceu no dia 4 de outubro de 1892 e faleceu em 4 de
abril de 1968. Esse homem – repito que tive a oportunidade de assistir ontem a uma peça sobre ele –
precisa ser reverenciado por todo o Brasil. Foi o maior magnata da comunicação neste país.
É preciso registrar que se trata de um homem nascido no Nordeste, em uma cidade chamada
Umbuzeiro, no interior da Paraíba. Ele se fez por si só, o que demonstra a força do que é o nordestino
neste país. Um homem que saiu de Umbuzeiro, na Paraíba, formou-se em jornalismo, era advogado e
professor de direito, chegou a ser embaixador do Brasil e senador. Na peça, é mostrado que ele apoiou
o golpe militar em um primeiro momento, mas, em seguida, 4 meses depois, ele rompeu com o
regime, porque sabia o que viria com a ditadura militar.
A peça é riquíssima e está sendo apresentada no Centro de Convenções. Quem tiver
oportunidade deveria assistir a ela. É um retrato muito importante da história brasileira; da importância
que teve o rádio, quando ele criou a rede Tupi; e do incentivo que ele deu às cantoras do rádio – basta
fazer uma pesquisa sobre isso. Realmente, a peça é brilhante. Gostei demais dela. Foi muito
importante ter estado lá ontem à noite, assistindo a essa peça, que retrata Assis Chateaubriand, o
maior magnata da comunicação brasileira.
Obrigado.
PRESIDENTE DEPUTADO DANIEL DONIZET (MDB) – Obrigado, deputado Chico Vigilante.
Está encerrado o comunicado de parlamentares.
Em razão da aprovação do Requerimento nº 2.022/2025, de autoria do deputado Gabriel
Magno, a sessão ordinária de quinta-feira, dia 12 de junho de 2025, será transformada em comissão
geral para debater a política nacional e distrital de educação.
Dá-se início à ordem do dia.
Não há quórum para deliberação.
Boa tarde a todos.
Como não há mais assunto a tratar, declaro encerrada a sessão.
Observação: nas notas taquigráficas, os nomes próprios ausentes de sites governamentais oficiais são reproduzidos conforme
informados pelos organizadores dos eventos.
Todos os discursos são registrados sem a revisão dos oradores, exceto quando indicado, nos termos do Regimento Interno da
Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Siglas com ocorrência neste evento:
Adasa – Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal
Conseg – Conselho Comunitário de Segurança
CUT – Central Única dos Trabalhadores
Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
Sesi – Serviço Social da Indústria
UBS – Unidade Básica de Saúde
UPA – Unidade de Pronto Atendimento
As proposições constantes da presente ata circunstanciada podem ser consultadas no portal da CLDF.
Documento assinado eletronicamente por MIRIAM DE JESUS LOPES AMARAL - Matr. 13516, Chefe do
Setor de Registro e Redação Legislativa, em 16/06/2025, às 12:32, conforme Art. 30, do Ato da Mesa
Diretora n° 51, de 2025, publicado no Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 62, de 27 de março
de 2025.
A autenticidade do documento pode ser conferida no site:
http://sei.cl.df.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0
Código Verificador: 2196310 Código CRC: 49D1630F.
DCL n° 125, de 23 de junho de 2025 - Suplemento
Ata Sucinta Sessão Ordinária 54a/2025
Lista de Presença
17/06/2025 17:10:41
54ª Sessão Ordinária da 3ª Sessão Legislativa da 9ª Legislatura
Dia: 17/06/2025 15:00 Local: PLENÁRIO
Início:15:00 Término:17:05 Total Presentes: 21
Presentes
PASTOR DANIEL DE CASTRO (PP) 6/17/25, 3:00PM Login Biometria
DANIEL DONIZET (MDB) 6/17/25, 3:00PM Biometria
JAQUELINE SILVA (MDB) 6/17/25, 3:10PM Login Biometria
MAX MACIEL (PSOL) 6/17/25, 3:21PM Login Biometria
GABRIEL MAGNO (PT) 6/17/25, 3:24PM Login Biometria
ROGERIO MORRO DA CRUZ (PRD) 6/17/25, 3:26PM Login Biometria
FÁBIO FELIX (PSOL) 6/17/25, 3:29PM Login Biometria
DAYSE AMARILIO (PSB) 6/17/25, 3:33PM Login Biometria
THIAGO MANZONI (PL) 6/17/25, 3:37PM Biometria
ROBÉRIO NEGREIROS (PSD) 6/17/25, 3:46PM Login Biometria
CHICO VIGILANTE (PT) 6/17/25, 3:48PM Login Biometria
RICARDO VALE (PT) 6/17/25, 3:59PM Login Biometria
JORGE VIANNA (PSD) 6/17/25, 3:59PM Login Biometria
PEPA (PP) 6/17/25, 4:00PM Login Biometria
HERMETO (MDB) 6/17/25, 4:10PM Biometria
WELLINGTON LUIZ (MDB) 6/17/25, 4:12PM Login Código
DOUTORA JANE (MDB) 6/17/25, 4:14PM Login Biometria
MARTINS MACHADO (REPUBLICANOS) 6/17/25, 4:17PM Biometria
EDUARDO PEDROSA (UNIÃO) 6/17/25, 4:21PM Login Biometria
IOLANDO (MDB) 6/17/25, 4:26PM Login Biometria
ROOSEVELT (PL) 6/17/25, 4:40PM Login Biometria
Ausências
PAULA BELMONTE (CIDADANIA)
Justificativas
JOÃO CARDOSO : Licenciado, conforme AMD nº 85/2025.
JOAQUIM RORIZ NETO : Licenciado conforme AMD nº 100/2025.
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