(Autoria: Deputado Fábio Felix)
Requer informações à Secretaria de Saúde do Distrito Federal sobre a escassez de medicamentos antirretrovirais na rede pública de saúde do DF.
Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal:
Requeiro, nos termos do art. 40 do Regimento Interno, que sejam solicitadas à Secretaria de Saúde do Distrito Federal as seguintes informações:
- Se tem havido escassez ou estoque mais baixos de medicamentos para terapia antirretroviral na rede pública do Distrito Federal? Em caso afirmativo, indicar os medicamentos que estão em falta ou com estoque baixo.
- Qual a quantidade em estoque dos três últimos de cada um dos medicamentos oferecidos pelo SUS para a terapia antirretroviral?
- Caso haja alguma baixa nos estoques, se foi identificada a razão ou se houve diminuição na fornecimento da medicação por parte do Governo Federal ou aumento na quantidade dispensação de determinados medicamentos antirretrovirais.
- Se, em caso de desabastecimento, os medicamentos integrantes do TARV são disponibilizados em menor quantidade pela rede pública de saúde do DF
- Quais esforços estão sendo empregados por essa pasta junto ao Ministério da Saúde no sentido da garantia e da não interrupção da oferta desses medicamentos pela rede pública de saúde do DF.
JUSTIFICAÇÃO
O Sistema Único de Saúde oferece, desde 2013, o fornecimento gratuito dos medicamentos integrantes da terapia antirretroviral, também denominada como TARV, destinada ao tratamento de pessoas que convivem com o vírus HIV. Referência mundial dentre as estratégias de enfrentamento da pandemia de HIV/Aids, a política de saúde adotada no Brasil, país que abriga em torno de 960 mil pessoas que vivem com o HIV, atende mais de 690 mil pessoas com a realização de consultas, exames e o fornecimento de medicamentos sem qualquer ônus para os pacientes. A terapia antirretroviral garante, ainda, que as pessoas que vivem com vírus se mantenham “indetectáveis”, condição que praticamente zera a possibilidade de transmissão do vírus, funcionando também de forma preventiva.[1]
Em razão de seu caráter descentralizado e universal, o SUS atua em parceria com os governos estaduais para o desenvolvimento de políticas de saúde e atendimento da população. No caso do Distrito Federal, o tratamento das pessoas com HIV é desenvolvida em parceria com o Ministério da Saúde, que oferece mais de 30 tipos de medicamentos e compostos para a realização do TARV. Segundo o sítio eletrônico da SES/DF, Os medicamentos estão disponíveis para retirada no Hospital Dia (CEDIN), HUB e nas diversas policlínicas espalhadas por todo o DF.[2]
Apesar do êxito da programa de enfrentamento ao HIV no Brasil, o Governo Federal vem perpetuando um desmonte dessa importante política pública, o que impacta diretamente a oferta do tratamento pelo SUS em todo o país. Recentemente, após o corte de cerca de 407 milhões de reais da saúde pelo Governo Bolsonaro, ocorreu o desabastecimento das medicações integrantes do TARV, com a redução dos estoques em todo o país e a falta de recursos para adquirir tais remédios.[3] Isso representa uma política de desmonte, pois destina os recursos antes destinado a esse fim à suplementação do orçamento secreto. Há fortes indícios de que esse corte ocasione, muito em breve, o desabastecimento de várias medicações em todo o país, o que gera preocupações em especialistas e pacientes.[4]
No Distrito Federal há cerca de 8,4 mil pessoas fazendo o tratamento com antirretrovirais pelo SUS. Recentemente, um dos remédios utilizados na TARV, a lamivudina, foi objeto de desabastecimento nas farmácias do DF.[5]
A lamivudina faz parte da chamada “terapia antirretroviral de alta potência”, combinada com outros dois medicamentos, e é essencial para o controle da infecção em casos específicos. Segundo o Ministério da Saúde, esse remédio não estava em falta nos estoques nacionais, todavia, por problemas de logística atribuídos à rede de saúde do DF, houve desabastecimento nas unidades locais.[6]
Em razão dos elementos apresentados, que geram grande preocupação nos pacientes usuários do SUS, é necessário que sejam explicitadas pelo Governo do Distrito Federal, por meio de sua pasta da saúde, qual o panorama atual dos estoques de remédios componentes do TARV e quais medidas estão sendo tomadas pela rede pública do DF e junto ao Ministério da Saúde para evitar a descontinuação do tratamento oferecido gratuitamente pelo SUS. Motivos pelos quais encaminhamos o presente Requerimento de Informações, com espeque no artigo 40 do Regimento interno da CLDF, em cumprimento do papel fiscalizador atribuído à esta Casa de Leis.
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- https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2021-12/hiv-brasil-tem-694-mil-pessoas-em-terapia-antirretroviral
- https://www.saude.df.gov.br/medicamentos-dst-aids
- https://www.estadao.com.br/politica/governo-bolsonaro-reduz-verba-para-tratamento-de-aids-e-protege-orcamento-secreto-em-2023/
- https://www.camara.leg.br/noticias/835074-apos-40-anos-do-primeiro-caso-epidemia-de-hiv-aids-ainda-mata-brasileiros/
- https://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/pacientes-com-hiv-denunciam-falta-de-medicamento-na-rede-publica-do-df.ghtml
- https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2022/10/5046542-pacientes-com-hiv-aids-temem-falta-de-medicamentos.html
Sala das Sessões em de de 2022.
FÁBIO FELIX
Deputado Distrital