CLDF enaltece trajetória de inovação da Embrapa Cerrados
CLDF enaltece trajetória de inovação da Embrapa Cerrados
Sessão solene homenageou os 50 anos da instituição, responsável por desenvolver tecnologias de ponta para produção agropecuária no Cerrado
Foto: Ângelo Pignaton/Agência CLDF

O pesquisador da Embrapa Cerrados Edson Lobato foi um dos homenageados no plenário da CLDF, por inciativa da deputada Jaqueline Silva
Na década de 70, o Brasil precisava importar alimentos como feijão, carne e leite. Hoje, nós somos o maior exportador de soja, milho, café, açúcar, suco de laranja, etanol de cana-de-açúcar, celulose, algodão, carne bovina e carne de frango. “Isso foi possível através da conquista do Cerrado, saindo de um ambiente totalmente inóspito, onde não se crescia nada, para um ambiente pujante de produção agropecuária”, disse o pesquisador Fábio Faleiro, chefe-adjunto de transferência de tecnologia da Embrapa Cerrados.
Com solos ácidos e de baixa produtividade, a produção de alimentos no Centro-Oeste enfrentava grandes desafios. Mas o cenário mudou por meio do investimento em ciência. Em 1973, foi criada a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Pouco tempo depois, em 1975, foi inaugurada a unidade Embrapa Cerrados, com sede no Distrito Federal. A instituição desenvolveu tecnologias que aumentaram exponencialmente a produção agropecuária.

Para homenagear os 50 anos de história da unidade, a deputada Jaqueline Silva (MDB) promoveu uma sessão solene nesta terça-feira (24) na Câmara Legislativa. “Ao longo dessas cinco décadas, a unidade vem desempenhando um papel fundamental na transformação agrícola do nosso Distrito Federal, destacando-se por soluções que revolucionaram o campo no cuidado com solos, no fortalecimento da pecuária e na produção vegetal”, afirmou Jaqueline. Ela ressaltou que a instituição se tornou “símbolo de excelência científica, inovação e compromisso com o desenvolvimento sustentável do Distrito Federal”.
Nobel da Agricultura
O trabalho com correção de acidez e fertilidade dos solos ganhou reconhecimento internacional em 2006, quando o pesquisador da Embrapa Cerrados Edson Lobato recebeu o World Food Prize, considerado um prêmio Nobel da agricultura e alimentação. “Foi o primeiro cientista brasileiro a receber essa honraria. Isso é motivo de muito orgulho para todos da Embrapa Cerrados, essa homenagem representando toda a equipe de fertilidade do solo”, contou Fábio Faleiro.
Edson Lobato esteve presente na sessão solene. Ele e outros profissionais da Embrapa Cerrados receberam certificados de homenagem da CLDF. “Maior do que qualquer honraria, é a satisfação de ver uma lavoura bem conduzida e saber que parte do nosso trabalho está ali. Para mim, é uma honra ter pertencido a essa história”, disse Lobato.

“Nós temos a honra de termos sido um dos protagonistas do maior feito da pesquisa agropecuária brasileira de todos os tempos, que é gerar tecnologia para a inserção do Cerrado no processo produtivo”, enalteceu o pesquisador José Roberto Peres, que atuou na unidade desde a inauguração. Ele também destacou que o Brasil deve aproveitar a COP30 — conferência da ONU que acontecerá novembro em Belém — para mostrar que “nós somos o grande responsável pela segurança alimentar desse país e do mundo; e que nós fazemos isso de maneira extremamente sustentável”.
O ganho de produtividade permitiu aumentar a produção sem aumentar a área plantada na mesma proporção, o que contribuiu para preservar ambientes nativos. Uma das tecnologias citadas na sessão solene foi a fixação biológica de nitrogênio. A técnica gera anualmente uma economia de 15 bilhões de dólares para o Brasil, pois dispensa a necessidade de uso de adubo nitrogenado. Em comparação, o custo operacional da Embrapa em todo o país é em torno de 1 bilhão de dólares. “Uma única tecnologia paga 15 vezes todo o sistema Embrapa. O caminho do investimento em ciência e tecnologia é sempre o melhor caminho para qualquer país”, afirmou o chefe-adjunto Fábio Faleiro.
O portifólio da Embrapa Cerrados contém mais de 500 tecnologias, de manejo e conservação do solo e da água; gestão de recursos hídricos e irrigação; bioanálise do solo; tropicalização da soja e outras culturas; manejo de pragas; mecanização agrícola; recuperação de pastagens degradadas; integração lavoura-pecuária-floresta, entre outros segmentos.

O chefe-geral da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro Neto, desejou “que os próximos anos continuem a ser de avanços de inovação, de prosperidade para nossa agricultura e para toda a sociedade brasileira”. Ele espera que o “Cerrado seja cada vez mais uma matriz produtiva sustentável e fonte de desenvolvimento para o Brasil”.
O evento completo pode ser assistido no Youtube da TV Câmara Distrital.
Ana Teresa Malta - Agência CLDF